~Cápitulo único~
I’m with you – Avril Lavigne
Lá estava ela, parada no meio do jardim olhando para além de onde ela mesmo poderia ver. Cada lágrima se misturando com cada gota de chuva, borrando sua maquiagem, por outra hora bem feita. Os cabelos cor de fogo pareciam ser apagados pela água que do céu caia fortemente. Achavam que ela devia ser mais madura, mais “mulher”, mas como poderia? Era apenas uma garota de dezesseis anos, que já passou por muitos outros desafios que uma menina “comum” de dezesseis anos passaria, mas ainda assim uma garota com a mesma cabeça e os mesmos problemas que qualquer outra menina de sua idade.
Ela não sabia, mas alguém a observava. Por incrível que pareça, ele sentia como se uma corrente estivesse sendo apertada cada vez mais forte em seu coração. Não gostava de vê – la assim, não queria vê – la assim. Sabia que era por sua causa que ela estava daquele jeito. Queria correr, abraça – la fortemente, beija – la e dizer que a amava, mas isso estava fora de seus princípios. Não conseguiria fazer isso...
I’m standing on the bridge
I’m waiting in the dark
I thought that you’d be here
by now
There is nothing but the rain
No footsteps on the ground
I’m listening but there’s no sound
Ela colocou a mão no peito e fechou os olhos. Aquilo doía demais. Ela tremia de frio e raiva de si própria por estar chorando por ele. Ela sabia que ele não valia nada e que, talvez, nunca poderia amar alguém, mas sabia também que não o conhecia nem um décimo. Sabia que ele poderia enche – la de esperanças e depois de mágoas, mas ela era fraca, tentava lutar contra isso como se uma parte dela falasse simultaneamente que ela estava errada a respeito dele.
Isn’t anyone trying to find me
Won’t somebody come take me home?
[Eu sou uma Grifinória, tenho que parar com isso! Grifinórios são valentes e... fortes!]
[Isso não te impede de Ter sentimentos...]
[São sentimentos ruins!]
[Ainda assim são sentimentos...]
Ginny suspirou esvaindo seus tribulados pensamentos.
It’s a damn cold night
Trying to figure out this life
Won’t you take me by the hand, take me somewhere new?
I don’t know who you are
But I...
I’m with you
Ele não agüentava mais. Teria que ir até lá. Se desapoiou da parede e começou a correr em sua direção. A chuva começou a molhar seu rosto e cabelo deixando – o parecer mais pálido do que o normal. Chegou perto dela. Parecia que não tinha percebido sua presença. Ele levantou uma mão e quando estava prestes a encostá – la no ombro de Ginny, ela se virou. Foi uma cena estranha. Ele ficou paralisado olhando para ele com uma mão levantada e ela o olhava com tristeza, várias lágrimas escorrendo pelos seus olhos.
I’m looking for a place
I’m searching for a face.
There is anybody here
I know
Cause nothing is going right
And everything is a mess
And no one likes to be alone
“O que – o que faz aqui?” Ela soou menos fria do que esperava “O que você quer aqui?”
Ele nunca tinha ficado sem resposta em sua vida. Se sentia sem poder nenhum.
“Vim ver como... você está.” Não era isso que pretendia falar mas foi exatamente isso que falou
“E você lá se importa como me sinto Malfoy? Você não é nada...” Ela engoliu seco “Nada pra mim.”
Ouvir aquilo o machucou. Ele sentiu uma pontada nas entranhas e, repentinamente, formou – se um nó em sua garganta. Ele não saberia o que responder. Olhava para ela sem expressão nenhuma. Podia ver em seus olhos a raiva, a tristeza, a desilusão e até mesmo o amor. Ela poderia tentar esconder alguma coisa, mas seus olhos não escondiam nada.
“Não fique aí, parado que nem um idiota... Vá embora. Volte para o seu lugar.” Ela dizia isso com uma certa relutância, mas ela teria que ser forte.
“Meu lugar é exatamente este. Aqui. Olhando para você, tentando fazer coisas que nem eu mesmo sei explicar porque eu queira, tentando pedir... desculpas” Ele se surpreendeu por um momento, assim como ela mas o gelo na voz de Ginny o fez voltar ao normal.
Isn’t anyone trying to find me
Won’t somebody come take me home?
“Eu não preciso de suas desculpas Malfoy. Eu não preciso confiar em você! Como saberei se está falando a verdade depois do que fez comigo?”
“Mas... eu te amo!” Ele pareceu meio infantil dizendo isso, mas não se importava.
Ela deu uma risada irônica e voltou a falar.
“Me ama? Me ama e me faz de idiota na frente de todo mundo naquela porcaria de baile?” Sua voz começava a se elevar. “Você me desprezou Malfoy! Fez todos rirem da minha cara! Fez meus amigos rirem de mim! Pra mim isto não é amar!”
“Acredite em mim Ginny! Por favor!”
“Pra que?” ela murmurava agora “Pra você se divertir mais uma fez rindo das minha lágrimas? Acho que não!”
It’s a damn cold night
Trying to figure out this life
Won’t you take me by the hand, take me somewhere new?
I don’t know who you are
But I...
I’m with you
Ele sabia que ela estava certa. Fez todos rirem dela como se ela fosse menos que uma bonequinha de ventríloquo que ele manuseava. Uma lágrima caiu de seus olhos. Ele percebeu a surpresa no rosto dela antes da fúria.
“Para de chorar! Se é que você está chorando mesmo! Se você está pensando que irei me importar com uma simples lágrima e voltar atrás, pode parar com esses pensamentos idiota porque eu não vou!” Ela tomou fôlego e continuou, mais baixinho agora. “Você nunca se importou com qualquer lágrima que eu derramasse, e olha que não foi só uma. E agora pretende que eu me importe com a única lágrima que derramou na sua vida?”
“Ginny, me escute...”
“Escutar o que? Mais mentiras? E depois outras e mais outras? E pra que? Pra me iludir de novo? Não.”
Ela começou a andar em direção ao castelo, mas ele a segurou pelo braço, a virou e a deu um beijo.
Why is everything so confused?
Maybe I’m just out of my mind.
Ela não se moveu. Nem desviou e nem respondeu ao beijo. Simplesmente ficou parada, apesar da vontade enorme que sentia de abraça – lo e beija - lo. Ele parou o beijo e olhou para ela. Seu rosto contorcido em cólera, sua pele branca.
“Se você está pensando que não consigo resistir ao seus beijos, se enganou.”
Ele ficou novamente sem reação. Ela o olhou por mais um momento antes de virar as costas e ir embora.
Draco foi até a árvore mais próxima e deslizou por ela até o chão. Trouxe seus joelhos para perto e encostou seu queixo lá e chorou.
Ginny olhou para trás, já na porta do castelo. Mais uma lágrima escorreu pelo seu olho, mas ela não se importou, a limpou e falou baixinho ao vento “Desculpe, Draco.”
Dizendo isto, ela se virou para a porta e entrou no castelo fechando a mesma atrás dela.
It’s a damn cold night
Trying to figure out this life
Won’t you take me by the hand, take me somewhere new?
I don’t know who you are
But I...
I’m with you.
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