A Emboscada




Sete anos haviam se passado desde que Harry sairá definitivamente da Inglaterra. Hermione mandava cartas para ele toda semana, mas ele respondia vez ou outra, e sempre sendo muito vago. Sempre que Hermione perguntava se ele constituirá família, Harry fingia ter esquecido que ela perguntava isso.


-Mi?- A voz de Rony tirou Hermione de seus devaneios.


-Sim, meu amor?- Hermione perguntou sorrindo.


-Está tudo bem?- O ruivo perguntou preocupado, o que arrancou um sorriso doce da morena.


-Está tudo ótimo!- Ela respondeu. Rony sorriu aliviado, desde que se casaram, o ruivo sabia quando a morena estava com algum problema ou não- Onde o Roger se meteu?


-Deve estar jogando Quadribol por ai com os meus irmãos!- Rony respondeu beijando a esposa.




-Mas pai...- Uma menina de 6 anos, olhos entres azuis e verdes, loira, exclamou chorosa naquele fim de tarde.


-Nada de mais, Lenna!- Harry falou severo.- Quantas vezes eu e sua mãe te falamos para não sair do apartamento, sozinha?


-Várias!- a mocinha disse abaixando a cabeça triste.


-Escuta, Hellenna!-Harry disse se abaixando, para ficar da altura da filha, e colocou uma mão na nuca da menina. Hellenna olhou para o pai- Filha...Eu e sua mãe somos Aurores e você sabe que quando se está nessa profissão se tem muitos inimigos!- Hellenna concordou com a cabeça -Pois bem, esses inimigos vão querer te pegar para atingir o papai e a mamãe!- Emily, que estava assistindo a conversa, sorriu ao ouvir Harry se dirigir a eles dessa forma.- É por isso que não gostamos que você saia sozinha!


-Ta!- Hellenna concordou, sorrindo -Não faço mais!-Harry sorriu e abraçou a filha.


-Isso foi emocionante, Potter!- Emily falou sarcástica e Hellenna riu da cara do pai.


-Muito engraçado Emy!- Harry respondeu se levantando. Emily sorriu marotamente.


-Lenna, vá para o seu quarto, sim?- Emily pediu. Hellenna sorriu e se esticando deu um beijo na bochecha do pai. Saiu pulando pelo apartamento até chegar em seu quarto.


-Por que a expulsou daqui?- Harry brincou. Caminhou lentamente até a esposa.


-Por quê?- Emily perguntou, passando os braços em volta do pescoço de Harry, que a abraçou pela cintura -Por que a gente precisa trabalhar, querido!


-Trabalho! Sempre trabalho!- Harry resmungou. Estava com um péssimo pressentimento, não era muito de acreditar nessas coisas por isso, deixou essa sensação de lado e beijou a esposa.




Se via andando por uma floresta. Estava perdida, sozinha, machucada e com frio, sentia as lágrimas descerem por seu rosto. Sabia que fora a última vez que vira Draco com vida. Segurava seu decote, que estava rasgado, enquanto passava o outro braço em volta da própria cintura, tentando, inutilmente, se aquecer. Olhou para os lados desesperada. Por seu filho, precisava sair dali com vida. Vasculhou os bolsos de sua calça a procura de sua varinha, assim que achou o 'graveto' o sacou.


-Lumos!- Se ouviu ordenando. Da ponta da varinha saiu um raio de luz e para o seu espanto, viu que aos seus pés, jazia o corpo sem vida de Draco...




Ginny se sentou assustada na cama, sufocando o grito de horror. Desde que perdera o marido de forma trágica há dois anos, vinha sonhando com o que vivera naquela noite fria.


Olhou assustada e ofegante para os lados e ficou aliviada ao constatar que estava em seu quarto, segura, no apartamento do irmão.


-Por quê?- sussurrou se deitando novamente -Por que eu tenho que reviver isso todas as noites?- Se perguntou. Se virou para um dos lados para tentar voltar a dormir, mas foi inútil, uma vez que estava totalmente desperta. Se levantou e foi até a cozinha tomar um copo de água.


Não ficou surpresa ao encontrar Rony sentado na mesa de jantar, com vários documentos espalhados pela longa mesa. Viu o irmão passar os dedos pelo cabelo, sinal que estava nervoso e que não sabia o que fazer.


-Algum problema?- perguntou. Rony se assustou e levantou a cabeça para encarar a irmã, que sorriu -Desculpe! Não queria te assustar!


-Tudo bem!- Rony disse, sorrindo para a irmã- Sim, tenho um problema!


-Qual?- Ginny perguntou se sentado -Se é que posso saber!


-Pode sim!- Rony disse, dando uma última lida rápida pelo documento -Parece que os Conselheiros querem que Fudge finalmente saia do cargo de ministro!


-Sinceramente, isso não é um problema!- Ginny falou, antes de levar o copo de água até a boca.


-E não seria!- Rony falou -Se ele não insistisse que alguns Aurores franceses deveriam começar a trabalhar aqui na Inglaterra, uma vez que eles são nascidos aqui!


-Fudge está cada vez mais caduco!- Ginny exclamou, pousando o copo na mesa -Acredito, que cada um pode trabalhar onde quiser, não importa sua nacionalidade!


-E é desse jeito que funciona Ginny!- Rony explicou -Mas vai entender! O problema real aqui é: Se eu não ajudar Fudge a realizar essa sua idéia lunática, posso me considerar um homem sem emprego, com uma família para sustentar!- Ginny suspirou.


-Bom irmão...- Ginny começou, bebeu o restinho de água que tinha em seu copo, e colocou um sorriso desdenhoso nos lábios - Acho que você já sabe, mas...Você ta ferrado!


-Obrigado por confirmar minhas suspeitas!- O ruivo agradeceu sarcástico e suspirou desesperado, Ginny riu.




-Quer dizer que existe 90% de chance de nós morrermos?- Emily perguntou surpresa.


-Exato!- Willian falou, andando de um lado para o outro na sala de reuniões.- É por isso que eu escolhi os dois para realizar esse trabalho!


-Caso você não se lembre, somos os únicos Aurores, desse departamento inteiro, que somos pais!- Harry lembrou, nervoso.


-São pais, mas são os mais competentes!- Willian também explodiu.


-Eu me recuso a ir cumprir uma missão suicida!- Emily falou revoltada.


-Emily!- Willian disse esganiçado-Eu não perguntei se vocês queriam ou não ir cumprir essa missão! Eu dei uma ordem direta!- Gritou.


-Eu não vou realizar essa missão, mesmo que eu vá preso por isso!- Harry gritou mais alto que o chefe.


-Chega!- Willian gritou -Chega! Vocês vão realizar essa missão!- Emily se sentou em uma das várias cadeiras e cruzou os braços e pernas, sinal que não iria nem arrastada. Willian suspirou.-Por favor!- pediu olhando no fundo dos olhos dos seus dois melhores agentes.


-Ta bom!- Emily cedeu. Harry olhou confuso para a esposa.- Vamos fazer essa maldita missão, Harry!


-Mas...- O moreno começou, mas Emily o interrompeu.


-Nós vamos até lá, prendemos esses vermes e voltamos!- Emily 'ordenou' olhando no fundo dos olhos verdes do marido.- É mais garantido que pelo menos um de nós volte vivo para ficar com a Lenna, do que os dois irem presos e a nossa filha ir para um orfanato!- Harry concordou com a cabeça, suspirando logo em seguida.


-Certo!- Suspirou novamente. E lançando um olhar mortal ao chefe Harry seguiu Emily até o lado de fora da sala.




-E você esperava o quê?- Rony perguntou esganiçado.


-Esperava que você conseguisse!- Fudge falou nervoso.


-Eu tentei!- Rony deu de ombros -Não tenho culpa que Willian quis testar esses Aurores misteriosos.


-Ele disse que tipo de teste é esse?


-Uma missão! Os agentes têm 90 % de chances de morrer.- Rony explicou.- Mas será em beneficio da França também!


-Eles iram atrás do que restou dos Comensais?- Fudge perguntou mais calmo. Rony confirmou com um aceno -Bom, se algum agente sair vivo dessa missão é realmente sortudo!- Comentou.




-Droga!- Emily exclamou, quando seis comensais cercaram a ela e a Harry, ambos desarmados.


-Alguma idéia?- Harry sussurrou para a esposa.


-Além de tentar sair viva?- ela perguntou com sarcasmo. Harry revirou os olhos -Bom, temos que tentar uma luta corporal!


-Certo!- Harry falou. Ambos tiveram aulas de Artes Marciais, então assumiram suas posição. Os comensais colocaram sorrisos sarcásticos nos rosto e também assumiram suas posições.


-AGORA!- Emily gritou e ela e Harry saíram correndo até seus adversários. Grande erro. Os comensais conseguiam prender ambos, quando foram dar um soco.


-Me solta!- Emily grita, tentando se soltar dos comensais que a seguravam. Um se aproximou da loira e lhe desferiu um tapa no rosto.


-LARGA ELA!- Harry gritou, os dois comensais que o estavam segurando, estavam tendo sérios problemas para conter o moreno.


-Cale a boca, Potter!- O mesmo comensal que batera em Emily caminhou até Harry e lhe deu um soco no abdômen. Harry se dobrou como pode pra frente, sentindo uma forte dor na região.


-Harry...-Emily sussurrou, sabia que o moreno só gritara para soltarem-na, por que não queria vê-la sofrer. Viu que ele sorriu, os dentes brancos do marido estavam manchados de sangue.


-Só tem coragem para bater em alguém que está desarmado e preso não é?- Emily arregalou os olhos, desesperada, ao ver o marido provocar o líder dos comensais, que começava a ficar irritado.-Me diz... Já que eu vou morrer...Posso saber seu nome?- Falou sarcástico.


-Roy!- O comensal informou, antes de dar um soco no rosto bem cuidado do moreno, mais sangue saiu da boca de Harry.


-Sabe, Roy...-Um dos comensais que seguravam Emily começou-Acho que Potter sofreria mais se visse a mulher sofrer!- Comentou. Roy sorriu.


-Tem razão!- Falou ao ver a cara desesperada de Harry. Se aproximou de Emily, que tinha lágrimas nos olhos.- Sabe, não costumo fazer isso com agentes imundas, como você, mas hoje será uma exclusividade!- Roy disse, antes de rasgar a blusa da loira.


-Se você tocar nela, eu juro que vou até o inferno só para te matar!- Harry falou com ódio na voz, estava deixando os sentimentos falarem mais alto.


-Se você sair vivo daqui, Potter!- Roy falou, assim que terminou de despir a moça, que tentava se cobrir. Harry olhou com pena para a esposa. Emily tentou dizer com o olhar que era melhor deixar acontecer. Roy abriu o zíper das calças.


-Está na hora da diversão!- falou sarcástico. E assim, um por um, todos os comensais abusaram de Emily. Harry permitiu que o desespero o invadisse.


-Coloque isso!- O último comensal falou, jogando a capa de Emily, para ela se cobrir. Emily pegou a capa e jogou sobre o corpo, olhou para Harry e viu que ele estava se culpando por isso. Sentiu dois comensais a levantarem pelos braços. Estava fraca, não conseguiria fugir. Torcia para que Harry saísse vivo dali.


Roy foi até a parede esquerda, enquanto o casal conversava através de olhares, e pegou uma espada. Andou lentamente até eles, com um sorriso divertido no rosto.


-Muito bem!- Disse-Hora de terminar com você, loirinha!- Falou, num tom quase paternal. Desferiu alguns socos no rosto de Emily. Pegou a espada e a passou pela ponta do dedo -Afiada!-Sussurrou. Passou lentamente o fio da espada pela perna nua de Emily, que sentiu uma dor enorme ao sentir sua carne ser rasgada.


-Emy...-Harry sussurrou, permitindo que as lágrimas lhes caíssem pelo rosto.-NÃO!!- Berrou ao ver Roy enfiar a espada na barriga da esposa.


-Soltem-no!- Roy falou para os comensais que seguravam Harry.


Assim que sentiu que estava livre, Harry correu até Emily e se ajoelhou ao lado dela.


-Emy...-Sussurrou, apoiando a cabeça da mulher em seus joelhos. Ela abriu os olhos. Estava morrendo.


-Harry...-falou com dificuldade- Tome conta da Lenna!- Sussurrou, levando a mão ao rosto do jovem- Se eu não sair viva dessa...Eu quero...Que...Você reconstrua sua vida!- Emily disse, estava sentindo falta de ar- Quero que se case novamente!- Sussurrou. Sua mão caiu do rosto do jovem, e seu rosto pendeu.


-Emy!- Harry chamou desesperado -Emily!!- Deixou que grossas lágrimas caíssem por seu rosto. Sentiu um ódio, que jamais vira, invadir seu corpo. Se lembrou que Emily sempre mantinha uma varinha reserva no bolso da capa. Pegou-a. Se levantou lentamente, permitindo que o ódio o comandasse, virou.


Assim que viram a fúria e o ódio que provocaram no Auror, os comensais recuaram.


-Nunca, ouviram? Nunca eu vou perdoa-lo!- Harry sussurrou. Apontou a varinha para os inimigos -Avada Kedavra Comensais!- berrou. Todos os comensais caíram sem vida.


Harry permitiu que seu corpo caísse no chão, e escondeu o rosto nas mãos. Ouviu os outros agentes chegando.


-Potter...- Ouviu a voz de Willian sussurrar. Se levantou com fúria e desferiu um soco na cara do chefe, dois agentes o seguraram.


-É sua culpa que Emily esteja morta!- Harry berrou. Todos os presentes pararam o que estavam fazendo para prestar atenção no que o melhor Auror dizia-Se você tivesse aceitado que nós não queríamos resolver esse caso ela estaria viva!- Gritou. Sabia que não era culpa do chefe, mas queria culpar alguém, alem dos infelizes que matara.


-Controle-se, homem!- McWater, um dos aurores que estavam segurando Harry, explodiu.


-Não!- Willian falou - Deixem-no desabafar!- Ordenou. Mas Harry não falou mais nada, apenas abaixou a cabeça e continuou chorando, escorregando das mãos dos amigos e caindo de joelhos no chão, com a cabeça baixa.


Willian se ajoelhou na frente do jovem e o abraçou, como um pai abraçaria o filho.

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