Sua Aya está morta
- CAPÍTULO CATORZE -
Sua Aya está morta
“Auguste não devia ter feito isse!”, ele escutou a voz de Amel ecoar ao longe, parecendo incomodada.
“Você preferiria o que? Que ele tivesse obedecido?”, uma voz grave retrucou ao longe.
Alex tentou mexer a mão, incomodado com a própria paralisia. Seus dedos adormecidos formigaram em protesto. Sentiu sua cabeça latejar, suas vestes grudaram em sua pele, empapada de suor. Seu peito ruiu dolorosamente quando ele tentou respirar mais fundo do que aqueles pequenas golfadas ofegantes que traziam o ar pra seu corpo.
Manteve os olhos fechados e os ouvidos atentos à conversa, tentando ignorar aquele comichão desagradável na boca de seu estômago. Lágrimas quentes encheram os seus olhos sem sua permissão. Desejou que seu corpo parasse de reagir daquela maneira dolorida, insensata e agonizante, sem seu consentimento.
Seu cérebro reproduzia aquelas imagens em câmera lenta, cena a cena, como se ele estivesse preso em uma penseira azarada. Tentou protestar quando mais lágrimas invadiram seus olhos, sentindo-se frustrado com sua própria falta de controle.
“Parem com isso!”, ele comandava silenciosamente, exigindo o controle do próprio corpo.
“Ela se foi. Você a matou.”, uma voz maldosa retrucava em sua cabeça, “Lembra? Ela estava caída lá, toda fria. Ela foi pra lá por sua causa. Você a matou.”
E as imagens se formaram através de uma nuvem de fumaça. Seu corpo tremeu quando ele a viu deitada nos braços de François, familiarmente branca, terrivelmente morta.
Sentiu sua garganta fechar, reprimindo um grunhido.
“Pare com isso!”
- É clarro que no! Mas... mas ! – uma voz ecoou, dissolvendo as imagens em sua cabeça. Alex depositou o máximo de sua concentração naquelas palavras, na tentativa de fugir de sua própria mente traidora.
- Ele não tinha escolha, e pensou rápido pra situação. “ela foi embora. Como você vai contar pros pais dela o que você fez?” ... François encontraria ela no meio da floresta... “Se foi! Se foi!” ... mas as coisas tomaram outro rumo e... “Lembra dela no chão? Lembra dela fria?” bem, ele tem que entender.
- Entender?! – uma outra voz rebateu, desgostosa. Aos poucos Alex retomava os mínimos movimentos do seu corpo, embora sua mente ainda se dividisse entre a conversa alheia e a vontade de lembrá-lo que... que ela... – Eu duvido muito que Alex vá entender qualquer coisa. Bem que vai ficar aliviado quando souber, mas ele é meio imprevisível. A gente vai ter que contar assim que ele acordar. Só que vocês me avisem quando isso acontecer, porque eu que não quero presenciar isso.
- Se ele acordar, você quer dizer. – Alex reconheceu a voz de Angus corrigir, triste – Quer dizer, já faz três dias que ele tá nesse... nesse coma esquisito, sem dar o menor sinal de... ARRE!
Alex abriu os olhos, de repente não suportando mais escutar aquela conversa. Piscou para a noite estrelada e ficou um tempo assim, apenas admirando os distantes pontos brilhantes em silêncio. Embora nenhum dos Ases estivesse em seu campo de visão ele pôde perceber um farfalhar e murmurinhos de uma conversa silenciosa sobre ele.
- Alex... está me ouvindo? – a voz clara de Amel chamou hesitante. Ele fingiu que não escutou, sentindo uma vontade repentina de ser deixado em paz.
- Será que o feitiço afetou o cérebro dele? – murmurou Al preocupado – Ei, Alex! Consegue se mexer? Consegue falar?
Antes que ele tivesse a chance de fingir um estado catatônico, sentiu duas mãos robustas dando tapinhas em seu rosto e imediatamente as afastou com violência.
- Ele está bem. – concluiu Angus com alívio – Quer dizer, aparentemente está tudo no lugar e funcionando.
O movimento brusco fez o corpo de Alex se lembrar que ele conseguia se mexer, e de repente sentiu-se incomodado por ficar deitado lá, sem saber o que se passava à sua volta. Obrigou seu corpo a se levantar, e depois do que lhe pareceu uma eternidade, conseguiu se sentar.
Olhou à sua volta com a visão restrita pelo breu da noite; aparentemente estavam em uma clareira. Sentiu a grama roçar em suas mãos quando as apoiou no chão, e várias árvores dançavam conforme a brisa que sibilava na noite quente.
- Onde estamos? – ele perguntou, espantando-se que sua voz tivesse soado tão rouca. Ainda evitava encarar os demais presentes, concentrando seu olhar nas árvores escondidas pela escuridão.
- Perto de Paris. – Amel respondeu ansiosa – Tivemos que fugir de Château D’aile depois que... – pareceu perdida, tentando encontrar as palavras certas – Depois que bem, você atacou a princesa.
Alex continuou encarando as árvores, juntando esforços pra se lembrar daquela noite. Ele lançara um Avada Kedavra na pessoa que jurou proteger. O feitiço ricocheteara. Ele devia estar morto.
- O que aconteceu depois? – perguntou, franzindo o cenho e virando-se para encarar os Ases pela primeira vez. Uma pequena fogueira crepitava timidamente ao seu lado. Amel, James, Al e Angus faziam um circulo a sua volta. Amel apertava as mãos ansiosamente; James abaixava e erguia o olhar sem parar, parecendo muito perdido; Al tinha uma expressão pensativa, enquanto brincava distraído com a maçã em suas mãos; Angus fungava discretamente, parecendo desconfortável.
- Bem, depois que você lançou a... a Maldição da Morte em Lorène, ela caiu pra trás e... e bem, você também. – começou James, muito ansioso – Nós achamos que vocês dois estavam... mortos, sabe?
- Eu devia ter morrido. – Alex grunhiu, com raiva. Detestava o fato de ter sobrevivido. Não queria viver pra sentir aquelas... aquelas coisas incômodas. Aquele remorso, aquela sensação de impotência e culpa.
“Hihihi, vai passar o resto da vida sem ela.”
- Foi o que pensamos também. – Al comentou, ainda em um tom pensativo, ignorando um protesto esganiçado de Amel – Nós fizemos um voto perpétuo quando entramos pra Sociedade Secreta: “Procurar, Encontrar, Proteger”. – ele citou, dando ênfase à última palavra – Supostamente, se atacássemos ou conspirássemos contra os Hussardos, devíamos pagar o preço. Você tem razão, Alex, devia ter morrido quando lançou aquele feitiço.
Dessa vez James e Angus se juntaram os grunhidos de protesto de Amel; Alex permaneceu em silêncio, atento às teorias de Al, esforçando-se pra reprimir aquela voz maldosa na sua cabeça.
- Não estou falando que eu queria que você tivesse morrido – Al justificou, mais para os outros do que pro próprio Alex – Estou falando que teoricamente, era pra isso ter acontecido. – Al fez uma pausa, parecendo perdido em suas próprias divagações.
Alex assentiu, impaciente. A última coisa que precisava naquele momento era receber os olhares de piedade pra cima dele. Amel remexeu-se inquieta, e ele pressentiu que ela faria alguma coisa desagradável, como tocar no assunto da morte... da morte dela.
“Já esqueceu do nome? É Aya! Aya!”
“Cala a boca”
Para seu alívio, Al retomou seu discurso antes que ela tivesse a chance:
- Bom, era pra você ter morrido, e ninguém sabe direito o que devia ter acontecido com a princesa. – Al franziu o cenho, lançando a Amel um olhar de advertência – O fato é que vocês dois sobreviveram, o que nos leva a pensar em duas possibilidades: a primeira, é que você deu um jeito de trapacear o voto perpétuo na sua cerimônia de iniciação –
- Não fiz isso – Alex resmungou.
– Então, só nos resta essa opção, o que, observando o quadro geral, é a explicação mais plausível – Al continuou, voltando à sua expressão pensativa – A Lorène é uma farsa, não é a princesa De Valois.
Alex apertou os olhos em fenda; os outros não pareciam tão chocados quanto ele; obviamente eles já haviam discutido essa possibilidade antes, quando ele se encontrava inconsciente. Antes mesmo que a pergunta passasse por sua garganta, Al continuou:
“Pense bem: quem poderia garantir que ela é a princesa? Aliás, quem poderia provar que existe uma princesa, no final das contas? Tudo o que nós fizemos foi confiar no Conde de Galois e assentir enquanto ele nos dava ordens; ele poderia muito bem ter pego qualquer moça aleatória e dito que ela era a princesa. Nós nem nos demos ao trabalho de questionar.”
- Mas ainda não sabemos por que o feitiço ricocheteou – Angus afirmou – Se Lorène é uma farsa, aquele Avada Kedavra devia ter matado ela. Nós nunca juramos proteger loirinhas petulantes.
- Conde Adolphe podia ter lançado uma série de proteções a ela; - James sugeriu; e Alex sentiu pelo dar de ombros de Angus que eles já tinham discutido aquilo anteriormente – Vocês sabem, se ela fosse uma farsa. Pra simular a proteção do voto perpétuo.
- E por que Conde Adolphe pegaria uma estranha qualquer e fingiria que ela é a princesa? – Alex se manifestou pela primeira vez, suas entranhas borbulhando de ódio –Isso não faz nenhum sentido. O que ele ganharia com isso?
James, Al e Angus o encararam de cenho franzido, como se Alex estivesse mentalmente debilitado.
- Não é óbvio? – foi James quem falou – Ele ganha uma cavalaria de elite pra derrubar Veilliard. É isso que ele quer; nada de honrar os juramentos e o código de ética dos Hussardos. Ele quer poder.
Alex mal teve tempo de processar o que James dissera quando Al replicou:
- Não acho que seja bem assim. – disse, abaixando a voz como se pudesse ser castigado se alguém o ouvisse – Acho que Conde Adolphe está mancomunado com Veilliard – quando todos os outros franziram a testa interrogativamente, ele explicou – Os dois têm uma forma muito parecida de administrar o poder; são autoritários e não aceitam contestação. Acho que Conde Adolphe estava querendo encontrar a princesa de qualquer jeito pra chantagear o Veilliard, pra que ele dividisse o poder com ele. Seria como “olha aqui, eu tenho um exército formado por centenas de cavaleiros bem treinados e vou usar contra você se você não fizer o que eu mando”. Assumir o poder geraria uma revolta; ninguém em sã consciência abraçaria a idéia de restaurar a monarquia depois de tanto tempo. Como Veilliard anda bastante impopular com a população, inventando toques de recolher, censurando os jornais e deixando a população no escuro, provavelmente decidiu juntar forças com Conde Adolphe, somando, assim, um número significativo de aliados... Isso faz sentido sim, Angus, Auguste concorda comigo.
Ao escutar o nome do último Ás, a atmosfera subitamente tornou-se tensa. Todos olhavam para Al com uma expressão de ansiedade.
Alex olhou de novo à sua volta, sentindo falta do Ás em questão. Seu cérebro ignorou as reações dos outros e ele começou a se perguntar onde estariam François e Auguste, e o que acontecera com Alain e Conde Adolphe, depois do ataque.
- Onde eles estão? – perguntou, sentindo os Ases e Amel trocarem olhares ansiosos – Auguste e François, quero dizer.
- Auguste foi na frente. – respondeu Al – E François foi fazer outra coisa.
- Foi na frente onde? – rebateu Alex irritado pela resposta enigmática – E François foi fazer que coisa?
Amel abriu a boca pra falar alguma coisa. Remexia-se ansiosa desde que Alex acordara e parecia muito contrariada por não ter tido a chance de falar o que queria. Al, no entanto, foi mais rápido de novo e a cortou:
- Levando em conta que a minha teoria e a de Auguste está certa, temos algumas coisas a fazer. – comentou ele vagamente – Não se pode fugir da França agora, e Conde Adolphe provavelmente está à nossa caça. Entende, depois que você lançou o feitiço e Lorène desmaiou, Alain e o Conde chegaram no salão pra ver o que tinha acontecido. Nós os estuporamos e fugimos. Auguste não está disposto a ficar se escondendo, nenhum de nós está; ficamos sabendo de um grupo de estudantes em Paris que estão organizando uma resistência pra tirar Veilliard do poder. Como pensamos que Veilliard e Conde Adolphe estão juntos nessa, queremos aliar forças. Eles não têm muita noção do que fazer, e nem estão muito organizados, mas achamos que podemos chamá-los pra lutar juntos; temos interesses em comum.
- E François...? – começou Alex.
- Foi chamar os Vices e os Bronzes pra se juntarem a gente. – respondeu Angus – Você sabe, eles idolatram a gente, e François os conhecem bem.
Alex absorveu todo aquele fluxo de informação mais rápido do que poderia, em outra situação. Esforçava-se tanto pra não pensar nela e sufocar aquele sentimento de agonia, que qualquer outro assunto em sua cabeça era bem-vindo.
- Supondo que a gente consiga se juntar – disse Alex – Supondo que a gente consiga o apoio dos estudantes e dos Vices e Bronzes. De quantas pessoas estamos falando?
- Umas centenas. – respondeu James, alarmado pelo tom calmo do loiro – Por que?
- Nunca passou pela cabeça dos gênios – Alex replicou irritado – que, se Veilliard está monitorando toda a população com toque de recolher, e Conde Adolphe agora está do seu lado, uma pequena de reunião de centenas de pessoas suspeitas de conspirar contra o Ministério seria descoberta e abafada?
- Nós já tomamos uma precaução quanto a isso. – respondeu Al prontamente, ignorando o tom mal-educado do loiro – Nós vamos nos reunir nos jardins da Mansão dos meus pais. Auguste já deve ter se organizado por lá, se bem o conheço.
- Na mansão...? – Alex começou, irritado. Não fazia nenhuma questão de se aliar à porcaria de resistência nenhuma, mas se não continuasse absorvendo aquelas informações sua cabeça se encheria de pensamentos maliciosos que ele não estava disposto a encarar naquele momento.
- Meus pais moram em uma mansão no centro de Paris rodeada por um bosque bem robusto. Vamos montar um acampamento lá. – Al explicou – É importante nós nos mantermos perto de onde ocorre toda a ação, entende. Não podemos simplesmente montar a resistência em um vilarejo que se sustenta vendendo leite de cabra, ainda mais com essa maluquice de aparatação monitorada que o Veilliard inventou agora. Meus pais já colocaram todo o tipo de proteção na propriedade; nós só precisamos resguardar melhor o bosque.
- Você não acha que Veilliard iria atrás dos seus pais depois que soubesse que você não está mais do lado do Conde? – indagou Alex. Sentia uma necessidade imensa de brigar com alguém rugindo em seu peito.
- Ele já foi. – Al comentou casualmente – Nós antevemos que ele faria isso, por isso estamos viajando tão devagar. Deu tempo de Veilliard revirar a Mansão LeHavre de cima a baixo e não encontrar nada. Isso fez com que meus pais não sujassem o nome, entende. Disseram que não têm nada a ver com o que eu e Auguste fazemos e se dispuseram aos serviços de Veilliard. É uma bênção Veilliard ter medo deles. É nessas horas que eu quase abençôo a fama da família da minha mãe; bom, de qualquer maneira ele vai ficar longe de lá por tempo suficiente pra gente se reunir e reforçar os feitiços no bosque.
- Não tem nada a ver com o que você e Auguste...?
Al franziu o cenho.
- Meus pais, pais do Auguste. – disse ele – Você não sabia que nós éramos irmãos?
- Não. – Alex murmurou, chocado demais com a nova informação pra se dar ao trabalho de ser mal-educado.
Al deu de ombros.
- Bom, de qualquer modo, devemos chegar à Mansão LeHavre amanhã antes do almoço. Não podemos viajar durante a noite por causa do toque de recolher. – Al explicou, soltando um bocejo logo em seguida – Vou dormir; é a sua vez de vigiar, Angus.
Angus resmungou algo parecido com um “Eu sei” enquanto se levantava e começava a rodear a clareira. Al conjurou uma barraca e logo desaparecia dentro dela.
- Onde está minha varinha? – Alex perguntou, subitamente se lembrando que estava completamente desarmado.
- Está comigue. – Amel a retirou de uma bolsinha marrom horrenda que carregava no pescoço, entregando a varinha em seguida.
Alex murmurou um agradecimento e estava prestes a inventar alguma desculpa, a ocupar sua cabeça com outra coisa,quando reparou no olhar insistente de Amel; Ela apertava os nós das mãos e balançava pra frente e pra trás lançando-lhe olhares ansiosos, quase de súplica. Ele sabia o que viria a seguir; agora que ele já sabia do plano, e que as informações já tivessem devidamente repassadas, Amel o obrigaria a falar de... dela. Ela faria ele compartilhar seus sentimentos.
“Como se você tivesse algum! Fugiu! Deixou ela morrer!”
“Cala a boca! Para com isso!”
- Alex – Amel chamou timidamente – Alex, precisamos conversar.
Alex bufou; James soltou um olhar incrédulo de advertência.
- Sei que Al disse que era melhor esperrar. – ela retrucou pra James, mal humorada – Mas não posso deixar assim.
- Do que você está falando? – Alex perguntou aborrecido, já que desde que ela tocara naquele assunto aquele formigamento voltara a infestar seu estômago. Não esperou uma resposta e embalou:
– Se for sobre... sobre ela – ele rosnou, sentindo seus olhos arderem e seu corpo estremecer – eu não quero falar sobre isso. Me deixe em paz.
Amel balançou a cabeça, incrédula, os olhos marejados de lágrimas. Abriu a boca, desesperada pra dizer o que quer que fosse que ela estava segurando, quando, dessa vez, foi James quem a cortou:
- Não. – ele murmurou, olhando-a com advertência – Não fale nada. Deixe assim.
Amel olhou de James para Alex, uma, duas, três vezes, e pareceu desistir.
- Ótimo. – grunhiu, insatisfeita, lançando um olhar carrancudo a Alex – Depois você não diga que eu não tentei te contar.
Alex a ignorou, deitando-se novamente no gramado e observando as estrelas piscarem. Sentiu seus olhos se obliviarem de repente, e um peso confortável e gelado se acomodar em seu peito.
Tentou olhar pra coisa que comprimia seu tórax, mas só pôde ver uma nuvem de fumaça branca dançando à sua frente, tomando forma de alguma coisa, enquanto as árvores que o rodeavam desapareciam e a escuridão da clareira dava lugar a um céu límpido carregado de gordas nuvens brancas. Piscou para se acostumar com a claridade repentina e olhou novamente para seu próprio peito, encontrando um sorriso brilhante e olhos amendoados cor de âmbar cintilando pra ele.
- Aya? – sussurrou, incerto. Ela sorriu, seu corpo estava gelado e uma aura branca rodeava o corpo pequeno.
- Estou indo embora. – ela sussurrou, e sua voz nada mais era que um eco distante – Você não é bom pra mim, Alex.
Ele tentou protestar, mas não achou argumentos; ela estava certa. Temendo que ela fosse embora, ele passou um braço pela cintura dela, constatando, com certo alívio, que ela era sólida. Olhou de novo pro rosto dela; mesmo com as palavras duras Aya ainda sorria. Com um assomo de coragem ele enterrou seu rosto na curva de seu pescoço, escutando um suspiro trêmulo.
- Não estou sentindo seu cheiro. – ele grunhiu, insatisfeito.
- Claro que não. – ela sorriu de novo – Eu estou morta.
Ele sentiu seu corpo inteiro tremer em resposta àquela “injúria!” constatação. Aya sorriu de novo, aparentemente satisfeita com sua reação.
- O que... o que é isso? – ele murmurou, fazendo um gesto com a mão livre, englobando a situação dos dois.
- Me diz você. – ela respondeu sorrindo – Isso é coisa da sua cabeça. O que é isso? – ecoou.
Alex não quis responder. Se aquilo de fato era um delírio da sua cabeça, Aya não devia falar bobagens como “estou indo embora”; Ela devia agarrá-lo. Dizer que o amava, que o perdoava...
Ela riu, como se lesse seus pensamentos.
- É isso o que você quer? – entoou – Eu amo você. Perdôo você.
Alex resmungou. Aquilo parecia tão forçado quanto se ela estivesse sob a Madição Imperius. Decidiu que preferia ela fazendo o que bem entendesse na sua própria mente, como sempre fizera; Não tinha ela invadido seus sonhos constantemente quando estavam em Hogwarts? Por que não podia ter mais um daqueles sonhos, afinal?
- Como quiser. – ela sussurrou em seu ouvido de um modo travesso. Antes que Alex pudesse perguntar qualquer coisa, ela encostou seus lábios com os dele. Um arrepio cruzou sua espinha: ela estava gelada.
Aya tocou seus lábios com a ponta da língua, pedindo passagem. Ele tremeu quando sentiu ela invadindo sua boca com aquela língua fria. Aquilo... aquilo era errado. Ela não devia estar fria daquele jeito, não devia estar atacando-o daquele jeito maquinado. Como se pudesse ler seus pensamentos de novo, ela se afastou, com um sorriso zombeteiro:
- Vai bancar a dama pura agora? – e seus lábios se curvaram pra cima em um esgar irônico.
Ele subiu suas mãos da cintura dela para seu rosto, procurando nos olhos ambarinos algum resquício da garota quente e teimosa que Aya fora um dia. Aquele esgar frio não lembrava nem de longe o sorriso caloroso dela.
- Eu não sei quem é você, mas eu quero a minha Aya de volta. – ele murmurou, com a voz séria.
Tal qual foi seu espanto quando ela sorriu, inclinou-se para o seu ouvido novamente e sussurrou:
- Sua Aya está morta.
- x-
N/A: Oi galera!! Depois de uns bons seis meses sem atualizar a fic eu voltei. Vocês acreditam que eu tinha esquecido que tinha escrito o capítulo anterior, “Obsessão”? Às vezes eu acho que a minha mãe tem razão; ando ficando meio caduca. Rs... Bom, eu li todos os comentários e fiquei muito MUITO feliz que a galera das antigas (desde OWMC) ainda acompanha a fic! Não consigo nem expressar em palavras o quanto isso me deixa feliz! Reparei esses dias que comecei a escrever OW&MC em 2005, antes de entrar pra faculdade...E olha só... 4 anos depois, já formada, to aqui, firme e forte (um pouco ausente, mas tudo bem...). Muito obrigada meninas, por me acompanharem nessa jornada pelas entranhas da minha imaginação por esses 4 anos!!
Lígia: Obrigada!! Eu não tinha reparado que tinha ficado meio Romeu e Julieta porque tava com a cabeça lá na frente da história! Hehehe Muito muito obrigada pelo comentário Lígia!! E aí, como foi a apresentação do TCC?? Beijão!
Thássia Anjos: Oi Tháássia!! É lógico que eu lembro de você!!! Noossa, muito muito obrigada pelo comentário! Rs... Bom, a minha cabeça funciona com alguns clichês de vez em quando hahaha. Infelizmente eu não resisto a um final feliz. Rs... Muito obrigada por continuar lendo e comentado! Super bjo!!
Miss Tatiana Lot: Tati!! Caramba, muito muito obrigada pelo comentário, não sei nem o que falar! Rs... Eu também gosto bastante desses capítulos (com essas NCs de leve HEHE), embora eu tenha um pouco de receio de escrever; Não sei se todo mundo curte rs... Mas a partir desse capítulo vou começar a escrever com uma abordagem mais adulta (bom, se eu conseguir hehe), espero que goste! Muito muito obrigada! Sempre!
E, claro, meus agradecimentos MEGA especiais à Tammie, à Emmy e à Nash, que SEMPRE estiveram ao meu lado me apoiando constantemente e a todos (as) que lêem mesmo sem comentar (eu sei que às vezes dá uma preguiiça rs). Muito muito obrigada!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!