Capítulo Único

N.A.: A música da song é Incondicionalmente, do Capital Inicial.

Incondicionalmente


Eu sigo você onde você for
Eu preciso de você pra aliviar a minha dor

Lupin entrou na Toca. Cansado. Moído, com mais precisão. Desejando morrer.

Dumbledore já não vivia. O maior dos mestres, o único que confiara nele, aquele a quem ele, um lobisomem, um infeliz, devia tanto. Devia a ele sua vida, sua redescoberta, e, principalmente, devia a ele sua confiança. E agora ele não existia mais. Não ouvir mais sua voz agradável e ver o brilho de seus olhos azuis tão perspicazes.

— Vamos indo tentar dormir — disse Arthur. Sua voz estava estranha, e ele sabia o porquê. — Remus, você pode dormir no quarto de Fred e George.

— E Molly? — perguntou o lobisomem.

— Ela vai cuidar de Bill esta noite. Ela e Fleur. Chegarão só amanhã de manhã.

— Arthur… Você está bem?

— Eu… estou. Sim, estou, Remus. Só preciso dormir.

— Não é o único…

Arthur esboçou um sorriso fraco.

— Vou indo. Boa noite, Remus.

— Boa noite, Arthur.

No momento em que os pés de Arthur subiram a escada e desapareceram lá em cima, Lupin ouviu a porta se abrir atrás de si. Já sabia quem era.

— Tonks — disse, cansado.

A garota o olhou do fundo de seus olhos atualmente verdes, lágrimas marejando seus olhos.

— Remus…

Eu já estive aqui, e ouço a sua voz
Me dizendo que há um oceano entre nós

— Precisamos conversar — disse a garota, se aproximando.

— Por favor, Tonks… Estou cansado. Quero que o chão abra e me engula. Não… não precisamos discutir isso mais uma vez.

— Você nunca vai mudar de opinião, não é? Estou me destruindo por causa de você, Remus. Estou me destruindo.

— Eu… eu já disse. Meu Deus, por que você não entende? Por que não procura outra pessoa, alguém que possa te fazer feliz?

— Só você pode me fazer feliz! — exclamou Tonks.

— Eu não consigo nem fazer a mim mesmo feliz. E não vou conseguir fazê-la feliz também.

Eu sigo você aonde você for
Eu preciso de você pra aliviar a minha dor

— Pára! — exclamou Tonks alto. — Pára de me machucar, pára de me abater! Será que você não entende? Eu te amo, seu infeliz!

— Tonks, pare, Arthur pode acordar…

— DANE-SE, REMUS LUPIN! CHEGA DE FALAR BAIXO, CHEGA DE ME CONTER! EU PRECISO DE VOCÊ, CHEGA DE ME DAR DESCULPAS! DUMBLEDORE ESTÁ MORTO, SABIA? E VOCÊ, AÍ, COM SUAS IDIOTICES, COM SUA MALDITA DEPRESSÃO!!!

De repente, Tonks fechou a boca. As feições de Remus haviam enrijecido.

— Remus…

— Você está certa. Eu sou um inútil mesmo.

Te incomoda que eu fale assim?
O que mais você quer mudar em mim?

— Pára. Chega — disse a garota, alarmada.

Lupin saiu das vistas de Tonks, indo para a sala, se sentindo apenas um invólucro vazio, uma casca sem vida largada no sofá. Primeiro James e Lily. Depois Frankie e Alice. Daí, Sirius. Agora, Dumbledore. E ele só soubera ficar parado como um inútil chorando e em depressão. Podia fazer alguém feliz, quanto mais Tonks?

Um arrepio percorreu suas costas quando duas mãos pequenas e delicadas correram pelos seus cabelos grisalhos.

— Tonks.

— Não fique assim. Eu te amo.

— Por favor, não fale isso.

— Você tirou minha saúde e minha segurança. Até isso você quer me tirar?

Você me quer
Incondicionalmente
Ou me quer mas
Um tanto diferente

— Você nunca vai mudar.

— Nunca — sorriu ela. — Ainda bem que pelo menos isso você entendeu. É assim que você me quer?

— Eu não posso te querer.

— Não é uma questão de posso ou não posso, Remus. É uma questão de sinto. Eu gosto de você assim. Incondicionalmente. E não há nada que você possa fazer. Pode me mudar, mas não tirar isso de mim, beleza?

Eu já estive aqui e ouço a sua voz
Me dizendo que há um oceano entre nós

— Nymphadora… Não faça isso comigo, pelo amor de Deus — disse Remus, quando sentiu os lábios da garota acariciarem a pele sensível de seu pescoço.

— Não adianta nem me chamar de Nymphadora. Hoje eu não vou deixar que você faça isso comigo de novo.

— Quantas vezes eu já disse? Eu sou perigoso, Tonks! E se eu te machucar, nunca mais me perdoaria… Nunca…

— Você insiste em ver coisas onde não há coisas para se ver…

Que tipo de poder te satisfaz?
Por que você quer que sejamos tão iguais?
Te incomoda que eu fale assim?
O que mais você quer mudar em mim?

Tonks deu a volta no sofá e acariciar o rosto de Lupin, que virou seu rosto. A mão dela se enrijeceu.

— Você quer me deixar como você?… — ela sussurrou. — Você está me tornando como você. Uma deprimida sem futuro.

Lupin olhou para ela com seus olhos francos.

— Pare com isso.

— É isso que você sempre quis — murmurou Tonks. — Ter poder sobre mim. Me rebaixar, me deprimir, acabar comigo…

— Pára. Você sabe que não é assim.

— Me dominar, me anular…

— Pára.

— Me diminuir, me matar aos pouquinhos, me aniquilar…

— Pára!

Remus levantou e segurou firme os braços de Tonks. Os dois se encaravam nos olhos.

— Pára com isso — sussurrou ele, destacando cada palavra. — Você sabe que não é assim. Você sabe que eu nunca ia querer te ver como eu sou, um lixo humano. E nem suficientemente humano.

— Eu te incomodo? — perguntou Tonks, passando suavemente a língua pelos lábios rosados e carnudos. Lupin sentiu uma vertigem.

— Você me mata.

Você me quer
Incondicionalmente
Ou me quer mas
Um tanto diferente

Já estavam se beijando ardentemente no sofá.

— Chega de sofrer — disse Tonks.

— Chega — concordou Lupin, sorrindo e acariciando os cabelos novamente cor-de-rosa da garota.

— E você não se incomoda comigo?

— Não. Eu te amo… Incondicionalmente.

— Bem, eu também te amo… Só que não incondicionalmente.

— E quais são as condições? — sussurrou Lupin no ouvido da garota.

— Hum… Deixa eu ver… Nunca mais me fazer sofrer, deixar de ficar tendo pena de si mesmo e… dizer que me ama agora.

— Eu te amo.

— De novo…

— Eu te amo. Eu te amo, eu te amo, eu te amo…

O lobisomem cercou Tonks no sofá e beijou-lhe, voluptuosamente.

— Incondicionalmente.



N.A.: Não estou muito acostumada a fazer songs... Geralmente, são idéias que surgem de repente, do nada, e eu digito em uma noite só... Faz bastante tempo que eu tava a fim de postar Incondicionalmente, e aí está. Achei a música tão Lupin/Tonks! E eu adoro Capital Inicial!

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O Perfume de um Lírio
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