Lua cheia



Capítulo 7 - Lua Cheia



--- Pensando bem, até que foi muito bom essa briga ter acontecido... Assim o piquenique acabou antes do anoitecer... --- comentou Sirius, jogado em sua cama, esperando que os minutos passassem rapidamente.

--- Bom? --- perguntou Peter, surpreso. --- Qual é, Almofadinhas! Acha que agora vai ser fácil passar pela Lily estressadinha?

--- Mas esse Rabicho é muito burro mesmo... Pra que é que o James tem a capa de invisibilidade, hein? --- perguntou, rindo, Sirius, no que Peter abaixou a cara, envergonhado.

James, que se encontrava sentado em sua cama, só observando os outros dois, passou nervosamente as mãos no cabelo e, muito baixo e rapidamente, falou:

--- A capa 'tá com o Remus...

--- E daí, Pontas... Só porque a capa 'tá com o Remus não quer... --- respondeu Sirius, sem nem pensar nas palavras do amigo, como se ele tivesse falado que a capa estava debaixo de sua cama. Então, ele entendeu o que James falara, completamente assustado --- O QUE? VOCÊ DEIXOU A CAPA COM O ALUADO? --- ele exclamou, mirando raivosamente o moreno.

--- Heey Almofadinhas! Qual é cara! A capa é minha, não é? Eu deixo ela com quem quiser... E o Remus precisava dela mais do que a gente...

A discussão continuou por mais alguns minutos, até que eles perceberam já ser hora de "tentar" sair do Salão Comunal. Era noite de lua cheia e, depois da confusão do piquenique, eles tinham que encontrar Remus na Casa dos Gritos, onde ele sempre passava essas terríveis noites, desde que chegara a Hogwarts.

James, Peter e Sirius, a partir do momento que descobriram que o amigo era um lobisomem, passavam todas as noites de Lua Cheia fazendo-lhe companhia, o que o ajudava a superar esse período. Para isso, todos os três aprenderam animagia, e se tornaram animagos ilegais, sem que ninguém soubesse.

Portanto, chegar a Casa dos gritos tinha de ser algo imperceptível diante de todos, inclusive do diretor e dos professores da escola, que eram os únicos que sabiam da condição de Remus.

--- Então vamos fazer assim... --- começou James --- Eu vou distrair a Lily, e vocês dois saem, e me esperam perto do Salgueiro. Eu vou pedir um livro pra ela e, assim que ela subir, eu saio. Qualquer coisa, eu aviso pelo espelho, certo?

--- Certo! --- exclamaram os outros dois.

--- Ah! --- lembrou-se James --- Tomem cuidado... Dessa vez, não temos o mapa.

Então, os três jovens desceram ao Salão Comunal, com alguns poucos alunos conversando. A maioria já estava em seus dormitórios depois do gostoso piquenique que tiveram à tarde.

Como de costume, Lily estava sentada perto da lareira, escrevendo em um pergaminho alguma tarefa qualquer. Ela nem mesmo percebeu quando James se aproximou dela, tapando seus olhos com as mãos, esperando-a adivinhar que era.

A ruiva tateou as mãos do rapaz, em seguida seu pulso, coberto pelas vestes de Hogwarts.

--- Hum... Ah, não sei, quem é? --- perguntou ela, sorrindo brincalhona. James nada respondeu, não querendo estragar a brincadeira. --- Sei lá, Sirius? Remus?

Depois das duas errôneas tentativas, o moreno aproximou seu rosto do rosto da menina, que logo sentiu seu perfume levemente adocicado, característico do maroto. Um cheiro inebriante e tão conhecido...

--- Potter! --- disse ela, e James a soltou, dando a volta na poltrona e sentando no braço da mesma, ao lado dela.

--- Eu mesmo, Lily! --- exclamou o rapaz, sorridente como sempre.

Eles se encararam por algum tempo, aparentemente sem nada a dizer um ao outro. Até que Lily, calmamente, reclamou por ele ter, de acordo com ela, causado a confusão no piquenique.

--- Não devia ter me defendido como fez, Potter!

--- Mas Lily... --- começou, ainda sorridente --- Um sonserino idiota vem insultar a minha ruivinha e eu devo balançar a cabeça feliz da vida? Claro que não! Quem ele pensa que é pra falar algo sobre você? Ele nem te conhece!

A menina não pode deixar de, no fundo no fundo, se sentir feliz com a situação. Apesar de espalhar a toda Hogwarts o quanto repugnava James, não poderia nunca negar a sua beleza e o quanto ele era uma boa pessoa. Claro, era um maroto. Adorava aprontar com todos e ser superior, ao menos na sua cabeça. Mas, mesmo assim, era uma boa pessoa.

E não era qualquer garoto de Hogwarts. Era um dos mais belos, mais populares e entre os melhores do quadribol. Por mais que seu orgulho falasse bem alto, e que odiasse ser tratada como criança que não sabe se defender sozinha, bem que ela gostara da atitude do rapaz.

Sorriu levemente, logo voltando ao seu discurso:

--- Mas Potter... Você não precisa sair por ai me defendendo. Eu sei muito bem fazer isso, poderia facilmente acabar com aquele palhaço! E eu, definitivamente, não sou sua!

--- É assim que você agradece, é? Eu poderia ter morrido, sabia? E se o Ranhoso lançasse uma maldição imperdoável em mim? --- perguntou ele, fazendo uma cara de santo, e fingindo-se assustado.

--- Ah, faça-me o favor, né Potter! --- reclamou Lily, rindo do rapaz --- Uma coisa é o Snape ser um idiota, outra muito diferente é ele ser um assassino... --- quando James fez menção de falar algo, a ruiva logo continuou --- E depois... Não seria uma coisa tão ruim, não é? Ao menos você não me encheria mais!

O sorriso galante que sempre ocupava o rosto do maroto murchou, embora ele tentasse esconder isso. Ela havia mesmo desejado a sua morte?

--- Uau, Lily... Essa magoou! --- disse ele, sinceramente. --- Mas eu já devia estar acostumado, não é?

--- Potter, eu estava brincando, eu... --- começou ela, sendo logo interrompida.

--- Não, tudo bem... Enfim, eu só queria saber se você podia me emprestar suas anotações de transfiguração. Eu prometo que amanhã logo cedo te devolvo. Isso se eu não morrer enquanto copio as coisas! --- a voz do rapaz soava magoada, ressentida. Ele nunca pensou que era assim tão odiado pela ruiva, a ponto de ela desejar que ele não existisse. Parecia que haviam enfiado um facão em seu peito, que cortara cada pedacinho de si, e tirara toda a sua esperança.

--- Eu... Potter, foi só uma brincadeira, eu não quero você morra! Eu não...

--- Eu entendi, Evans! --- a menção de seu sobrenome soou em um tom extremamente frio para Lily. Ela estava já tão acostumada com o rapaz a tratando carinhosamente, que nem parecia que era ele. E ela não podia esconder que estava se sentindo mal por isso. --- Você vai poder me emprestar ou não?

--- Claro, claro... Espera um pouco. --- pediu ela, subindo então em passos rápidos as escadas que levavam até os dormitórios.

Logo ela estava de volta, encontrando James sentado em uma poltrona próxima, pensativo.

A garota caminhou até diante do rapaz e, estendendo os pergaminhos, falou:

--- Aqui! Potter, eu queria me desculpar... --- pediu ela, enquanto o maroto a encarava, sério --- Foi só uma brincadeira, de verdade.

--- Não tem problema! --- disse ele, ainda sério, mas parecendo um pouco menos chateado. --- Eu... Eu prometo devolver amanhã!

--- Sem problemas. --- disse ela, sorrindo, e esperando um sorriso em troca. Gesto esse que não aconteceu.

Assim como James, Lily pareceu murchar e, pegando alguns livros e o pergaminho que anteriormente escrevia, despediu-se do rapaz.

--- Bem, eu vou dormir. Boa noite Potter!

Ele apenas acenou com a cabeça e esperou a menina desaparecer de vista. O salão comunal estava praticamente vazio. Parecia que, depois do divertido dia no piquenique, os alunos decidiram ir dormir mais cedo, para aproveitarem com pique total o domingo que viria.

Aproveitando-se disso, James levantou-se e rapidamente, saiu do salão comunal, observando atentamente as escadas para evitar que algum colega de casa descesse e o visse saindo dali, prestes a quebrar mais algumas regras, como de costume.

Os corredores estavam desertos, não sendo nenhuma surpresa para o rapaz. Seu único medo era que, agora sem o mapa do maroto – que tanto o auxiliava em suas escapadas, evitando de ser flagrado fora do salão comunal em horário proibido – e sua capa de invisibilidade, acabasse sendo pego pelo zelador da escola.

Isso, definitivamente, representaria apenas uma coisa: detenção! Provavelmente, poderia até ser proibido de ir a Hogsmead. E justo agora que Lily havia – praticamente – aceitado seu convite para ir com ele ao povoado, sem impedido estava completamente fora de seus planos.

Disposto a não deixar isso acontecer, James caminhou o mais silencioso possível pelos corredores, com a varinha acesa a sua frente, mostrando o caminho. Com exceção de um ou outro quadro que lhe dirigiram a palavra, o percurso foi feito em segurança, e logo James cruzava os jardins de Hogwarts indo em direção aos dois amigos, sentados embaixo de uma árvore, um pouco distante do tão famoso Salgueiro Lutador.

--- O que é isso em sua mão? --- perguntou Peter assim que James se encontrou com eles, levantando-se.

O moreno, que saira rapidamente do salão comunal devido a sua situação, e por também estar, de certa forma, distraído pensando em uma certa ruivinha, nem percebera que trouxera consigo os pergaminhos da garota.

--- Oh-ow! --- exclamou o rapaz, percebendo que estava encrencado --- Esses são os pergaminhos que a Lils me emprestou! --- respondeu ele a Peter, escutando em seguida uma risada de Sirius.

--- Sinto ser tão sincero... Mas James, meu amigo, você ‘tá ferrado! --- exclamou, voltando a rir. O moreno bagunçou seus cabelos escuros, sorrindo marotamente em seguida e então caminhando em direção ao Salgueiro, junto dos outros dois.

Ao chegarem perto, mas não o suficiente para serem atacados por seus galhos, Peter transformou-se num pequeno e gorducho rato, correndo então até um determinado galho que paralisava a árvore. Sirius, então, também se transformou, por sua vez num grande e belo cão negro. Enquanto estes dois, já em suas formas animais, entravam por um túnel escondido ali, James continuou em sua forma humana, caminhando atrás dos outros dois.

Sirius deu dois pulos e latiu alegremente, balançando o rabo. O moreno já sabia o que o amigo queria dizer, mesmo não entendendo - como costumava dizer - a "íingua dos cães". Sabia que ele zombava por James não conseguir passar, em sua forma animal, ali pelo túnel.

Depois de percorrerem todo o caminho, saíram na Casa dos Gritos, sendo muito conhecida agora por dizerem que era mal-assombrada. Agora o que os marotos sabiam, e as outras pessoas não, é que aquela casa não era mal assombrada, e que os longos uivos que eram ouvidos no povoado de Hogsmead freqüentemente não eram produzidos por nada mais que seu amigo, Remus Lupin, em toda Lua cheia.

James, livre do túnel e com espaço suficiente para se locomover, transformou-se então num bonito cervo, fazendo companhia aos outros dois animais que estavam a sua frente. Não foi preciso mais tempo para localizar onde Remus estava. Seus uivos já estavam bem claros, o que deu a certeza aos marotos de que estavam atrasados. Não puderam ajudar o amigo no momento de sua transformação, mas poderiam ainda fazer-lhe companhia pelo resto da noite, enquanto ele ainda era um lobisomem.

Os três animais seguiram pelo corredor e entraram na primeira porta a direita, onde Remus arranhava uma das paredes do aposento.

O lobo, percebendo a presença dos outros, parou abruptamente o que fazia, passando a encará-los. Para os três animagos, essa situação já era normal. Todos os meses, eles passavam por aquela mesma cena, enquanto ajudavam o amigo naquele difícil fase de lua cheia.



~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~



--- O que é que vocês vão fazer hoje? --– perguntou Amy, sorrindo para as amigas. Aquela manhã tinha o sol brilhando forte nos extensos jardins do castelo.

As meninas estavam todas no quarto ainda, enquanto se arrumavam para o café-da-manhã. Amelia exibia um doce e largo sorriso, enquanto Lene e Dorcas comentavam umas com as outras sobre essa felicidade da amiga, que se recusava a contar a elas o que acontecera no dia anterior, em seu encontro com Benjy Fenwick.

--- Hum, não pensei nisso ainda... --– respondeu Marlene. A garota em seguida passou os olhos pelo quarto, pensativa, e deixou-os descansar, mirando atentamente uma das camas, ainda fechada pelo cortinado. --– É a Lily ainda dormindo? --– perguntou, estranhando tremendamente aquela situação. A ruiva era, comumente, a primeira a despertar, sempre pontual.

--- Acho melhor deixar ela dormindo, Lene! –-- comentou Doddy, impedindo Marlene, que já se encaminhava para a cama da ruiva, de acordá-la. --– Eu acordei de madrugada e a Lils ainda ‘tava acordada... Vamos deixar ela descansar...

--- Que estranho... --– murmurou Doddy –-- Bom, depois a gente pergunta pra ela o que houve, certo? Agora vamos logo descer! Estou com fome...

As meninas então desceram para o Salão Comunal, deixando o dormitório silencioso e escuro, sendo que o único som que podia ser ouvido era a respiração pesada e cansada de Lily.

Assim que terminaram de descer as escadas, encontraram o salão praticamente vazio. Podiam presumir que a maior parte dos alunos já estava se divertindo em algum canto do castelo, ou então tomando seu café.

Além de alguns estudantes mais dedicados, que se encontravam nas mesinhas do lugar, revisando alguma matéria ou fazendo suas tarefas, naquele espaço estava apenas Sirius e James, cada um deitado, esparramados, em um sofá.

Quando Sirius avistou as meninas, levantou-se num pulo, com uma terrível aparência de cansaço.

--- Finalmente, hein? Caramba, como vocês demoraram pra descer! --– exclamou, puxando em seguida o braço de James, fazendo o levantar. Este também tinha uma expressão de extremo cansaço no rosto.

--- Desculpa, Six querido, mas não lembro de a gente ter combinado de descer com vocês... --– respondeu Marlene, com um doce sorriso no rosto, enquanto os cinco andavam em direção à passagem de saída.

James percorreu os olhos pelo salão, em busca de uma cabeleira ruiva, mas foi em vão.

--- Cadê? --– perguntou, cobrindo em seguida a boca para abafar um bocejo.

--- Cadê o que, Jay? –-- perguntou Amy, rindo do amigo, que parecia estar completamente maluco. Ou talvez dormindo acordado.

--- A Lily, o que mais seria? --– perguntou, esfregando os olhos com as mãos.

--- Ficou dormindo. --– respondeu simplesmente Doddy, quando eles já estavam em um dos corredores do castelo, indo em direção ao Salão Principal. Pelas janelas, podiam observar mais um quente e gostoso dia a ser aproveitado. E com certeza era o que a maioria dos alunos faria. Aproveitar aquele domingo de folga. Afinal, mesmo que ainda fosse início de ano, as tarefas pareciam apenas aumentar a cada dia, e durante as semanas eles mal tinham tempo para respirar.

--- Ficou dormindo? –-- perguntou, de sobressalto, o rapaz.-- – Como assim? Desde quando a Lily dorme até tarde? --– o maroto pareceu despertar totalmente e, sem aviso prévio, virou-se e correu de volta para o Salão Comunal.

Todos os outros se viraram, observando o amigo sair correndo.

--- O que deu nele, Sirius? --– perguntou Doddy.

--- Vai saber... –-- comentou ele, abafando em seguida um bocejo com a mão.

James atravessou a passagem da Mulher-Gorda, e voltou a sentar-se em uma das poltronas do Salão, com os olhos voltados para as escadas que levavam aos dormitórios femininos, aguardando pela descida de Lily.


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NA: Okay, eu sei está terrível. E eu levei UM SÉCULO - quase literalmente - para atualizar. Me desculpem, de verdade! Eu juro que tento escrever pra fic, mas está BEM difícil. ANo de vestibular, ou seja, nenhum dia de semana disponível. E fim de semana pior ainda, porque eu tenho estduado, trabalho e saído - porque mereço, né! Enfim. eu prometo tentar atualizar o mais breve possível, mas não me matem se demorar um pouquinho, certo? Beijos e obrigada pela compreensão! :)

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