New York
-Orion! – Exclamou Cygnus entrando de rompante no escritório da mansão Black.
-Sim?! – Questiona muito calmamente o homem sentado numa poltrona, sem levantar os olhos do Profeta Diário.
-Lê! – Ordena autoritário o outro, pondo-lhe um pergaminho mesmo por baixo dos olhos.
O homem pega no pergaminho, e ao visualizar a caligrafia, um arrepio gelado percorre-lhe toda a espinha dorsal – Não me digas que...
-Lê a carta!!! – Ordenou novamente, ao que Orion endireitou os seus óculos e começou a ler rapidamente a misteriosa carta.
Quando termina, olha verdadeiramente confuso para o cunhado – Tens a certeza que é dele?!
-Está aí a marca por baixo! Esse selo é inconfundível! – Explica nervosamente Cygnus – O que fazemos?!
-Isto é muito estranho...o que pode ele querer assim de repente, sem sequer mencionar aquilo?
-Não sei...mas não vejo o que mais possa acontecer...poderia ser muito pior – Comenta pensativo Cygnus.
-Mesmo que pudesse acontecer mais alguma coisa, somos obrigados a ir!
-Então temos que avisar todos...
Orion levanta-se pesadamente da poltrona, entregando o pergaminho a Cygnus – Isto não vai dar bom resultado...mas não temos outra escolha.
*
Entrou no elevador, e este começou a subir lentamente. Só poderia receber más noticias...era um pressentimento. O nervosismo começava a apoderar-se de todas as partes do seu corpo. As portas abriram-se, dando passagem ao corredor luminoso, onde dezenas de pessoas andavam apressadamente. Caminhou seguindo a direcção que já tão bem conhecia. Bateu à porta e esperou ansiosamente a resposta que não tardou em chegar: - Entre! – Exclamou uma voz grave e rouca.
Entrou no escritório modernamente mobilado. A secretária era tudo o que os separava.
-Tenho noticias. – Informou calmamente o homem, sentado na confortável cadeira, virado para as enormes janelas, por onde se avistava toda a magnifica cidade.
Não lhe conseguia ver a cara...estava de costas para ele. Continuou calado à espera da continuação.
-Já confirmaram...estão cá dentro de 24 horas.
Sabia que os seus pressentimentos não o poderiam enganar. Sabia que muita coisa poderia acontecer agora...não tinha forças para falar...estava mais branco que a neve que caía lá fora. Os seus piores receios estavam a meras horas de se tornar realidade...e a única coisa que estava autorizado a fazer era a seguir as ordens. – E ele...?
-Ele não desconfia de nada...Já sabes o que tens a fazer! – Constatou o homem da voz rouca, sem nunca se virar – Agora vai!
*
-Ouvi dizer que havia aqui uma reunião familiar!!! – Exclama Sirius brincalhão entrando na sala de estar, deparando-se com todos os membros da família.
Walburga lança-lhe um olhar acusador – Senta-te! – Ordena ela.
-O que se passa? – Questiona Bellatrix em tom superior.
-Vamos para Nova Iorque. – Comunica Cygnus, engolindo em seco, e detendo o olhar em Bellatrix por uma fracção de segundo.
Tudo escuro...era o que ela via...ouvia ao fundo os gritinhos entusiasmados das irmãs, da mãe e da tia. De repente imagens começaram a apoderar-se da sua mente...lembranças...o sentimento de desamparo estava de volta. Como era possível ter que lá voltar...não queria...não podia...era demasiado doloroso. De volta à realidade olhou para o pai disfarçando perfeitamente a raiva e mágoa.
Como que adivinhando a pergunta que Bellatrix faria, Cygnus adiantou-se e informou acerca dos pormenores: - Partimos esta noite, e ficamos lá três semanas. Vão faltar à escola durante uns dias mas já tratamos de tudo com o Dumbledore. E temos que ir todos!
Bellatrix respira fundo, mas não adianta muito pois o nó que sentia na garganta mal deixava o ar passar. Sentia como se estivesse a desfalecer...mas não podia...sempre tinha sido forte, não era agora que se deixaria ir abaixo. Reunindo toda a força que tinha, levanta-se do confortável sofá onde tinha estado sentada – Vou fazer as malas então.
Sirius, que não se tinha pronunciado até então, bem reparou que Bella não tinha ficado satisfeita com a noticia...Nova Iorque...a culpada de tudo...a responsável por tudo...
*
A noite tinha chegado com uma rapidez surpreendente. Já era uma da manhã, mas tinham-lhe dito que partiriam tarde.Bellatrix tinha passado a tarde fechada no seu quarto. A mala estava feita, e requintadamente pousada ao pé da porta. Bella estava sentada na poltrona negra ao pé da janela, a observar o luar...a noite é boa conselheira? Para ela era uma boa amiga...O que mais temia naquele momento acabou por se realizar.
-Bellatrix! Estamos à tua espera! – Berrou Druella do outro lado da porta.
Estava na hora...pôs as luvas azuis e enrolou o cachecol da mesma cor em torno do fino pescoço. As pernas fraquejaram quando tentou andar...não tinha forças para enfrentar aquilo...os olhos marejaram...não podia ser assim! Limpou os olhos antes de qualquer lágrima rolar pelo rosto alvo. ‘Blacks não choram! ‘ Respirando fundo, ganhou forças... ‘És uma Black, Bellatrix...não podes fraquejar! Agora não há lugar para o medo...Nova Iorque espera por ti...outra vez! E desta vez...vai ser diferente!!!’, disse para si própria, pegando na mala e saindo do quarto.
Desceu rapidamente...quando mais rápido aquela tortura acabasse melhor. Quando chegou à sala deparou-se com todos á volta de uma pequena medalha.
-Vamos através de chave de portal. Agora põe-te aqui que temos que nos despachar. – Ordena Druella rudemente.
Bellatrix simplesmente põe-se ao pé do outros, e quando põe a mão no medalhão sente a mão quente de Sirius sobre a sua fria e gélida...de algum modo sentiu-se protegida, e isso fez-lhe muita confusão...não percebia o porquê daquele sentimento de protecção inesperado, mas já estava preocupada demais com outras coisas.
*
Tinham chegado a um escritório, onde tinham sido encaminhados para o Hotel Plaza. Tinham demorado meia hora no escritório, pelo que em Londres eram 1 e 30 da manhã, ou seja, em Nova Iorque 8 e 30 da noite. Numa limusina, dirigiam-se todos muito calmos, pela 5th Avenue. Todos os cinco jovens se mantinham calados, mas todos eles com dezenas de interrogações. Que escritório era aquele? Porque estavam a ir numa limusina? Porque iam para o Hotel Plaza? Porque é que de cada vez que um deles tentava saber alguma coisa o assunto era mudado? Não compreendiam, nem tinham como compreender.
O motorista tinha estacionado a limusina entre a 5th Avenue e a 59th Street. Saíram todos do luxuoso carro, e o que viram foi de cortar a respiração.
A Big Apple, no seu belo esplendor. Arranha-céus erguiam-se a rasgarem o céu nocturno que cobria Nova Iorque, fazendo tudo a sua volta sentir-se pequeno e insignificante...a luminosidade ofuscante que dava brilho a imensidão dos prédios altíssimos, aos muitos cartazes espalhados, e a tudo o que se via naquela cidade...apenas provava que a cidade estava viva...provava que realmente estavam na cidade que nunca dorme! O brilho, o glamour, o movimento...tudo...respirava-se vida naquele lugar......era simplesmente um mundo à parte... era simplesmente New York...quem a visse sentia-se poderoso...dono de tudo, no topo do mundo!
-Mas...o que é...isto?! – Conseguiu por fim balbuciar Sirius, enquanto continuavam os cinco jovens especados a olhar para a beleza que se erguia diante deles, e os adultos tratavam da estadia e da bagagem no hotel.
-Isto...é Nova Iorque! – Exclamou Bellatrix hipnotizada, com um brilho doentio no olhar. Era verdade que Nova Iorque não lhe trazia propriamente boas recordações...mas ao ver aquilo toda a tristeza é substituída por euforia...tinha-se mentalizado...o que aconteceu é passado, acabou! Agora estava em Nova Iorque e ia aproveitar...pensava ela...
-Tu nunca tinhas falado de Nova Iorque Bella... – Começou Andy nunca tirando os olhos dos gigantes que se erguiam imponentes pelos céus.
-Bom...agora já cá estão e podem ver com os vossos próprios olhos, que é real! – Exclamou com ar superior.
Os dois mais novos nem conseguiam falar devido ao choque.
-É real e bem real... – Continuou Sirius com os olhos esbugalhados – Isto é lindo...é maravilhoso...perfeito...é simplesmente...
-New York! – Concluiu brilhantemente Bellatrix com a luz da cidade reflectida nos seus olhos.
*
Toc Toc...
-Entra! – Ordena com a sua grave voz.
O vulto entrou no familiar e sombrio escritório. Como sempre, a origem de tudo estava sentado na sua cadeira, de costas voltadas para a porta, e de frente para as enormes janelas. A angustia voltou, como de todas as vezes que se encontrava diante dele!
-Se quiseres podes sentar-te! – Exclamou imponente, como quem nunca se abala.
A pessoa mal tinha forças para responder, quanto mais para se mexer.
-Como queiras. – Disse o homem entediado – Eles já chegaram!
E pronto...o mundo desabou sobre si...sabia que iria ouvir aquilo...mas no momento tudo para...tudo se desmorona...tudo acaba... -Então agora... – Conseguiu pronunciar-se com a voz rouca.
-Agora já sabes o que tens que fazer não sabes? Chegaram à pouco e já estiveram cá...está tudo a correr como previsto, portanto tens missão facilitada. Se falhares sabes o que acontece...e tu não queres isso portanto leva isto até ao fim! Pela tua própria vida...não te atrevas a fraquejar como da última vez!
-Sim...mas tem que ser...
-Como da outra vez? Já disse que sim...eu nunca desisto...e se eu disse que me vingaria então vou vingar-me...até juros eu vou cobrar!!
Engoliu em seco...teria que passar por tudo outra vez, e só o fim lhe dava forças para isso. A vingança...conseguiria o que queria nem que fosse até às ultimas consequências!
-Estás pronto para começar...agora vai! – Ordenou autoritário, sem nunca dar a cara.
*
Sirius tinha ficado num andar cimeiro. Tinha uma vista magnífica sobre o Central Park. Estava a começar a nevar...coisa que só dava mais esplendor à cidade. Continuava chocado com a grandiosidade de Nova Iorque...dito e visto são coisas completamente diferentes...
Deixando agora a cidade, concentrou-se no seu quarto. Não estava nada mau...alias estava muito bom. Era um quarto luxuoso, com uma casa de banho enorme também luxuosa. O quarto quente contrastava com a temperatura que se sentia lá fora. Tinha uma cama ao pé da parede, com um finíssimo edredão de cor vermelho escuro, com bastantes almofadas lá espalhadas, dando uma visão de conforto. Dispunha ainda de um roupeiro de três portas, uma secretária, uma mesa-de-cabeceira ao pé da cama, uma pequena estante com alguns livros e uma televisão (N/A: Se o Plaza é um hotel Muggle é normal que tenha televisão e outro tipo de aparelhos), e ainda duas poltronas perto da lareira que também existia no quarto. Ao que parecia teria umas férias para nunca esquecer. Deixou o malão ao pé do roupeiro e voltou para perto da janela.
Continuou a contemplar o Central Park...aquela natureza toda no meio da cidade...era a calma no meio da barafunda. Como era Inverno, as arvores apenas mostravam os seus ramos cobertos pela neve, tal como todo o piso. As luzes reflectiam-se no pequeno lago, que parecia ser feito de gelo.
-Mas para quê estar a ver da janela se posso ir lá abaixo? – Questionou-se Sirius – Andy! – Lembrou-se com um sorriso de satisfação, abandonando o quarto.
Tinham ficado todos no mesmo andar. A prima tinha-lhe dito que estaria no quarto ao lado do seu. Bateu à porta e ninguém a vinha abrir. Ouviu o ruído da água e calculou que a prima estivesse a tomar banho. Resolveu entrar no quarto, pois sabia que não havia ninguém desconhecido naquele andar. O quarto era praticamente igual ao seu. Sentou-se numa poltrona à espera que ela saísse da casa de banho. Até que reparou nas malas organizadamente pousadas perto da cama. ‘Estas malas não são as da Andy!’, pensou sobressaltado levantando-se. ‘Mas de quem são? ‘...rapidamente obteve a resposta. Em cima da secretária estavam as luvas dela...eram inconfundíveis, eram exclusivamente dela, mais ninguém as tinha. O melhor era sair dali. Já não se ouvia o ruído da água. Ela já tinha acabado de tomar banho. Devia estar prestes a sair. Rapidamente saiu do quarto, fazendo o menor ruído possível. A porta da casa de banho abriu-se, mesmo a tempo dela ouvir o clique da porta do quarto.
-Eu sei que estiveste aqui Sirius... – Disse Bellatrix para si – O teu perfume não é propriamente de passar despercebido...a questão é...o que vieste cá fazer?! – Questiona para o ar.
*
Quando finalmente dera com o quarto de Andy, o que tinha demorado no mínimo uns 15 minutos, desceram os dois às risadas.
-O Central Park deve estar um máximo! – Especulava feliz Andromeda.
-Vais levar com tanta bola de neve que vais ficar mais branca do que se fosses lavada com Neoblank! – Exclama Sirius gargalhando da própria piada, mas ao ver que a prima não se ri diz – Ok ok...não tão branca!
-Vamos ver quem vai levar com neve... – Diz Andromeda mais para si do que para o primo.
Bem agasalhados, preparavam-se para sair, quando ouvem a voz grave de Orion – Meninos! Venham cá!...Cheguem aqui rápido! Já vos deixo sair mas primeiro venham cá! – Exclama insistentemente o homem.
Pronto...toda a alegria tinha-se dissipado como fumo. Lentamente pararam, e dirigiram-se ao homem.
-Quero apresentar-vos uma pessoa. Filho de um grande amigo meu... – Bramiu na sua voz grave, no entanto sendo interrompido.
Ouviu-se um grito de alegria das escadas e todos se viraram para ver o que se passava. Bellatrix descia as escadas a correr com uma expressão de felicidade, coisa rara diga-se de passagem. Os seus cabelos negros voavam enquanto ela corria, mas ninguém estava a perceber o motivo da euforia. Ninguém, excepto uma pessoa.
-Dylan!!!!! – Exclama a rapariga com felicidade estampada no rosto, correndo para o rapaz que estava ao pé do seu tio, dando-lhe um abraço...coisa rara em Bellatrix, que era a fria e a calculista.
N/A: Ola!!! Bem mais um capitulo e sem muito a dizer...apenas que gostei de escrever este capitulo =P E pronto...o mistério vai começando...quem são os dois homens do escritório...o que dizia a carta...quem é este Dylan!? =) É só comentarem que hão-de saber... Obrigada a quem continua a ler e a comentar a fic =D É verdade...batota é uma especie de trapaça...não cumprir as regras do jogo. Espero ter esclarecido!
*Peace*
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