Introdução



Hogwarts, último ano de Gina Weasley. A belíssima ruiva estava muito longe de se parecer com o que fora um dia. Era linda, popular e muito invejada, tinha muitas pessoas ao seu redor, admiradores, admiradoras, amigas traíras e até professores, tudo, menos amigos de verdade. Harry, seu antigo amor há muito havia partido, Rony, seu irmão querido já era formado como auror, estava noivo com a bela Hermione Granger, esta que também havia sido muito bem sucedida no Ministério da Magia, Neville Longbottom estava buscando pelo sucesso como estudante universitário de Herbologia, os demais também havia evaporado de sua vida como se não fossem nada. Enfim, muitos haviam partido, porém ainda restava alguém. Luna Lovegood, a “di-lua” esquecida em um canto qualquer na Corvinal. Até o quinto ano foram muito amigas, trocavam confidências acima de toda e qualquer diferença, mas como Gina mudou tornando-se popular, fútil e vulgar, deixou a menina de lado. Desperdiçou uma amizade sincera por besteira.

As coisas não andavam muito bem, pois a ruiva popular sentia-se sozinha, vazia, rodeada de falsidade e mentira, precisava de alguém do seu lado, um ombro para chorar. Seu corpo era desejado por muitos, vendia-se por trabalhos ou por pura fama mesmo, era a favorita dos jogadores de quadribol e odiada por todas as namoradas. Invejada por muitos, amada por poucos e odiada por quase todos. Era o símbolo da sensualidade em Hogwarts, não havia quem não conhecesse Gina Weasley, ou melhor, não havia rapaz que resistisse aos seus avantajados decotes ou suas mini-saias atrevidas. O que a doce menina apaixonante havia se tornado? Lamentável.

Por outro lado, Luna também havia mudado, porém para melhor. Continuava a mesma, sempre muito sincera, introvertida e solitária, às vezes, quando passava por corredores ou perto de grupinhos populares (na maioria, Gina estava perto) sempre era alvo de brincadeiras de mau gosto. Estava um pouco mais alta, continuava com os olhos azuis penetrantes e expressivos, o cabelo louro espesso e rebelde e o jeito único de ser. Não tinha muitos amigos, além dos que criava para si. Não gostava de ser sozinha, muito menos do desprezo que sua antiga amiga lhe reservara. Tirava boas notas, era educada e recatada, sentia muita pena de Gina, pois sabia que se ela continuasse a trilhar aquele caminho teria um futuro desonrado e infeliz.


Era sábado de madrugada, os alunos haviam voltado de Hogsmeade há pouco tempo, alguns ainda banhavam-se, outros descansavam alguns já iam dormir e outros conversavam no Salão Comunal. Naquela noite Gina Weasley não estava se amassando com ninguém pelos cantos, estava sozinha chorando. Havia recebido uma carta logo quando chegou, há alguns minutos atrás, sua mãe lhe avisava que seu pai estava muito doente e em estado crítico no St.Mungus, e no dia seguinte Rony ia buscá-la para a família ir visitá-lo. Era doloroso perder mais um familiar depois de Harry (que considerava muito), Gui (este morrera na última batalha) e um primo, amigo de infância. Com quem ia contar agora? Quem ia segurar suas lágrimas? Ninguém. Tantos de seus admiradores a olhavam chorar, mas nada diziam ou faziam. Não agüentava mais ficar naquele maldito Salão Comunal, ver as mesmas cores, os mesmos cheiros e ouvir os mesmos timbres de vozes incansáveis que teimavam em não respeitar a dor da menina. Respeito, o que ela sabia sobre isso? Havia passado os dois últimos anos julgando as pessoas, humilhando-as e demonstrando o quão baixo pode ser o ser humano.

Levantou-se, deixando as lágrimas pesadas e dolorosas escorrerem pelo rosto e correu. Não tinha destino algum, ia apenas correr. Suas pernas estavam trêmulas, bambeavam e pareciam querer ceder, os braços pesavam mais do que o normal e ela mal enxergava por conta da vista embaçada pelo choro. Desejou que tudo tivesse fim naquele momento, fechou os olhos. Seu corpo gelado pela brisa fria chocou-se com violência contra algo. Havia batido na parede em uma fração de segundos de olhos fechados? Não, lá estava sua salvação daquele abismo, mesmo que ainda não o soubesse. Havia caído sentada, e do outro lado estava Luna. A menina a olhava com uma expressão confusa e assustada, porém, o inesperado aconteceu. Luna se levantou, limpou as vestes com a mão e sorriu. Um sorriso sincero e singelo que Gina não via há muito tempo. Estendeu a mão para a outra, que ainda estava caída.

- Está tudo bem? – Perguntou receosa, tinha medo de ser tratada com rispidez ou algo parecido, mas ao ver o verdadeiro estado emocional da garota, resolveu ser simpática e mostrar que também podia revelar-se extrovertida.

- Eu... – Estava de pé, mas seu corpo parecia ceder. Precisava tanto de palavras aveludadas de apoio, de um abraço. Um impulso involuntário a fez agir naquele momento, seu corpo impulsionou-se para frente e agarrou o de Luna. Um abraço sincero e caloroso unia as duas. O tempo pareceu voar naquele abraço cheio de um amor novo e inicialmente amigável, os corredores, escuros, sombrios e gélidos ganhavam um tom alaranjado. Era o amanhecer, que significava o início de um renascimento na vida das duas jovens bruxas.

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