Lua Cheia... De Sangue
Joshua Barnett estava entediado. Ele não sabia o que odiava mais ultimamente. Os modorrentos plantões à noite no Saint Mungus, onde nada acontecia e nada ia acontecer, ou ficar em casa aturando sua esposa Mildred.
“- Entre ficar aqui, olhando apenas as pessoas entrarem e saírem a noite toda, sem nada para fazer e ter que ir para casa escutar as reclamações daquela sapa verruguenta, ainda prefiro ficar aqui!” – Pensava ele, enquanto andava de um lado para outro do saguão.
Joshua é um Auror. Trata-se de um homem de meia idade, quase chegando aos cinqüenta anos. Meses atrás, quando solicitaram voluntários para aquela tarefa, Joshua se ofereceu imediatamente.Era a oportunidade que ele esperava para deixar as atividades burocráticas às quais estava destinado a exercer já há algum tempo. Além disso, o fato de poder trabalhar à noite, lhe dava uma ótima desculpa para não ficar em casa e escutar as freqüentes reclamações da esposa, que na opinião dele era amplamente influenciada pela mãe e só via nele defeitos e motivos para reclamação.
Assim, nos últimos meses Barnett trabalhava como um dos Aurores responsáveis pela segurança no hospital. Como parceiro, haviam lhe mandado um garoto recém saído do curso, de nome Silas Perkins. Era um garoto de pouco mais de vinte anos de idade, e Barnett não tinha muita paciência com ele. Afinal de contas, ele não era babá de marmanjo. Olhando para a extremidade oposta do ambiente, Barnett avistou Perkins em seu posto. Era cômico ver o garoto tentando executar suas tarefas adequadamente, todo o seu profissionalismo, tudo de acordo com as regras e normas ensinadas no treinamento. Na sua opinião, aquilo tudo não passava de besteira. Na prática, nada daquilo era realmente funcional. Outra grande idiotice era aquela missão. Ele não via motivo algum para permanecerem ali, dia e noite.
Quando designaram-no para aquela tarefa, disseram que sua missão era proteger o hospital de eventuais ataques de Comensais da Morte ou outros partidários destes. Que havia uma Medibruxa, drª Granger - que segundo ele soubera depois era uma grande amiga de Harry Potter e que se envolvera em muitas confusões com ele enquanto estavam em Hogwarts – Que era um alvo provável de ataque, e que deveria ser protegida. Ele a vira entrar para trabalhar a algum tempo, pouco antes de escurecer. Em sua opinião, não passava de uma garotinha metida à esperta, uma sabe-tudo que devorava todos os livros que encontrava na sua frente e por isso conseguira se tornar medibruxa tão cedo. Devia ter pisado no calo de alguém importante, e agora estava com medo de vingança. Para ele era indiferente, não foi com a cara dela desde o primeiro momento que a viu, abraçada ao seu noivo, outro grande babaca e amigo do Potter, o tal de Weasley. Ele não sabia o que as pessoas viam de tão especial naqueles dois. Não eram nada demais na opinião dele. Agora, a Weasley, a irmãzinha ruivinha, sem dúvida era outra coisa. Pena que era uma pedra de gelo. Mas ele bem que gostaria de tentar derreter aquele gelo todo.
Enquanto Barnett pensava suas obscenidades, caminhava em seu posto, à direita da entrada do hospital. Por ser uma noite de sexta-feira, o movimento até que estava pequeno. Aproximadamente umas vinte pessoas estavam espalhadas por ali. Algumas aguardavam atendimento médico, normalmente por alguma besteira. Havia famílias inteiras, pais e mães com seus filhos que necessitavam de algum atendimento médico.Outras ainda estavam aguardando na fila em frente à mesa de recepção, onde estava sentada Margot Chandler. Era mais um início de final de semana como dezenas de outros, e ela esperava que fosse mais uma noite calma e sem grandes surpresas.
Havia acabado de escurecer, a lua cheia acabara de surgir no céu frio e claro de janeiro. Margot estava acabando de preencher a ficha de um garoto de aproximadamente seis anos que havia se acidentado ao pegar a varinha do pai escondida. Este o trazia nos braços, um misto de nervosismo pelo estado do filho e de sentimento de culpa por ter deixado o artefato a seu alcance, quando um som estarrecedor se fez ouvir pela noite. Ela parou de escrever e levantou os olhos. Aquele som só podia significar uma coisa, e ela não podia acreditar que estivesse acontecendo ali, no centro de Londres. Instintivamente procurou pelos aurores de plantão naquela noite. Perkins estava com uma olhar preocupado, buscava sua varinha no bolso da veste. Virou sua cabeça à procura de Barnett e seu coração quase parou devido ao susto. Tentou falar alguma coisa, gritar, avisá-lo, mas não conseguiu. Nem houve tempo.
Joshua Barnett ainda estava com sua cabeça longe, quando ouviu um som estranho. Parecia um uivo profundo, grave e muito próximo. Aturdido, olhou em volta e seu olhar cruzou com o da recepcionista. Esta tentava balbuciar alguma coisa, mas não conseguia. Tinha um olhar apavorado, mas não era para ele. Era para além dele. A compreensão dominou-o num átimo. Havia alguma coisa atrás dele, alguma coisa havia entrado pela porta do hospital. Desesperado, Barnett virou-se, a tempo de ter sua última visão na vida. Enormes mandíbulas vinham em sua direção e cravaram-se em seu pescoço. Ele tentou gritar, mas ao invés de som a única coisa que saiu de sua boca foi um jato de sangue. Este foi o epitáfio de Joshua Barnett.
- BARNETT!NÂÂÃOOO! – Gritou finalmente Margot e continuou, ao ver as várias criaturas que se seguiram à entrada da primeira que já devorava o Auror - Lobisomens! Estamos sendo atacados por Lobisomens. Perkins, você precisa fazer alguma coisa.
Perkins, que ficara paralisado ao ver o ataque que o colega sofrera, despertara ao ser chamado por Margot. Reunindo toda sua coragem, correu de onde estava com a varinha na mão dando ordens:
- Margot, tente proteger essas pessoas. Quem tiver uma varinha e souber duelar, venha comigo. Preciso de ajuda para proteger o hospital.
Quatro homens se juntaram a Perkins, inclusive o pai do menininho que acabara de fazer sua ficha. Antes de passar o garoto para o colo da mãe e beijá-lo, este disse para Margot:
- Moça, por favor. Tome conta de minha família. Não deixe que nada de ruim aconteça com eles.
- Eu vou fazer o possível senhor. – Respondeu Margot, sacando sua varinha e dizendo para as pessoas que estavam próximas – Venham para cá. Juntem-se, não corram. Vamos ficar todos juntos.
Os cinco homens se enfileiraram e rumaram de encontro a seus destinos. Os lobisomens não haviam perdido tempo, enquanto Perkins se preparava para defender o hospital os seres já haviam atacado mais três pacientes que estavam próximos à porta. Quando os homens se postaram Perkins disse:
- Parem agora mesmo com esse ataque, seus monstros. Saiam e deixem essas pessoas em paz. – Assim que terminou a frase, engoliu em seco. Havia conseguido chamar a atenção para si.
Um lobisomem negro, com mais de dois metros e meio de altura, olhou para Perkins, seus olhos vermelhos e profundos denotavam que havia alguma inteligência por trás daquela fera. Ele levantou sua cabeça e deu um uivo retumbante, como se estivesse clamando todos os demônios do inferno para assistirem suas façanhas. Quatro companheiros se juntaram a ele, agora o uivo era uníssono. Enquanto uivavam, caminhavam e se postavam a seu lado, de frente para os cinco bruxos. Quando terminaram de uivar, os homens estavam tremendo de medo. E por um bom motivo, pois sem aviso, com apenas um impulso, as criaturas saltaram sobre suas presas. Pois era isso que aqueles homens eram para eles, presas. Não oponentes.
*****
Era apenas mais uma noite de plantão como outras tantas para Hermione. Ela estava em sua sala, acabara de concluir um atendimento e, como não havia ninguém esperando, resolvera ler um pouco. Seu pensamento viajou para a Toca, a deliciosa e aconchegante casa da família Weasley. Ela realmente ficara tentada a permanecer lá, como queria seu noivo. Os gêmeos haviam acabado de chegar quando ela teve que sair e disseram que Carlinhos e Natasha também iriam para o jantar. Certamente a noite seria muito divertida lá. Mas ela tinha suas obrigações e não podia faltar, seu censo de responsabilidade não permitia uma atitude dessas. Seu pensamento vagou e agora se concentrou em Harry e Gina. Não conteve um sorriso, pois percebera que nos últimos dias alguma coisa havia apimentado a relação dos dois. E ela já sabia o que fazer para apimentar ainda mais. Ela poderia se transformar numa Harpia com asma se sua idéia não desse certo. Talvez a colocasse em prática no próximo final de semana, quando estaria de folga.
Hermione foi tirada de seus pensamentos por uma sinfonia de uivos que fez seu sangue gelar nas veias. Não poderia ser verdade. Será que eles teriam a ousadia e a falta de escrúpulos de atacá-la ali? E as pessoas internadas? Levantou-se de sua poltrona e correu até a porta, abrindo-a e dando de cara com o Auror que estava de guarda ali.
- O que está acontecendo Charles? – Perguntou ela.
- Ainda não sei Drª.Granger. Julia foi ver. – Respondeu ele, referindo-se à sua companheira. Sempre havia dois Aurores no Hall de entrada do hospital e mais dois ali em frente à sua sala.
Passados alguns minutos, Julia apareceu correndo pelo corredor, vindo das escadas, com a varinha nas mãos.
- O hospital foi invadido por lobisomens. – Disse ela – Já dominaram o Hall e já estão prestes a subir para os andares.
- E quanto a Barnett e Perkins? – Perguntou Charles.
- Mortos. Não tiveram a menor chance, são dezenas de criaturas. – Respondeu Julia.
- E as outras pessoas que estavam no Hall? – perguntou Mione, lembrando-se de Margot, que estava ali para cobrir a falta de outra colega.
- Não consegui olhar direito, mas duvido que haja alguém vivo. Bloqueei os elevadores e as escadas, mas logo eles devem conseguir retirar a barreira e subir.
- Precisamos tirá-la daqui doutora. – Disse Charles, sacando a varinha e olhando em volta em busca de uma rota de fuga – Eles devem estar atrás da senhora.
- Não Charles! Eu não vou a lugar nenhum. – Respondeu Hermione, resoluta – Estas pessoas são minha responsabilidade. Se o hospital está sendo atacado é por minha culpa, não vou fugir e deixar que sejam assassinadas.
- Mas ficar aqui é loucura. – Disse Julia, olhando incrédula para Mione – O que nós três podemos fazer contra dezenas de feras assassinas?
- Nós só precisaremos agüentar por alguns minutos. Logo receberemos ajuda.Esses malditos não sabem com quem estão se metendo. – Hermione falava e puxava seu broche ao mesmo tempo, murmurando o feitiço e enviando a seguinte mensagem “ Hospital sendo atacado por Lobisomens. Socorro!H” – Agora é só esperarmos e tentar segurá-los o máximo que pudermos.
- Mas o que foi isso? O que foi que a senhora fez? – Perguntou Charles.
- Chamei a nossa única esperança, meu caro. Pedi socorro para as pessoas que nunca me deixaram na mão e que enfrentam qualquer desafio em nome do amor e da amizade. Pedi ajuda a Harry Potter e Ronald Weasley, além de alguns Guardiões. – Respondeu ela com um sorriso, que rapidamente desapareceu ao se ouvir um novo uivo, agora nas escadas – Vamos! Precisamos detê-los até que a ajuda chegue.
- Mesmo sendo Harry Potter, a senhora realmente acredita que ele possa fazer alguma coisa contra todos estes lobisomens? – Julia parecia incrédula – Ele não pode ser tão poderoso assim.
- Está na cara que você não conhece o Harry. Ou o Rony. E pelo visto Greyback também não, e essa será a sua ruína. Ele não espera que eles cheguem aqui a tempo. – Retrucou Mione confiante.
- E será que eles chegam? – Emendou Charles.
- Com certeza. Estou apostando minha vida nisso. – Finalizou Mione.
*****
Numa casa simples, mas aconchegante, no pequeno vilarejo de Hogsmeade, uma família acabara de jantar e conversava na sala. Augusta Longbotton estava visitando seu neto, Neville e sua esposa, Luna. Ela estava satisfeitíssima com o casamento e a vida do rapaz, que se tornara um homem íntegro, valoroso e corajoso como o pai. Apesar de não ter seguido a mesma carreira, Auror, Neville se tornara um excelente professor em Hogwarts, além de ser uma das pessoas de confiança da diretora. Ela sabia também que ele, bem como a esposa, eram lideres, junto com os Weasleys, Hermione Granger e o próprio Harry Potter de um grupo de combate às trevas e que atuava até hoje. E tudo isso era motivo mais do que suficiente para ela sentir muito orgulho daquele rapaz.
Os três estavam conversando alegremente sobre o passado e os planos para o futuro, quando os broches deram sinal de vida. Imediatamente, tanto Neville quanto Luna pararam de rir e concentraram-se na mensagem que havia sido enviada. Seus semblantes mudaram totalmente, Neville levantou-se de um pulo e Luna o imitou, logo em seguida, dizendo calmamente.
- Precisamos ir. Desculpe-nos srª Longbotton, mas aconteceu uma emergência e estão precisando de nossa ajuda.
- Aconteceu algo grave? – Perguntou Augusta, levantando-se também.
- O hospital está sendo atacado por Lobisomens. – Respondeu Neville – Mione está pedindo ajuda, temos que ir.
- Claro, claro. Não se preocupem comigo, podem ir. – Respondeu a anciã.
- Se eles estão atacando a Mione, qualquer um pode ser alvo também. – Disse Neville, mais para si mesmo do que para as outras – A senhora pode ser atacada no caminho para casa também. Luna, você poderia acompanhar minha avó até em casa antes de ir para o Saint Mungus?
- E você vai sozinho para lá? – Perguntou Luna, arregalando seus lindos olhos azuis – É muito arriscado, não acho sensato.
- Não se preocupe, tenho certeza que não serei o único a responder ao chamado. – Disse ele, dando um sorriso para a esposa, tentando passar uma confiança que na verdade ele não tinha. Na verdade, sua intenção era tirar as duas mulheres mais importantes de sua vida do perigo – Você faz isso pra mim?
- Se é tão importante pra você, é claro que eu faço. Mas depois que deixá-la em casa eu vou direto pro hospital. Não pense que não percebi qual foi a sua intenção, senhor Longbotton. – Respondeu ela, com seu ar aéreo já se dirigindo para a lareira. Iria usar a rede de Flú para viajar, devido a avançada idade de Augusta.
- Meu neto! – Chamou esta, antes de seguir a jovem – Sinto muito orgulho de você. Mas tome muito cuidado, não quero perdê-lo.
- Pode deixar vovó. Não vai me acontecer nada. Mas não posso deixar que façam nada com meus pais, que ainda estão internados no hospital. – Finalizou ele, antes de tocar no broche e convertê-la numa chave de portal que o levaria diretamente ao local do ataque.
*****
Cho Chang estava em seus aposentos analisando alguns pergaminhos quando sentiu o broche em seu peito esquentar. Pegou-o e quando leu a mensagem, levantou-se o mais rápido que pôde e saiu correndo pelos corredores da escola, até a sala de ordens dos Guardiões, a antiga sala de Harry onde eram organizados os turnos de vigília, as rondas, etc. Lá chegando, encontrou um aluno do sétimo ano que estava de serviço. Era um dos melhores alunos que tinha, um dos mais responsáveis e a quem ela transferia o comando quando era necessário.
- Coloque a escola em alerta! – Disse ela, quando entrou pela porta, dando um susto tão grande no rapaz que este quase caiu da cadeira na qual estava sentado – Chame todos os membros do sexto e sétimo ano para ficarem de guarda, avise Hagrid e Grope que podemos ser atacados esta noite.
- Mas o que está acontecendo? – perguntou ele, recuperando o equilíbrio e levantando-se da cadeira.
O Saint Mungus está sendo atacado. Podem resolver nos atacar também, não seria a primeira vez que atacam outro lugar como chamariz. – Disse ela, enquanto já se dirigia novamente para a porta – Vou avisar a diretora. Você está responsável pela segurança da escola até eu voltar.
Cho ganhou os corredores novamente, correndo em desabalada carreira até chegar em frente às gárgulas. Lá pronunciou a senha – “Olívio Wood” – E assim que galgou os degraus da escada de dois em dois, bateu com os nós dos dedos na grande porta de madeira do escritório da diretora. Aguardou alguns instantes, e então ouviu a ordem para entrar.
Minerva Mcgonagall estava em pé, ao lado de sua mesa, com um enorme livro nas mãos, um semblante de preocupação estampado no rosto.
- Professora Chang! Algum problema? – Questionou ela, assim que a porta foi fechada.
- Sim diretora.Acabei de receber uma mensagem da Mione, dizendo que o Saint Mungos está sendo atacado por lobisomens. – Respondeu Cho direta.
- Por Merlin! – Disse Minerva, fechando o livro de supetão – Isso é horrível. Existem dezenas de pessoas internadas lá que não podem se defender. Será uma chacina!
- Eu estou indo pra lá. Mione pediu ajuda, ela está lá diretora. Acho que os fundadores, ou pelo menos alguns foram chamados e devem estar a caminho. Podemos impedir isso.
- Espero que sim minha jovem. Eu torço para que consigam. Então vá, não se demore mais. Tomaremos conta da escola. – Disse a diretora, enquanto empurrava Cho para a porta.
- Já deixei pessoas de sobreaviso, a guarda estará de alerta esta noite. – Concluiu Cho, enquanto tocava em seu broche, finalizando antes de desaparecer – Vai dar tudo certo, tenho certeza que o Harry estará lá.
- Eu também confio nele minha filha. – Respondeu Minerva Mcgonagall, já para o espaço vazio.
*****
O jantar na Toca havia sido, como não poderia deixar de ser, maravilhoso, com a chegada de Carlinhos e Natasha, acompanhados dos gêmeos e Vera. Agora, todos estavam na sala, deliciando-se com as gargalhadas de Lucy, que não agüentava mais rir das palhaçadas de Fred e Jorge. Gina estava sentada ao lado de Vera, rindo da alegria da menina e Harry estava em pé, apoiado no corrimão da escada, olhando para as duas. Quando Fred ia começar a contar uma piada, ele, Jorge, Gina e Rony, sentiram seus broches arderem. Os outros presentes, que não possuíam os broches, inclusive Harry, demoraram um pouco para perceber o que estava acontecendo, o porque do silêncio repentino. A primeira a entender foi Vera.
- São os broches. – Disse ela, para Carlinhos e Natasha, que não estavam entendendo nada – Eles receberam alguma mensagem por eles.
- Ah! – Disse Carlinhos, em sinal de compreensão – Algum problema?
- MIONE! – Gritou Rony, ao terminar de ler sua mensagem – Ela está em perigo.
- O que houve? – Perguntou Harry, que com dois passos já estava no meio da sala, ao lado de Rony.
- É horrível! – Disse Gina, com a voz trêmula – Mandaram atacar o hospital. O Saint Mungus está sob ataque de lobisomens.
Um silêncio sepulcral tomou conta da residência dos Weasleys por alguns momentos, enquanto as pessoas assimilavam a notícia.
- Temos que ir pra lá agora mesmo. – Disse Carlinhos, finalmente levantando-se do sofá onde estava sentado com a esposa – Temos que ajudar a Mione.
- Então vamos logo. – Disseram Fred e Jorge, em uníssono.
- Eu também vou. – Disse Vera, pondo-se ao lado do namorado.
- Não Vera. – Disse este, acariciando a mão dela.
- Por que não? – Perguntou ela, puxando a mão extremamente ofendida – Se todos vão eu também quero ir. Só vocês têm o direito de arriscar suas vidas é?
- Não, não é por isso. – Respondeu Fred – É que pode ser uma armadilha, como da outra vez. Eles podem estar tentando nos tirar de casa pra atacar nossa família. Você pode fazer isso pra mim? Você pode ficar aqui e cuidar da minha casa e da minha família?
Vera olhou fundo nos olhos do rapaz para ver se havia sinceridade em suas palavras ou se estava simplesmente tentando enganá-la. E o que viu foi um misto de medo e súplica, algo que nunca tinha visto antes. Percebeu que ele era sincero, realmente estava preocupado com a possibilidade de um ataque à sua família, e concordou com o pedido do rapaz com um fraco sorriso e um aceno de cabeça, buscando novamente sua mão e acariciando-a para transmitir-lhe um pouco de segurança.
- Ótimo! Já que decidiram sobre quem vai ficar, é melhor irmos embora. – Disse Gina, preparando-se para partir.
- Gina espere. – Disse Carlinhos – Concordo com Fred, nossa casa pode ser alvo de um ataque. A Vera não pode ficar aqui sem companhia. Papai e Mamãe sabem se defender é claro, mas precisamos de mais gente.
- Nyet! Nem olhe pra mim Carlos Weasley. – Disse Natasha, quando o olhar do marido recaiu sobre ela – Serei muito mais útil lá com vocês. Sou tão apta a lidar com lobisomens quanto dragões, assim como você.
- Eu sei, também acho que você deva ir. Mas Gina não. – Disse Carlinhos.
- Como é? Por que não? – Perguntou ela, virando-se para o irmão.
- Você é a única aqui, além do Rony, que sabe usar o feitiço da Mione nos broches. Se a casa for atacada, pode nos chamar de volta a tempo. – Justificou-se ele.
- Eu não vou ficar pra trás de novo, enquanto vocês saem para lutar. – Bradou Gina, inconformada – Se vocês não querem que eu vá com vocês então eu vou sozinha e a gente se encontra lá depois.
- Carlinhos está certo Gina. – Disse Rony, que estava atônito no mesmo lugar, ao lado de Harry – Se for uma armadilha precisamos que alguém nos avise. E eu não posso ficar, de jeito algum.
- NUNCA! – Gritou ela, saindo em direção à porta, com intenção de sair da casa e desaparatar.
- Gina. Espera, por favor.
Gina estava com a mão na maçaneta quando ouviu a voz de Harry chamando-a. Ela estacou. Sua respiração falhou, seu coração parecia que ia sair pela boca. Ela não sabia se pelo fato dele chamá-la finalmente pelo seu primeiro nome desde que voltara, ou pelo tom de súplica na voz. Ele havia perdido todo o controle que sempre tentara manter, toda sua frieza e indiferença desapareceram naquele pedido. Ela parou e ficou esperando, sem se virar, até que ele se aproximou dela e falou novamente:
- Por favor, não vá. Seus irmãos têm razão, você sabe disso.
- Eles não mandam em mim. – Respondeu ela, grosseiramente – Nem você.
- Eu não quero lhe dar ordens, nem como eles. Eu estou lhe pedindo. Não, na verdade eu estou lhe implorando que não vá. – Disse ele, se aproximando ainda mais dela, passo a passo.
- Eu tenho que ir será que você não entende? Você vai, eu preciso ir também porque...Você... – Ela havia se virado para ele, seus olhos marejados, parou a frase pela metade ao perceber que falara demais.
Harry olhou para ela, a compreensão assomando seu ser. Então era isso. Ela tinha medo que ele não voltasse. Tinha medo que ele se ferisse, que a abandonasse novamente. Ela não era tão durona, forte ou independente quanto ele julgava. À sua frente estava uma garota frágil e insegura, com medo.Com muito medo.
- Você está com medo que eu não volte? – Perguntou ele, olhando fixamente para seus belos olhos castanhos – Ou que eu fique ferido?É isso?
- Você vai fazer alguma loucura, eu sei que vai. Você sempre faz, principalmente quando alguém está em perigo. Maldita mania de herói, odeio quando faz isso. – Respondeu ela, desviando seu olhar daquele intenso que recebia.
- Como eu disse outro dia pra Lucy. – Começou ele, não conseguindo reprimir um sorriso – Eu não me considero um herói. Mas cumpro minhas promessas. Você confia em mim?
- Confio. – Respondeu ela, retribuindo o sorriso, um tanto sem graça.
- Pois eu prometo voltar antes do amanhecer. E inteiro. Não estou disposto a virar petisco de lobisomem. – Disse ele.
- Você promete? – Perguntou ela, não resistindo e abraçando-o.
- Prometo. E você, promete ficar aqui e tomar conta de sua família e da Lucy? Ela é nossa responsabilidade agora, não se esqueça.
- Prometo. – Respondeu ela, recebendo um beijo na testa como recompensa, enquanto Harry a afastava delicadamente.
- Obrigado. – Agradeceu ele, distanciando-se dela de costas, sem desviar o olhar, ao mesmo tempo que conjurava sua espada - “Gladius!”- Sacou-a e disse – Tchau! Bruxinha, toma conta dela pra mim? – E piscou para Lucy, que estava sentada no pé da escada olhando tudo.
Harry deu um giro e desaparatou, sendo seguido por Rony, Fred, Jorge, Carlinhos e Natasha. Assim que eles partiram, Gina saiu correndo da sala, em direção ao seu quarto, dizendo“Preciso avisar o ministério!”. Chegando lá, escreveu um bilhete e endereçou-o a Kingsley Shacklebolt. Pegou Edwiges, a coruja de Harry que estava com ela desde a sua pretensa morte, entregou-lhe a mensagem e despachou-a pela janela. Em seguida, desceu novamente as escadas e sentou-se no sofá, de frente para Vera, a esperar. Seria uma longa noite. Abaixou a cabeça, temerosa pelo que poderia acontecer, quando sentiu um leve toque em sua mão.
- Não precisa ficar com medo Gina. – Disse Lucy, agora acariciando seu rosto – Ele é bom. E o bem sempre vence, não vence?
- Vence querida. – Respondeu ela, forçando um sorriso triste para a menina – O problema é saber a que preço.
*****
Ela ia morrer. Tinha absoluta certeza que sua hora chegara. Margot não era covarde, mas pensar em morrer da mesma maneira que aqueles cinco homens morreram há poucos instantes á sua frente, era repugnante. Não houvera como, não tiveram pra onde fugir e foram obrigados a assistir aquela cena. Não lhe saia da cabeça o pedido do homem, que antes de partir para a morte lhe pedira para salvar sua família. Ela estava tentando, mas não via como manter a promessa. Ela nunca fora muito boa DCAT na escola, não sabia duelar. Quanto mais combater lobisomens. O Maximo que conseguiu foi conjurar um escudo e proteger as pessoas, em torno de dez, atrás deste escudo. Mas isso não duraria muito tempo, pois três criaturas investiam consecutivamente contra ela, uivando, grunhindo, arranhando e mordendo o ar, tentando intimidá-la. Margot reunia todas as suas forças e se concentrava para manter a integridade de seu escudo, mas a cada investida isso ficava mais e mais difícil.
Quando dois lobisomens jogaram-se com toda a força contra o escudo, Margot sentiu como se a estivessem esfaqueando no peito, uma dor lancinante trespassou-a e ela fraquejou. Aproveitando-se deste momento de fraqueza, o terceiro lobisomem deu um bote na extremidade esquerda do grupo e conseguiu capturar uma senhora, jogando-a para os colegas que uivaram de júbilo e avançaram sobre a presa.
- NÃO! – Gritou Margot, reunindo suas forças e reforçando a proteção, rangendo os dentes – Seus malditos, eu não vou deixar vocês pegarem mais ninguém. Só sob o meu cadáver!
As criaturas pareciam ter entendido as palavras de Margot, pois os três pararam, olhando para Margot em sinal de desafio e então, saltaram sobre o escudo de uma vez só. Com o choque, Margot deu um grito de dor, fechando os olhos. Ela não ia mais resistir, estava preste a perder a consciência. A próxima investida seria fatal, ela não tinha mais forças. Todas aquelas pessoas que estavam sob sua responsabilidade iam morrer e ela não conseguiria impedir. Falhara miseravelmente. Mas não ia se entregar facilmente. Abriu os olhos para enfrentar a morte de frente, as lágrimas riscando seu rosto e borrando sua maquiagem. Quando o Lobisomem investiu novamente, ela não agüentou e fechou novamente os olhos, apertando-os, à espera da morte. Mas ao invés de sentir as presas em sua carne, ela ouviu uma explosão. Quando abriu os olhos, não achou mais a cabeça do lobisomem à sua frente e seu escudo estava coberto de sangue. Ainda conseguiu vislumbrar uma cabeleira vermelha ao longe, antes de suas pernas fraquejarem e ela perder os sentidos.
*****
Harry aparatou no Hall do hospital, próximo à porta de entrada. Neville já havia chegado, olhava tudo com uma expressão de repulsa.Seus amigos surgiram em seguida, assim como Cho. Pareciam ter sincronizado a chegada.
- Eu vou procurar a Mione, tenho certeza que Greyback foi atrás dela. – Disse Rony, sacando sua espada e seguindo em direção às escadas.
- Neville e Cho, vão com ele. – Disse Harry, e continuou agora para os outros – Carlinhos e Natasha, deve haver mais criaturas espalhadas pelos andares. Cuidem delas. Fred e Jorge protejam aquelas pessoas no canto. Rápido.
- Harry, você não está pensando em enfrentar todos esses lobisomens sozinho, está? – Perguntou Natasha – São mais de dez.
- Não se preocupem comigo. Sei o que estou fazendo. Agora vão, rápido. – Insistiu ele.
Rony, que já estava chegando às escadas, seguido de Neville e Cho, virou-se e fez uma reverência para Harry, mantendo o punho da espada junto a seu coração. Em seguida subiu correndo as escadas. Carlinhos e Natasha seguiram logo após, ainda relutantes em deixar Harry sozinho. Fred e Jorge corriam em direção a um grupo de pessoas acuadas em um canto, cercadas por três criaturas. Uma delas estava prestes a dar um bote contra uma moça loira, eles não chegariam a tempo.
- Não vai dar tempo de chegarmos. – Disse Fred, desesperado.
- Eu não preciso chegar lá pra atingi-lo. – Disse Jorge, mirando a varinha com cuidado – “Bombarda!”
O feitiço foi certeiro, atingindo a cabeça do lobisomem e explodindo-a. Os dois outros, pegos de surpresa não avançaram, voltando-se para os homens que vinham correndo. Fred retirou um recipiente de vidro do bolso das vestes e jogou contra um deles, que se espatifou ao contato espalhando seu conteúdo, enquanto Jorge imobilizava o segundo com um “Petrificus Totallis!”, passou correndo por ele e chegou no grupo de pessoas, jogando-se ao chão ao lado da moça, que caíra desacordada.
- Ela está bem? – Perguntou Fred, ao chegar ao lado do irmão.
- Parece que sim. Só desmaiou. – Respondeu Jorge, pegando Margot nos braços delicadamente.
- Que? Quem? – Balbuciou ela, abrindo os olhos.
- Oi. Você está bem? – Perguntou Jorge, preocupado.
- Es..Estou. – Respondeu ela, sentando-se e fixando o olhar no rapaz – Você é um dos gêmeos Weasley...
- É, sou sim. – Respondeu ele, abrindo seu melhor sorriso – Sou Jorge Weasley.
- E eu sou Fred Weasley. – Disse o outro, detrás do irmão – Você não me é estranha. Qual o seu nome?
- Sou Margot Chandler. Estudamos juntos em Hogwarts, eu era da Lufa- Lufa. – Disse Margot, enquanto se levantava amparada por Jorge – Como é que vocês chegaram aqui? E os lobisomens?
- Bom, temos nossos meios. – E Jorge piscou um olho – Quanto aos lobisomens, deixe-me ver. Temos um sem a cabeça, outro petrificado. – Fred, o feitiço está acabando – E temos um que já está provando nosso presente.
- É. Infelizmente não vamos conseguir uma entrevista pra saber o que ele acha do produto Jorge. – Disse Fred, pegando um novo frasco de vidro do bolso e lançando contra o lobisomem que recuperara os movimentos e partia para cima deles.
Mais uma vez, o frasco se quebrou ao contato e seu conteúdo, um pó branco-perolado, se espalhou pelo corpo da criatura, que imediatamente caiu ao chão se contorcendo de dor. Fred virou-se para Margot, que assistia a cena boquiaberta e completou.
- Pó de mico com um feitiço destrinchador. Eles realmente pensaram que poderiam ameaçar nossa família e nossos amigos e nós não prepararíamos uma surpresinha pra eles? Fala sério!
- Mas eles são vários. Dezenas. Onde estão os outros? – Insistiu Margot, ainda preocupada.
- Ah é! Bom, não sei se o restante deu mais sorte do que esses três, sabe? Lá estão eles, enfrentando o Harry. – Disse Jorge, apontando para o centro do Hall.
Margot olhou para a direção apontada e seu queixo literalmente caiu com a visão que teve.
*****
Assim que se viu sozinho, Harry olhou em volta, analisando friamente a situação. Realmente, havia mais de dez inimigos espalhados pelo ambiente, a maioria ainda devorando suas vitimas. Ele teria que ser implacável, não poderia dar brecha e ser ferido, se fosse contaminado se tornaria um deles. Ainda não haviam percebido sua presença.Havia um há alguns metros, abaixado, de costas para ele. Ele deu dois passos, saltou levantando sua espada acima da cabeça e desceu, cravando sua espada no crânio do lobisomem, ao mesmo tempo em que Jorge explodia a cabeça do seu inimigo. Este morreu sem sequer perceber o que o atingira. O som da explosão chamou a atenção das outras criaturas, que levantaram a cabeça e olharam em volta. Viram que havia dois deles indo em direção de Fred e Jorge e não deram muita importância a eles. Olharam para onde estava Harry e viram-no arrancando a espada da cabeça de seu colega, já morto. Com um uivo, em coro, largaram suas presas e concentraram-se em Harry. Como uma alcatéia de lobos, começaram a rodeá-lo, na tentativa de encurralá-lo, aguardando o melhor momento para o ataque.
Harry andava em círculos, as pernas um tanto arqueadas, tentando não perder nenhum movimento de seus inimigos, usando sua visão periférica. Na mão direita, girava sua espada sobre o próprio eixo, em círculos, enquanto a mão esquerda, levava à frente do corpo com a palma estendida, pronta para lançar um feitiço. Os lobisomens pareciam não prestar atenção em sua mão, que estava sem varinha. Concentravam-se na espada, girando, girando, hipnotizante. Então, a espada parou. Pensando ter encontrado uma brecha, dois lobos pularam sobre Harry. O primeiro foi paralisado em pleno ar por um feitiço “Erigis Corpus”, fazendo a criatura estacar em pleno ar e em seguida com um “Conícis Corpus” lançou-a contra seus parceiros, desestruturando a formação que haviam feito. O segundo continuava vindo, e ele se precipitou contra ele, brandindo sua espada e atingindo-o no coração. Quando a retirou, deu um voleio com ela no ar acima de sua cabeça, por onde saltava mais um. A espada partiu o ventre da criatura ao meio, banhando Harry com seu sangue e caindo morta ao chão.
Os lobisomens estavam assustados, não pareciam acreditar que, em tão pouco tempo, três deles haviam perecido frente à espada de Harry. Reuniram-se novamente e empreenderam um novo ataque, na tentativa de surpreendê-lo, mas este já estava preparado. Decepou a pata do primeiro, que tentara atingir-lhe a cabeça, e enquanto o animal segurava o toco do braço e uivava de dor, Harry deu um girou e cravou a espada em seu rim esquerdo.Retirou a espada e num movimento circular para cima, partiu verticalmente a mandíbula de outro que se aproximava. A criatura mal teve tempo de perceber o que acontecera, pois com um outro movimento agora na horizontal, Harry decepou-lhe a cabeça.
Enquanto o corpo da criatura caia ao chão, sem vida, Harry usou-o como apoio para dar um salto sobre o lobisomem que vinha atrás, desferindo-lhe um golpe em diagonal em seu peito, sem chance de defesa. Parou um instante para respirar, sua espada escarlate devido ao sangue acumulado dos inimigos, que gotejava incessantemente da ponta. Agora já somavam seis lobos abatidos, mas eles não paravam. Mais um tentou dar um bote, saltando às suas costas na tentativa de surpreendê-lo, e mais uma vez ele usou sua mão esquerda e os dois feitiços que havia utilizado no início da luta. Desta vez, porém, não jogou o lobisomem contra seus amigos, mas lançou-o com força, como se fosse uma bala de canhão contra a parede, próxima à entrada, onde este arrebentou a cabeça e a parede devido o choque, bem na hora em que Luna entrava. A jovem arregalou ainda mais seus grandes olhos azuis, desviou-se da carcaça sem vida e correu para onde estavam Fred e Jorge.
- Estão todos bem? – Perguntou ela ao se aproximar.
- Tudo bem. – Respondeu Jorge.
- E onde está meu marido? Onde está Neville? – Perguntou ela novamente, visivelmente angustiada.
- Ele subiu com os outros. – Respondeu Fred, indicando as escadas – Harry disse para ficarmos protegendo essas pessoas. Mas se você ficar aqui com o Jorge eu subo pra ajudar.
- É, seria bom. Temo que os outros não estejam se saindo tão bem quanto Harry. – Disse Jorge.
- Eu nunca vi algo assim antes. – Murmurou Margot, que ainda estava sendo amparada por Jorge, olhando atônita para Harry lutando.
- E ele ainda está calmo. – Disse Luna, com seu olhar sonhador em direção à batalha que ainda acontecia – Imagina só se ele estivesse nervoso.
Margot olhou para Luna, tentando pensar nas possibilidades provenientes daquela possibilidade, mas não conseguiu chegar a uma conclusão. Enquanto isso, Fred saiu em direção às escadas.
Quem assistia a luta de Harry poderia pressupor que ele estava sendo frio e cruel, que se tornara uma máquina de matar. Mas na verdade, do ponto de vista de Harry, ele estava sendo misericordioso com aquelas criaturas. Ele não podia correr o risco de deixá-las apenas feridas ou mesmo deixá-las escapar, pois isso infligiria mais dor e sofrimento para outrem. Também não conseguia deixar de vê-los como vitimas, afinal nenhuma daquelas pessoas era um lobisomem por vontade própria. Haviam sido transformadas contra a sua vontade e agora eram obrigadas a servir Chú e os comensais. Pensando nisso, a única coisa que ele podia fazer era ser rápido e fatal, acabando assim com a sina daqueles desafortunados. Definitivamente ele não estava sentindo prazer algum naquela matança, que continuava, impiedosamente. O chão do hospital, normalmente branco, estava totalmente rubro, escorregadio, com corpos espalhados por toda a sua extensão. E mais e mais sangue se derramava sobre ele, e mais um inimigo tombava sempre que Harry bailava com a sua dama da morte, dançando... Bailando... Singrando e cortando por aquele mar de sangue.
*****
Assim que deixaram o saguão do hospital e chegaram ao primeiro pavimento, viram que havia alguns funcionários lutando contra alguns lobisomens naquele andar, tentando impedir que estes atacassem os pacientes. Carlinhos que vinha mais atrás se antecipou e disse:
- Nós cuidamos deste andar. Continuem procurando a Mione. – E passou por Rony e os outros correndo, varinha na mão, seguido pela esposa.
- Dosvidanya – Disse ela ao passar – E boa sorte.
Rony correspondeu ao cumprimento com um aceno, não estava disposto a falar. Continuou subindo as escadas, saltando os degraus de dois em dois até chegar ao segundo andar. Ele tinha a intenção de passar direto, mas ao olhar rapidamente pelo corredor teve uma visão que o fez parar.
*****
Charles não gostava de jogar. Nunca fora um homem de sorte, não acreditava nestas coisas. Neste momento, ele tinha certeza que não deveria ter apostado todas as suas fichas no palpite da drª Granger. Isso estava lhe custando a vida. Esse era seu pensamento enquanto sentia o ar de seus pulmões se extinguirem aos poucos, sob o forte aperto daquele lobisomem gigantesco, com mais de dois metros de altura, negro como piche e com um bafo terrível. Olhou para o lado e viu sua parceira, Julia, que na tentativa de ajudá-lo acabara na mesma situação que ele. Ambos haviam sido agarrados pelo pescoço, levantados no ar e agora estavam à mercê da criatura, que neste momento decidia qual dos dois devoraria primeiro. Ele não se considerava um covarde, mas naquele instante tinha uma vontade imensa de chorar, gritar, fazer qualquer coisa para extravasar sua decepção com o final de sua vida.
Quando a criatura aparentemente se decidira por começar por ele e estava prestes a matá-lo, estacou de repente. Então, começou a afrouxar a pressão que exercia sobre suas vitimas, que então puderam se mexer e viram, brotando do tórax de seu algoz uma fina lâmina, trespassando-o. Então a lamina recuou e o lobisomem começou a tombar para frente, e só então viram Ronald Weasley às suas costas, empunhando uma espada.
- Weasley! – Exclamou Charles, não escondendo seu alivio – Você chegou, graças a Merlin.
- Vocês estão bem? – Perguntou Rony, ao ver Charles não conseguindo se manter em pé e encostando-se à parede.
- Sim. – Respondeu Julia, massageando a garganta – Charles teve a perna quebrada por um golpe desse monstro, mas só isso.
- É, foi assim que ele me pegou. – Justificou-se Charles, sem jeito.
- E onde está minha noiva? – Rony não estava com paciência ou tempo para conversas.
- Nós estávamos combatendo as criaturas na escada. – Começou Julia – Mas não conseguimos segurá-los por mais tempo, então tivemos que recuar. Acabamos sendo separados por eles, alguns vieram atrás de nós. Estão neste andar. Outros, inclusive Greyback, empurraram a drª Granger para o terceiro andar.
- Muito bem. – Disse Rony, virando-se para seus amigos que estavam atrás dele – Cho, você os ajuda com este andar? Cadê o Neville?
- Claro que eu ajudo. – Respondeu esta – Neville não parou, disse que tinha que cuidar dos pais e seguiu sozinho.
- Certo! Deixe-o. Ele tem assuntos pessoais a tratar, assim como eu. Cuidem-se. – Concluiu Rony, virando as costas e seguindo para as escadas, rumo ao andar superior.
- E aí. Vamos limpar este andar? – perguntou Cho aos Aurores, assim que avistaram um lobisomem saindo de uma sala ao final do corredor.
Assim que entrou no corredor do terceiro andar, Rony percebeu que sua tarefa seria bem mais difícil do que pensara. Havia cinco lobisomens à sua frente.Estavam avançando pelo corredor, de onde estava podia distinguir os cabelos castanhos de Hermione logo após o grupo.Suspirou aliviado, ela ainda estava resistindo e aparentemente estava ilesa. Rapidamente avaliou a situação. Enfrentá-los ali tinha um lado positivo e outro negativo. O corredor era estreito, o que limitava seu espaço para movimentar-se e golpear. Em compensação, só teria que enfrentar um inimigo por vez, não havia espaço para as enormes criaturas lutarem em conjunto, pois ocupavam quase todo o corredor.
Sem relutar, saiu em direção a seus inimigos, que ainda não haviam notado sua presença.
- Hei! Totó! – Chamou ele, atraindo a atenção do grupo para si – Qual foi a parte do “Não ouse tocar nela de novo” que você não entendeu?
- RONY! – Gritou Mione, lá detrás, tentando não perder a concentração em seu escudo, que a protegia dos ataques de Fenrir, extremamente apavorada ao ver seu noivo sozinho – Onde estão os outros? Você não pode contra todos eles sozinho.
- Oi Mione. – Respondeu ele, se aproximando devagar – Eles estão meio ocupados com os amiguinhos desses aí. Estão fazendo um belo estrago, sabe? Então eu resolvi acertar minhas contas com o Totó aqui. E aí, vai encarar?
Em resposta, Greyback emitiu um sonoro uivo. Os outros quatro lobisomens responderam ao uivo e começaram a avançar contra Rony. Este continuou firme em direção a seus oponentes. Então, o primeiro se lançou contra ele, tentando atingir-lhe com um golpe de sua enorme pata. Rony desviou, abaixando-se, e quando se levantou aproveitou o impulso para desferir um potente murro na base do queixo da criatura, que pega de surpresa, perdeu o equilíbrio e cambaleou para trás dois passos. Rony aproveitou a brecha e deu uma estocada em seu estomago. Enquanto este caia, o segundo saltava sobre ele, tentando abocanhar o braço do ruivo. Este se desviou do bote e cravou sua espada na bocarra escancarada á sua frente, trespassando-a na base da nuca. Rony empurrou a criatura com o pé e ficou esperando o próximo.
O terceiro lobisomem era quase tão grande quanto o que ele havia matado no andar de baixo, sua cabeça raspava o teto branco e seus enormes braços praticamente encostava-se à laterais do corredor. Avançou contra Rony e tentou atingi-lo com um golpe da pata, assim como o primeiro tentara. Desta vez Rony quase não conseguiu se esquivar, a criatura atingiu a parede arrancando-lhe uma parte da alvenaria e deixando gravada a marca de suas poderosas garras. Devido seu enorme tamanho Rony não conseguia se aproximar para usar a espada, os braços do inimigo eram mais compridos que sua lamina. Estava sendo empurrado para trás e seria encurralado a qualquer momento. Resolveu então sacar sua varinha, guardada no bolso interno das vestes, conjurou o feitiço “Periculum!”, lançando uma chuva de fogos de artifício contra seu oponente, que ficou momentaneamente cego com as luzes explodindo em sua cara. Rony aproveitou a distração e se jogou entre as pernas do animal, espada em riste, golpeando seu baixo ventre e concluiu ao se levantar do outro lado e dar-lhe um golpe em diagonal nas costas. Virou-se de volta rapidamente, a tempo de desferir, com um voleio, um golpe contra a pata direita do quarto atacante, que tentava atingi-lo pelas costas.Mais dois movimentos cruzados e ele liquidara a criatura fazendo um X em seu peito.
- Era só isso que você tinha pra mim Greyback? – Perguntou ele, dirigindo-se para o último e mais perigoso lobisomem que se tinha notícia – Agora o assunto é entre eu e você.
Mione estava atônita. Ela sabia que seu noivo treinara bastante com a espada, mas nunca imaginara que ele pudesse vencer quatro monstros como aqueles em tão pouco tempo. Não que ela não confiasse nele, mas ela sempre acreditara que aquela história de aprender a lutar com espadas não era a sério, que não passava de algo para impressioná-la ou simplesmente mais uma maneira dele se aproximar novamente do melhor amigo. Só agora ela tivera a certeza de que ele levava sim aquele assunto com extrema seriedade. Para a sua sorte. Mas Fenrir Greyback não era um lobisomem comum e ela continuava aflita com o desenrolar daquela luta.
Rony avançou contra Greyback golpeando o ar à sua frente, forçando a criatura a recuar. Então, inesperadamente ele avançou, atacando o lado oposto ao qual descia a lamina. Rony ainda tentou trazê-la de volta, mas Fenrir era muito mais rápido do que todos os outros lobisomens. Rony mal teve tempo de conjurar um escudo utilizando sua varinha, que permanecia em sua mão esquerda, antes de receber o impacto causado pelo choque de Fenrir contra ele. Foi lançado para trás, prensado contra a parede enquanto seu oponente tentava mordê-lo e arranhá-lo de qualquer forma.
- Rony! – Gritou Mione de onde estava, ainda com seu escudo erguido, o qual deixou cair ao ver a situação do homem que amava e bradou, com toda sua força – “Estupore!”
O feitiço foi certeiro, atingindo Greyback de lado na cabeça, atordoando-o. Era a distração que Rony precisava. Desfez também seu escudo e partiu pra cima de Fenrir com a espada, atingindo-o de raspão no peito e na perna. Com um giro do corpo saiu da parede e estava prestes a aplicar um golpe contra as costas do inimigo quando este, parcialmente recuperado, atingiu-o com violência no peito, com as costas da pata direita. Rony foi lançado à pelo menos dois metros de distância, sem fôlego. Nesse meio tempo, Fenrir recuperou-se do feitiço lançado e voltou à carga. Rony não se fez de rogado e também foi em direção de mais um round. Quando chegaram perto um do outro, Rony fez uma finta de corpo e conseguiu enganar Greyback, inutilizando-lhe a pata esquerda. Fenrir uivou de dor, levando sua pata direita para segurar a outra, na tentativa de minimizar a dor e a hemorragia. Rony aproveitou a oportunidade para se distanciar um pouco, ergueu sua espada e, com um giro, desaparatou.
Ao ouvir o som de desaparatação, a criatura voltou a se concentrar no que estava acontecendo. Quase que instantaneamente, ouviu um som às suas costas. Fenrir havia se curvado de dor e permanecia estático nesta posição, então quando ouviu um som atrás de si, virou-se rapidamente e agarrou a perna de Rony com sua pata boa. Ao ser pego desprevenido, Rony acabou deixando cair sua espada e a varinha. Havia calculado mal, pensara que Fenrir já estava ferido o bastante para ele usar a aparatação sem muito risco, mas errara feio e agora estava nas garras da criatura. Greyback, tomado de dor e ódio, começou a bater Rony contra as paredes do corredor, de um lado e de outro. Uma, duas, três, quatro vezes, então o jogou como se fosse uma boneca de pano sobre a cabeça, próximo de onde Hermione estava.
O corpo dele bateu pesadamente no chão e deslizou até seus pés. Tinha várias escoriações pelo corpo, o nariz sangrava bastante, assim como sua boca.
- Rony! Rony, fala comigo.- Suplicava Mione, ajoelhando-se no chão e pondo a cabeça do rapaz sobre seu colo – Não faz isso comigo.
- Oi Mione. Dei bobeira, né? – Perguntou ele, abrindo os olhos.
- Mas que droga Ronald Weasley. O que é que você pensa que está fazendo? Quer se matar e me deixar aqui sozinha? Vai me fazer viúva antes mesmo da gente se casar? Que foi. Não quer mais se casar comigo, é?
- Casar? Será que eu ouvi alguém falar de casamento? – Sorriu ele. Um sorriso torto, devido à boca inchada e forçado, devido à dor.
- Isso mesmo. Ronald Weasley, você aceita se casar comigo? – Perguntou Mione, sob as pancadas de Fenrir sobre seu escudo, que os protegiam de sua fúria assassina.
- Se quero? É o que eu mais quero Mione. Você sabe que eu quero. – Respondeu ele, sentando-se com esforço.
- Então se levante deste chão e vença logo essa luta. Vamos marcar nosso casamento assim que esta confusão toda terminar. – Disse ela, levantando-se e puxando-o pela mão.
- Você não podia me dar incentivo maior meu amor. – Rony falou, beijando-lhe levemente os lábios – Pode baixar o escudo.
- O quê? Rony acabei de falar que quero você vivo, não vou baixar escudo coisa nenhuma. – Irritou-se ela.
- Você confia em mim? – Perguntou ele, continuando após a concordância dela – Então abaixa o escudo. Eu sei o que estou fazendo, ele não vai conseguir me matar agora. Eu juro.
Muito a contragosto, Mione atendeu seu pedido. Fenrir olhava para Rony com algo que se aproximava a uma cara de desdém.
- Você acha que não posso com você sem minha varinha e minha espada não é? – Perguntou o ruivo, olhando fixamente para aqueles olhos fundos e maliciosos e cuspindo sangue no chão.
Como resposta, Greyback avançou. Rony esperou até o último momento, desviou-se das garras que visavam sua cabeça e atingiu-o com um forte golpe de cotovelo em sua pata ferida, arrancando um grito descomunal de dor. Ainda cego de dor Fenrir tentou atingi-lo novamente, abrindo demais a guarda. Rony aproveitou-se para aplicar-lhe um forte chute no peito, que o jogou para trás, desequilibrando-o. Para completar, Rony deu uma voadora e atingiu o lado da cabeça de seu inimigo, jogando ainda mais para trás, para trás de onde havia caído sua espada. Com uma cambalhota Rony alcançou-a, e estava desferindo um golpe em direção a Greyback quando sentiu a lâmina ser segura.
O golpe que seria aplicado seria fatal para o lobisomem. Desesperado, fez a primeira coisa que passou por sua cabeça, ou seja, mordeu a lâmina, prendendo-a com sua poderosa mandíbula. Com a pata ainda boa, segurava a ponta da espada, na tentativa de impedir que Rony a puxasse. Este, por sua vez, analisou a cena por um instante e então disse.
- Você não fica muito inteligente nessa forma, fica?
E então, reunindo todas as suas forças, deu um forte puxão na espada, rasgando a boca de Fenrir Greyback até separá-la em duas partes, a de cima caiu e quicou no chão. Assim chegou o fim do pior lobisomem dos últimos séculos. Rony encostou-se na parede, mas logo um abraço desesperado o arrebatou.
- Você conseguiu! Rony, você venceu! – Mione chorava compulsivamente.
- Nem eu acredito Mione. Nem eu acredito...
- Sabe, acho que vou ter que mudar o meu conceito sobre esses espetos, afinal de contas. – Disse ela, pegando a espada da mão de Harry e limpando-a – Agora você realmente é meu cavaleiro, Sir Weasley.
- Então será que não mereço um beijo, minha donzela? – Perguntou ele, arrematando-a e aplicando-lhe um ardoroso beijo.
- Eu não acredito! – Disse Fred, ao entrar pela porta e deparar com aquela cena – O Roniquinho matou o Greyback! Cara, agora eu vou ser obrigado a respeitá-lo?
- Cala a boca Fred! – Retrucou Rony, interrompendo seu beijo e se separando dela – Como estão as coisas?
- Quase sob controle. – Respondeu ele – O Harry fez tanto estrago quanto você, sabia? O Carlinhos e a Natasha já cuidaram do primeiro andar e aqueles dois Aurores e a Cho acabaram com os que estavam no segundo.
- E o Neville? – Rony estava preocupado com o amigo.
- Não sei, estava subindo pra ajudá-lo. Até mais. – E Fred sumiu em direção ao andar onde estavam internados os Longbottons.
*****
Quando Neville chegou ao andar onde seus pais estavam internados teve um péssimo presságio. A porta, sempre trancada para impedir os internos de transitarem pelo hospital estava arrombada. Entrou com cuidado, varinha em riste. Assim que passou, teve um grande mal estar ao avistar um lobisomem sobre uma vítima, sua conhecida.
Aparentemente, seu antigo professor, Gilderoy Lockhart, tentara dar um autógrafo para o invasor, que não pensou duas vezes em atacá-lo. Depois do susto inicial, Neville ficou revoltado. Ele nunca gostara de Lockhart, mas nunca desejara tal fim para ele. Passado um momento, a criatura percebeu sua presença e preparou-se para atacá-lo, mas ele já estava preparado. Com um movimento rápido da varinha, conjurou um enorme pé de Visgo do Diabo, que surgiu entre ele e seu atacante. Este, ignorando do que se tratava, avançou sobre a planta, tentando chegar até onde Neville estava, mas não conseguiu. Assim que foi atacado, o visgo começou a se defender, agarrando o lobisomem e enrolando-o e apertando cada vez mais, à medida que a criatura se debatia e tentava se soltar.Em menos de cinco minutos, não havia nenhum som, nada se debatia, ninguém uivava e arfava, a planta parou de apertar e deixou cair ao chão sua vítima, já sem vida.
*****
Quando Fred chegou, o Visgo já não estava mais ali. No chão, dois corpos. Um do ex-professor e outro de um lobisomem, extremamente mutilado. Desesperado, pulou sobre os dois chamando:
- Neville! Neville, onde você está?
- Aqui. – Respondeu ele, saindo de um aposento, no fundo da ala – Estava aproveitando a oportunidade para visitar meus pais.
- Definitivamente esta é uma noite cheia de surpresas. – Disse o ruivo, sorrindo – Primeiro o Harry acaba com todos aqueles lobos na recepção. Depois o Roniquinho liquida Greyback. E agora você, que acaba com este aqui sem nem suar. Se eu contar, ninguém vai acreditar. Venha, vamos embora.
E os dois amigos tomaram o caminho das escadas.
*****
Harry acabara de derrotar seu último oponente. Fizera com que perdesse o equilíbrio e caísse, ao cortar os tendões de suas pernas, completando o golpe com uma estocada no coração da criatura. Olhou em volta, para certificar-se de que não havia mais nenhum. Olhou então para onde estavam Jorge e Luna e se encaminhou para eles.
- Todos estão bem? – Perguntou ele, limpando a espada.
- Aqui está tudo ok! – Respondeu Jorge, dando uma piscadela – Você arrasou com eles, Harry. Foi demais.
- Fiz o que era necessário. Não me orgulho das vidas que tirei. E quanto aos outros? Será que estão bem?
- Não sabemos. – Disse Luna agora, visivelmente preocupada – Não tivemos notícias de ninguém ainda.
- Então vou atrás deles. Continuem esperando aqui. – Ordenou ele, seguindo em direção às escadas.
Quando chegou nas escadas, nem precisou subir. Rony e Mione estavam descendo, abraçados. Quando o avistaram, abriram um sorriso e Rony disse:
- Cara, você está horrível!
- Você por acaso já se olhou no espelho? – Devolveu Harry – Parece que um dragão pisou na sua cara.
- Sério? Mas até que estou bem, você tinha que ver o outro cara. – Respondeu Rony, passando a mão pelo rosto, como se quisesse conferir os estragos.
Em poucos minutos os outros se reuniram a eles. Carlinhos e Natasha conseguiram pegar um dos lobisomens vivos e imobilizá-lo, mas foi o único. Estavam trazendo-o para entregar ao ministério para interrogatório. Cho e Julia ajudavam Charles a andar, e logo atrás apareceram Neville e Fred. Quando Charles cruzou o olhar com Mione, balançou a cabeça em sinal de agradecimento, esta por sua vez sorriu de volta como se dissesse “Eu não disse?”
Quando retornaram para o hall, deram de cara com Quin e um grupo de Aurores conversando com Jorge e o grupo de sobreviventes. Assim que viram o grupo de harry chegando, dirigiram-se de encontro a ele, Luna correu à frente para abraçar o marido e certificar-se de que tudo estava bem.
- Que belo banho de sangue, hein? – Disse Quin, quando chegou – Mas poderia ter sido pior. Bem pior.
- Olá chefe! – Adiantou-se Rony – Como ficou sabendo do ataque?
- Sua irmã me enviou aquela magnífica coruja branca do Harry, contando o que estava acontecendo. Reuni um grupo o mais rápido que pude, mas parece que não foi rápido o bastante pra ajudá-los. Não que precisassem, pelo que vejo. Fico realmente feliz que vocês tenham conseguido chegar a tempo de evitar uma carnificina ainda maior meus jovens. Muito obrigado pelo que fizeram esta noite.
- Não há nada o que agradecer senhor. – Respondeu Harry, em nome de todos – Só peço licença para partir, senão daqui a pouco aquela ruiva maluca entra por esta porta explodindo tudo.
- Isso é verdade. – Riu Quin – Não sei como vocês conseguiram convencê-la a não vir, mas não duvido nem um pouco que se não derem notícias logo, ela entra por aquela porta como um Hipógrifo desembestado.
- Eu não vou agora. – Disse Mione – Muito obrigada a todos por terem vindo tão rápido, eu estaria morta se não fossem vocês. Mas eu sou necessária aqui, pessoas precisam de mim. E ainda não acabou o meu plantão, não é mesmo?
- Podem ir. – Disse Rony – Eu fico aqui com ela. Avisem a mamãe que estou bem e que de manhã eu apareço, senão quem é capaz de derrubar as portas do hospital é ela.
- Eu também vou ficar. – Disse Jorge, o que surpreendeu a todos – Que foi? Não posso? É que a Margot não que ficar sozinha, oras...
Um sorriso cúmplice percorreu o ambiente, mas ninguém disse nada. Atrás de Jorge, a loira ficou extremamente encabulada, mas nada disse. Gostara da idéia de ficar mais tempo próxima ao seu salvador.
O grupo aparatou nos jardins da Toca. Não queriam aparecer no meio da sala e assustar a todos. Assim que Carlinhos abriu a porta e entrou, seguido por Natasha, um grito preencheu o ambiente:
- Meus filhos! Meus filhinhos, até que enfim. – Disse Molly, se jogando em cima do rapaz, que quase caiu de costas – Vocês estão bem? Estão machucados? Onde? Deixa eu ver...
- Calma Mãe, assim você sufoca ele. – Disse Fred, entrando logo em seguida, mas não conseguindo escapar de um abraço e um beijo da mãe.
- Cadê o Jorge? E o Rony? – Perguntou ela aflita.
- Eles estão bem srª Weasley. – Respondeu Harry, o último a entrar. Ficaram no hospital fazendo companhia a Hermione.
- HARRY! – Ouviu-se um novo grito, vindo do meio da sala, por uma ruiva que veio correndo e pulou no pescoço do moreno, abraçando-o fortemente – Graças a Merlin que você voltou.
- Eu não disse que voltava? – Perguntou ele.
- Mas onde você está ferido? – Perguntou Gina, afastando-se e analisando todo o corpo de Harry, procurando ferimentos – Fala logo Harry, cadê? Como a Mione deixou você sair do hospital neste estado? De onde saiu tanto sangue?
- Ah! Isso? – Aliviou-se ele, que não estava entendendo nada do que ela estava perguntando. Só agora havia percebido que esquecera de se limpar e que estava coberto de sangue – Não é meu. Nem uma gota. Desculpe te assustar, esqueci de me limpar. Acho que preciso de um bom banho.
Harry começou a andar em direção às escadas, quando ouviu um choro baixinho vindo do sofá. Quando olhou, viu Lucy, que havia se recusado a ir para o quarto, dormindo ali e que acordara com os gritos das Weasleys, meio que escondida atrás de uma manta, apenas com os dois olhinhos negros para fora, assustada e chorando baixinho.
- Lucy. – Chamou ele – O que foi? Você está bem?
- Tô. – Respondeu ela, fungando – É que eu fiquei com medo.
- Medo de que querida? – Perguntou Gina, que havia se colocado ao lado de Harry.
- Eu fiquei com medo que o Harry tivesse sido machucado pelo lobisomem, e que agora ele era um também. Achei que ele tava muito machucado, quando vi todo esse sangue.
- Não precisa se preocupar. – Respondeu Harry, acariciando o cabelo da menina – Eu estou bem, eles nem encostaram em mim. Não aconteceu nem vai acontecer nada comigo, entendeu?
- Uhum! – Respondeu ela, acenando positivamente com a cabeça.
- Não é hora de bruxinhas estarem na cama? Quer uma carona? – Perguntou Harry, fazendo um movimento com a mão e fazendo a menina levitar, gargalhando de felicidade – Você me ajuda a colocar essa pestinha na cama Gina?
- Claro Harry. Com todo o prazer. – Respondeu ela, aceitando o braço que ele lhe estendia e subindo as escadas ao seu lado, com Lucy flutuando pouco acima deles, ainda rindo, e sob o olhar de toda a família, que também estava muito satisfeita com a cumplicidade dos dois.
N:A: Pessoal, eis o meu presente de natal para vocês. Espero que tenham gostado. Um feliz natal e uma Passage de ano maravilhosa a todos. Nos vemos em 2007.
Abraços e beijos,
Claudio
Comentários (2)
Cara!!! Esse Harry no estilo Samurai é muito massa, e o Rony tbm! Caramba, eles botaram pra quebrar tudo!!! Adorei!!!
2015-12-29hhhhhhhhaaaaaaaa esse e o harry...
2013-02-19