Pureza e Honra
Na manhã seguinte todos no Ministério da Magia repararam no leve sorriso que não deixava os lábios, da promissora estagiária Hermione Granger. Ela que sempre fora séria, mandona, metida a sabe-tudo, e que sempre ultrapassava o horário de meio período de trabalho, cantarolava ao tomar chá. As pessoas da sessão receberam sorrisos, cumprimentos e até elogios. E não havia uma só pessoa que não quisesse agradecer sua alma, a quem quer que seja que havia realisado tal transformação.
Elas tinham também, uma certa opinião de quem seria essa pessoa, e pela primeira vez, Rony se sentiu realmente querido no Ministério, quando foi buscar Hermione para um almoço.
_O que está acontecendo?- ele perguntou a Hermione, sorrindo e acenando para o pessoal que lhe cumprimentava. - Eu estou com um papel escrito idiota grudado nas costas?
_Não, Rony.- Hermione suspirou sorrindo, e apanhando uma pilha de papéis que alguém derrubara, e estendendo de volta para a pessoa.- O pessoal daqui é muito atencioso.
Aquele foi um dia de paz no Ministério, e de incrível felicidade para Hermione. Ela descobrira, definitivamente que ela e Rony deviam continuar juntos, pois se amavam eternamente. Nem um traje de freira ou um de cavaleiro pudera mante-los separados, ou uma guerra no mundo mágivo.
Mas, nem toda aquela felicidade pode mate-la longe da biblioteca do Ministério, estudando para os testes que estavam se aproximando. A pilha de livros já estava quase no fim, apenas precisava examinar mais dois volumes de lei, quando sentiu uma repentina tontura.
Colocou a mão sobre os olhos, tentando fazer o mundo parar de girar. O que estaria acontecendo? Estaria ela doente? Lembrou-se da nova invenção de Fred e Jorge, mas não podia ser! O ministério não aprovaria nada que fizesse a pessoa sair desmaiando por aí, sem mais nem menos. Além do mais, ela já havia descoberto o que precisava, ela e Rony ficaram juntos, então qual era o problema?
Tentou se levantar para pedir ajuda, mas a mesa da bibliotecária ficava muito longe. Ela sentiu suas pernas cederem e caiu no chão. A luz da lamparina, acesa em cima da mesa, ia perdendo rapidamente o brilho, e tudo que ela podia ver eram formas de estantes de livros e as pernas da mesa, antes de desmaiar.
XXX
Hermione andava apressada por entre corredores de pedra, seguindo a forma de uma freira um pouco a frente. Pelas janelas fechadas com grossos pedaços de madeira, ela podia ouvir o assobio do vento e sentir as pesadas gotas de chuva que conseguiam entrar pelas frestas. O mundo do lado de fora do monastério parecia estar se despedaçando, não apenas pela chuva forte, mas pela guerra não muito distante.
Era por isso mesmo que estava ali. Quem guardava os conhecimentos e as práticas médicas, eram a Igreja e seus representantes. Os livros eram probidos para qualquer outros que não fossem padres ou freiras. Com a volta dos cavaleiros templários ao monastério, o número de feridos precisando de socorro aumentava. Tudo por causa de uma guerra.
_Ele foi ferido gravemente.- a freira a sua frente lhe explicava, se aproximando de uma porta.- A espada estava envenenada, ele delira à dias.
_E por que eu irei cuidar dele, então irmã? - Hermione perguntou surpresa.- Não seria melhor uma freira mais experiente?
_Não acreditamos que ele vá sobreviver.- a outra freira suspirou.- Por ser novata, você pode dar mais consolo espiritual do que cuidados médicos, e é exatemente disso que ele precisa, alguém a seu lado para rezar por ele, na hora de sua morte.
_Bem dito, irmã.- Hermione assentiu tristemente, e repirando fundo entrou no quarto seguindo a outra freira.
Foi quando entrou, e olhou o rosto do cavaleiro pálido, iluminado fracamente pela luz de uma vela, que seus olhos se encheram imediatamente de lágrimas e uma angústia assustadora encheu seu peito. Ela teve que se apoiar na cama para não cair, quando viu o rosto do cavaleiro ruivo, que vira poucos dias atrás, ao chegar no monastério. Ele murmurava coisas incoerentes, uma atadura envolta em seu peito, manchada de sangue.
_Cuide bem dele, enquanto ainda lhe resta algum tempo.- a freira suspirou com pena.- É tudo o que podemos lhe oferecer.
Ao ouvir as palavras Hermione sentiu algo mais do que angústia e medo por ele. Era coragem!
_Veremos.- Hermione sussurou, resolvida a salvar a vida do ruivo.
Havia dias que ela cuidava dele. Havia pesquisado toda a biblioteca do monastério, mal dormia ou comia. Suas olheiras denunciavam seu cansaço, mas ela não desistia. Cada dia era uma vitória, e ele se recuperava rapidamente com uma força interior incrível. Ela ficara tão desesperada que recorrera à seção proibida da biblioteca uma noite. Ali haviam livros de magia proibidos pela Igreja, inclusiva a seus integrantes. Mas, ela conseguira fazer uma longa pesquisa sobre venenos, e descobrira um certo talento para a coisa. A poção que preparara estava cicatrizando o ferimento envenenado, e devolvendo o sangue e a cor do pobre cavaleiro templário. Todos no monastério a estavam considerando uma santa por aquela cura milagrosa, e apesar da culpa que sentia, continuava só para vê-lo melhor a cada dia. Não sabia direito porque, mas a vida dele era o que mais importava para ela naquele momento.
Uma noite muito fria, quando a febre dele voltara, Hermione andava desesperada de uma lado para o outro fazendo compressas frias em sua testa, rezando para que ele melhorasse. O ferimento estava quase totalmente cicatrizado, ele não estava perdendo mais sangue, então o que havia de errado? De repente, sentiu sua mão sobre o peito dele pular. Quando ergueu a cabeça viu que ele respirava com força, os olhos azuis abertos. Ele então a olhou, e ela sentiu como se um raio tivesse a atingido. Hermione pulou para longe com o susto, mas os olhos dele pareceram brilhar de felicidade.
_A freirinha!- ele murmurou feliz, parecendo falar consigo mesmo.- Morri e meu anjo tomou sua forma para me levar em paz, pois jurei não morrer até voltar a vê-la.
_Você não morreu, eu o salvei.- ela respondeu trêmula, se aproximando dele.
_Você fala? Que bela voz. - ele sorriu.
Ela se aproximou dele, seu peito se enchendo de alegria. Ele estava bem, estava vivo! Com uma mão trêmula tocou sua testa, a febre havia sumido. Ela soltou a respiração aliviada, ele ficaria bem.
_Você parece cansada.- ele murmurou preocupado, vendo-a de perto.
_Você me deu um pouco de trabalho.- ela sorriu.- Mas, ficará bem.
_Por que fez isso por mim?- ele perguntou segurando a mão dela com delicadesa, mas também com firmesa.
_Eu... eu teria feito por qualquer um que precisasse.- ela sussurrou assustada, querendo se afastar, mas suas pernas não a obedeciam.
_Então, você vai embora amanhã?- ele perguntou, e ela jurava poder ouvir um certo tom de mágoa.- Vai me deixar para cuidar de outro? Preferia continuar doente a perde-la assim.
_Posso ficar se você quiser.- ela afirmou sem saber porquê, com um fio de voz. Mesmo sabendo que era proibido continuar desperdiçando seu tempo com alguém já curado.
E antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele se aproximou dela e a beijou. Hermione sentiu um leve arrepio correr seu corpo, seu coração disparar, seu peito se encher de alegria. E daquele dia em diante, eles não se separaram mais no monastério, sempre se encontrando em segredos, sorrindo levemente um para o outro nos corredores. E foi assim, apenas felicidade, por três semanas.
Em uma manhã ensolarada, durante a missa viu-o sentado do outro lado da Igreja absorto na oração. E não conseguiu impedir um sorriso de felicidade lembrando-se dos momentos que passavam juntos, conversando e uma ou duas vezes se beijando. Ela sacudiu a cabeça, tentando se concentrar na oração, mas era tão difícil.
_Não deseje o que nunca poderá ter.- uma voz a seu lado a assustou.
_O que, madre?- Hermione perguntou distraída, ainda olhando para Rony à distância.
_Não se esqueça do juramento que fez a Ele. - ela apontou para a cruz a frente do altar.- Quebra-lo seria o pior dos pecados. Grave o suficiente para condenar ambos pela eternidade. Não me force a expulsa-la irmã, e nem a ele.- e para sua surpresa, a freira olhou diretamente para Rony.
Hermione sentiu seus olhos se encherem de lágriamas de tristesa e medo. E ela voltou a olhar o padre a missa inteira, sem romper o olhar nenhuma vez.
Aquela tarde, nos jardins do fundo onde costumavam se encontrar, Rony encontrou uma Hermione triste de cabeça baixa.
_O que aconteceu?- perguntou preocupado.
_Não podemos mais nos ver.- ela falou rouca, encarando o chão.
_O quê? Por que não?- ele perguntou, mas ela não repondeu. Ele a forçou a olha-lo e viu lágrimas em seus olhos.
_Porque eles sabem, e ameaçaram nos expulsar! E porque o que estamos fazendo é errado. Eu sou uma freira e você é um cavaleiro do papa. Devíamos nos manter puros sempre!
_Podíamos ser apenas amigos! Podíamos nos encontrar em mais segredo, fingir que nos separamos.- ele tentou argumentar desesperado.
_Você conseguiria viver uma mentira?
_Não é mentira, eu a amo de verdade.- ele estendeu a mão para toca-la, mas ela deu um passo para trás se afastando.
_É por isso que não podemos ser amigos. Entende? Seria difícil demais. O melhor seria pararmos aqui e agora.
_Você está desistindo de tudo por medo?
_Não é medo!- ela tentou explicar desesperada, chorando ainda mais.- Mas, e se eles fizerem algo com você?
_Eu não me importo.
_Mas, eu me importo! Adeus Rony. - e com toda a coragem que possuia virou de costas e foi embora.
Na manhã seguinte ouviu a notícia de que ele partira novamente para a guerra.
XXX
_Hermione.- uma voz suave sussurou seu nome, e quando ela abriu os olhos se viu novamente na biblioteca.
Rony estava a seu lado, segurando sua mão, parecendo preocupado.
_O que aconteceu?- ele perguntou.- Está se sentindo mal? Eu vim busca-la, e te encontrei caída no chão.
_Oh, Rony!- ela murmurou chorando, e o abraçando com força.- Agora eu sei porque na primeira lembrança a gente brigou. Foi por minha causa, eu achei melhor nos mantermos separados. Aí você foi para a guerra, e eu só voltei a vê-lo no dia em que nós brigamos.
_Do que você está falando? Da invenção do Fred e do Jorge? Ainda está funcionando?
_Eu não quero te perder.- ela falou, abraçando-o com mais força.
_Você não vai, estou aqui.- ele falou desesperado.- Eu vou matar o Fred e o Jorge.
_A culpa não é deles. - Hermione sacudiu a cabeça.- Vamos parar de falar disso, por favor. Eu me sinto tão triste, como se estivesse vivendo tudo de novo. Não me deixe essa noite, por favor.
_Não se preocupe, eu não vou a lugar nenhum. Vou cuidar de você, não se preocupe. Não vai ser um sonho bobo que vai nos separar.- ele sorriu, beijando-a delicadamente.
'Não.' ela pensou triste 'Mas, e se essas visões significarem que temos que ficar separados. O nosso destino vai nos separar?' E chorando ainda mais o abraçou com força.
N/A- Que bom que estão gostando! Eu estou amando escrever essa fic! É tão divertido, e bonitinho. Um pouco sentimental demais, mas eu sou assim, fazer o quê? Minha mãe diz que ainda vou sofrer muito na vida, mas vale a pena só para escrever fics que as pessoas gostem. Por isso comentem, me façam feliz, e provem que minha mãe está errada! Beijos, Mary
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