Um Novo Começo
[ Good People - Jack Johnson]
Mais um dia quente de verão chegava ao fim, e um calor insalubre abatia-se sobre uma casa apertada pelos sinuosos prédios e construções da Travessa do Tranco. Aquela ruela sombria, e cheia de segredos obscuros, parecia ser totalmente ocupada por estabelecimentos dedicados às Artes das Trevas. Uma entre essas inúmeras lojinhas mal conservadas se destacava, era a Borgin & Burkes, a maior de todas por ali.
Anita Borgin roncava sonoramente. Estivera sentada em uma bergère à janela de seu quarto durante quase quatro horas, contemplando um pequeno pedaço do céu que se enxergava dali, e acabara adormecendo.
Seu quarto não tinha uma aparência agradável, estava juncado com seus pertences e uma boa quantidade de lixo. Amontoavam-se pelo assoalho papéis de bala, misturados a livros e pergaminhos amassados. Aquele fora seu refúgio durante suas doloridas e cansativas férias. A atmosfera daquela casa mudara drasticamente com a morte de sua mãe, há três meses atrás, e a chegada iminente de um variado grupo de bruxos de má aparência contribuía para a irritação e revolta de Anita.
Desde pequena apresentava objetivos e ideais diferente aos que sua família a impunha. Era destemida, idealista e determinada, a Arte das Trevas lhe trazia repugnância e dali os problemas começaram a aparecer.
Aos onze anos ingressara em Durmstrang, escola de tradição de toda sua família, com todas aquelas pessoas mesquinhas e por muitas das vezes superficiais. Neste seu penúltimo ano na escola tudo se agravara, a convivência com estudantes e professores chegou a um ponto em que ela não agüentava mais, então por certos motivo de mau comportamento, foi expulsa. Não que isso lhe pesasse a consciência. Matriculada em Hogwarts tudo parecia que talvez tomasse um rumo melhor, apesar da grande indignação de seu pai.
O Sr. Theodore Borgins era agora, de certa forma, tanto pai quanto mãe. Exigente, mal-humorado, ciumento –- mas, desde que sua filha fosse razoavelmente obediente, não havia motivos para reclamar. Seus conselhos realmente eram rígidos, mas nenhum deles mudara o temperamento da filha; pois, na opinião de Anita, eram perfeitamente dispensáveis
“Uma filha estudando em Hogwarts, vergonha para família”, ele fazia questão de repetir sempre que entravam no assunto.
Entre a preocupação sobre esse assunto e as lembranças do que foram férias extremamente difíceis, longas e cansativas, não sobrava muito espaço em sua mente. Seus sonhos estavam confusos. Passavam por sua ida a Hogwarts no dia seguinte, e eram perturbados pela figura de seu pai, que se transformava em sua tia, Elizabeth Delacour, sempre a culpando e acusando-a pela morte de sua mãe.
Lílian ajeitou os cabelos e analisou seu rosto em frente ao espelho. Apesar de ter dormido apenas quatro horas naquela noite, as olheiras não lhe marcavam a face. Olhou de relance para as duas amigas que dormiam num sono profundo do outro lado do quarto e passando por cima dos colchões em que elas estavam completamente espalhadas, chegou à janela, ainda entreaberta. Uma brisa morna entrava no aposento; seu olhar demorou sobre aquele céu alaranjado, o dia já estava quase nascendo, então olhou para o criado-mudo, e o relógio já apontava cinco e meia da manhã.
Um frio na barriga conhecido pela garota começava a incomodar. Aquele seria seu último ano em Hogwarts, talvez a última reunião na casa de Marlene McKinnon antes do começo das aulas, como elas faziam desde os treze anos. Como se quisesse espantar todos aqueles pensamentos da cabeça Lílian olhou novamente para as amigas, que ainda dormiam, e sorriu maliciosa.
-- Bom dia, flores do dia! -- ela gritou enquanto empurrava a janela fazendo que o quarto todo se iluminasse.
-- Lílian, não sei o que é pior, você me acordando desse jeito ou querendo ser engraçada. -- Marlene resmungou com o travesseiro apertado contra o rosto.
Alice tinha a sensação de que acabara de deitar para dormir, e assim como Marlene, não parecia nada disposta a levantar-se àquela hora.
-- Alice Hampton! Levante-se daí ou considere-se uma mulher morta! -- Lílian continuava com seu incrível bom-humor naquele dia.
-- Não sei o que está havendo com você, mas não ficaria surpresa se admitisse que ama Tiago Potter esta manhã! -- Alice resmungou acompanhando Marlene. -Você está louca! Olha que horas são!
-- Eu sei como vocês são, assim não estaremos na plataforma 9 ½ em tempo nunca! -- Lílian respondeu irritada, tocar no nome de Potter perto dela nunca era uma boa idéia.
-- Essa é a Lílian Evans que eu conheço! -- Marlene falou enquanto se levantava e atirava seu travesseiro em cima de Lílian.
-- Uma Lílian chata, mandona e muito, muito inconveniente! -- Alice completou, se levantando também e segurando o seu travesseiro nas mãos, ao que ela e Marlene se encararam e sorriram maliciosas.
-- Guerra de Travesseiro! -- Marlene bradou enquanto Alice se jogava por cima de Lílian.
A amizade daquelas três era mágica. Desde o primeiro ano em que se conheceram em Hogwarts nunca mais se largaram. Costumavam dizer que eram irmãs, e que passariam toda a vida juntas. Faziam planos para o futuro, sempre especulando como seriam seus trabalhos, maridos e filhos, e como cada uma ainda estaria ao lado da outra, ajudando e curtindo cada momento. Com tal amor e inocência mal sabiam o que estava por vir.
Pedro Pettgrew acordou lentamente, com os olhos ainda pesados e o corpo doído. Enquanto espreguiçava-se fitou um relógio bruxo que ficava pendurado na porta de seu quarto e ainda sonolento tentava lembrar-se o porquê daquele horário não ter lhe soado bem. Então, num susto, pôs-se de pé. Naquele dia ele e seus amigos, que passaram aquela última semana em sua casa, iriam para Hogwarts, com apenas um detalhe, dali a quarenta minutos.
-- Ah Pedro! Você ‘tá maluco? -- Remo resmungou ao sentir a luz forte batendo em seu rosto.
O garoto andava de um lado para outro, parecendo ansioso, receando que seus amigos ficassem muito bravos. Ele sempre fora assim, não gostava de desapontar os meninos, fazia de tudo para agradar e se sentia orgulhoso de pertencer àquele grupo, apesar das más línguas dizerem que estava ali apenas pela pena dos outros.
-- Acho que estamos um pouco atrasados! -- ele falou com as mãos apoiadas na cabeça. -- Temos que estar na plataforma daqui a meia hora, no máximo.
-- O quê!? -- Tiago exclamou levantando-se com os cabelos completamente desgrenhados.
-- Meia hora, Pontas! Levante! --- disse um Remo sereno já de pé.
A única pessoa que não movera um músculo fora Sirius. Ainda deitado com a cabeça por baixo do travesseiro o garoto parecia não escutar nada da conversa.
-- Almofadinhas... -- Rabicho tentou, cutucando-o com o indicador. -- Almofadinhas... -- agora já balançava o corpo do garoto, em vão, ele continuava em sono profundo.
Tiago, ainda sonado no momento, andou até a penteadeira que ficava no meio do quarto, encheu um copo d’água e prontamente derrubou-o em cima de Sirius.
-- Assim que se acorda Sirius Black! -- ele falou rindo, enquanto o amigo levantava com cara de cachorro molhado, literalmente.
Incrivelmente os quatro marotos ficaram prontamente arrumados em menos de dez minutos, após uma leve briguinha entre Tiago e Sirius. Nunca foram muito bons em relação aos horários impostos, mas perder o expresso de Hogwarts realmente não fora uma idéia agradável. É verdade, aquelas férias foram realmente inesquecíveis, mas por mais incrível que pareça todos sentiam falta da escola.
-- Acho melhor irmos lo-lo-logo! -- Remo exclamou, incapaz e reprimir um enorme bocejo.
-- Almofadinhas, solte esse bolo! -- Tiago falou, enquanto o amigo enfiava o máximo possível de bolo de abóbora na boca. -No trem compramos alguma coisa para comer.
-- Até o frem? Focê ‘tá mavuco! -- o garoto falou, ainda sentado à mesa.
Após muita luta para conseguir convencer Sirius a sair sem tomar o café da manhã, os quatro juntaram suas malas ao lado da porta da pequena sala de estar, enquanto esperavam os pais de Pedro descerem para levá-los, à pé mesmo. A estação ficava perto da casa do garoto, além de ser o modo mais seguro, uma vez que a falta de habilidade com a magia de Pedro fora certamente herdada de seu pai, Roger Pettgrew.
Levaram vinte minutos para chegar a King’s Cross, e nada mais excitante aconteceu durante esse tempo, exceto Sirius ter cantado algumas meninas trouxas que passavam por eles.
Uma vez na estação, eles pararam displicentemente ao lado da barreira, entre as plataformas nove e dez até não haver ninguém à vista, depois, um a um, atravessou para a plataforma 9 ½ , onde o Expresso de Hogwarts aguardava, arrotando fumaça escura sobre a plataforma já quase vazia de alunos, o que significava que realmente estavam atrasados.
-- Bom, cuidem-se bem. -- desejou Roger, apertando a mão de todos. Despediu-se por último do filho, dando-lhe tapinhas no ombro. -- Você especialmente, ouviu o que eu te disse, o mundo bruxo não é mais seguro como antes, tome muito cuidado.
Soou o último apito; agora os alunos que ainda restavam na plataforma já corriam para dentro do trem.
-- Depressa, depressa! -- disse a Sra. Pettgrew, distraída, abraçando-os a esmo, e apertando o abraço ao filho. -- Escreva, comporte-se, e se esqueceu alguma coisa mamãe mandará para você! Agora suba logo! Depressa!
-- Até mais! -- Pedro disse corado. Sua mãe sempre o deixava um tanto quanto envergonhado na frente dos amigos.
O trem começou a ganhar velocidade, fazendo os garotos que continuavam de pé balançarem.
-- Então, que tal arranjar uma cabine? -- disse Sirius assim que bateu a cabeça num apoio para mão do trem.
Eles avançavam com dificuldade pelo corredor estreito, espiando pelas vidraças das cabines e descobrindo que a grande maioria não teria lugares suficientes para os quatro ficarem juntos.
Então finalmente acharam uma cabine agradável para se passar a viagem. Nela estavam deitadas Marlene em um banco, e em outro Alice, as duas pareciam bem animadas, conversando alto e rindo.
Sirius bateu com as costas da mão levemente pelo vidro, atraindo a atenção das duas.
-- Pregoooooon! -- Marlene gritou assim que viu Sirius do lado de fora. Os dois sempre foram muito amigos. Se conheceram no segundo ano, quando Sirius supostamente derrubara suco de abóbora no vestido de Marlene e ela o chamara de “garoto prego” na frente de todas as amigas, que por um certo acaso tinham uma quedinha pelo famoso Black.
-- Calma Lenoca, tem bastante Sirius para você! -- ele falou logo após se soltar de um forte abraço da garota.
Enquanto Sirius e Marlene discutiam sobre o incrível egocentrismo do garoto, Tiago olhava em volta na esperança de achar Lílian ainda na cabine, mas logo conclui que a garota já havia ido para o vagão dos monitores.
-- Acomodem-se, meninos. -- Alice disse dando uma piscadela enquanto jogava suas coisas para cima do bagageiro.
Fizeram uma enorme confusão, uma vez que metade da cabine estava ocupada com as malas de Marlene e o enorme cesto do gatinho de Alice.
-- Não sei o porquê de um gato ficar num cesto tão grande! -- Remo falou enquanto puxava o bichinho lá de dentro. -- quero dizer, ele é apenas um gato... -- agora ele apertava o nariz do gatinho, que parecia não estar apreciando nem um pouco o carinho.
-- Ele não é só um gato, Remo! -- Alice reclamou tomando-o da mão do garoto. -É o Arnaldo Ernesto, meu bebezinho mais lindo! -- ela continuou, apertando-o contra seu corpo, ao que todos riam pelo nome do coitado animalzinho.- Então, como foram as férias?
-- Sentimos falta de vocês, amores! -- Tiago falou brincalhão.
-- Da gente? -- Marlene interrompeu. -- Acho que essa falta tem um nome, Lílian Evans.
Lílian realmente se sentia enjoada de estar lá naquele tedioso vagão. O trem já havia partido há três horas e ela não conversara, muito menos se divertira, com ninguém ali. É claro que existiam exceções, mas a grande maioria daqueles monitores eram um completo porre!
-- Collin, deixa que eu vou fazer a ronda pelos corredores por você! -- Lílian falou, quase desesperada.
O garoto fitou-a desconfiado, a ronda pelos corredores não era lá uma tarefa muito agradável.
-- Divirta-se, Evans -- disse ele se sentando novamente.
Os corredores pareciam bem calmos, e uma fugidinha até a cabine em que suas amigas estavam não seria nada mal. Enquanto andava, Lílian foi surpreendida por um garoto, que segurou seu ombro sem que ela visse.
-- Lex! Que susto! -- Lílian falou assim que percebeu que aquele era o famoso Alexander Sullivan, namorado de Lene.
-- Onde está a Lene? Ainda não falei com ela! -- ele disse, abrindo um lindo sorriso.
-- Vem comigo. -- disse a ruiva enquanto olhava as cabines à procura das meninas.
Assim que conseguiu encontrá-las sentiu seu estômago revirar de ansiedade, lá estavam os marotos, não que eles a assustassem ou coisa parecida, mas a simples presença de Tiago Potter já mexia com ela.
-- Lílian! -- Tiago disse, não conseguindo conter a surpresa.
-- Oi...-- disse a garota enquanto seu rosto adquiria uma tonalidade mais vermelha do que o normal. -- Er, Lene, o Lex, ‘tá ali, é... Ali do lado de fora te esperando... -- ela falou se embolando com as palavras.
Marlene sorriu, sabia qual era o motivo do repentino desconcerto da amiga, e saiu da cabine para ver o namorado. Lílian agora parecia não ser a única nervosa ali, Sirius mexia as pernas sem parar, e seu semblante não estava nem um pouco sereno. Sempre era assim, só de ver a amiga com Lex que o garoto ficava naquele estado. Realmente não conseguia entender o porquê da garota estar com aquele idiota, idiota na concepção dele, pois Lex se dava bem com quase todos que conhecia.
-- Dispensada mais cedo, Lily? -- Remo perguntou ao que a garota ocupou o lugar em que Lene estava.
-- O tédio foi maior. -- ela falou sorrindo. -- Acredito que não vão sentir a minha falta lá!
-- Não vão sentir sua falta? -- Alice contestou. -- Até parece que nossa Lílian Evans passa despercebida por seus amigos monitores!
Mas, antes que Lílian pudesse expor sua opinião sobre a monitoria da escola, a porta do compartimento se abriu e uma menininha do terceiro ano entrou.
-- Mandaram entregar isso à Lílian E-Evans -- gaguejou ela, corando ao encontrar o olhar de Sirius. Entregou um rolo de pergaminho preso por uma fita lilás para a ruiva e saiu aos tropeços da cabine.
-- Acho que a Lily recebeu um convite para um almoço romântico! -- Remo caçoou ao reconhecer o rolinho que todo ano entregavam à menina.
Lílian afundou na cadeira após confirmar o que lhe esperava pela caligrafia fina e bem desenhada do professor Slughorn.
-- Eu não vou. -- ela falou decidida.
E ao resolver isso, a garota também resolveu que não voltaria à cabine dos monitores, uma vez que o professor conseguia a sua dispensa da tarefa todos os anos para a garota participar de seu almoço.
Anita lia, ou tentava ler, um livro trouxa desde o começo da viagem, que até agora não fora nem um pouco agradável. A garota foi um das primeiras a chegar no Expresso e acomodou-se em uma cabine no final do trem. Alguns minutos depois um grupo de lufanas do segundo ano entraram lá, e trataram de se acomodarem sem ao menos pedir licença a ela.
-- Ei! -- uma das meninas cutucou Anita após algum tempo, fazendo a garota levar um susto. -- Pediram pra te entregar! -- ela falou, entregando-lhe um pergaminho enrolado e perfeitamente amarrado com uma fitinha roxa.
Curiosa e desconfiada, ela o abriu, ali encontrou um bilhete que dizia:
“Anita Borgin,
O professor H.E.F Slughorn teria o grande prazer em tê-la como a mais nova participante do Clube do Slugh, participando assim, do nosso almoço de boas-vindas, no compartimento C.
Sinceramente, Horácio Slughorn”
A garota, intrigada e ao mesmo tempo surpresa, levantou-se dali sem nenhum pesar e rumou ao compartimento C, afim de descobrir do que se tratava aquele tal clube. Ao chegar lá, não encontrou muitos estudantes, apenas dois garotos sentados no canto da cabine e conversando num tom de voz baixo. Hesitante, ela botou a cabeça para dentro e olhos para eles dois.
-- Pode entrar, o professor já vem. -- um dos dois, um loiro sonserino, disse simplesmente.
Enquanto conversavam, Sirius, para estranhamento de todos, puxou Lílian e a envolveu em um abraço um tanto quanto estranho.
-- Tá louco, Sirius? -- a garoto falou com a voz abafada.
-- Fica quieta! -- ele falou, uma vez que todos já haviam percebido o porquê da estranha atitude do garoto. Um homem corpulento com espessos bigodes ruivos andava em direção à cabine deles.
-- Evans, minha querida! -- o professor Slughorn, que para fracasso na tentativa de Sirius de esconder a garota e desapontamento da própria , exclamou à entrada do compartimento.. -- Você e esses seus inconfundíveis cabelos ruivos!
A ruiva se desvencilhou dos braços de Sirius e abriu um sorrisinho completamente amarelo, sentindo que seus planos de passar o resto da viajem com seus amigos acabavam de ir por água abaixo.
-- Não sabia que estava namorando o Black -- Slughorn observou, provocando risinhos por todos ali. -- Um menino bom, de boa família! -- ele concluiu com seu jeito
incrivelmente simpático.
Sirius inevitavelmente fez uma careta ao escutar o professor falar sobre sua família.
-- Vamos comigo, minha filha! Não queremos perder nossa reunião! -- o professor falou como se ela realmente estivesse animada para aquilo. -- Venha você também, Black!
Sirius, ao contrário de Lílian que já estava de pé, hesitou um pouco ao levantar-se. -- A comida é boa! -- o professor falou olhando para o menino e sorrindo.
Talvez fosse melhor aceitar o convite do professor, ao contrário o garoto tinha certeza que a antipatia dele não seria nada boa para se desempenho na aula de Poções. Então, Sirius levantou-se a acompanhado de Lily, foi até o compartimento C, aonde a reunião já acontecia.
A um gesto de Slughorn eles se sentaram defronte aos outros alunos, nos dois últimos lugares vazios. Lílian correu o olhar pelos convidados. Reconheceu muitos deles, como um aluno da Sonserina, de sua mesma série, era loiro, alto e muito bonito, com olhos azuis acinzentados e um ar de superioridade inconfundível, Lucio Malfoy. Já ao lado dele, sentava uma menina que Lílian nunca havia visto. Vestia vestes bruxas, ao contrário da grande maioria dos outros alunos, que antes de chegarem a escola costumavam usar roupas trouxas. Parecia deslocada no meio de todos, quieta, observava a paisagem pela janela.
-- Quem é? -- Sirius sussurrou ao ouvido de Lílian.
-- Não sei...-- ela respondeu ainda observando a menina.
-- Bem, acho que todos aqui já se conhecem, não!? -- o professor falou enquanto sentava-se, fazendo mesa balançar. -- Mas, acredito eu, que todos os meninos daqui estejam se perguntando quem é a linda moça! -ele continuou apontando para a menina, que agora sorria timidamente. -- Essa é Anita Borgin, veio de Durmstrang.
-- Borgin? -Lúcio falo, interessado. -- Algo relacionado à Borgin & Burkes?
-- É...-- a garota falou, não parecendo muito satisfeita com a pergunta. -- Meu pai é o dono.
Ao ouvir isso, Lúcio e outro menino da sonserina pareceram se interessar muito e não pararam de bombear a garota com perguntas por um bom tempo.
-- O que exatamente é Borgin & Burkes? -- Lílian perguntou a Sirius, curiosa.
O garoto pensou por um momento, e não foi muito difícil lembrar-se daquela estranha loja que seus parentes costumavam freqüentar.
-- É um loja, na travessa do tranco... -- ele falou com as sobrancelhas contraídas.
-- Sirvam-se, meus queridos. -- o professor, que a cada ano parecia estar mais gorducho, falou.
Aquela tarde parecia que realmente se passaria arrastando ali naquela cabine, ao contrário da outra em que quatro dos sete ainda estavam. Todos ali conversavam animadamente, e pelo que parecia não estavam nem um pouco entediados.
-- Daria tudo para o carrinho de doces passar por aqui agora! -- Pedro falou olhando para o corredor impaciente.
Alice riu do menino, abriu sua bolsa e lhe deu a ele uma caixinha de sapo de chocolate. Ele, que ficou totalmente envergonhado, pegou-a das mãos da menina e apenas abriu um sorrisinho de canto de boca.
-- Então Tiago, será que esse ano tem alguma vaga para mim no time? -- Alice falou animada. -- Quero dizer, a Wood saiu da escola ano passado...
Tiago fingiu estar pensando, passando a mão pelo queixo e olhando para cima.
-- E você ainda tem dúvidas? -- ele falou sorrindo. -- Mas acho que esse ano teremos uma grande responsabilidade, a copa de quadribol vai eleger os melhores jogadores do ano.
Alice pareceu vibrar com a notícia, chegando mais pra perto de Tiago para ouvir o que ele tinha mais para falar, mas ao contrário do que ela esperava, Remo que opinou sobre o assunto.
-- Ouvi dizer que chamarão times de outras escolas para participar também... -- ele, que até agora lia um livro, observou.
-- Fico impressionada, o Reminho sempre sabe de tudo... -- Alice disse rindo, enquanto deitava a cabeça no colo do garoto.
-- Eu eu em como a Alice me ama... -- ele falou brincalhão, enquanto acariciava os cabelos da menina.
Naquele momento, mais ou menos no meio da tarde, uma leve chuva começou a cair, embaçando o contorno das montanhas que estampavam a linda paisagem por que passavam, fazendo todo o trem escurecer um pouco.
Alice e Tiago passaram bastante tempo conversando sobre as táticas de quadribol e times que as usavam. Mas com todo aquele clima convidativo a uma cochilada e o maravilhoso carinho que recebia de Remo, Alice acabou por adormecer no colo do garoto.
Após algum tempo, em que todos sonolentos apenas olhavam a paisagem em silêncio, os meninos ouviram passos apressados pelo corredor, e um grifinório apareceu na porta afoito.
-- Ah... -- o garoto pareceu querer começar a falar mas não conseguiu, estando muito esbaforido para isso. -- A Lílian... vocês viram a Lílian?
-- Não. -- Tiago exclamou surpreso. -- Aconteceu alguma coisa?
-- Não... num aconte -- o garoto pareceu gaguejar ao ver Alice deitada no colo de Remo. -Não aconteceu nada, só a McGonnagal querendo falar com ela...
A morena, que acordou com o barulho, levantou-se do colo de Remo ainda desnorteada e com os cabelos completamente embaraçados.
-- Que que aconteceu? -- Alice falou soltando um leve bocejo.
Ao ver aquele garoto parado à porta ela levou um susto, e tentando se recompor o mais rápido possível acabou arranhando o próprio rosto com as unhas.
-- Frank! -ela falou rápido -- Oi!
-- Oi Alice... -- ele disse num tom não tão animado quanto Alice esperava. -- Bom, quando ela voltar apenas digam isso. -- então saiu, deixando a garota mais murcha e desanimada do que nunca.
Além do almoço muito bem servido nada mais fora agradável ali naquela cabine. Lúcio Malfoy, após saber do parentesco de Anita, não desgrudara do pé da garota por nem mais um segundo, e Sirius e Lily pareciam não participar da reunião, uma vez que os dois conversavam apenas entre si.
Ao entardecer, na hora em que as lanternas do ônibus já acendiam, os dois finalmente voltaram para a cabine dos amigos, aonde vestiram seus uniformes e logo já tiveram de sair, uma vez que o Expresso já havia chegado em Hogsmead.
Quando as portas do trem se abriram , ouviu-se uma forte trovoada, aquela chuva chata e impertinente pareceu seguí-los pelo resto da viajem. Alice agasalhou Arnaldo na capa e obrigou Remo a carregar seu enorme cesto. Atrás deles Sirius vinha ao lado de Marlene, que conversava com ele e Lílian sobre o almoço, e logo vinham Tiago, Remo e Pedro. A chuva caia em tal volume e rispidez que até aprecia que alguém estava esvaziando baldes e baldes de água gelada na cabeça dos garotos.
Mesmo longe conseguiam ver Hogwarts estendo-se no horizonte, com seu ar imponente, mas ao mesmo tempo confortante, então todos com um aperto na garganta e uma enorme vontade de botar os pés naquela maravilhosa escola novamente foram à procura das carruagens que os conduziam até lá.
N/A E assim começa minha amada Malfeito Feito! *-*
haha
Demorei um pouquinho mas postei! Nossa...vocês não tem noção do que está sendo esse fim de ano na minha escola, cambada de nazistas aqueles professores ii’
Isso não vem ao caso, hoho
Então, muuuuuuuuuito³ obrigada pelos comentários, to hiper feliz!
Atualizações devem vir de semana em semana, ou 15 em 15, dependendo da minha carga horária disponível!
Espero que tenham gostado, apesar do capítulo extremamente tedioso. Mas, ah, todo primeiro capítulo costuma ser meio chatinho, né não?! >.<
Beijos pra todos meu amados leitores (L)³
:*
Mah Lupin
[PS: apesar de ter lido isso aqui uma trezentas vezes, não liguem se acharem algum assassinato à língua portuguesa ii’]
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