Em Busca do Passado Esquecido



N:A: Bom pessoal, para compensar o jejum de um mês entre os caps 10 e 11, eis mais um capítulo. Atendendo aos comentários, não vou mais dizer que os caps estão massantes. Ou longos demais, ok? Se bem que este não está massante e menor que o último. Chega de enrolar, depois eu volto.




Capítulo 12 – Em Busca do Passado Esquecido






Gina acordou mais tarde naquela manhã. Levantou-se, espreguiçando-se, um sorriso de satisfação ainda nos lábios, pois tinha tido um maravilhoso sonho com Harry durante a noite. Lembrou-se do beijo trocado na noite anterior e sorriu mais ainda, satisfeita. Depois de sua higiene matinal, saiu e desceu as escadas, literalmente saltitante, até chegar à cozinha. Encontrou seu pai à mesa, lendo o jornal. Deu-lhe um beijo na testa, correu até sua mãe, pulou em seu pescoço e aplicou-lhe um beijo estalado na bochecha.




- Mas o quê...? – Assustou-se Molly – Gina! O que aconteceu pra srtª estar tão contente nesta manhã?
- Nada. Não posso estar contente? – Perguntou a garota, sentando-se à mesa e pegando um dos bolinhos que estavam em uma travessa, ainda fumegantes.
- Será que não teria nada a ver com um certo rapaz de olhos verdes, cabelos espetados, sem memória e que chegou com a srtª às duas da manhã? – Perguntou Arthur, dobrando seu jornal e olhando, marotamente, para a filha.
- Talvez! – Respondeu ela, retribuindo o mesmo olhar maroto.
- Ginevra Molly Weasley! – Começou sua mãe, fechando a cara – O que foi que andou aprontando?
- Nada demais, mãe. Foi uma noite maravilhosa, dançamos a noite inteira, conversamos... E nos beijamos, só isso. – Respondeu Gina, ainda encantada em se lembrar da noite anterior – Vamos conversar hoje, acho que vamos nos acertar.
- Vocês merecem minha filha. – Disse seu pai, acariciando-lhe a mão – Você sabe que torcemos muito para que vocês se entendam.
- Seu pai está certo. – Completou Molly – A única coisa que nos importa é a felicidade de vocês.
- Eu sei. Nós vamos conseguir ser felizes, vocês vão ver. – Gina disse.






Continuaram a tomar o café e a conversar por mais alguns minutos, até que um certo rapaz apareceu à porta da cozinha. Harry vinha, completamente sem jeito, uma das mãos no bolso da calça e a outra, passando ininterruptamente pelos cabelos revoltos. Parou, olhando a alegria daquela família à mesa, então viu que todos olhavam para ele. Deu um sorriso sem graça e entrou na cozinha, cumprimentando-os:



- Bom dia. Desculpem ter levantado tão tarde, perdi a hora.
- Bom dia. Não tem do que se desculpar Harry querido. – Disse Molly, levantando-se para preparar seu café.
- Bom dia Harry. – Cumprimentou Gina, com um brilho no olhar.








Harry não correspondeu seu olhar, abaixando a sua cabeça. O silêncio dominou a cozinha da Toca, Arthur e Molly trocaram um olhar significativo. Temiam que a filha estivesse prestes a sofrer uma nova decepção amorosa, e desta vez talvez ela não tivesse estrutura para superá-la. Gina respeitou seu silêncio, ficou olhando enquanto ele tomava seu café com um aperto no coração. Será que ela se enganara? Será que o beijo nada significara para ele? Talvez durante a noite, ele mudara de idéia e resolvera ir embora de vez, voltar para Shangri-lá... Quando terminou seu café, Harry olhou para ela e disse:






- Gina, será que nós podemos conversar agora?
- Claro. Podemos sim. – Respondeu ela, um arrepio subindo-lhe pelas costas – Vamos lá pra fora.







Saíram da casa e caminharam, parando à sombra de uma árvore. Gina sentou-se, delicadamente sobre as pernas, fazendo questão de manter suas costas eretas, na esperança de passar a impressão de confiança e determinação, duas coisas que definitivamente ela não tinha naquele momento. Harry sentou-se ao seu lado, de pernas cruzadas, contemplando as nuvens que vagavam pelo céu. Ficaram assim, calados por algum tempo, até que a paciência dela se esgotou e ela resolveu começar a conversa.






- E então? Se arrependeu do beijo? Porque eu não estou nem um pouco arrependida.
- Arrependido? De maneira alguma! – Respondeu ele, com um sorriso enviesado – E aí é que está o problema.
- Não entendi. – Começou ela, fechando a cara – E por que me beijar é um problema?
- Não! Não te beijar, de modo algum isso é um problema, talvez tenha sido a solução. – Disse, atrapalhado.
- Harry, será que dá pra ser mais claro? Você está me deixando confusa. – Explodiu ela.
- Certo! – Harry respirou fundo e recomeçou – Gina, você é demais. Uma mulher maravilhosa. Inteligente, corajosa, fiel, amiga e ainda por cima extremamente linda. Merece amar e ser amada na mesma proporção.
- Obrigada. Mas e daí? – Um frio começou a se formar em sua barriga, não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando.
- Eu não sou digno de você. – Respondeu Harry, cabisbaixo.
- Acho que essa decisão é minha, não é? – Perguntou ela, os olhos começando a encher de água. Seu medo estava se tornando realidade, estava tomando um homérico fora – Como você acabou de dizer, sou inteligente o bastante para tomar minhas decisões. Eu te escolhi há muitos anos, nunca te esqueci. Sempre sonhei em formar uma família com você Harry.
- Aí é que está Gina. Seus sonhos, seus anseios... Tudo que sempre quis foi com Harry Potter, o menino que sobreviveu. Aquele que você conheceu quando criança, que cresceu aqui junto de você e de sua família. Não comigo.
- Mas que droga, você é Harry Potter. É você quem eu amo.
- Eu não passo de um simples Gafanhoto, criado nas montanhas do Himalaia Gina. Não tenho nem cinco anos de idade, até ontem não sabia dançar ou beijar.
- Mas se saiu muito bem para uma primeira vez. – Ela disse, marotamente.
- Obrigado. Mas você merece mais, muito mais do que eu posso te dar. Vocês têm uma vida juntos, toda uma história de agruras e felicidades. Não tenho o direito de interferir nisso. De te pedir que esqueça o que viveu com ele para que comece tudo de novo, do zero, comigo. Você não merece um meio-homem como eu.
- Isso quer dizer que vai fugir? Vai voltar para a sua cidade maravilhosa, no meio das montanhas e me esquecer? Virar um líder e comandar o povo, como mestre Caine sempre quis? – As lágrimas, que conseguira segurar até então começaram a rolar por sua face, incessantemente.
- NÃO! É lógico que não. Pelo contrário, mestre Caine que me perdoe, mas nunca mais eu volto a morar em Shangri-lá.
- Quê? Então... – Ela estava confusa, não entendendo o que ouvia.
- Eu não posso, não vou conseguir abrir mão de você, Gina Weasley. Mas você merece o homem que realmente ama, não esta sombra do que ele era que eu represento. Se a única maneira de ficar com você é abrir mão de quem eu sou e voltar a ser quem eu era, então é isso que eu vou fazer.
- Harry, mas como...
- Não sei, ainda não sei como vou conseguir. A verdade é que até hoje, eu nunca tive um motivo forte o bastante para tentar recuperar a minha memória. Mas agora tenho, e vou recuperá-la. Mas preciso da sua ajuda. Da de Rony e Mione também, é claro. Passei boa parte da noite pensando, acho que se visitarmos lugares ou pessoas marcantes de meu passado, alguma coisa pode fazer eu me lembrar. Você me ajuda?
- Se eu te ajudo? – Perguntou ela, pulando em seu pescoço, beijando seu rosto inúmeras vezes – É claro que ajudo. Isto já está ajudando?
- Muito, mas é melhor parar. A próxima vez que eu te beijar, juro que será como Harry Thiago Potter e não como Gafanhoto. – Respondeu ele, rindo, mas fazendo com que ela se afastasse um pouco, beijando-lhe a fronte – Só espero que não demore muito.
- Não vai. Agora que você realmente quer, tenho certeza que logo se lembrará de tudo. – Assegurou ela, recostando-se nele. Mal podia acreditar que em poucas horas havia ido do céu ao inferno e ao céu novamente, onde estava agora, aninhada nos braços de seu anjo da guarda.









*****







Rony Weasley acordou satisfeitíssimo naquela manhã. Depois da festa, resolveu ficar por ali mesmo, na casa de Mione. Afinal, enquanto ela ficara na casa dele, eles não tiveram privacidade o bastante para desfrutarem um ao outro mais intimamente. Resumindo, ele estava “a perigo”. Mas não era o único, como ficou bem claro durante a noite, que havia sido, no mínimo, tórrida. Espreguiçou-se e levou a mão para o lado da cama, onde esperava encontrar sua amada, mas o espaço estava vazio. Ainda quente, mas vazio. Abriu os olhos, procurando sua bela de cabelos castanhos, quando ouviu o som do chuveiro. Relaxou, recostando-se nos travesseiros e em menos de dez minutos Hermione saiu do banho.





- Bom dia! – Cumprimentou ele.
- Bom dia, dorminhoco. – Respondeu ela, sorrindo – Pensei que não ia acordar.
- Acho que estava cansado. Pra falar a verdade, você quase acabou comigo essa noite, sabia?
- Não gostou é? – Perguntou ela, insinuante.
- Claro que eu gostei. Mas quem diria, hein? A sabe-tudo e drª certinha, Hermione Granger, com toda aquela disposição. – Provocou ele.
- E você, não estava com saudades, seu bobo? – Hermione jogou a toalha molhada nele.
- Claro que estava. Eu adoro quando você dorme lá em casa, mas tenho que admitir que prefiro mil vezes vir dormir aqui com você. – Respondeu ele, levantando-se a abraçando-a – Ei, será que aqueles dois se entenderam?
- Acho que sim. – Mione tinha um brilho nos olhos – Você viu como Harry ficou aos pés da Gina a noite toda? Quem resistiria?
- É. Aquela danadinha sabe virar a cabeça de alguém quando quer. Vocês deviam ter me falado antes o que pretendiam, assim eu não teria dado aquele vexame quando eles chegaram. – Rony agora pegava sua toalha para também tomar um banho.
- De jeito nenhum. Pensa que eu não te conheço, Ronald Weasley? Ou a fidelidade masculina? Você era bem capaz de contar ao Harry a nossa idéia e estragar tudo. – Disse Mione, enquanto secava os cabelos.
- Não ia contar não. Eu também quero que aqueles dois se acertem. – Defendeu-se ele, enquanto seguia para o banho.
- Bom, vamos descobrir se deu certo ou não mais tarde, quando chegarmos na sua casa. Agora tome logo seu banho enquanto preparo o café. – Sentenciou ela.









Mais tarde, quando o casal finalmente chegou à Toca, encontrou Harry e Gina brincando com Lucy em balanços conjurados sob uma das árvores do jardim. Harry empurrava as duas, cada vez mais alto, enquanto Gina dava gritinhos, fingindo estar com medo e Lucy ria de se acabar. Assim que viu os recém-chegados Harry parou de empurrar os balanços, e quando estes perderam a força, Gina saltou do seu e tirou a menina do outro, dizendo:





- Agora chega. Outra hora brincamos mais um pouco, está bem? Porque não vai brincar de boneca lá no nosso quarto?
- Ah! Mas tava tão gostoso... – Resmungou a menina – Queria brincar mais um pouquinho...
- Agora não Lucy. – Disse Harry – Faça o que a Gina sugeriu, sim?
- Ta bom! – Deu-se por vencida a menina, seguindo em direção a casa com os ombros caídos, numa clara demonstração de contrariedade.
- Não precisavam ter parado de brincar só porque nós chegamos. – Disse Mione, quando Lucy já estava longe.
- Precisava sim. Venham, precisamos conversar. – Justificou Harry, fazendo os balanços desaparecerem com um movimento da mão e sentando-se no chão.







Gina sentou-se ao seu lado. Rony e Mione entreolharam-se, uma clara sensação de deja-vú. Quantas e quantas vezes ao longo de suas vidas eles haviam ouvido aquela pequena frase ser dita por Harry. Sentaram-se também, de pernas cruzadas, formando um círculo.



Harry contou aos dois sua decisão e principalmente seus planos. Pediu ajuda para que, juntos, fizessem uma relação dos lugares mais marcantes de sua vida. Ficaram discutindo o assunto até a hora do almoço, pararam e retomaram a discussão pela tarde inteira. No início da noite, quando Mione resolveu ir embora, ficara decidido que Gina o acompanharia aos lugares que conhecesse e em outros, Rony e Mione iriam também, na tentativa de despertar alguma lembrança. Resolveram também, que começariam na manhã seguinte, logo cedo.





- Tem certeza que quer ir lá Harry? – Perguntou Rony, antes de ir levar a noiva em casa – Você nunca teve boas lembranças deles.
- Por isso mesmo Rony. Talvez visitar um lugar e pessoas que normalmente me trazem lembranças ruins seja a melhor idéia. Tenho certeza, amanhã irei visitar os Dursleys.









Na manhã seguinte, eram pouco mais de oito horas quando um jovem casal virou a esquina da Rua dos Alfeneiros. Caminharam despreocupadamente até o número quatro, onde a jovem de cabelos cor de fogo se adiantou e tocou a campainha. Alguns instantes depois ouviram alguém reclamando “ Isso lá são horas de bater na casa dos outros? O que será que estão pensando? Vá abrir a porta, filho!” Mais alguns instantes, e passos foram ouvidos atrás da porta, que finalmente foi aberta, revelando a cara de um rapaz, de vinte e poucos anos, extremamente obeso, que cheirava a bacon e ovos. Ainda tinha um guardanapo pendurado no pescoço, retirou-o e, curioso por ver uma moça tão linda à sua porta naquele horário, perguntou:





- Quem é você? O que você quer?
- Olá Duda. Não se lembra de mim? – Perguntou Gina, com um sorriso sincero no rosto.
- Você... Você é daquela família esquisita. – Disse ele após pensar alguns minutos – Aqueles amigos do meu primo. O que quer aqui?
- Esquisitos? Você quer dizer bruxos, né? Sou sim, sou Gina Weasley. E vim trazer alguém pra ver vocês. – Disse ela, dando um passo para o lado, saindo da frente de Harry.





Quando o viu, Duda arregalou os olhos, encostou-se na parede para não cair e disse:






- Não pode ser. Você está morto. Você morreu. – Em seguida virou-se e saiu correndo para dentro da casa, gritando – Mãe! Pai! Um fantasma, ele voltou pra nos assombrar.
- Ele largou a porta aberta. Devemos entender que é um convite para entrarmos? – perguntou Harry, empurrando a porta e entrando, sem esperar uma resposta.






Gina seguiu-o, ainda rindo da reação de Duda. Atravessaram o hall e o pequeno corredor, em direção de onde vinham as vozes que ouviam falar agitadamente. Quando chegaram na porta da cozinha, encontraram Duda sentado à mesa, tomando um copo de água com açúcar, sob os olhares preocupados dos pais, que lhe perguntavam o que havia acontecido.





- Com licença! – Disse Gina, para chamar a atenção.






Imediatamente, Valter e Petúnia Dursley viraram-se, para ver quem era a pessoa que havia invadido seu santo lar. Como não poderia deixar de ser, ambos ficaram estáticos ao verem seu sobrinho parado ali, em pé, encostado à porta. Petúnia ainda deixou cair o copo de água que tinha na mão.







- Harry? – Chamou ela, depois de se recuperar do susto – É você mesmo?
- É o Harry sim, srª Dursley. – Intrometeu-se Gina – E eu sou Gina Weasley. Lembra-se de mim?
- Claro! – Respondeu a mulher, apertando a mão que a jovem lhe estendia – Você era namorada dele, não era? Lembro de você no enterro. Mas como é possível?
- Se pudermos nos sentar, vamos explicar tudo para a senhora. – Respondeu Gina.
- Sem chance. Saiam da minha casa, não quero vocês aqui. – Vociferou Valter, finalmente se recuperando do susto.
- Cale-se Valter! – Disse Petúnia, indicando a sala para os dois e seguindo na frente – Venham, preciso entender o que aconteceu.






Seguiram para a sala, onde se sentaram e Gina começou a contar o que havia ocorrido nos últimos anos. Durante toda a narrativa Harry permaneceu calado, andando pela sala e olhando os diversos móveis e objetos, pegando as fotografias, analisando o ambiente em busca de algo familiar.






- Então Harry não se lembra de nada? – Perguntou sua tia, ao final da narrativa, virou-se para o rapaz e insistiu – Você não me reconhece Harry?
- Não senhora! – Respondeu ele, falando pela primeira vez – Parece que o que me disseram sobre vocês é verdade.
- O que disseram da gente? – Valter não conseguiu se conter e perguntou.
- Que vocês nunca ligaram muito pra mim. Pelo visto é verdade, afinal não há uma foto sequer minha nesta casa. Mesmo comigo morto, não há nenhuma recordação. – Disse o rapaz.
- Nunca fizemos questão de recordações suas em vida, porque teríamos alguma depois que morreu? – Alfinetou o homem, torcendo os bigodes.






Harry não deu a menor importância ao comentário. Para ele aquilo não fazia a menor diferença. Mas olhando ao redor encontrou algo que o incomodava, os olhares cobiçosos do primo sobre Gina. O rapaz estava praticamente devorando a ruiva com os olhos, principalmente suas pernas, que estavam à mostra devido o vestido rosa que usava ter a barra pouco acima dos joelhos. Uma fúria que ele não sabia de onde vinha dominou-o, ele teve que parar, respirar bem fundo para manter o controle e só depois voltou a andar, agora seguindo na direção onde o primo estava, enquanto a conversa continuava.






- E o que vocês vieram fazer aqui? Se já faz quase um ano que ele voltou, porque só agora vocês apareceram? – Perguntou Petúnia.
- Nós estivemos muito ocupados por todo este tempo, os comensais da morte se aliaram a outro bruxo das trevas e desde então estamos sofrendo vários ataques e lutando contra eles. – Disse Gina, emendando ao ver a cara de desespero da família – Mas não precisam se preocupar, pois colocamos gente vigiando a casa de vocês desde então, mas temos certeza de que estão seguros.
- Como pode ter tanta certeza? – Perguntou Valter.
- Eles sabem que Harry não lembra de nada, o que inclui vocês. Então atacá-los seria perda de tempo, em nada o afetaria. – Gina respondeu, satisfeita. Sabia que isso os afetaria, mostraria o quão sem importância eles eram.
- E como podemos ajudar? – Perguntou Petúnia, tentando disfarçar o incomodo.
- Viemos aqui para tentar recuperar a memória de Harry. Gostaríamos de ver a casa, o quarto. Tentar encontrar algum lugar que possa despertar alguma lembrança dele.




Enquanto isso, Harry chegava onde estava sentado seu primo, babando pela ruiva. Chegou bem de mansinho às suas costas, abaixou-se até a altura de seus ouvidos e sussurrou:




- Se não parar de encará-la eu transformo você num porco, “priminho”.






Duda deu um pulo da poltrona e saiu correndo para a cozinha. Gina olhou para Harry com um ar questionador, este apenas deu de ombros com um sorriso de satisfação estampado no rosto, o que deixava bem claro para a moça que ele havia aprontado alguma.



Valter não gostou nem um pouco, mas não tinha justificativa para impedir que o casal andasse pela casa. Eles olharam no armário sob a escada, onde Harry dormira por anos. Depois, subiram até seu antigo quarto, onde também nada aconteceu. Assim como na sala, na cozinha, nos jardins... Nada, nenhuma nuance de lembrança veio à mente de Harry. Depois de mais de uma hora, finalmente deram-se por vencidos e resolveram partir.



- Muito obrigado pela colaboração srª Dursley. – Disse Harry, quando chegaram à porta.
- E nós tivemos opção? – Bufou tio Valter, antecipando-se à esposa – Espero nunca mais vê-lo novamente, seu estorvo.
- Valter! – Bradou Petúnia, fazendo o marido calar-se – Gostaria que você voltasse aqui mais vezes Harry. Nós somos a sua família, a única família que tem. E... Será que você poderia me chamar de tia novamente?
- Sinto muito srª Dursley, mas definitivamente não me sinto parte desta família. Já encontrei uma que me acolheu. Talvez algum dia eu volte, realmente não sei. Até lá, adeus.








Harry virou-se e começou a caminhar, acompanhado de Gina, em direção à rua. Porém parou no meio do gramado, virou-se e encarou seu primo, que estava olhando pela janela da sala. Seus olhares se cruzaram, e antes que Duda pudesse fugir, Harry fez um movimento com a mão direita e transformou o primo em um enorme porco cor-de rosa. Seus pais, ao verem aquilo, correram desesperados em direção ao filho. Gina deu um tapa no braço de Harry, dizendo:






- Harry! Por que você fez isso?
- Ai! Eu avisei pra ele, que se não parasse de te secar eu o transformaria num porco. – Justificou-se ele.
- Volta lá e desfaça aquele feitiço. Anda! – Insistiu ela.
- Não vou não. Ele mereceu. Não tinha nada que ficar te olhando daquele jeito. – Teimou ele.
- Eu sei muito bem que ele estava me olhando, já estou acostumada. Vai transfigurar todo mundo que me olhar, vai? – Perguntou ela, com a mão na cintura.
- Se estiverem pensando em fazer com você o mesmo que aquele nojento, com certeza que sim. Isso não foi nada perto do que seus irmãos podem fazer caso eu conte o que li na mente dele, quer apostar? – Desafiou ele.
- Não. Não fala nada, há anos Fred, Jorge e Rony querem ter a oportunidade de pegar esse seu primo pra valer. O que foi que você viu na mente dele? – Perguntou curiosa.
- E você acha que eu vou falar pra alguém? Nunca!– Questionou ele, corando, e completou num tom mais alto, para que os tios ouvissem - E não se preocupe, o efeito é passageiro, em uma hora ele volta ao normal.








Harry então segurou a mão de Gina e juntos, desaparataram.









À noite, quando se reuniram na Toca para discutirem o dia, as reações já eram as esperadas.




- Brilhante! – Exclamou Rony, rindo com a mão na barriga, já doendo – Eu daria tudo pra estar lá e ter visto isso.
- Não tem graça Ronald! – Exclamou Mione, tentando manter a seriedade – O Harry não podia ter feito uma coisa destas. É primo dele, e ainda por cima trouxa.
- É o que eu estou tentando dizer há horas. – Disse Gina, concordando com a cunhada – Você podia ter sérios problemas por mau uso da magia.
- Duvido muito. – Respondeu Harry – Olha aqui, sejam sinceros, todos vocês também acham que ele mereceu. Não devo nada a eles, não me lembro deles e ainda por cima eu avisei aquele boçal pra parar de olhar pra Gina ou eu o transformaria. Ele não me ouviu, então...
- Harry, você pode ser punido. – Insistiu Mione.
- Não posso não. – Sorriu ele e completou – Imunidade diplomática. Lembra?
- Como eu disse, brilhante! – Fechou Rony, ao que todos se olharam e, não conseguindo segurar mais, caíram numa estrondosa gargalhada.







No decorrer da semana, as visitas continuaram. Harry, acompanhado de Rony e Gina estiveram no Caldeirão Furado, no Beco Diagonal, no Gringotes, na sala de audiência do ministério, em nenhum destes lugares conseguiram despertar memórias em Harry.



Assim chegou o final de semana, era sábado de manhã e Mione se juntara a eles. Caminhavam pelas ruas de Londres, em direção ao Largo Grimmauld. Lá chegando, Mione tirou um pedaço de pergaminho do bolso e entregou-o a Harry, dizendo:






- Memorize isso e depois queime o papel.






Harry pegou o papel, abriu-o e leu: “A mui antiga casa dos Black está localizada no nº doze do Largo Grimmauld” Assim que terminou de ler, uma casa começou a surgir entre os números onze e treze, expandindo até ficar totalmente visível. Ele continuava a olhar, boquiaberto, quase não teve tempo de soltar o pergaminho que incendiava em sua mão antes que este a queimasse. Sentiu que alguém pegava em sua mão e o conduzia em direção à porta.







- Quando entrarmos, não faça barulho. – Disse Gina, que o conduzia.
- Por quê? – Perguntou ele, curioso.
- Você não vai querer saber, pode ter certeza. – Respondeu ela.







Com muito cuidado, abriram a porta e entraram, fechando-a. Remo Lupin vinha de encontro, com sua esposa, Tonks, logo atrás trazendo sua pequena filha, Amara, nos braços. Quando o casal estava quase chegando, Tonks tropeçou, derrubando um vaso que estava sobre uma mesinha no corredor. Imediatamente, gritos agudos e ofensas se fizeram ouvir, fazendo todos tamparem os ouvidos e Harry arregalar os olhos com o susto.





- Ai, droga! – Disse Tonks – Desculpem, eu sou mesmo uma desastrada.
- Mas que som horrível é este? – Perguntou Harry, tentando identificar a fonte.
- É a mãe do Sírius. Até hoje eu não consegui tirar este quadro da parede. Acompanhe Tonks enquanto eu dou um jeito nela. – Explicou Lupin, sacando a varinha e lançando feitiços contra o quadro, atrás de uma cortina.






Seguiram pelo corredor e desceram as escadas que levavam até a cozinha da casa, além dos gritos do quadro Tonks não parara de se desculpar e xingar o quadro.





- Odeio aquele quadro! Olhe como ela deixa a Amara nervosa. – E mostrou a filha, que tinha ou pequenos fios de cabelo assumindo um tom de verde-limão – Eu sei que quando deixou a casa pra gente foi com a melhor das intenções, Harry. Mas qualquer hora eu mando aquele quadro pro inferno.




O grupo segurou uma risada conjunta. Gina pegou o bebê no colo, enquanto Mione ajudava Tonks a preparar um lanche para todos. Passados alguns minutos, Remo desceu, o lanche ficou pronto e todos se sentaram para conversar.







- Ficamos muito contentes quando recebemos sua coruja, Harry. Há muito tempo eu não via Edwiges. – Disse Remo.
- Pedimos desculpas por trazê-los aqui Remo. – Respondeu o rapaz – Sabemos que vocês não costumam freqüentar esta casa, mas foi necessário.
- Não há problema. – Sorriu Remo, em resposta – Fazemos o que for necessário para ajudá-lo.
- É verdade Harry. Peço desculpas por meu ataque agora a pouco, é que aquele quadro me tira do sério. E toda vez que eu chego perto dele, acabo criando confusão. – Desculpou-se Tonks.
- Não há o que se desculpar, Tonks. Qualquer um ficaria louco com aquela gritaria. – Disse Gina.
- Mas diga-me Harry. – Retomou Lupin – Em que podemos ajudar?






Harry explicou qual era o motivo de sua visita à antiga sede da Ordem da Fênix, enquanto lanchavam. Depois, todos saíram pela casa, de cômodo em cômodo, revivendo suas memórias e discutindo-as com Harry, na esperança que alguma o ajudasse a se lembrar de alguma coisa. Depois de horas tentando e de toda a casa ter sido visitada, chegaram à conclusão de que não adiantaria mais insistir. Estavam todos cansados e desanimados quando se despediram dos amigos e deixaram o velho casarão.





- Não pensei que fosse tão difícil. – Suspirou Harry.
- Fique calmo Harry. – Disse Mione, tocando seu ombro – Ainda temos vários locais para visitar, vamos conseguir.
- É isso aí cara. Não vamos desistir assim, tão facilmente não. – Completou Rony, dando-lhe uma cotovelada.
- Tenha fé Harry. Vamos descansar durante o final de semana e depois, vamos até Hogwarts. Lá existem vários lugares com fortes lembranças. – Gina disse em apoio, tomando seu braço enquanto caminhavam.
- Está bem, vocês estão certos. – Respondeu ele, dando um sorriso triste – Nunca fui de desistir assim facilmente.






Continuaram seu caminho e desaparataram, uma deliciosa ceia esperava por eles Na Toca.







*****





A primavera começava a despontar, trazendo a alegria dos pássaros, as primeiras flores nos campos e aquele calorzinho gostoso. Harry e Gina caminhavam em direção aos portões do castelo. Haviam enviado uma coruja à diretora, que concordara na visita. Assim que entraram nos terrenos da escola, ao invés de tomarem o caminho que levava ao castelo, seguiram em direção à floresta. Apesar de não ter andado tanto por ali quanto os outros, Gina adentrou sob as árvores, caminhando e conversando animadamente com Harry sobre os diversos episódios ocorridos naquele local. Depois, quando retornavam, viram Hagrid terminando de dar uma de suas aulas e caminharam até a entrada de sua cabana.






- Oi Hagrid! – Saudou Gina.
- Olá! – Cumprimentou ele em resposta, alegremente – Como vai você Gina? E, ora vejam só... Harry!
- Bom dia Sr. Hagrid. – Cumprimentou ele, formalmente – Eu gostaria de me desculpar com o senhor. Sei que fomos muito próximos no passado, e sinto-me culpado por não ter vindo procurá-lo antes.
- Tudo bem Harry. Sei que não se lembra de mim, isso não importa agora. – Hagrid tentou disfarçar a decepção na voz, porém sem o menor sucesso – O importante é que você está vivo e entre nós novamente. Até já me salvou, eh? O bom e velho Harry está aí dentro, em algum lugar. Você vai se lembrar de tudo, tenho certeza. E eu estarei aqui te esperando, pra tomarmos um chá neste dia.
- Certamente! – Sorriu Harry, meio sem graça – Obrigado pela compreensão. Até logo.
- Tchau Hagrid, - Despediu-se Gina, pois a turma da próxima aula de Hagrid já se concentrava em volta da cabana, curiosa.








Seguiram então para o castelo, entrando pelas grandes portas, ladeadas pelos já familiares javalis. Pararam por um instante, sem saber ao certo para onde deveriam ir, quando uma voz familiar lhes chamou a atenção:







- Sr. Potter! Srtª Weasley!
- Olá Candice. – Cumprimentou Gina, ao ver a menina vindo correndo em sua direção – Tudo bem?
- Tudo. É bom vê-los novamente. – A menina estava esfuziante.
- Também estamos felizes em vê-la. – Retorquiu Gina, pensativa – E acho que você pode nos ajudar.
- Sério? – Os olhinhos de Candice brilharam.
- Sério. Vamos falar com a diretora. – Respondeu Gina, pegando a menina pela mão.






Encontraram a diretora, Minerva Mcgonagall, no salão principal.





- Diretora! – Chamou Harry.
- Ora. Bom dia. – Respondeu ela – Quem bom que vieram nos visitar. Precisam de alguma coisa?
- Pra falar a verdade sim. – Disse Gina – Nós estamos precisando de alguém da Grifinória como guia, queria saber se a senhora pode autorizar a Candice a nos levar até a sala comunal e o restante do castelo.
- Entendo. Muito bem, podem levá-la. Está liberada das aulas por hoje srtª. – Concordou a diretora, sorrindo para a menina.
- Obrigada professora Mcgonagall. Agradeceu ela.







O pequeno grupo despediu-se da diretora e pegaram o caminho para a torre da Grifinória. Candice ia à rente, mostrando tudo e falando sem parar, feliz da vida. Quase não encontraram alunos pelo caminho, pois estavam em aula. Quando chegaram em frente ao retrato da mulher gorda, a menina pronunciou a senha “Hipógrifos Saltitantes” e o quadro se abriu, dando passagem.



Quando entraram, encontraram alguns alunos do sétimo ano, que estavam espalhados por ali já que tinham horário vago, por estarem em época de NIEMs. Foi uma surpresa geral, antes que percebessem de quem se tratava, um deles veio ao encontro do grupo, gritando com a menina:





- Hei você! O que pensa que está fazendo? Como ousa trazer alguém que não é da Grifinória ou nem mesmo aluno aqui?
- Desculpe rapaz. – Disse Gina, entrando na frente de Candice – Mas nós fomos e sempre seremos Grifinórios.




Só então o aluno olhou para os dois recém-chegados, reconhecendo-os. Tomou um grande susto e falou:





- Mas são Harry Potter e Gina Weasley. Peço desculpas, não reconheci vocês.
- Tudo bem, não tem importância. – Respondeu Harry.
- No que podemos ajudar senhor? – O rapaz tornou-se bastante prestativo.
- Já temos a ajuda necessária obrigada. – Respondeu Gina, colocando a mão no ombro da menina.






Começaram a caminhar pela sala, Gina mostrava os diversos móveis, os lugares onde costumavam ficar e o que costumavam fazer. Subiram até o quarto que Harry ocupara com Rony e os outros, que agora era ocupado por uma nova turma, já no quarto ano, felizmente vazio naquele horário. Gina sentou-se na antiga cama de Harry e fez com que ele se sentasse também. Harry olhava tudo com curiosidade, sentia-a se bem naquele lugar. Quanto mais Gina contava sobre o que ocorrera com ele naquele quarto, mais ele ficava comovido. Mas nenhuma lembrança se fez presente.





Saíram da sala comunal e continuaram seu tour por Hogwarts. Chegaram até a torre de astronomia, onde Gina reviveu o ataque cometido por Pansy anos atrás, usando a poção Polissuco. Mais algum tempo, e nenhum outro lugar restava para visitar, foram para a sala de ordem dos Guardiões, onde almoçaram e conversaram com Cho. Candice acompanhava tudo, maravilhada. Depois que Cho voltou para sua sala, para ministrar as aulas da tarde, sentaram-se, cansados e desanimados numa das mesas. Harry estava pensativo e distante, enquanto Gina olhava para ele, um misto de dúvida e medo por trás de seus belos olhos castanhos. De repente, tomou uma decisão, levantou-se e chamou:






- Fawkes!


Não precisou esperar muito, logo em seguida a ave surgiu, pousando em seu ombro.






- Por que você a convocou? – Estranhou Harry, ignorando os olhares maravilhados dos presentes, a maioria nunca tinha visto uma fênix de perto, quanto mais a antiga ave de Dumbledore.
- Tem um lugar que ainda não visitamos. – Disse ela, resoluta – E só podemos chegar lá com ajuda.
- E onde seria? – Perguntou ele novamente, desconfiado. Já conhecia Gina o suficiente pra saber que ela não estava confortável ou segura com o que ia fazer.
- Você vai ver.Vem. – Disse ela, segurando-lhe a mão e virando-se para Fawkes – Leve-nos até a Câmara Secreta.
- Gina, não... – Começou a falar Harry, mas foi interrompido pela ação da ave.








Com um piscar do olho em sinal de entendimento, Fawkes desapareceu no ar levando o casal, para reaparecer no instante seguinte num lugar sombrio, escuro, com forte cheiro de carne podre. Harry estalou os dedos e conjurou luz, incendiando as tochas espalhadas pela Câmara. Assim que a claridade se espalhou, ficou chocado. Dezenas de estatuas de serpentes ladeavam a construção, como se estivessem prontas para dar um bote mortal em quem se atrevesse a caminhar entre elas. Ao fundo, uma gigantesca estátua de um homem, e a seus pés, um enorme esqueleto de serpente. Harry cobriu o rosto com a camisa, para minimizar a sensação de mal estar causada pelo ar rarefeito e pútrido, seus olhos se encheram de lágrimas e arderam. Olhou para Gina e percebeu que a moça estava para entrar em choque.






- Gina! Gina olhe para mim. Fawkes tire-nos daqui agora!






A ave obedeceu, levando-os diretamente para a ala hospitalar. Harry deitou-a numa das camas, enquanto lhe falava.







- Por quê você fez isso? Que loucura foi essa?
- Eu pensei que talvez te ajudasse... – Respondeu ela, começando a se recuperar.
- Nunca a um custo tão elevado! Levando-me no lugar de seu pior pesadelo? Lembro-me quando me contou o que aconteceu lá embaixo. Se soubesse que queria ir lá, não teria deixado. – Disse ele, extremamente nervoso. Era a primeira vez que Gina o via assim em meses – Nunca mais faça isso, por favor.
- Ta. Com certeza. – Respondeu ela.






Mme Pomfrey deu uma poção para Gina, fez com que ficasse algum tempo repousando e depois a liberou. Já era noite quando os dois chegaram à Toca, sem o menor ânimo para conversar, logo depois do jantar resolveram dormir e descansar.






Dois dias depois, Harry estava treinando esgrima, atividade que havia deixado meio de lado nos últimos dias, quando Gina se aproximou e ficou olhando-o treinar. Quando terminou, ela se aproximou e disse.







- Ainda temos uma visita a fazer.
- De que adiantará? Nenhum lugar me trouxe a memória de volta, porque lá será diferente? – Perguntou ele, amargurado.
- Quer desistir? – Perguntou ela, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha.
- Não! – Respondeu ele, ao receber aquele olhar significativo – Claro que não. Mas será a última, se não der certo vamos pensar em outra coisa, está bem?
- Ok! Vá tomar um banho então, vamos após o café. – Sentenciou ela.
- Sim senhora! – Brincou ele, fazendo uma reverência – Imediatamente senhora!








Enquanto tomavam café, Lucy entrou correndo na cozinha (como sempre) e pulou sobre uma cadeira. Ela não teria aulas naquele dia. Ouviu os dois comentando em sair e disse:








- Por quê eu não posso sair com vocês? Não agüento mais ficar de casa pra escola, da escola pra casa. Já faz um tempão que não vou a lugar nenhum.
- É sério? – Pergunto Gina, abraçando a menina – Acho que não tem problema você acompanhar a gente hoje, você não acha Harry?
- Pode ser. Mas só se na volta a gente puder tomar um sorvete. O que me diz, bruxinha? – Perguntou Harry, piscando um olho para a menina.
- De chocolate? – Perguntou esta, uma expressão de gula nos olhos que lembrava muito Rony.
- Do que você quiser querida. – Respondeu Gina, beijando-a – Agora tome o seu café para podermos sair.
- Ebaaa!!! – Respondeu Lucy, atacando as torradas que Molly servia.





Uma hora depois, o trio aparatava numa rua lateral em Godric’s Hollow. Caminhavam de mãos dadas, Lucy ao meio, sorrindo satisfeita.






- Aonde nós vamos? – Perguntou ela, curiosa.
- Você tem medo de cemitérios? – Perguntou Gina, caindo em si que talvez a menina ficasse com medo.
- Acho que não. – Respondeu ela, depois de pensar um momento – Meus pais moram lá agora. Então não deve ser um lugar ruim, não é?
- Você está certa. Não há nada a temer dos mortos. – Respondeu Harry, olhando ao redor – Vamos perguntar para alguém onde fica?








Seguiram pela rua até um bar, onde um homem baixo, careca, uma cara bexiguenta, estava sentado à porta, fumando um cigarro.



- Bom Dia! – Cumprimentou Harry, cordialmente.
- Dia! – respondeu o homem, encarando um a um.
- Nós estamos procurando o cemitério da cidade. O senhor poderia nos informar onde fica? – Perguntou Harry, um tanto incomodado pela maneira que o homem os fitava.
- Hummm! Desça a rua, contorne a praça e vai ver o cemitério. – Grunhiu o homem, de má vontade.
- Obrigado! – Agradeceu Harry, seguindo a orientação do homem.







Assim que os três começaram a descer a rua, o homem se levantou e entrou no beco entre o bar e a casa ao lado. Ele não podia acreditar. Há meses estava de guarda naquela vila, por ordem de Belatriz, vigiando. Pensou que era uma grande perda de tempo, e agora aquilo. A espera finalmente valera a pena. Demorou, mas finalmente Harry Potter tinha vindo visitar os túmulos dos pais. Belatriz estava certa, e ele precisava avisá-la. Se tudo desse certo, ele seria recompensado. Com esses pensamentos e um sorriso de pura maldade no rosto, que mais lembrava uma careta devido as bexigas que dominavam sua face, o homem desapareceu.






Quando chegaram em frente ao cemitério, viram que o portão estava aberto e entraram sem dificuldade. Apesar de nunca ter estado ali antes, Gina sabia perfeitamente onde deveria ir. Tinha gravado na memória o relato que Hermione lhe fizera anos atrás, quando ela e Rony acompanharam Harry até ali. Ainda hoje, arrependia-se por não tê-los acompanhado.


Seguiram pelas alamedas, contornando os túmulos adornados com anjos e imagens sacras, em mármore e bronze, muito antigas e algumas já marcadas pelo tempo. Ao chegarem em seu destino, encontraram os túmulos dos Potter sob uma enorme árvore, que com o início da primavera começava a ficar colorida com os botões de flores desabrochando.






- Que perfume maravilhoso vem dessas flores. – Disse ela.
- Parece muito com o seu. – Respondeu Harry, arrancando um sorriso da moça.






Gina passou a mão sobre a lápide, emocionada. Harry olhava, buscando alguma coisa que lhe despertasse alguma lembrança.


Ficaram assim por alguns minutos, até que Harry sentiu uma sensação estranha, um arrepio na nuca, que despertou todos os seus sentidos. Antes, porém, que conseguisse se virar, um raio roxo passou por ele, atingindo Gina pelas costas e lançando-a contra um túmulo próximo, onde ela bateu com força e escorregou, caindo desacordada no chão.







- Gina! – Gritou Lucy, assustada.







Harry postou-se em frente da menina, protegendo-a com seu corpo e disse:







- Esconda-se Lucy. E não saia por nada neste mundo, até eu chamar.







Em seguida, virou-se para seus atacantes, que o encaravam a certa distância, e disse.






- Lestrange, não é? Vai pagar por isso, sua covarde.
- Ora, então é verdade. O pobre bebê Potter não se lembra da titia Bella. – Disse a mulher, com um sorriso doentio nos lábios, que desapareceu ao completar – Peguem-no.






Os companheiros de Belatriz Lestrange eram cinco Dementadores. As criaturas começaram a se aproximar de Harry, que começou a sentir muito frio. Parecia estar de volta ao Himalaia, completamente desprotegido. Além do frio, uma sensação depressiva, como se nunca mais fosse conseguir sorrir ou sentir algo de bom se apossou de seu corpo. Começou a sentir tonturas, sem perceber caiu de joelhos. Enquanto isso, as criaturas continuavam se aproximando.







- Harry! – Gritou Lucy, aos prantos. A menina, que havia se escondido atrás de uma lápide, correu para onde estava Gina, na tentativa de despertá-la – Gina, acorda. Você precisa acordar e ajudar o Harry.





Mas nada acontecia. Gina continuava desacordada. Os Dementadores, que tiveram sua atenção despertada pelos gritos da menina, agora se dividiram. Um continuou em direção a Harry, dois ficaram mais para trás enquanto os outros dois seguiam em direção de Gina e Lucy, que se abraçou à ruiva e começou a chorar, atingida pelo efeito das horríveis criaturas.






O Dementador se aproximou de Harry, tocou seu queixo com a mão esquelética e putrefata, erguendo-lhe a cabeça e continuou sua lenta trajetória, rumo à sua boca. Harry tremia convulsivamente.



Em seu subconsciente, era como se mergulhasse em um poço fundo, sentia que estava caindo sem parar, até que atingiu o fundo, mergulhando nas águas frias e revoltas de suas piores lembranças. Olhou ao redor, estava preso, não tinha como escapar. Ainda tinha consciência do hálito da criatura que se aproximava de seu rosto, mas nada conseguia fazer. Estava sufocando, não conseguia respirar, tinha certeza que iria morrer daquela vez. Mas não ia se entregar assim, tão facilmente. Tentou escalar as paredes do poço, lisas e escorregadias, desesperadamente. Uma, duas vezes, a cada tentativa, caia de costas na água novamente. Ele sabia que criaturas eram aquelas, eram Dementadores. Ele nunca havia visto uma delas antes, mas sabia que elas poderiam sugar sua alma. Não sabia como combatê-las, mas precisava pensar em alguma coisa, Gina e Lucy também estavam à mercê daqueles monstros. Olhou novamente para a parede e viu um tijolo meio solto.



Ergueu a mão, alcançando-o e retirou-o, na esperança de se apoiar ali para subir. Porém, quando o tijolo caiu, um jato de água fria atingiu Harry, era uma de suas lembranças, e assim que o atingiu, ele pode ver a ele mesmo, numa rua escura, ainda adolescente ao lado de um outro adolescente, gordo, que estava caído no chão, tremendo. Em sua direção vinha um Dementador, se viu sacando uma varinha, aquela mesma varinha que Gina guardava, a sua varinha, e pronunciar um feitiço “EXPECTO PATRONUM!”. Outro tijolo se soltou, outra lembrança o atingiu. Agora ele se via à beira de um lago, ainda mais novo. Na outra margem, dezenas de Dementadores atacavam duas pessoas. Ele mesmo? E... Quem seria aquele homem? Ele sabia que o conhecia, mas quem ele era? Outro tijolo se soltou, outro jorro de lembranças. Ele estava em uma casa abandonada, Mione estava com ele, Rony estava numa cama, um homem, o mesmo do lago, estava em pé atrás da porta. Ele sabia o nome, sabia quem era aquela pessoa, era seu padrinho. O nome dele lhe veio claramente, ele não se conteve e falou.






- Sírius!






O Dementador parou de se aproximar e ficou olhando para o jovem. Se alguma expressão pudesse ser vista em seu rosto, esta seria de curiosidade. Não havia mais desespero, pânico, desesperança naquela sua vitima. Se ele conseguia sentir algum sentimento proveniente de Harry, este sentimento era a esperança.







Agora, vários tijolos que compunham a muralha que continha as lembranças e todas as memórias de Harry começavam a ruir. Ele era assolado por dezenas de recordações ao mesmo tempo, era uma avalanche de informações que quase o estavam enlouquecendo. O nível da “água” dentro do poço subia, já estava na altura de sua cintura.


Reviu o ataque ao ministério, a luta com os comensais, a queda de Sírius pelo véu. Depois, a imagem mudou para a terceira prova do torneio tribruxo, novamente viu ele e Cedrico serem transportados ao cemitério, Cedrico ser assassinado, Voldemort recuperar seu corpo. Viu-se à base da torre de astronomia, estava paralisado atrás da porta. Malfoy empunhava uma varinha para Dumbledore, havia vários comensais. Um homem atravessou a porta, olhou para aquela cena, sacou sua varinha e matou Dumbledore. - “Maldito Ranhoso” - Pensou. A imagem voltou para o cemitério, estavam atrás das Horcruxes. Gina estava caída, no fundo do túmulo, coberta de cobras. Agora estava no alto da torre de astronomia, Gina apareceu, eles se beijaram, ela esfaqueou-o. - “ Não era ela, eu sei que não era ela” - Pensou. Estava começando a se afogar na avalanche de recordações, não iria agüentar aquilo por muito tempo. Continuou regredindo, até ouvir vozes. Ele conhecia aquelas vozes, sabia a quem pertenciam. Era Voldemort, sem dúvida, e a outra... A outra era ela, ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar, em qualquer situação. Estava cravada em seu coração para toda a vida, não agüentou a angústia, como poderia ter se esquecido dela? Extravasou toda a sua angústia num grito sentido:




- MÃE!!!






O grito fez a contenção explodir de uma vez. Harry agora subia vertiginosamente, todas as suas recordações emergiam, levavam-no de volta à superfície, ele ainda estava tonto, sua cabeça doía cada vez mais. Então uma nova lembrança apareceu, sua última lembrança antes de perder sua identidade. Estava em frente à escola, sob a cúpula formada pelo Priori Incantatem:


Um jato de energia saiu da varinha de Gina e atingiu Harry no peito.


- Tão puro. Tão forte. Todo meu. Obrigado, meu amor. Nunca se esqueça: “Te amo do fundo do meu coração”. – E beijou o anel que trazia em seu dedo – Tchau!
- “Te amo do fundo do meu coração”. – Disse Gina, repetindo o gesto de beijar o anel – Te amo, Harry Potter. Sempre amei e sempre vou te amar.




Com esta lembrança, Harry alcançou a borda do poço e a consciência, abrindo os olhos, gritando:





- GINA! LUCY!





Encarou o Dementador, que estava a milímetros de seu rosto, e que mais uma vez parou, curioso. Fitou Harry nos olhos, viu aqueles olhos verdes brilhando. Era um brilho incomum, cheio de poder e raiva. Alguma coisa naquele olhar o incomodava, por isso afastou-se, indeciso. Sua indecisão foi fatal, pois Harry aproveitou-se deste momento e conjurou sua espada com um feitiço não verbal “Gladius!”, sacou-a com rapidez, a lâmina deixou a bainha com uma fina camada de um tom branco-perolado, próprio dos Patronos. Desferiu um golpe contra seu atacante, partindo-o ao meio na vertical. A criatura desvaneceu-se antes de alguma das metades atingir o solo.






Harry olhou em volta. Gina ainda estava desacordada, um Dementador já levantava seu rosto para aplicar o beijo. Lucy estava deitada em seu colo, semi-inconsciente, enquanto a outra criatura afastava seu cabelo para ter um campo livre. Harry não pensou em mais nada, Pulou sobre o túmulo que o separava delas, espada em riste, e desferiu dois golpes na horizontal, uma para a esquerda e outro para a direita, partindo os dois ao meio, na altura da cintura. As criaturas desapareceram sem sequer saber o que as havia atingido.





- Peguem-no. Façam alguma coisa, seus imprestáveis. – Vociferou Belatriz para os dois Dementadores restantes.







Harry se virou. Os dois vinham flutuando ao seu encontro. Ele pegou sua espada e lançou-a em direção a eles, atingindo um bem no peito. A criatura foi lançada para traz, ficando empalada em uma árvore, porém por pouco tempo, pois se desfez no ar. O último desistiu de atacar e fugiu voando, assim como Belatriz, que não teve coragem de enfrentar Harry sozinha, soltou uma imprecação e desaparatou.




Harry se virou novamente, aproximando-se das duas e pegou Lucy no colo, preocupado. Conjurou uma barra de chocolate e forçou a menina a comer um pouco, assim que ela começou a se recuperar, perguntou:






- Lucy! Você está bem?
- To. Acho que to, Harry. Mas a Gina, não consegui fazer ela acordar. Acorda ela Harry, faz alguma coisa...
- Tudo bem, calma. Fique aqui sentadinha e coma mais chocolate, você vai se sentir melhor. – Disse ele, colocando-a sobre um dos túmulos próximos.








Abaixou-se e pegou delicadamente Gina nos braços. Aflito, tocou em seu pulso e percebeu que respirava. Mais aliviado tirou uma mexa de cabelo ruivo da frente de seus olhos e murmurou, passando delicadamente a mão sobre seu rosto:




- Enervate!






Aos poucos, Gina começou a se mexer e, bem devagar, começou a abrir os olhos. Então, mergulhou na imensidão verde que a fitavam de perto, piscou algumas vezes para clarear a visão e a mente e perguntou, ainda meio tonta.





- Harry! O que aconteceu?
- Fomos atacados por Lestrange acompanhada por Dementadores. – Respondeu ele, enquanto ajeitava-a em seu colo.
- Belatriz aqui? Dementadores? – Perguntou ela, olhando em volta – Onde está Lucy?
- Calma, ela está bem. Ninguém se machucou, consegui dar um jeito neles. Como você se sente? – Explicou ele, enquanto pegava a mão direita da moça, entrelaçando-a com a sua própria mão direita.
- Estou bem. – Respondeu ela, estranhando a atitude do rapaz, que agora olhava para as mãos entrelaçadas – E você, está tudo bem com você Harry?
- Quase! – Disse ele alterando o olhar entre a sua aliança, com desenhos de flores e folhas e a de Gina, com a frase gravada. Sorriu abertamente e pronunciou, em élfico - “Amo você do fundo do meu coração”.







As alianças brilharam, e quando o brilho desapareceu, a aliança de Harry continha novamente a inscrição. Gina estava pasma, olhava para a aliança sem entender o que estava acontecendo. Em seguida olhou para Harry. Seus olhos brilhavam novamente, mas desta vez o brilho era diferente, era um brilho de paixão profunda, incomensurável. E o sorriso? O sorriso era um sorriso maroto, que há muitos anos ela não via. Ela ia perguntar o que significava tudo aquilo, mas Harry se antecipou, dizendo:




- Melhorou!Oi amor. Voltei.


N.A: Pessoal, eu só tenho a agradecer. Durante esta semana a Ressurreição permaneceu todo o tempo entre as 20 mais lidas na Floreios e isso me deixa muito orgulhoso. Só tenho a agradecer a todos que estão acompanhando a estória, dedico este capítulo a todos que me acompanham desde o início. Não vou citar nomes pra não cometer a gafe de esquecer alguém.


Um agradecimento especial à minha querida amiga Molly. Você quase me fez chorar com seu último comentário, saiba que você é uma pessoa muito especial, não sou o único que pensa assim. Muita gente por aqui gosta de você. Sempre que precisar é só gritar.

Sei que alguns vão querer me azarar por ter parado onde parei, mas se continuasse ia estragar o que reservei pro próximo cap.
Então é isso, beijos e abraços e até o próximo. Aguardo os coments, ok?

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Comentários (1)

  • vitoria67

    dementadores jura....e funcionou muito bem....kkkkkclaudio vc escreve muito mais muito bem estou amando as suas fic.vitoria

    2013-02-19
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