As Três Visitantes

As Três Visitantes



Harry e o Conde andaram por longos e sombrios corredores, onde pinturas, estátuas e tapeçarias horrendas, tantavam enfeitar o local. A maioria parecia retratar demônios e as mortes mais terrívies, e decididamente tinham muito sangue.
Harry duas vezes quase se perdeu, ao ficar examinando-as de perto, sem ver que o Conde virara em um corredor. Depois de algum tempo andando, e a chuva aumentando, o Conde parou em frente à uma porta grande de madeira.
_Estes serão seus aposentos. Sinta-se a vontade aí dentro, mas não atravesse essas portas depois do anoitecer. O café da manhã é servido às 8:00, o almoço 12:00, na sala de jantar que lhe apontei, 2 andares abaixo.
_Certo.- Harry murmurou para mostrar que entendera.
_O jantar será servido às 7:00, em seu quarto. Como disse, não saia daí depois do anoitecer, sem minha companhia. Nem se disserem que foram ordens minhas. - Harry continuou calado, estranhando cada vez mais aquele lugar, e aquele Conde. Então, este continuou.- Só mais uma coisa. Não se espante, se não me vir freqüentemente. Tem alguma coisa que queira perguntar?
_Não senhor.
_Ótimo. Espero que tenha uma boa noite.- e o Conde se virou e saiu.
Harry levantou as sombrancelhas espantado. Resolvendo não desobedecer as ordens, entrou e rapidamente se trancou em seu quarto. Olhou em volta.
Era muito grande. Na verdade não estava em um quarto, conforme acreditara. Estava em uma sala enorme, e mais clara, com tapetes no chão, e móveis antigos de ébano. Harry ficou feliz ao constatar, que ali não havia nenhuma pintura, escultura ou tapeçaria, como as que observara na caminhada. Havia duas portas na sala, que davam em aposentos igualmente grandes, um enorme quarto com uma cama de reposteiros, e um banheiro, com uma maravilhosa banheira de louça.
Olhando mais atentamente, viu que em cima da mesa de ébano da sala, havia uma bandeija, com um leitão assado, frutas e castanhas. Como estava morrendo de fora, deixou as malas de qualquer jeito no quarto, e sentou-se para comer.
Após estar mais que satisfeito, pôs sua roupa de dormir e afundou na gigantesca e confórtavel cama de penas. Tirou os óculos, e deitou bem confortável, e cheio de sono. Nem se deu ao trabalho de apagar as velas.
***
Harry estava em um sono leve, e de repente acordou, com a impressão que havia alguém em seu quarto. Olhando em volta, viu que de fato havia. Mas, como ela havia entrado lá, se ele tinha trancado a porta?
_Meninas.- a mulher de olhos puxados e longos, negros, e lisos cabelos chamou.- Acho que o encontrei.
Harry viu a porta que dava na sala se abrir, e mais duas mulheres entrarem com um sorriso muito maroto. Uma usava uma linda e apertada trança, com fios de ouro, e a outra tinha estranhos olhos arregalados, como se estivesse muito espantada, mas o resto de seu rosto não demonstrava isso.
Harry também reparou, que elas usavam pouca roupa, e eram realmente muito bonitas.
_Sim, você o achou, Cho! Finalmente.- a da trança respondeu sem tirar os olhos, desejosos, de Harry, batendo palminhas.
_O mestre disse para não fazermos nada.- a dos olhos estranhos respondeu, numa voz meio sonhadora e entediada.
_Não vamos fazer nada com ele, Luna. Só conhece-lo melhor, não é Cho?- a da trança ficou de quatro em cima da cama de Harry, e começou a engatinhar em sua direção.
O rapaz estava tão espantado, que tudo que pode fazer, foi por seus óculos, e ficar com um enorme frio na barriga. Afinal, haviam três mulheres lindissímas e semi-nuas em seu quarto, sem o menor constrangimento ou explicação.
_É sim.- Cho concordou, ficando de quatro na cama dele também, e começar a avançar, passando a língua nos lábios.
_Lá vão vocês de novo. Lembra do que aconteceu com os homem dos cavalos?- Luna reclamou, cruzando os braços.
Imediatamente as outras duas pararam. Por um segundo, Harry achou que as três fossem brigar, mas então, Cho irrompeu em lágrimas. A morena da trança encarou Luna furiosa e foi abraçar Cho.
_Desculpe Cho. Eu sei que eu não devia, que você queria ele. Mas, foi mais forte que eu.
_Mas... você devia ter deixado um pouquinho... pra mim, Parvati!- Cho falou entre soluços.
_Muito obrigada, Luna.- Parvati olhou mais uma vez para Luna, com desmentida raiva e ironia.
Luna simplesmente revirou os olhos, e sentou-se ao lado de Harry, que de boca aberta, só olhava.
_Então você é o novo contador?- ela perguntou cordialmente, como se não houvesse nada de errado. Harry concordou com a cabeça. Então Luna se virou para as outras duas.- Ele é bem fraquinho, não é? Se fizermos algo, provavelmente ele vai morrer.
Cho parou imediatamente de chorar, e olhou Harry maliciosamente.
_Ele deve ser mais forte do que aparenta. E só um poquinho, não mata ninguém.
Ela e Parvati recomeçaram a andar na direção de Harry, com desejo e malícia. Luna apenas revirou os olhos, e começou a passar a mão na nuca de Harry. Esse sentiu como se um choque passasse por todo seu corpo. Então, Cho e Parvati e alcançaram, suas mãos frias entrando por dentro de sua blusa.
Harry sentou um novo tremor, quando duas delas, não sabia quais, começaram lambe-lo na garaganta. Então, sentiu Luna se afastar, batendo levemente na cômoda, tamanha pressa de sair.
_Onde você arranjou essa cruz?- ela perguntou, realmente assustada. As outras duas o largaram rapidamente também.
Harry ficou espantado, e ligeiramente desapontado pela interrupção, então demorou um pouco para entender o que ela quisera dizer.
_O quê? Ah, a cruz.- e endiretou os óculos no nariz.- Ganhei, ou melhor, comprei de uma velha esquisita do povoado. Mas, por que vocês...
Mas antes que ele acabasse de falar, a porta mais uma vez se abriu. Mas, não eram mais garotas, como Harry esperava. Era o Conde. As três mulheres rapidamente se encolheram num canto, Parvati e Cho, decedidamente, apavoradas.
_O que estão fazendo aqui?!- O Conde exclamou, bravo. Nenhuma se atreveu a falar, mas Cho começou a chorar baixinho e Parvati a tremer.- Eu não mandei vocês ficarem longe daqui? Sabem como fico aborrecido quando me desobedecem!
Harry ficou sério, e com muito medo. Ser encontrado no quarto com 3 mulheres desconhecidas, provavelmente parentes do chefe, não era nada bom. Engoliu em seco.
_Desculpe, mestre.- as três murmuraram, abaixando a cabeça.
O Conde suspirou, para tentar se acalmar.
_Lembram o que aconteceu com o guardador de cavalos?- ao ouvir isso Cho explodiu em lágrimas.- Eu não quero que isso se repita! Estão ouvindo? Não podemos nos dar ao luxo de perder outro contador. Eu quero as três lá fora, agora!
As três ainda de cabeças baixas, ergueram as mãos e fecharam os olhos, então pararam ao ver que Harry estava ali. Olharam para o Conde, que lhes oferecia a porta, parecendo mais zangado, e saíram muito quietas. Só Cho sussurrou algo ao sair, mas Harry não ouviu. No entento, entendeu que era sobre a cruz que falavam, já que o Conde o olhou no pescoço.
_Desculpe-me pelo comportamento das meninas.- o Conde falou a Harry, quando as três se foram.- Às vezes elas me desobedecem, sou muito mole com elas.
_Sem problemas.- Harry respondeu aliviado, ao ver que o Conde não parecia bravo com ele.
_Ótimo. Então eu... acho que derrubou algo senhor Potter.
Harry olhou para onde o Conde apontava. Seu caderno caíra com o tranco de Luna, e a foto de Hermione, saíra voando para perto da parede da esquerda. Harry se levantou e pegou o caderno, consciente de o Conde o olhava. Mas, quando ia pegar a foto, ouviu passos, e viu que o ruivo estava ao seu lado.
O Conde parecia mais branco que o normal, seus olhos se arregalaram e sua boca tremia. As mão estavam apertadas, os nós dos dedos brancos.
_Onde conseguiu isso?- perguntou se virando para Harry, que ficando com muito medo mesmo, respondeu.
_É uma foto de minha noiva.
_Sua noiva? - o Conde mostrava tamanha incredulidade, que Harry ficou curioso, mas não se atreveu a perguntar qualquer coisa. O Conde encarando a foto, com intença doçura e dor.- Qual é o nome dela?
_Hermione.- Harry respondeu, e o Conde pareceu mais supreso.
Harry reparou que a mão dele tremeu, como se quisesse pegar a foto, então de repente ele parou. Parecia quase normal de novo.
_Muito bonita ela. Fez uma excelente escolha.
_Obrigado.
Então o Conde se virou e saiu. Mas, no corredor, longe dos olhos de Harry, teve que se sentar. Suas pernas estavam bambas e um sorriso, o primeiro em muito, muito tempo, começou a se formar em seus lábios.
_Hermione...- murmurou, uma lágrima escorrendo.- Você voltou!

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