Sirius Black… conhecida estrel
Capítulo 11 – Sirius Black… conhecida estrela musical?
Terça-feira amanheceu tempestuosa. As folhas das árvores, antes verdes, formavam agora um tapete castanho sobre o relvado dos jardins. O vento soprava forte, parecendo falar com a floresta, em sussurros arrepiantes, como que medindo forças com os pesados ramos das árvores. A chuva turvava levemente a água do lago, acompanhada de pequenas ondas formadas pelos movimentos da lula gigante. As poucas criaturas que se atreviam a sair dos seus aconchegos, rapidamente se recolhiam, com medo do frio e da chuva. Nenhuma vivalma se atrevia a pisar os jardins de Hogwarts.
Dentro do castelo, alunos atrasados para as primeiras horas do dia, corriam apressadamente para o café da manhã. Os mais aplicados, encaminhavam-se lentamente para as aulas e quase todos os professores tinham já abandonado o Salão Principal. Apenas restavam dois: Sirius Black e James Potter. Estes pareciam conversar algo, no mais alto sigilo, enquanto observavam ansiosamente a mesa de Gryffindor. O motivo de tanta ansiedade levantava-se agora da mesa. Harry tinha um ar demasiadamente sonhador.
Na última semana, desde o dia em que tinham chegado os alunos do passado, tudo decorrera normalmente. As brincadeiras dos gémeos, agora aliadas às dos Marotos (com quem se entendiam na perfeição), continuavam a animar a escola. Mas, por algum motivo, Harry tinha feito um grande intervalo nas suas partidas e parecia ter regressado à sua habitual seriedade de antes da batalha com Voldemort. Mas hoje, o seu sorrisinho, definitivamente, tinha deixado os novos professores de pé atrás.
- Achas que ele está a tramar mais alguma brincadeira?
- Sei lá, Sirius. Com ele tudo é possível. Mas pelo menos já tirou aquele ar abatido que já estava a deixar-me preocupado. O que me assusta agora é aquele arzinho de quem anda a chocar alguma ideia maldosa, ainda mais agora que a Lily está insuportável. Nem quero imaginar que ideias é que ela possa ter-lhe dado.
- Insuportável? Estou profundamente chocado! Tu que passavas a vida a arrastar-te por ela e a levar foras, agora dizes que ela está insuportável?
- Também dirias isso se ela te ameaçasse com uma colher de pau cada vez que tentas aproximar-te dela.
- Ah?! Quando é que estiveste com ela? Que eu saiba ela nunca veio cá desde que as aulas começaram. – a expressão de surpresa de Sirius, contrariava totalmente o seu tom de voz malicioso.
- Não te faças inocente, Sirius, porque de inocente não tens nada. Eu bem sei que vais tantas vezes a casa como eu.
- Está bem, está bem… venceste, mas agora eu tenho de ir dar a minha aula do sétimo ano dos Gryffindor. Desde que as nossas versões juvenis chegaram, eu tenho tido trabalho redobrado para controlar aquela turma.
- Tu estás a queixar-te? Eu tenho uma Lily Evans adolescente, que, para além de odiar Transfiguração, não suporta o professor.
Os dois professores levantaram-se da mesa. Ainda com o ar de quem se prepara para ser humilhado na frente de todos, os dois homens seguiram os seus respectivos caminhos. Sirius, com a sua eterna bom disposição, entrou na sala quando esta já estava cheia e com os alunos todos preparados para iniciar a aula. Apesar de ter dito um dia que nenhum Maroto que se prezasse se tornaria professor, dar aulas era algo que aprendera a gostar de fazer. Sabia que não devia ter preferências por alunos e tentava ao máximo ser justo com todos. Mas esta turma, particularmente, era uma das suas preferidas. Não por nela estar o seu afilhado, ou pela presença dos Marotos, agora. Era uma turma unida, com vontade de aprender sempre mais, de fazer o melhor possível. Qual não era o professor que gostava de ver o seu trabalho recompensado?
Saindo dos seus pensamentos, Sirius começou a aula.
- Tendo em conta que já todos conseguem conjurar devidamente o Patronus, vamos mudar hoje de assunto. O tema das próximas aulas será Maldições Imperdoáveis. Eu sei que a turma deste tempo já falou nelas no quarto ano. Não, não se preocupem, a aula não vai ser prática. – acrescentou ao ver os olhares assustados. – Vamos falar na teoria. Além disso, eu nunca conseguiria conjurar uma dessas maldições. Alguém sabe porquê?
Uma mão solitária ergueu-se no ar. Como sempre a de Hermione.
- É necessária uma grande quantidade de raiva, e também um grande desejo de a usar.
- Correcto! Há alguns anos, quando os aurores foram autorizados a usá-las, a maioria não conseguiu conjurá-las. Existem três maldições, Imperius, Cruciatus e Aveda Kedabra. Usar qualquer uma delas, dá passagem imediata para Azkaban. Se bem que não se pode considerar neste momento que esse seja um castigo merecido, não é! Bem que tentaram arranjar algo pior que o Dementores para guardar a prisão… como se isso fosse possível. – uma sombra passou pelo rosto do professor, que foi notada por quase todos os alunos – Mudando de assusto. Sabe-se muito pouco sobre elas. Alguém me sabe dizer algo?
Alguns braços receosos apareceram.
- Senhorita Parvati, fale-me de uma.
- A Maldição Imperius obriga a pessoa que foi atingida por ela, a fazer tudo o que lhe mandam. Foi muito usada no último ano, pelos seguidores do “Quem-nós-sabemos”.
- Exacto. Voldemort usou muitas vezes essa maldição para conseguir mais seguidores – Um estremecimento geral percorreu a sala. Ignorando isso, Sirius prosseguiu – Por causa disso, muito dos que o tinham seguido por vontade própria, alegaram, quando Voldemort caiu, – novo estremecimento – da primeira vez, que tinham sido sujeitos à Maldição. Voldemort… francamente, quando é que vão parar de tremer ao ouvirem este nome? O professor Dumbledore costuma dizer que recear um nome apenas faz aumentar o receio que temos da pessoa. Continuando, existem neste momento pessoas que conseguem resistir-lhe, apesar de serem muito poucas.
Muitas cabeças voltaram-se para Harry, que corou até à raiz dos cabelos.
- Quem me fala de outra? Talvez… - Sirius reparou que a mão de Neville estava no ar – Longbottom?
- A Maldição Cruciatus, a maldição que provoca dor. Quando alguém é atingido por ela, é como se mil facas espetassem o corpo. A dor é indescritível. – Neville falou sem hesitar. Afinal já tinha superado o problema dos pais e ele próprio tinha sofrido na pele a maldição.
- Muito bem. E a última? Senhorita Granger? – mais uma vez, Hermione era a única que tinha o braço no ar.
- É a Maldição da Morte. Quem é atingido por ela, tem a morte imediata.
- Eu diria que é quase verdade… – Completou o professor – Há alguns meses, poderíamos dizer que apenas uma pessoa sobreviveu a ela. Mas neste momento, toda essa ideia foi por água abaixo. Depois do que aconteceu no Ministério da Magia há algumas semanas, uma equipa do Departamento de Mistérios resolveu tentar desvendar os segredos por detrás da maldição. Embora os resultados obtidos até agora não sejam conclusivos, eles chegaram a uma conclusão bastante pertinente.
Nenhum barulho se ouvia na sala, além da voz de Sirius. Aquele era um assunto delicado e motivo de muita curiosidade.
- Essa equipa descobriu que todos aqueles que voltaram à vida tinham sido atingidos por essa maldição. Quer dizer… quase todos… mas o que não se incluem nesse grupo tinham atravessado o véu.
Um dos alunos do passado, que Sirius reconheceu como sendo Joseph Malpet, seu antigo colega de quarto, levantou a mão.
- Professor, o que quer dizer com voltar à vida? Não há nenhuma mágica que consiga fazer reviver os mortos.
Sirius deu um sorriso triunfante. Tinham chegado ao ponto que queria.
- Exactamente, não há. Mas um grupo bastante grande de pessoas atingidas pela maldição da morte, que se acreditava terem morrido, reapareceram vivas no fim de Agosto. Isso levou a equipa do Ministério a uma conclusão: a maldição da morte, não é de facto “da morte”.
- Mas, professor, - Hermione interrompeu olhando com curiosidade para Harry - eu pensei que… eu pensei que isso tivesse sido por causa do poder de Horus, aquele que se diz poder controlar a vida e a morte.
- Isso, senhorita Granger, terá de perguntar ao nosso especialista no assunto.
Harry olhou os dois com uma expressão de quem os iria amaldiçoar por terem puxado esse assunto. Mas, ao sinal do professor, ele começou a falar.
- Eu não deveria falar disto, até porque não sei muito sobre o assunto… ainda. Mas o que eu sei é que quando se diz que o poder de Horus pode trazer os mortos à vida, não quer dizer que se pode trazer todos. Os que atravessaram o véu – Disse olhando para Sirius – ou os que foram atingidos pelo Aveda Kedabra, não morreram completamente… agora não tentem tirar-me mais informações porque eu não digo mais nada!
Sirius sabia que não conseguiria mais informações de Harry. Então resolveu continuar.
- Bem, agora que já conhecem as maldições, vamos à parte mais chata… vamos a um pouco de história…
O resto da aula decorreu rapidamente. Naquelas aulas, parecia que o tempo voava e quando ela acabava, todos tinham uma imensa pena. Faltavam apenas dez minutos para o fim da aula, quando Sirius a deu por encerrada.
- Têm alguma dúvida? Se tiverem é chegado o momento de a esclarecerem.
Durante uns segundos, ninguém se pronunciou. Até que… um tímido braço foi colocado no ar.
- Sim, senhorita Brown?
Lavander corou até às orelhas antes de falar.
- Professor… é verdade… aí… que vergonha… eu não devia perguntar isto…
- Pergunta à vontade… não há mal nenhum em ter dúvidas.
- Professor… é verdade que foi em tempos vocalista de uma banda chamada Hobgoblins?
Alguns alunos, dos quais Harry, Ron, Hermione e Neville, começaram a rir-se em coro, sobre o olhar chocado de Remus, Peter e James, que olhavam do professor para Sirius adolescente, ambos de boca aberta, sem conseguirem dizer uma palavra. O professor, depois de abrir e fechar a boca várias vezes, olhou surpreso para Lavander.
- Não sei de onde tiraram essa ideia, mas já não és o primeiro aluno que me pergunta isso.
- Ah! Eu sei de onde é que ela tirou essa ideia… - desta vez foi Harry quem falou, que parecia estar a divertir-se imenso – Eu li essa história há uns tempos n’ “A voz delirante”. Eu até guardei a revista! – não se sabendo de onde a tirara, Harry sacou de um exemplar da referida revista, enquanto sorria ainda mais e começava a ler – “(…) afirma Doris Purkiss, moradora no n.º 18 de Alcanthia Way, Little Norton, que (…) o que as pessoas não compreendem é que Sirius Black é um nome falso (…). O homem que as pessoas julgam ser Sirius Black é, na verdade, Stubby Boardman, vocalista do popular grupo musical Os Hobgoblins, que se retirou da ribalta depois de ter sido atingido por um pesado relógio de bolso que lhe acertou num ouvido, quando se exibia num concerto na Igreja de Little Norton, há cerca de quinze anos. Ora, Stubby, (…) no dia em questão, encontrava-se a jantar à luz das velas, num encontro romântico comigo. (…)”
Quando Harry terminou de ler, tendo o cuidado de ocultar algumas partes, toda a sala estava em silêncio e o professor parecia estar em estado de choque. Saindo do torpor em que se encontrava, ele piscou os olhos e falou:
- Acho que o Sr. Potter gosta de apanhar detenções…
- Se fosse a si, eu não faria isso, professor, ou esta revista pode ir, “acidentalmente”, parar ao meu correio para a minha madrinha. – A expressão de Harry não podia ser mais vitoriosa.
Sirius não queria acreditar no que ouvia. O afilhado conseguiu ir mais longe do que qualquer Maroto e deixou-o sem resposta. Mais… ele conseguiu deixar mal um professor e ainda arranjar maneira de se livrar de uma detenção. Agora ele sabia o porquê daquele ar sonhador, nessa manhã. Devia ter desconfiado.
******************
Mais tarde, em Grimmauld Place, Lily lia para Marlene uma carta de Harry, enquanto esta apertava com força a barriga que começava a doer-lhe de tanto rir.
- “Havias de ter visto, mãe. A cara do Sirius, quando eu lhe disse que a revista podia ir parar acidentalmente ao correio para a minha madrinha… eu nunca o vi tão embasbacado. Realmente, foi a melhor ideia que me deram.” – Lily acabou de ler a carta e depois dobrou-a de novo – Eu adorava ser uma mosquinha para ter visto esta cena. Foi a melhor ideia que tiveste até hoje, Marlene.
- Se o Sirius descobre que fui eu que planeei isso?! Mas eu não aguentei quando vi aquela revista. Imagina… o Sirius… vocalista de uma banda… ele canta horrivelmente mal!
- Ainda bem que o Harry aderiu bem à ideia de tramar os dois mais recentes professores. Agora eles sentem na pele tudo o que nós sentimos. O James anda a ficar desesperado…
- Também não é para mais. O pobrezinho é corrido de volta para Hogwarts cada vez que aparece aqui! O que é que te aconteceu, Lily? Nem pareces tu…
- Vingança é um prato que se serve frio, minha cara Marlene.
Lily disse isso com um ar tão sério, que, mal acabou de o dizer, as duas amigas recomeçaram a rir-se.
Era bom não ser a vítima, para variar.
***********************
A noite estava escura, sem luar. As sombras assombravam a mansão imponente, porém abandonada. Perto dela, um cemitério criava um cenário de filme de terror, reforçado pela chuva forte e fria e pelo som de relâmpagos que caíam de quando em quando. Ninguém ousava aproximar-se do local, desde que, há alguns anos, o velho guarda da casa aparecera morto. Ninguém sabia ao certo o que acontecera, mas todos diziam que a casa era amaldiçoada e que, todos o que nela viviam, um dia acabavam por ter uma morte misteriosa. Uma coisa era certa, a mansão Riddle não era o que se podia chamar de um lugar seguro.
Nas sombras da noite, uma figura solitária aproximava-se das portas do cemitério. Não era possível ver a sua cara, pois esta estava tapado por uma máscara aterradora. Porém, era possível ver que se tratava de alguém baixo e gordo. Apesar da escuridão, no seu braço nu era possível avistar uma tatuagem em forma de caveira, com uma serpente que saía da boca. Era a Marca Negra.
Um estalido cortou o ar da noite. Uma nova figura, mais alta e muito mais magra do que a primeira, apareceu ao seu lado.
- Ninguém te seguiu? – falou o recém-chegado.
- Não… faz muito tempo que perderam o meu rasto. Nem o faro do Black me pode apanhar agora.
- Eu não teria tanta certeza. Eu soube que o Potter derrotou o Senhor da Trevas com bastante facilidade. Temos de ter cuidado com ele. Ainda mais agora que tem o apoio do pai e de Dumbledore.
- E sobre o que tu me falaste? Tens a certeza de que vai resultar?
- Estás a duvidar das minhas capacidades de Devorador da Morte? Que eu saiba, o imbecil aqui és tu…
- Então quando é que vamos fazê-lo?
- No início do próximo ano. Ainda há muito a fazer antes. Até lá, vê se tentas não ser apanhado. Mesmo que sejas um inútil, são precisas duas pessoas para cumprir o ritual.
- Não te preocupes, se há coisa que eu sei fazer, melhor do que ninguém, é esconder-me.
- Está bem está. Mas agora vamos desaparecer daqui, antes que alguém nos veja.
Sem sequer se despedirem, os dois viraram costas um ao outro e seguiram, cada um, o seu caminho. O mais baixo, desapareceu nas sombras. O outro apenas se desmaterializou.
O ar estava pesado. Parecia que até a Natureza sentia o que tinha acontecido. Algo de muito grave estava a chegar.
Nota da Autora: Tal como prometi... NOVO CAPÍTULO NO AR!!! Mas ninguém... ou quase ninguém... está a cumprir a sua parte, que é a de comentar. Eu sei que já estão fartos de ler sempre a mesma coisa, mas eu gosto tanto quando vejo um novo comentário (Guida Potter acaba de fazer uma cara de menina que perdeu a sua boneca preferida).
Quanto à menina Lightmagid... Não sei do que te queixas... eu conto-te tudo o que vou escrever... TU É QUE NÃO ME DIZES NADA SOBRE OS NOSSOS QUERIDOS MAGIDS... MALVADA!!!! E tu bem sabes que eu não escrevo nada de jeito quando a minha imaginação falha. Pensas que eu sou como tu, um poço sem fundo de imaginação? Estou a brincar... eu vou tentar escrever nos próximos dias...
Eu espero que ninguém me mate pelo que eu ando a fazer com o James e com o Sirius (pobrezinhos!) mas é que fica irresistível brincar um pouco com personagens que eu gosto tanto. Quanto à brincadeira do Harry, foi retirada do livro "Harry Potter e a Ordem da Fénix. Era o artigo "Sirius Black: culpado ou inocente" publicada n' "A voz delirante" ou Pasquim, como prefirem.
Se me prometerem que comentam, eu prometo que me puxo pela imaginação, nem que seja à força.
Um grande beijo, Guida Potter.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!