Contando o passado
Abriu os olhos lentamente. Sua visão estava meio embaçada e seu peito doía para respirar, mas mesmo assim se forçou a levantar. Bocejou, mesmo que tivesse acabado de acordar se sentia cansada. Olhou ao redor. Estava em uma das várias enfermarias do St. Mungos.
No leito ao lado direito do seu, estava Hellenna, dormindo profundamente. Sorriu ao reparar que ela parecia um anjinho quando dormia.
Olhou para o outro lado e viu Harry dormindo, ou melhor, inconsciente.
Suspirou preocupada, e com muito esforço, se sentou, pondo as pernas para fora da cama. Ficou observando Harry por um bom tempo, até que o moreno começou a dar sinais de estar recuperando a consciência.
-Harry?- Chamou em um sussurro, quando viu o moreno abrir os olhos. O moreno virou a cabeça e ficou olhando para ela como se tentasse se lembrar quem ela era.
-Você ta bem, Gi?- Ele perguntou, depois do que pareceu um século. A ruiva sorriu e de ombros.
-Já estive melhor!- Ela sussurrou e Harry sorriu.
-Por que sempre que eu tenho uma aventura tão...Aventurosa como essa eu acabo em uma enfermaria?- ele perguntou, para logo em seguida ambos rirem.
-Talvez, por que até o melhor bruxo tem seus desgastes!- Ginny sussurrou e Harry lhe sorriu. Nesse instante a porta se abriu e por ela entrou um monte de gente de cabelos vermelhos.
-Falem baixo, por favor!- Harry pediu enquanto se sentava. Todos o olharam curiosos - Eu preso o sono da minha filha!- emendou, dando de ombros.
-Ah sim, sim!- A Sra. Weasley falou sorrindo bondosamente. Olhou para a menina dormindo.- Fred, Jorge, calem a boca!- Mandou, levando em conta que os gêmeos falavam alto com Ginny, que soltava gostosas gargalhadas, mas logo parava devido às dores que sentia pelo corpo.
-Vocês vão contar o que acontecer pro dois pararem inconscientes numa enfermaria ou vão ficar ai contando as rachaduras do teto?- Rony perguntou mal humorado.
-A opção de ficar contando rachaduras foi a melhor que você propôs, Rony...- Harry resmungou, se deitou e fingiu começar a contar rachaduras inexistentes.
-Cala a boca, Harry!- Ginny falou, sorrindo e revirando os olhos.A ruiva se virou para o irmão e contou para ele tudo o que aconteceu, desde que saira da casa do Harry até quando pulou na frente do feitiço que provavelmente mataria Hellenna.
-Isso me leva a perguntar, o que você tava fazendo na casa do Harry?- Rony perguntou, com quê de ciúme de irmão na voz.
-A mesma coisa que você fazia na casa da Mione quando vocês namoravam!- Harry respondeu pela ruiva.
Ginny começou a rir, mas parou de repente, levou a mão à barriga e percebeu que o ferimento havia aberto.
-Gi?- O Sr. Weasley perguntou preocupado. Harry se levantou em um salto, ignorando a dor no joelho, se sentou ao lado da ruiva e a abraçou.
-Que foi?- Ele sussurrou e Ginny simplesmente mostrou a mão cheia de sangue. A Sra. Weasley enxotou todos os filhos do quarto e foi chamar o médico.
Logo dois médicos entraram no quarto e começaram a examinar e a cuida do ferimento de Ginny. Assim que terminaram se retiraram, mas a família Weasley não voltou a entrar, o que levou que eles suspeitassem que os médicos haviam pedido a família para deixa-los por um tempo sozinhos.
-Posso te perguntar uma coisa?- Harry perguntou, se sentando em sua cama, ficando de frente para ela.
-Claro...- Ginny resmungou, depois que tomou um comprimido que o médico falou para ela tomar.
-Onde você aprender a duelar?- Perguntou, indo direto ao ponto. Ginny o encarou, como que estudando seus sentimentos.
-Uma longa história...- Ela falou suspirando e fechou os olhos ao sentir uma pontada no corte da barriga.
-Temos muito tempo sozinho nessa enfermaria!- Ele respondeu e Ginny sorriu tristemente.
-Bom, logo depois que você partiu para a França, eu voltei para Hogwarts e logo no dia seguinte a minha formatura, eu fui para a academia de Aurores, que faz quem quer! Eu queria ter a mesma profissão que você, você sempre me falava das emoções que passava, e eu achei que os mocinhos sempre se davam bem e pude perceber o por que!
"O treinamento era muito puxado e eram muitos homens, fazendo que nas aulas de luta corporal, fosse homem contra mulher! Aqueles brutamontes não têm compaixão nem no treinamento! Eu queria algo mais calmo, sem correr o risco de perder minha cabeça na primeira esquina que eu virasse! Então, eu vim trabalhar aqui."
"Em um dia qualquer, eu trombei com o Draco nos corredores. Ficamos amigos e começamos a sair, encontros informais. Depois de um tempo, nos apaixonamos, ou pelo menos achamos que nos apaixonamos! Começamos a namorar em segredo. Passamos quase o ano todo namorando, quando eu fiquei de saco cheio de esconder. Ele me pediu em casamento."
Harry abaixou os olhos, um sentimento de vazio invadiu seu coração quando ouviu essas palavras da ruiva.
-Bom, como o casamento era para dali alguns meses, durante o noivado, Draco me ensinou muita coisa. Eu já tinha um conhecimento básico de lutas com e sem armas, Draco só aprofundou esse conhecimento. Ele me ensinava como me defender com a espada, me ensinou como pular como um gato, como usar meu corpo como uma arma, enfim, me ensinou o que você viu lá na fabrica.
"Bom, depois que ele terminou de me ensinar esse tipo de defesa, veio o casamento. Passamos um mês na lua de mel. Assim que voltamos a trabalhar, nas nossas horas vagas, ele me ensinou sobre poções defensivas. Poções venenosas e poções corrosivas. Poções curativas eu já sabia, já que mexia com isso diariamente."
"Dois anos depois que nos casamos, eu fiquei grávida. Éramos puro sorrisos, estávamos muito felizes, porém Draco era procurado pelos comensais. Diziam que ele era um traidor e que iriam mata-lo. Quando eu estava no sexto mês de gravidez os comensais me seqüestraram para atrair Draco, e conseguiram."
Ginny fez uma pausa, na qual permitiu que as lágrimas caíssem por seu rosto. Harry, que estava com um nó no coração foi até a ruiva e a abraçou.
-Não precisa continuar...-Murmurou
-Eu quero continuar, eu preciso continuar...- Ela sussurrou, afundando sua cabeça no peito dele.
"Depois de alguns dias Draco foi até onde eu estava. Ele sabia que não tinha como os dois saírem vivos, então, ele escolheu que eu sairia viva. Ele ficou confrontando todos os comensais, enquanto eu fugia. Eu não queria deixa-lo, mas ele lançou o imperius em mim e só tirou a maldição quando eu já estava longe e, é claro, não me lembrava do caminho."
"Era uma noite sem lua. Eu estava cansada, machucada e com frio. Sentia pontadas terríveis no ventre e sabia que se eu não recebesse tratamento médico, eu perderia meu filho. Eu fiquei vagando por uma mata, não sabia onde estava, não sabia com sair de lá. Eu não podia aparatar devido a minha barriga. Eu saquei minha varinha e conjurei luz, me deparei com o corpo, quase totalmente mutilado, do Draco."
Ginny parou de falar e soluçou. Apertou mais o abraço com Harry, o moreno simplesmente colocou mais força no abraço. Sentia um caroço descer pelo seu pescoço. Não sabia que Ginny passara por tudo isso, vendo por esse lado ele percebeu que eles passaram por coisas semelhantes, porém Harry tinha uma duvida martelando na sua cabeça.
-Gi...Eu só quero saber mais uma coisa...- Sussurrou, pegando o queixo da ruiva e fazendo com que ela o encarasse.
-Fala...- ela pediu, secando o rosto e o olhando curiosa.
-Você disse que estava grávida...Onde esse filho, está?- Ele perguntou receoso.
-Bom, no momento em que eu vi o corpo de Draco, eu entrei em trabalho de parto, não sei o que aconteceu. Só sei que acordei uma semana depois, aqui em St. Mungos. Meu filho, pelo que me falaram, nasceu morto.- Ela falou, desviando o olhar.
-Gi...- Harry chamou depois de um tempo em silencio, Ginny o olhou e viu os olhos verdes brilhando em tristeza.- Eu te amo...- Ele sussurrou, encostando a testa na dela. Uma lágrima solitária caia pelo rosto do moreno-eu tenho de medo de te perder!
-Harry...-Ginny sussurrou, mas Harry a calou com um beijo.- Você não vai me perder...-completou depois do beijo.
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