Capítulo Único
NA SUA ESTANTE
Ela estava novamente lá. Não sabia exatamente onde era lá. Um lugar dominado pela escuridão, uma pequena casa, se é que aquela imundice poderia ser chamada de casa. Uma saleta, um quarto e um banheiro formavam a estrutura do local. Ambos sujos, mal cuidados e praticamente sem mobílias. Na saleta encontrava-se um sofá de dois lugares rasgado e com algumas molas visíveis, uma pequena mesinha de madeira meio podre com duas cadeiras igualmente podres e uma estante quebrada com alguns livros antigos e empoeirados. O quarto era ligeiramente maior que a saleta e continha uma velha, porém arrumada, cama de casal e um pequeno criado-mudo, onde estavam empilhadas algumas peças de roupa. O banheiro era conjunto ao quarto e possuía uma privada e um chuveiro quebrado.
Porém, para a moça, o que causava mais repugnância eram o piso, as paredes e o teto. O primeiro não poderia ser considerado um piso, afinal, era puro cimento com grandes falhas, o que dava uma leve impressão de um terreno depressivo. Além disso, ele estava totalmente empoeirado e alguns insetos mortos (e outros vivos) habitavam o chão. Já as paredes eram constituídas por grandes lajotas que, num passado muito distante deveriam ser brancas e que, no momento, possuíam a cor dum amarelo doentio, com grandes rachaduras em toda sua extensão. Quem olhasse para o teto veria muitas teias, infiltrações e sujeira. Ela acreditava que aquele local não duraria nem mais um mês, desabaria muito em breve.
Sentada na cadeira, ela estava mais preocupada com ele do que com o resto. Mais um dia agonizante, esperando. Esperando ele voltar. A guerra, como sempre, ainda equilibrada. Sem vencedores. Vítimas. Muitas vítimas. E ele estava lá fora. Lá, lutando por seu ideal. O ideal que ele julgava, claro. Esse ideal não era partilhado com ela. Ela, que estava sempre preocupada. Sempre angustiada. Sempre a esperar. Para Virgínia Weasley, o ideal seria um mundo de paz. Seria um mundo onde inocentes não se tornassem vítimas. Um mundo onde reinasse o equilíbrio. No dicionário de Tom Riddle, não existia a palavra equilíbrio e a palavra paz tinha o significado de “Mundo inteiramente das trevas, cujo reinado total seja meu e todos obedeçam minhas ordens”.
Não era apenas isso que não partilhavam da mesma opinião. Raro era, quando concordavam com algo. Ela sempre falando coisas doces, pensando na sua paz e na paz de todos que a rodeavam, no bem comum. Ele, sempre em busca de poder, sempre vendo o que seria melhor para ele mesmo, sempre pensando na escuridão e num mundo sem trouxas.
Freqüentemente, Gina se perguntava o que fazia num lugar como aquele, com condições precárias de existência, com uma companhia tão desagradável para tantos. Para tantos, não para ela. Não que Tom fosse uma companhia que Gina prezava ou desejava. Ela precisava. Tom Riddle já era uma necessidade da doce menina. Sabia que não era nada para ele, mas, por cruel escolha do destino, ele era tudo para ela. Ela custou a aceitar esse fato, mas não houve escapatória. A verdade veio à tona no seu décimo sexto aniversário, quando a guerra pegou fogo e ela percebeu o quanto precisava ficar perto dele, o quanto precisava SER dele. E ela foi e é dele. E, pelo que se seguia, continuaria sendo.
Memórias estavam começando a invadir os pensamentos de Gina. Memórias nada agradáveis. Não era só Tom que a preocupava. Por mais que não quisesse admitir, estava preocupada com sua família, que não sabia de seu paradeiro. Estava preocupada com seus amigos e com o destino para qual eles rumariam. Não sabia com quem preocupar-se mais. Aquele dilema a torturava há algum tempo. Ela não conseguia dizer para quem era sua “torcida”. Ao passo em que desejava Tom vivo, desejava que sua família e amigos vivessem também. Algo que era simplesmente impossível. Os Weasley e companhia não permitiriam a vida de Tom assim como ele não admitira traidores de sangue como a família Weasley habitando o mundo. É claro que Gina era uma exceção.
“Por que é que esse maldito não se deu ao trabalho de encontrar um esconderijo maior?! E, mesmo assim, bem que ele poderia me deixar fazer uns feitiços para consertá-lo! Esse lugar me dá náuseas!” Pensou a mulher que, aos 18 anos de idade, preocupava-se cada vez mais com os atrasos freqüentes de Tom.
“São 3:30 da matina e você ainda não apareceu! Por que...” Seus pensamentos foram cortados por um estalo no quarto.
“Ótimo! Esse bastardo já estava me matando!” Disse para si, aliviada ao ver quem entrava na saleta, com a roupa totalmente manchada de vermelho.
- Virgínia você...
- Você está atrasado! Quer me matar do coração?! Onde é que você foi? Por que sua roupa está manchada de sangue? – Gina interrompeu Tom, que, caso não estivesse tão cansado, irritar-se-ia com as perguntas da Weasley.
“Será que ela não muda o repertório? Toda noite as mesmas perguntas, as mesmas reclamações.”
- Primeiro: não estou atrasado porque não marquei um horário com você. Segundo: não quero te matar do coração, afinal, dele depende o seu corpo. Não te interessa onde eu fui e... não preciso realmente responder a última pergunta, preciso? Sabe... de certo eu ajudei uma trouxa a dar a luz ou estava cuidando das hemorragias dos feridos. – Debochou, retirando a capa preta e jogando – a sobre a mesa.
- Engraçadinho... ótimo saber que ao menos meu corpo te agrada e, a propósito, eu não estou bem, antes que me pergunte. – Gina suspirou. Não adiantava. Toda noite era a mesma coisa. E ele nunca respondia nada decentemente, nunca dava importância ao que ela sentia.
- Quem foi que disse que eu ia perguntar se você estava bem? – Encarou-a sério. – De qualquer forma, porque não está?
- Por causa desse lugar.
- Não reclame. Foi o melhor que achei. – Disse ele, sentando no sofá. Sentiu uma mola espetar – lhe o traseiro, mas não diria a Gina, afinal, só causaria mais resmungos.
- Melhor?? Você nem ao menos me deixa concertar essa “casa” !
- Concerte! Eu não estou te impedindo, Virgínia.
- Posso usar magia então?
- Claro. – Gina abriu um sorriso contente – que não. – O sorriso sumiu da mesma forma que apareceu. Não era comum Gina sorrir e, quando o fazia, era por alguns curtos segundos. - Você tem duas mãos e tempo livre de sobra....
- Tenho tempo livre porque VOCÊ quis assim!
- Exatamente, o que vale é o que eu quero.
- Oh, com pode! Como você pode ser... ser como você é!
- Que conclusão perfeita. É... eu sou como sou.
- Será que você não vai mudar nunca?
- Não. E você sabia disso quando veio comigo. Não tem o direito de reclamar ou exigir nada. Eu não te forcei. Você está aqui porque quer. – Falou ele seriamente.
“E ainda por cima só me atrapalha. Se bem que é uma ótima diversão.” Complementou
Tom, em pensamentos.
Gina bufou cansada. Não ia adiantar discutir, ele estava certo. Estava lá por mais pura vontade ou, no caso, necessidade.
“Te vejo errando isso não é pecado.
Exceto quando faz outra pessoa sangrar.”
- Já chega Gina. Meu dia foi muito exaustivo. Vou dormir. – Tom sentenciou.
- Ah, então hoje você só quer dormir...
- É, hoje eu só quero dormir.
- Que estranho, justo hoje que....
- Já disse que estou cansado. – Levantou – se do sofá e foi direto para a velha cama, cortando Gina.
- Então tá, Sr. Eu Não Canso Daquilo. – Sussurrou Gina, desanimada. – Eu vou dar uma olhadinha nesses livros aqui antes. – Falou alto dessa vez, para que Tom pudesse ouvi-la.
- Faça o que bem entender. – Respondeu ele friamente.
“Por que meu Merlin?! Por que ele é tão frio comigo? Será que ele não me quer mais? Oh... por que fui me apaixonar por você Tom Ridlle... por que não o Harry?”
Aquela noite (ou, no caso, madrugada) estava sendo como todas as outras. As perguntas. As respostas frias ou irônicas, debochadas. Ela reclamando da casa, reclamando dele. Ele cansado de dar as mesmas respostas. Mas, nessa noite, Tom não a quis, não exigiu diversão. Apenas havia deitado e, ao que parecia, dormido.
Gina abriu um livro qualquer. Um livro que nem fez questão de ler. Estava tentando se distrair para não chorar. Distrações nunca davam certo com a pequena Weasley. Nada dava certo para ela. Então, por mais uma vez, caiu lentamente apoiada na estante, nem ao menos se preocupando com o fato da última ser velha e estar prestes a desmanchar. Caiu e chorou. Chorou baixinho. Poucas lágrimas. Lágrimas que teimavam em sair devagar, atravessando todo o rosto de Gina e caindo sobre sua blusa. Parecia que cada gotinha daquelas demorava uma eternidade a cair e, ao deslizarem pelo rosto da menina, causavam uma dor intensa, interminável. Aquelas lágrimas, que ela queria soltar de uma vez, mas não podia, não conseguia. Chorava um pouco. Mas chorava sempre. Chorava por tudo e todos.
Gina não sabia ao certo há quanto tempo estava caída naquele chão frio e sujo, mas não deveria ser um período muito longo. Levantou – se, limpou suas vestes e decidiu ir para o quarto. Tom já estava dormindo, parecia muito vulnerável, mas, ela sabia que ele não era. Ela deitou-se ao lado dele, fechou os olhos e tentou dormir. Não conseguiu de imediato, mas, após algumas reviradas na cama, ela acabou por conseguir.
“ Um lugar frio, escuro e tenebroso. Ele estava só. Olhava a sua volta e não conseguia ver nada. Ouvia vozes. As vozes de... seus pais. Como pôde matá-los?! Como eles puderam simplesmente abandoná-lo?! Ele não sabia de nada disso. Novamente ouvia insultos. Muitos deles. Seus pais não o amavam. Ninguém o amava.
- Doce ilusão a sua, pobre Tom Riddle. – A voz de sua mãe sussurrava em seus ouvidos enquanto o vento cortante da madrugada fria o fazia tremer.
- Você achou mesmo que alguém ia te amar? – A vez da voz de seu pai perturbá-lo. – Se nem nós, que somos seus pais, conseguimos, imagine se mais alguém o fará! – Continuou.
- VÃO ME AMAR SIM! – Berrou ele para a escuridão. – VÃO ME AMAR E ME OBEDECER! ASSIM QUE EU CONSEGUIR...
- Você acha mesmo que só o fato de você ter o mundo vai fazer com que te amem?! Como é ingênuo, rapaz. Aliás, rapaz não! Você é um velho! Deve ter o quê, 69?! 72?! A nós você não engana com esse feitiçozinho da juventude, Riddle. - Sua mãe ria-se com o comentário.
- Além de tudo não se assume como é! Ele não pode ser meu filho! – Protestou o Sr. Riddle.
- Não sei como pudemos por no mundo uma pessoa assim... – Lamentou a mulher. – Um prepotente desse, que faz pose de forte e que, por dentro, não poderia ser mais frágil!
- EU NÃO SOU FRÁGIL!! Não sou! Vocês não me conhecem, afinal, nem se deram a esse trabalho! – Tom estava alterado.
- Pelo visto, não te conhecemos mesmo. – Seu pai tomou forma, bem à frente dele.
- Que bom! Afinal, seria um desperdício de tempo se aproximar de alguém como VOCÊ! – Sua mãe também tomou forma, ao lado de seu pai.
- O que acha de matarmos ele?! – Sugeriu o homem.
- Idéia muito interessante. Seria uma satisfação para todos os habitantes do mundo bruxo. E uma vingança muito doce, também. – Aprovou ela, sacando a varinha, assim como o homem ao seu lado. – Primeiro nós devemos torturá-lo... e deixar que morra lenta e dolorosamente....
- Sim. Pra começar, que tal uma Cruccio?
Tom afastou–se, pronto para batalhar. Ao procurar sua varinha, constatou que não estava com a mesma. Começou a correr. Não iria morrer. Não agora. Não pelas mãos de seus pais.
- Não adianta correr, filinho – a voz de sua mãe soou irônica. – Não há como fugir de nós. Você pagará por seus pecados, e será agora!
- Cruccio! – Bradaram os dois em conjunto.”
Gina acordou assustada. Ouvira berros. Olhou para o lado e descobriu de onde tinham vindo os gritos. Tom estava suando frio e estava tremendo. Parecia que estava tendo um pesadelo. Ela estava assustada. Ele nunca se deixava abalar por nada, mas, no momento, estava parecendo uma criança indefesa. Gina iria acolhê-lo e cuidar para que tivesse o restinho da madrugada de um bom sono. Iria, caso ele não tivesse acordado, com uma expressão nada agradável na cara.
- O que foi...
- NADA! – Gritou, cortando Gina. Não iria revelar seus pesadelos a ela. Nunca. Não poderia deixá-la descobrir seus temores. Não poderia mesmo.
- Mas você...
- Eu estou bem. – Disse ele, limpando o rosto suado.
- Largue de ser teimoso! Conte-me...
- EU JÁ DISSE QUE ESTOU BEM! – Gritou com ela.
- Por que você recusa minha ajuda? POR QUÊ?!
- Porque eu não necessito de ajuda e, caso realmente precisasse, não seria a sua ajuda que eu iria querer.
Gina sentiu–se ofendida, magoada. Não se controlou e chorou.
- Mulher! Mas será que você só chora? – Ele questionou cansado daquele monte de lágrimas. Toda noite ela chorava. E ele sempre tinha que ficar ouvindo um bando de lamurias.
- Se eu choro, a culpa É SUA! – Respondeu, limpando o rosto. – Única e exclusivamente SUA!
- Eu não agüento mais ouvir você chorar! Não agüento mais as mesmas perguntas, todas as noites. Eu NÃO AGÜENTO MAIS VOCÊ! – Descontrolou–se Tom. – Fico me perguntando por que razão você veio comigo, se não serve pra nada, é uma inútil!
O choque foi muito grande para Virgínia, que permaneceu calada enquanto deixava aquelas palavras machucarem-na.
- Eu não suporto mais ouvir a sua voz, por isso, NÃO FALE! Não suporto mais olhar pra você sempre que acordo. Não suporto! – Revelou ele, levantando e pegando uma capa de viagem qualquer. – Não sei por que você está aqui. Se tiver esperança de ser algo para mim, esqueça, minha bonequinha. Você não passará disso. Não passará de uma mera diversão. Eu estou indo embora.
- Pra onde... – Falou num sussurro quase inaudível
- NÃO IMPORTA! Só sei que não pretendo voltar. – Disse ele, pegando a varinha e prestes a aparatar.
- Antes de você ir... – Gina sibilou, segurando a capa de Tom e tomando forças e aumentando o tom de voz – Antes de você ir... quero que saiba que... eu AMO você! – Terminou ela em prantos.
- Mentira. – Ele declarou friamente e, com um estalido, aparatou.
“Te vejo sonhando, e isso dá medo.
Perdido num mundo que não dá pra entrar.
Você está saindo da minha vida.
E parece que vai demorar.”
Ele a havia deixado. Ele disse que não ia voltar. Disse que ela não era absolutamente nada. Ela estava perdida, chorando, soluçando, lamentando, sofrendo. Era o fim do mundo para Gina. Sozinha, numa casa imunda, fria, sem vida, sem Tom. Ela não poderia fugir, afinal, era considerada morta pela sociedade bruxa. Ela teria de continuar lá, ou causaria muitos problemas para Tom, e ela não queria causar problemas. Não mais do que, segundo ele, já causava.
Não conseguia parar de chorar. Lembrava-se dos momentos que tivera com ele. Lembrava e tinha ainda mais motivos para chorar. No fundo, Gina tinha uma esperança de se tornar ao menos um pouco importante aos olhos de Tom. Sabia que ele não iria amá-la, mas ela esperava que ao menos ele gostasse de sua companhia, ou ainda esperava ser uma diversão sem igual. Pelo visto, não era nada disso.
Ficou chorando durante horas. Não tinha como parar aquelas lágrimas. Elas desciam e desciam, lavando por completo o rosto agora nem tão rosado de Gina. Ela costumava ser uma menina linda. Não que não fosse mais. Estava apenas com uma aparência desleixada. Costumava sempre ter cabelos bem tratados e brilhosos, bochechas levemente coradas pelo sol, aquele sorriso meigo e ingênuo, para qualquer situação.
Agora, ela não tinha mais nada. Seus cabelos sem vida, seu rosto pálido. Seu sorriso morto. Não era apenas sua aparência que estava mudada. Tudo havia mudado muito rápido. Gina já estava acostumada. Sempre que se olhava no espelho lembrava de como era alegre, linda, cheia de vida. Não seria mais aquela garota animada e ingênua. Nunca mais.
“ Gina, pare de chorar! Não vai adiantar nada! Ele não te quer. Você é muito fraca pra ele. Ele não quer alguém bobinha, infantil e fútil como você ao lado dele! Torne-se forte! Assim, talvez receba ao menos algum olhar de compaixão. Não... acho que nem isso. Você não é a garota certa, nunca vai ser. Conforme-se com isso. Oras, você já chorou demais por ele! Tome uma atitude ao invés de ficar aí, largada, aos prantos!” Não adiantava, por mais que ela soubesse que deveria parar, que deveria tentar ser forte, ela não conseguia.
- Gina, pare de falar que não consegue! Pare de ficar se depreciando! – Ordenou ela para si mesma, limpando o rosto e tentando conter as outras lágrimas. – Ele está certo em não querer uma pirralha ao lado dele! – Depois de algumas tentativas, conseguiu fazer parar o choro – Então é isso! – Ela disse indo em direção ao banheiro. – Eu vou me tornar uma mulher, Riddle. – Retirou suas roupas e ligou o chuveiro. – E não vai ser qualquer mulher. – Entrou de cabeça e tudo. A água estava muito gelada. – Eu vou me tornar a mulher certa pra você. A sua mulher! – Então estava decidido. Gina iria mudar tudo em si. Iria ser o suficiente para ele.
Ela tomou aquele banho e, durante, pensou em tudo que faria para ser diferente. Ela mudaria, apenas disso tinha certeza. Tornar-se-ia mais forte, mais capaz. Tudo seria diferente a partir daquele exato segundo.
A ruiva saiu do banho, secou-se e colocou a mesma roupa que estava antes, deitou-se na cama e adormeceu, pensando em como tudo ira ser diferente.
Acordou quando os primeiros raios da manhã se infiltravam pela pequena janela do quartinho. Levantou da cama e olhou para o lado. Tom não estava lá. Nunca estava, normalmente. Dormia pouco e saí logo cedo, só voltava de noite. Dessa vez, Gina sabia que ele não ia voltar. Lembrou-se da noite anterior. Quis chorar novamente, porém, como havia prometido para si mesma, ela seria diferente.
“Tom, será que você não poderia nem ao menos em mandar alguma notícia?! Será que não poderia deixar de ser tão orgulhoso, tão insuportável, e simplesmente voltar pra cá e ser meu?!”. Ela não podia deixar de pensar nisso. Mesmo não chorando, seu coração estava apertado por saber que ele não viria, por não saber onde ele estava...
O dia passou lentamente. Cada hora que passava, Gina se angustiava mais, se preocupava mais com o bem estar de Tom.
“Você pode até achar que eu sou louca, Tom Riddle, mas, eu prometo, as coisas irão se encaixar!! Eu serei quem você quiser que eu seja. Eu sou sua. Volte e me tenha!”.
Ela perambulava de um lado para o outro, não conseguia parar quieta. Estava confusa, perdida em pensamentos. Não sabia mais o que fazer. Não tinha a quem recorrer. Não poderia sair. Fazia tempo que ela não vivia.
Mesmo sem querer, Gina pressentia algo.
“Ai meu Merlin! E se algo de errado acontecer?! E se alguma tragédia acontecer?? Eu não posso viver assim! Não posso viver sempre angustiada com ele! Tenho que tomar uma atitude, se não eu vou acabar morrendo de preocupação!”
Se ele voltasse, teria uma surpresa. E uma das grandes...
“Se não souber voltar
Ao menos mande notícias.
Sê acha que eu sou louca,
Mas tudo vai se encaixar.
Tô aproveitando cada segundo,
Antes que isso aqui vire uma tragédia”
*~*~*~*~*~*~*~
Tom andava impaciente pela madrugada fria de Londres. Suas estratégias estavam armadas. O plano seria colocado em prática dentro de uma semana. Onde estaria até lá, ele não sabia. Não poderia mais estar com Gina, não agora que a havia dispensado.
“Ela não me servia pra nada mesmo... não devia dar tanto valor para aquela vagabunda. Eu posso ter qualquer uma. Ela não me faz falta.”. Dobrou a esquina.
- Preciso relaxar e, para isso, preciso de prazer. Se não será com você, Weasley, será com qualquer outra. Não fará diferença. – Ele falou consigo mesmo, entrando numa pequena Zona.
Ele já havia escolhido quem queria. Uma moça ruiva, de pele clara.
- Você é o meu cliente? – Perguntou a moça, insinuante. Não deveria ter mais de 18 anos.
- Sim, sou eu. – Tom respondeu, encarando-a.
- Meu nome é Verônica. Por favor, me siga. – Ela falou, conduzindo-o até uma porta, ao fundo da área. Destrancou a porta e entrou, juntamente com Tom. Era um quarto pequeno, mal iluminado. Bem ao centro, uma cama de casal se destacava.
- Vamos logo com isso. – Disse Tom, retirando sua capa e beijando fria e fortemente a moça, que correspondeu com a mesma intensidade.
Logo eles já estavam na cama. Ela gemia com vontade, enquanto ele apenas se concentrava em se sentir satisfeito.
“ Essa não é a voz da Virgínia, não é o gemido dela...” Tom não pode evitar de pensar. Continuou se esforçando cada vez mais, porém o prazer não vinha.
O ponto culminante chegou e a mulher gemeu mais alto, com um puro tom de satisfação na voz. Tom não sentiu nada. Não sentiu um arrepio, como costumava sentir, sempre que ia pra cama com Gina.
Ele tombou para o lado de Verônica, que sorria abertamente. Tom observou o sorriso. Não era o sorriso dela, não era. Ele observou os cabelos flamejantes, a pele branca. Aqueles cabelos não eram os de Virgínia, muito menos aquela pele. Não sabia quem era a estranha a seu lado. Só sabia que ela não era o suficiente.
- Nossa! Você é um dos melhores que eu conheço! – Ela comentou, cansada. – E olha que já conheci muitos!!
Tom fitou o teto escuro. Verônica continuava a falar. Ele não ouvia nada. Não queria ouvir. Não queria continuar lá. Só queria a sua bonequinha.
“ Em pensar que ela é minha. Exclusividade minha. Isso é ótimo. Pena que a dispensei. Mas, ela é minha, não é?! Posso tê-la de novo sempre que eu quiser...” Ele estava confuso com seus próprios pensamentos.
Tom levantou e se vestiu. Jogou alguns dólares na cama e saiu, ignorando os questionamentos de Verônica. Ele só queria uma coisa agora.
“ E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos.
Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu.”
*~*~*~*~*~*~*~
Tom aparatou na pequena saleta onde estivera duas noites atrás. Ele disse que a deixaria, porém, não poderia fazê-lo. Gina era uma ótima diversão. Uma diversão sem igual. Ele a queria naquele momento. E ele a teria...
Ele entrou no quarto sorrateiro. Encontrou Gina deitada na cama. Cutucou-a. Ela acordou, sobressaltada. Encarou-o, não acreditando no que via.
- Tom, o quê... - Ele calou-a com o dedo. Depois deixaria ela falar. Mas não agora.
Ela levantou. Encararam-se mais um pouco, por um breve segundo, que mais pareceu uma imensa eternidade para ambos. Tom agarrou-a e beijou-a fervorosamente, já distribuindo carícias por todo o corpo da ruiva. O quanto ela sentira falta daquilo estava além de sua própria compreensão.
Ela necessitava dele, queria senti-lo junto a si. Arrancou-lhe a capa, a camisa. Arranhou as costas dele inteiras, deixando-o, como era perceptível, extremamente excitado. Ele rasgou a roupa dela, beijando com vontade do pescoço até a barriga. Por onde ele passava a boca, marcas vermelhas eram deixadas. Ele também sentira falta, por mais que não quisesse admitir. Um dia era o suficiente para deixá-lo querendo mais e mais.
Começaram então a sentirem-se mais intensamente. Ela soltava gemidos baixos, ele sentia cada vez mais prazer. O clímax chegou e, com ele, o arrepio de prazer de Tom.
Sim, aquela era sua Gina. Aquela era a que lhe dava mais prazer, a melhor. Aquela sim, era sua mulher.
Tom deixou-se cair ao lado de Gina e, exaustos, os dois adormeceram quase que instantaneamente.
Gina acordou primeiro na manhã seguinte. Olhou para o lado, já esperando não encontrar Tom. Para sua surpresa, lá estava ele. Adormecido. Com a aparência serena, despreocupada. Aquilo era extremamente raro de se acontecer. Nos dois anos em que vivera com Tom, essa era a segunda vez que ela acordava com ele ao seu lado, sendo a primeira quando ele estava ferido demais para levantar. A sensação era realmente boa. Ficou a admirá-lo por um tempo indeterminado. Aquilo era muito confortante.
“Eu não acredito que ele voltou... o que será que veio fazer aqui?! Não importa... aposto que ele só queria um pouquinho de diversão.” Ela pensou, esticando a mão para afagar-lhe os cabelos. Recolheu-a quase que instintivamente ao vê-lo se remexer um pouco. “Dessa vez, você terá uma surpresa, meu Riddle. Eu estou cansado de vê-lo ir e voltar. Eu sempre tenho que te esperar, angustiada, infeliz...” A linha de raciocínio de Gina foi interrompida por Tom, que, após remexer-se novamente, finalmente despertou. Gina esperou que ele dissesse alguma coisa, porém ele não o fez. Ela decidiu se pronunciar.
- Tom...
- Eu já vou indo. – Ele interrompeu-a, percebendo o quão dependente estava se tornando da ruivinha, e o quanto isso era perigoso para ele mesmo.
- Não – Ela disse confiante. – Dessa vez você não vai sem mim.
- O quê?! Você ficou maluca?! – Ele realmente havia ficado surpreso com a reação dela.
- Não, eu não estou maluca, eu estou cansada.
- Cansada do que?
- Dessa sua inconstância. Você tá sempre indo e vindo! Dessa vez, eu já to preparada pra luta. Não vou mais ficar aqui, esperando você voltar!! Eu vou lutar ao seu lado!!
- Não, não vai. – Ele foi grosso, objetivo.
- Não quero saber a sua opinião. Dessa vez eu vou. E você não vai me impedir. A não ser que me mate.
- Então parece que eu vou ter que te matar. – A voz soava mais do que ameaçadora, porém, dessa vez, Gina não se amedrontou.
- Mate! Eu já estou pronta para a guerra, não ficarei mais nesse lugar!
- Eu não estou brincando... – Ele apontou a varinha para ela.
- Vamos, me mate! – Ela não queria admitir, porém, depois de ver a varinha levantada, chegou a sentir uma ponta de medo.
- Se quer saber... – Ele abaixou a varinha e guardou-a em sua capa. – Se quer vir, venha. Se morrer em combate, não coloque a culpa em mim. E também não espere que eu te salve. – A voz continuava fria.
- Eu não espero nada de você. – Gina falou com coragem, embora não fosse totalmente verdade. Na realidade, não era nada verdade o que ela havia dito.
- Melhor assim. – Sentenciou Tom. – Vamos logo.
Gina pegou sua capa de viagem e, junto com Tom, aparatou.
Chegaram a um lugar escuro, tenebroso. Gina não sabia exatamente onde estava. Só sabia que era um lugar sombrio e gigantesco.
Tom conduziu-a até um cômodo, no final dum corredor extenso. Deixou-a lá e ordenou que permanecesse até que ele viesse buscá-la.
- O que é isso? – Perguntou Gina, intrigada.
- É onde você vai ficar até...
- Não, isso eu sei. Quero saber o que estamos fazendo aqui e que lugar é esse.
- Não é da sua conta. Você só precisa saber que isso será uma breve batalha. A vitória é óbvia. Fique aí.
- É uma ordem ou um pedido? – Gina perguntou.
- Faça o que bem entender. Eu virei aqui te buscar. Se não estiver, que fique aqui até a eternidade.
- Eu tenho como sair...
- Não tem não. – Ele foi frio. – Eu já vou.
Tom virou as costas e saiu andando na direção oposta, silenciosamente. Gina permaneceu no cômodo por mais algum tempo. Aquilo estava calmo demais para ser um ataque.
“Afinal, onde é que eu estou?!” Ela pensou andando um pouco, imersa na escuridão. Sentiu-se solitária, abandonada.
- Gina, essas sensações são coisas da antiga Gina... você é mais forte que isso! – Afirmou para si mesma, baixinho.
De repente, ouviu alguém ser arremessado contra alguma coisa.
- É UMA ARMADILHAAA!! – Bradou a voz de uma mulher.
- Corra Bella! – Gritou a voz de um homem.
Gina começou a ver faíscas de várias cores diferentes, partindo de várias direções. Aquilo era uma batalha. Ela queria sair de lá, mas Tom a mandara....
- Não, Tom Ridlle, você não manda em mim. – Gina disse, decidida, deixando sua varinha em posição de ataque e abrindo a porta.
A escuridão ainda era intensa. Ninguém via quem estava acertando. Gina mirou em alguém do outro lado.
“Espero que não seja ninguém que eu amo...” Pensou, lançando um feitiço de desarme.
- Vamos, vamos, vamos!! Ataquem com vontade! – Aquele, com certeza, era Tom.
Gina tentou aproximar-se de onde ouvira a voz de Tom. Estava se defendendo, atacando e procurando ao mesmo tempo. De repente, esbarrou em alguém, que logo apontou-lhe a varinha.
- Ava... – Era Tom.
- Não, Tom! Sou eu, a...
- Weasley, o que faz aqui?! – Ele estava furioso. – Vá embora agora!
- Não! Eu vou te ajudar a ganhar! – Gina queria e IRIA ficar até o fim.
- Vir... – Protegeu Gina duma Maldição Imperdoável. - ...gínia! Nós vamos perder! Saia daqui imediatamente!
- NÃO! – Ela lançou um Avada numa pessoa que se aproximava. – Eu vou ficar aqui, ao seu lado, mesmo que nada funcione!
- Ótimo! Então morra! – Tom atacava quatro de uma vez.
- Mi lorde! - Gritou um homem, que vinha de trás. – Estamos cercados e sem comensais o suficiente!
- Chamem Bella! – Ele sentenciou.
- Senhor, perdemos Bella... – O homem parecia realmente perturbado pela notícia que acabara de dar.
- Vamos nos retirar. – Tom falou baixo. – RETIRADA! – Gritou alto agora, para que todos o escutassem.
Foram ouvidos diversos estalidos. Os comensais estavam fugindo.
“Você tá sempre indo e vindo, tudo bem.
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido”
*~*~*~*~*~*~*~
- ÓTIMO, WEASLEY! – Tom gritava muito com ela. Estavam de volta ao casebre e ele estava realmente alterado. – Perdemos a batalha!!
- COMO SE A CULPA FOSSE MINHA! – Ela bradou em resposta.
- Não, não foi sua. Imagina. Foi minha!
- Largue de ser cínico!
- Eu SOU cínico. Perdemos Bella! Uma de nossas melhores comensais. E aí? E agora?!
- Vou tentar ajudar mais da próxima vez... – Ela agora já estava se sentindo intimidada. Respondeu num sussurro.
- Não vai ter ‘próxima vez’ Weasley. Você vai ficar aqui, ou então VAI MORRER! – Tom não estava brincando.
- Eu prefiro morrer do que ficar aqui, te esperando! – A coragem parecia voltar do além.
- Você não precisa ficar aqui! – Ele correu em direção à porta e escancarou-a. – Vamos, VÁ EMBORA! – Ele berrou.
- Eu... eu... – As lágrimas queriam chegar. Gina não deixou.
- ANDE LOGO! Não vê como a madrugada está convidativa hoje?! – Tom estava segurando a maçaneta e olhava para Gina de uma forma assassina.
- Por favor, não me culpe! Eu não fiz nada! – Gina estava começando a ficar vermelha.
- Eu mandei você não sair de lá!
- MAS EU QUIS AJUDAR VOCÊ!
- Eu já disse Weasley. A sua ajuda não vale nada. Você só me atrapalha. Vá embora. – A voz já estava um pouco mais calma, porém, o olhar continuava o mesmo.
- EU NÃO VOU! – Gina agora estava muito vermelha.
- Ah, que gracinha. Fica toda vermelhinha. - Tom caçoou.
- Não tem graça! E eu não vou! Fecha essa porta porque o meu lugar é aqui!! – Definitivamente, o sangue Grifinório estava falando mais forte.
- ÓTIMO. – Tom bateu a porta com força. – Então é aqui que você vai ficar amanhã, estamos entendidos?
- Não, não estamos! Eu vou com você, não importa o que diga! Não sou alguém pra ficar na sua estante, de sobra!
- Minha ruivinha, isso aqui já está ficando repetitivo. Já disse que você não vai. Seria apenas mais um fardo pra mim.
- Eu não serei um fardo pra você. Eu quero ir, eu vou. Não quero sua proteção, não quero que você se desconcentre por minha causa.
- Eu não me desconcentraria por sua causa. – O olhar assassino já não estava mais lá. Tom falou seriamente, porém, ele sabia que isso não era a verdade completa.
- Melhor assim. Eu vou, faço minha parte. Sou mais uma de suas comensais, não é mesmo?! – Gina não queria ouvir a resposta.
Silêncio. Tom foi se aproximando cada vez mais de Gina, que estava parada, de pé, bem em frente ao quarto.
- Você, Virgínia... – Ele estava a poucos centímetros dela – ...não é só uma comensal. Você é a minha bonequinha. – Ditas as palavras, Tom agarrou-a e beijou-lhe intensamente. Começou a distribuir carícias de uma forma que chegava até a ser brutal. Ouviu-se o barulho de roupas sendo rasgadas, de respirações afobadas. Tom beijava-a como se o mundo estivesse pra acabar e aquele beijo fosse a salvação. Jogou-a na cama e continuou a distribuir beijos e carícias por toda parte, cada vez mais intensamente. Parou. Olhou Gina nos olhos, viu neles prazer, satisfação, desejo. Ela queria. E queria muito. Num movimento rápido, Tom virou-a de costas, depois ficando sobre ela.
“Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia”
Gina foi abrindo os olhos suavemente. Observou o quarto e percebeu uma coisa nova. Tom estava lá. E estava junto dela, com seus braços envolvendo-a. Gina não pôde deixar de sorrir. Aquela era a primeira vez que isso acontecia.
“Acho que alguma coisa boa aconteceu.” Ela pensou, tomando todo cuidado para não mexer um músculo sequer. Não queria arruinar com aquele momento. “Eu não acredito que ele está me abraçando! Deve ser um sonho...”. Ela continuaria perdida em pensamentos, se os braços que a envolviam não tivessem sido retirados rapidamente. Tom havia acordado.
Ele levantou sem proferir uma única palavra. Foi direto para o banheiro. Enquanto isso, Gina decidiu levantar também. Colocou uma roupa e arrumou a cama. Ela não parava de pensar em como estava se sentindo satisfeita, em como a noite anterior havia sido boa. Aquilo iria ficar em sua memória por muito tempo.
Tom saiu do banheiro já vestido e com os cabelos úmidos. Nem se deu ao trabalho de encará-la. Ele já tinha pensado sobre o que faria agora. Já tinha pensado em tudo. Ele não iria permitir que Gina batalhasse. Ele não iria conseguir lutar com ela por perto e sabia disso. Tom Ridlle tinha encontrado um ponto fraco em si mesmo, e esse ponto se chamava Virgínia Molly Weasley. Não poderia permitir que ninguém descobrisse isso. Não poderia permitir a si mesmo. Ela era sua bonequinha, seu artigo de luxo. Não a queria manchada de sangue. Não mais do que já estava...
- Weasley, está na hora. – Ele estava frio.
- Já? Mais ainda é de manhã e... – Gina não estava entendo nada.
- Que fique bem claro. – Ele começou retirando sua varinha do bolso interno da veste – Você foi uma ótima diversão sempre que precisei, porém... Acho que já chega de distrações. – Fez uns movimentos com a varinha e apontou para Virgínia. Proferiu o feitiço. Tudo virou um borrão e Gina se sentiu tonta, enjoada. Estava prestes a falar alguma coisa quando se viu deitada em um tapete na fria antiga casa dos Black.
- Eu não acredito... – Gina olhou ao seu redor. – Não acredito! – Repetiu, levantando-se e caminhando pelo ambiente. – Eu... eu estou de volta! – Ela não sabia se queria sorrir ou chorar. Estava de volta. Provavelmente sua família estaria por lá.
Ela circulou, passando de cômodo em cômodo. Havia indícios de que pessoas estavam morando por lá. Louça para ser lavada, camas desarrumadas. Mas não havia ninguém.
- Devem estar em combate ou alguma coisa assim... – Gina falou para si mesma. Estava mergulhada no silêncio. De novo. Sentou-se em uma poltrona perto da lareira apagada. E chorou. Pensou em Tom, pensou no que tinha se tornado sua vida. Tom, seu grande mal, seu grande vício. O que seria dela sem dele? Nada, foi o que pensou a ruiva, respondendo a própria pergunta. Ela seria um grande nada. Precisa dele. Todo dia. Necessitava tê-lo por perto e não podia fazer nada a respeito.
“Só por hoje eu não vou pertencer a você...” Gina pensou, ainda chorando. Ela estava perdida. Perdida e só.
*~*~*~*~*~*~*~
A noite estava estranhamente quente. Tom estava em posição de espera para o confronto final. Ele e sua legião de comensais aguardavam a chegada da Ordem da Fênix. Aquela seria a batalha decisiva e a única coisa que Tom conseguia fazer era pensar em Gina.
“ Como eu posso pensar nela agora?! Sim, eu já me conformei que não terei mais a minha bonequinha favorita. Já sei que ela não vai mais estar me esperando. Eu sabia de tudo isso, e não havia problema nenhum. Ela sempre será minha. Posso tê-la quando quiser... Voldemort! Pare de pensar essas besteiras! Concentre-se. Esse é o fim. É agora, que tudo será decido. Esqueça aquela ruiva. Esqueça.”.
*~*~*~*~*~*~*~
“E não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo só você não viu
Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar a minha dose de você”
Havia anoitecido e Gina ainda estava lá, chorando por toda a angústia que estava sentindo, por todo sofrimento que havia passado ao lado de Tom. Chorava por todas as feridas de seu coração, abertas, escancaradas. Não ia adiantar chorar. Aquilo tudo nunca iria cicatrizar. Alguém ia morrer, seja não tivesse morrido. Gina só não queria que fosse Tom. Tom... que nunca mais voltaria para ela, a quem nunca mais poderia pertencer.
*~*~*~*~*~*~*~
A batalha logo iria começar. Era perceptível que já havia alguns membros da Ordem presentes. Eles estavam escondidos, com a estratégia armada. Tom estava pronto. Os comensais estavam prontos.
Foi dado o grito de início. Luzes, fagulhas, berros, feitiços. A Ordem da Fênix com uma muito bem armada defesa. Os comensais da morte com um ataque muito eficiente. Batalha disputada. Pessoas de ambos os lados morriam. Já eram ouvidas algumas lamúrias, alguns choros.
Harry e Tom não paravam. Feitiços, azarações, maldições. Um acertava o outro. Um feria o outro. Ninguém caia. Tom então foi derrubado, caindo no chão, a varinha afastada. Harry estava lá e então proferiu:
- Eu vou te matar pela Gina e por todos os outros que você matou. – Lampejo. Esquiva. Um jorro de luz verde torto. Uma varinha alcançada. Mais lampejos, mais esquivas. Um outro jorro de luz verde, dessa vez certeiro. E então, um deles finalmente cai, sem vida. E então o outro levanta, anuncia sua vitória. Lágrimas, berros de desespero, execuções, prisões.
Tudo estava acontecendo. O fim tinha chegado. As disputas tinham, provavelmente, acabadas. Seu maior rival estava eliminado. Apesar de tudo isso, a única coisa em que Tom Riddle pensava era em voltar. Em voltar e buscá-la. Em voltar. Em voltar para tê-la. Em voltar para que ela pudesse ser dele. Em voltar, para que ele pudesse ser dela.
“Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar”
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N.A.: Gentee... não culpem a Angel por essa song... ela é só da JuJu_Ka mesmo. =X. Eu não achei que ela ficou muito boa não, mas, devido aos insistentes pedidos e ameças da Angel, eu estou postando esse negócio aqui. Eu iria simplesmente A.M.A.R se você me dissessem o que acharam dessa Song, no que eu tenho que melhorar e etc. Eu adoro escrever, mas não sei se fiz um bom trabalho e conto com vocês pra me dizerem a verdade. Eu sei que o Shipper não é lá muito popular, mais eu achei que daria uma boa história. Como a minha criatividade é meio limitadinha, a song ficou assim. =D
Então é isso aí, comentem, por favor!
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