O Quarto Sombrio
*i* "Quando uma porta se fecha, abre-se uma janela. Mas, quando uma porta se abre..." */i*
Capítulo 4
O Quarto Sombrio
O Clima melancólico que pairava na atmosfera aterrorizada da Sala de Estar dos Black permaneceu por longas horas ao longo da noite.Harry e os outros finalmente decidiram dormir um pouco, mas nem o sono espantava as expectativas aterrorizantes nas quais todos estavam envolvidos. Dobby preparara um ambiente quente e aconchegante para todos dormirem.
De inicio, houve choradeira, discussões sobre toda aquela situação e só quando os primeiros raios do sol de outono acordaram Bicuço foi que todos adormeceram.Mas nem dormindo eles conseguiam esquecer o terror que fora aquela festa.Harry revivia cada momento aterrorizante em pesadelos que sempre acabavam com ele preso no banheiro do primeiro andar, a água inundando o chão aos seus pés, cobrindo-lhe os joelhos, quadris, peito...
Abriu os olhos mais uma vez quando ou viu um ruído, um farfalhar na lareira.Pôs-se de pé em um segundo, a varinha em posição.Olhou para as chamas, e com um assomo de desapontamento reconheceu Dobby repondo a lenha.
--Harry Potter, meu senhor, já passam das cinco da tarde.O Monstro quer comida, e acho que o senhor e seus amigos também...--Dobby sussurrou e fez uma reverência exagerada.Por um momento o olhar de Harry decaiu na cabeçorra careca e esverdeada do elfo, mas sua atenção se voltou para a lareira.O console estava coberto de pó, alguns objetos de prata muito empoeirados cobriam-lhe alguns lugares.
Harry aproximou-se paulatinamente e observou com mais atenção.O susto arrebatou-o de tal forma que ele quase despencou na cama de novo.Lá estava toda a sujeira. Grão por grão de poeira, exatamente como ele encontrara, cada objeto horrendo no mesmo exato local de onde Harry tirara.-- *i* Não pode ser... */i*--Harry mirou o sofá.Os rasgos estavam novamente abertos.O resquício de esperança em Harry se consumiu quando ele mirou as prateleiras à sua volta. *i* Exatamente iguais à antes*/i*...O piso...encardido de novo...
Como se tomado por uma fúria incompreensível, Harry avançou para o Hall...Sujo e empoeirado.Correu para a Sala de Jantar...a mesa estava coberta de pó, as velas macabras pendendo dos candelabros , negras e derretidas.
Cozinha...Louças quebradas e espalhadas pela pia como antes... panelas sujas...Correu para a porta que dava para a varanda de Bicuço...mas não havia mais Bicuço ali...O cercadinho estava destruído, lixo entulhado...
Subiu as escadas e foi abrindo as portas, desvairadamente, igual... igual...ig.
Harry parou de sopetão.Nem notara onde estava sua mão já envolvia a maçaneta em forma de gárgula.Estava parado em frente à mesmíssima porta de antes, as serpentes entalhadas com olhos de rubi...girou com cuidado, para evitar o ruído insuportável que provinha do atrito de metais enferrujados.Houve um estalo característico e Harry apoiou o corpo sobre a porta, para abri-la.Houve um curto rangido e uma brecha se abriu.Uma fresta pequena demais para se passar um dedo.Harry tentou abrir mais, mas havia algo travando, algo muito pesado que impedia a porta de ser aberta...
--Lumus--Murmurou, a varinha enfiada pelo vão entre a porta e a parede e...
Harry soltou um grito de pavor, largou a varinha e bateu a porta.Correndo desembestado, revia aos poucos a nítida imagem de trás da porta.Iluminada a um centímetro da ponta de sua varinha jazera uma face maligna e assustadora, olheiras profundas na face branca e coberta por uma cabeleira negra e desgarrada.Olhos brilhantes e vermelhos e um sorriso amarelo assassino.Harry continuou correndo até que se viu de novo na sala de estar junto aos outros.
Todos estavam acordados e se olhavam, aparentemente arrependidos de ter dormido, como se ficar acordado fosse a saída daquela casa.Harry chegou e sentou-se ao pé da cama ao lado de Gina.
--Harry, eu ouvi um grito, meu Deus, você está pálido!--Gina o abraçou fortemente, aquecendo o frio que se apossara de seu corpo.Pouco a pouco, Harry narrou para todos o que vira.Ouve mais uma sessão de desespero entre as garotas.Rony e Jorge estavam pálidos, obviamente assustados, mas não pareciam querer admitir.Harry estava atordoado também, mas um pensamento repentino lhe veio à cabeça.
--Cuidado.--Anunciou--Ele... ele pode estar vindo, ainda está a solta.Varinhas em punho...--Todos o obedeceram mas Harry permaneceu imóvel, a mão direita parada no cós da jeans, onde não havia varinha...
--Merda...Derrubei minha varinha perto do... Daquela porta.Como-Eu-Sou-I-di-o-ta --disse, esmurrando a testa a cada sílaba.Sem a varinha não era ninguém... *i* Percisava recupera-la. */i*--Vou voltar lá.
Anunciou, levantando-se para a porta.Estava no meio do caminho quando viu que era imitado pelo resto, que se agrupara ao seu redor como uma guarda.
--Nem vem querer impedir a gente--Gina vociferou ao ver que Harry os olhava irritado.
--Ok.Mas cuidado...
E todos foram avançando, subindo as esc adas, passando os corredores desertos. Chegaram à porta que os separava do corredor onde havia a porta em questão.
--Se quiserem ficar eu vou sozi...Ok, já entendi--Completou ao ver o olhar dos outros.
A porta rangeu e o corredor estava novamente deserto.As duas portas nas extremidades fechadas.Harry avançou até a porta das Serpentes, que agora pareciam olhar para ele com uma expressão de pena, como se selassem seu trágico destino com seus olhos vermelhos e penetrantes.
*i* Não há escolha*/i*, disse a si mesmo envolvendo a mão na maçaneta fria.A gárgula rangeu vagarosamente como se fosse um espírito agourento a cantar um lamento de pêsames ao pobre garoto que abria a porta.A canção mortal só cessou quando um estalo surdo indicou que, não havia escolha, a maçaneta chegara ao fim, e com ela as chances de escapar.
Harry empurrou a porta, mas ela não abriu.Empenhou toda a força possível, mas continuava imóvel.Harry não se sentiu triste ao concluir que a porta estava trancada, e logo se adiantou para sair daquele corredor.Virou rapidamente para o corredor ao lado, mas algo o congelou.Passos pesados vinham de uma sala adjacente.Harry se apressou em abrir uma porta ao lado.Todos entraram num aposento sem nenhuma fonte de luz.Não havia velas em archotes nem candelabros pendendo do teto.Os passos vinham chegando cada vez mais perto.
*i* "Colloportus"*/i*--disse Hermione, e a porta se lacrou.-- *i* Lumus...LUMUS! */i*-- mas a varinha não respondia.Os outros também tentaram e não conseguiam.A sala estava imersa numa umbra total, todos procuravam para onde olhar, mas só viam escuridão. Os passos se aproximavam.Todos mantiveram silêncio, exceto Hermione, que começou a murmurar uma espécie de canção.Todos olharam-na, ou pelo menos olharam para onde surgia a voz.Harry fez menção de cala-la, mas parou de repente.Um feixe de claridade surgiu à um canto.Uma tocha se acendia, seguida de outra, e mais outra, e mais...
Logo todos vislumbraram a sala inteira.Era do tamanho de uma catedral, mas não havia nada visível a não ser um pedestal que sustentava uma bacia de pedra negra, exatamente no outro extremo do aposento.As paredes eram cobertas de quadros com molduras espalhafatosas exatamente iguais, todos sem ocupante, somente o fundo preto que dava-os um aspecto sombrio.Harry então voltou sua atenção para Hermione.
--Como foi que você fez aquilo?--Perguntou, apontando para as tochas acesas, intercaladas com os quadros negros.
--Havia magia conhecida no ar.Runas Antigas é um conhecimento que se mostrou útil para mim...
--Você é demais!Obrigado...--Disse Harry beijando-a no rosto.Gina ficou carmim, mas Harry não se importou, até virar para Rony e ver que ele estava no mesmo tom avermelhado de Gina.Harry esquecera-se completamente que Hermione era namorada de Rony.
--Vocês!!--Jorge chamou--Corram...
Todos avançaram para uma porta no fundo do aposento.Harry ouviu a porta pela qual entraram ser esmurrada.Todos entraram, um a um, na porta à frente.Era um cômodo frio, as paredes de pedra cinzenta coberta de bolor, uma cama miserável era iluminada apenas por uma vela mínima ao seu lado.Havia uma corrente enferrujada e arrebentada, de uns dois metros, presa na parede.Harry procurou alguma porta, alguma saída, qual quer que fosse, mas era uma cela, e celas não tem saídas.
Hermione lacrou a porta por magia e desmoronou de cansaço na cama.
--Fim da linha--Disse aos outros.--Não tem por onde fugir.
--Não--Disse Gina--Não tem prisioneiro aqui não é?Ele deve ter fugido... deve ter uma saída...--E saiu procurando por tudo, frestas na parede, buracos no chão, furos no teto...Ao fim de um minuto, caiu sentada ao lado de Hermione.
--É o fim mesmo.--Sua voz tremia.Houve um estrondo, a porta da outra sala fora derrubada.Fred e Rony sacaram as varinhas.Os passos avançavam, parecia que ele não fazia questão de se passar desapercebido.Logo houve um baque surdo e a porta à frente deles estremeceu.
Outro soco mais forte e a porta estremeceu um pouco mais...Harry teve uma idéia súbita e arriscada...Tirou a varinha de Rony...
Mais um murro... a porta ia ceder...
Harry ergueu a varinha...
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