Máscara
Capítulo 1 - Máscara
“Mascarado!
Fazendo sombras, respirando mentiras...
Mascarado,
Você pode enganar qualquer amigo que o conheça!”
(Masquerade - Fantasma da Ópera)
O som quase melancólico dos violinos enchia as paredes do salão da mansão de número doze no Largo Grimmauld e reverberava com sinistro requinte. Todos os ideais das nobres famílias e dos membros mais ilustres da sociedade bruxa que estavam presentes para um dos casamentos mais aguardados do ano, pareciam ainda mais evidentes diante do luxo exuberante e exagerado da família Black. Mas não era para menos, afinal, não era todo dia que um Black se casava e ainda mais com um membro da família Malfoy.
Todos aguardavam ansiosamente no salão magicamente ampliado a descida da noiva, que para manter a tradição, já estava atrasada.
-Calma, Cissa. - Bella se esforçou ao máximo para demonstrar carinho com a irmã caçula, mas era simplesmente impossível. As duas estavam no quarto de Narcisa, enquanto a modista terminava de ajeitar os últimos detalhes no vestido de noiva da jovem. -Desse jeito a sua pele vai ficar toda marcada. E você não quer isso, quer?
Pronto, isso havia sido o suficiente para fazer Narcisa se acalmar.
-Não, claro que não, Bella. - Narcisa começou a torcer as mãos sobre o colo. - É que ainda é estranho pensar que vou estar me casando.
-Estranho porque? Você está noiva de Lucius desde os seus dezessete anos. Não era isso o que você queria? Ou vai começar com aquelas conversas estranhas sobre amor e sentimento?
-Bellatrix! - Narcisa se indignou. - Quem falava assim era a Andie...
Os olhos cor de gelo de Bellatrix brilharam de maneira perigosa quando o nome de Andrômeda fora mencionado. Aquele era um assunto morto na família Black desde o dia em que a jovem se revoltara e fugira de casa. O nome dela foi esquecido no momento em que fora apagado da tradicional tapeçaria dos Black. E Bellatrix não se arrependia de ter dado apoio incondicional à sua tia quando esta resolvera banir sua irmã para sempre.
"Traidora imunda!"
-É bom mesmo que você não pense assim! - Bellatrix falou com impaciência. As duas mulheres se encararam firmemente, apesar de Narcisa parecer um pouco intimidada com o jeito explosivo da irmã mais velha. -De agora em diante você vai ter que aprender a se virar sozinha, Cissa. Eu não vou ficar tomando conta de uma mulher casada e nem vou ficar ouvindo as suas conversas chorosas. Agora você vai ter a sua própria casa para comandar, precisa mudar a sua postura!
-Eu sei, Bella, eu apenas fiquei um pouco nervosa! - Narcisa se mirava no espelho, admirando a sua imagem de todos os ângulos possíveis e parecendo satisfeita. - Toda essa pressão e os preparativos... tudo isso me deixou ansiosa.
"Por Slytherin, é somente nessas horas que Andrômeda faz falta. Detesto fazer o papel de irmã compreensiva!"
E Narcisa, observando Bellatrix pelo reflexo do espelho, perguntou:
-Será que Lucius vai ser um bom marido?
A vontade de Bellatrix era gargalhar na cara da irmã. Aquilo era tudo muito infantil, muito inseguro. Onde estava a segurança e força dos Black naquela garota?
"Ah, Narcisa, Narcisa, como você é inocente"
-Cissa, ouça. - Bellatrix fez a irmã caçula se voltar para ela, os límpidos olhos azuis de Narcisa brilhando ansiosamente. - Homens são todos iguais. O que difere neles são a quantidade de galeões que tem no banco e o sobrenome da família. E pode ter certeza: você tem um noivo com os dois quesitos em muita alta vista.
Narcisa sorriu orgulhosa.
E o som da música foi interrompido quando todas as atenções foram chamadas e todos os olhares se voltaram para a escadaria da casa. Narcisa descia lentamente os degraus, apenas apreciando o momento onde ela era admirada como uma divindade, tentando prolongar o momento ao máximo. Sabia que aquela noite era somente dela, que tudo havia sido planejamente meticulosamente para que tudo ocorresse como era digno dos Black: perfeito!
Ela usava um belo vestido branco, com delicados bordados com fios de ouro, assim como o seu cabelo claro. Ela era toda branca e dourada, tendo o aspecto frio e distante de uma estátua de mármore que existe unicamente para ser admirada. Podia ver ao longe o olhar entediado de Bellatrix, enquanto esta ajeitava as longas luvas de cor escarlate, que combinavam perfeitamente com o seu vestido de seda.
O sorriso de Narcisa se alargou mais ainda, rejubilando-se internamente por ser o centro das atenções e por poder aborrecer Bellatrix, mesmo que sem intenção. Era uma velha rixa entre irmãs que sempre buscavam ofuscar o brilho da outra. E cada uma a seu modo conseguia isso: Narcisa por seu modo delicado de portar-se e agir, como todo dama requisitada da sociedade deve ser; e Bellatrix pelo seu jeito impetuoso e arrogante, que tornavam os traços marcantes dos Black mais evidentes e ainda mais atraentes.
Os olhares maravilhados diante de tal beleza acompanharam Narcisa, enquanto ela caminhava elegantemente até chegar ao local onde o seu noivo a aguardava, juntamente com os padrinhos e o funcionário do Ministério, que oficializaria aquela união.
Contudo, apesar de todos os procedimentos e pompas que um casamento daquele tipo exigia, a cerimônia não durou muito tempo. E o único momento em que Narcisa pareceu esboçar alguma emoção, foi quando a sua mão e a de Lucius foram envolvidas por três faxos de luz dourada, selando aquele casal como num contrato mágico.
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O curioso nas festas da alta sociedade, era a falsidade que predominava ali. Como um baile de máscaras, sendo que a sua real identidade era oculta não por máscaras, mas pelos sorrisos vazios e as palavras falsamente polidas que eram distribuidas gratuitamente. Cada máscara pessoal escondia um segredo, um pecado. Covardia em mostrar o seu verdadeiro eu? Não, não se tratava disso. Mas era conveniente esconder o seu lado negro. Muito mais conveniente...
A música suave enchia as paredes do salão na mansão dos Black, enquanto vários casais valsavam ali. Cygnus e Druella, pais da noiva, observavam com verdadeira adoração a filha caçula. Enfim, alguma coisa com o qual a família poderia se orgulhar, após as decepções causadas por Andrômeda, Sirius e Alphard - todos os três excluídos do clã dos Black. Lucius e Narcisa eram os ideais de perfeição, lembrando os nobres heróis dos contos infantis, e na opinião de muitos, não havia outro modo para descrever os dois.
Entretanto, como ocorria desde que Narcisa se entendia por gente, a cena havia sido roubada por Bellatrix. Com o seu jeito imponente, a mulher entrou na pista de dança sendo conduzida por seu esposo, Rodolphus Lestrange. Ela bailava graciosamente pelo salão, a longa cauda de seu vestido escarlate flutuando no ar, lembrando vagamente um rastro de sangue. Por mais que a beleza de Narcisa fosse extrema, não conseguia superar os traços exóticos da irmã; sentiu as mãos formigarem de irritação ao ver que todos os convidados pareciam mais interessados em Bellatrix do que na noiva. E obviamente isso era apenas uma impressão criada pela mente insegura da caçula.
Fazia tantos anos que Bellatrix não dançava... e ela gostava realmente disso. A música invadia o seu ser e parecia reverberar em cada músculo de seu corpo, como se ela fosse parte da própria melodia. Quando as primeiras notas sinistras do cravo começaram a soar, a mulher tinha a impressão de ter sido transportada para um outro lugar. Um lugar suspenso no tempo e no espaço, onde o que só existia era aquela melodia de notas graves e lentas que pareciam traduzir todo o horror daquela vida vazia. Ao menos era a única coisa que ela apreciou naquela festa verdadeiramente, já que a perspectiva de participar de uma das rodinhas de conversa das mulheres a deixava no mais absoluto estado de nervoso.
-Você permite que eu partilhe uma dança com minha cunhada, Rodolphus? - A voz arrastada de Lucius chegou aos ouvidos de Bellatrix e a libertou do seu estado de extase. - Faz parte da tradição que eu dance com a madrinha da noiva!
-Se a Bella estiver de acordo, quem sou eu para negar? - E o tom de voz de Rodolphus parecia ser um pouco desafiador. - Bella?!
Bellatrix varreu o salão com os olhos, até encontrar Narcisa conversando com alguma dama ilustre da sociedade e que Bella tinha a certeza de não se recordar o nome.
-E por que não? - Ela respondeu, desvencilhando-se dos braços do marido. - Somos da mesma família agora, não é mesmo?
Rodolphus “cedeu” Bellatrix não tão gentilmente quanto gostaria. O que mais o incomodava era o sorriso debochado que torcia os finos lábios de Bella. Como ele odiava quando ela o olhava e sorria e agia daquela maneira. Sem ter dito uma única palavra, ela era capaz de humilhá-lo e insinuar constantemente que ele nunca seria o suficiente para ela, que ela iria sempre buscar um algo a mais. Ele ainda lançou um último olhar arrogante para Lucius e Bellatrix, acabando por se largar numa cadeira e encontrar companhia numa dose dupla de FireWhisky.
-Não gostei do modo como você se portou na reunião de hoje! - Rodolphus resmungou com a voz pastosa, enquanto observava a esposa, que estava sentada em frente ao espelho da mesa do toucador, escovar os longos cabelos negros.
-Do que diabos você está falando?! - Bellatrix perguntou rispidamente.
O clima entre o casal andava tenso. Estavam juntos há alguns anos e era inevitável que a relação caísse na rotina e na mesmice. E o humor incontrolável de Bellatrix não contribuía para melhorar as coisas. Só piorava.
-Do modo como você falava, do jeito como os outros olhavam para você. Lucius falou...
-O que o Lucius andou dizendo? - Bella pousou a escova sobre a mesa do toucador e virou o pescoço, até encontrar o olhar do marido. - Não vai me dizer que você começou a acreditar nas fofoquinhas dele?
-O Lucius falou - Rodolphus continuou falando, sem dar ouvidos às palavras de Belllatrix. O seu tom de voz ficava cada vez mais alterado, o olhar nervoso procurando sinais de culpa no rosto da esposa. - que você tem tido reuniões secretas e sigilosas com o mestre e eu não gostei nem um pouco do tom dele ao dizer isso.
-Você só pode estar ficando louco, Rodolphus. Você nunca se importou por eu ter um posto de confiança entre os Comensais da Morte, muito pelo contrário, sempre se orgulhou disso! Lucius está com inveja porque o mestre confia em mim e tem me dado missões de extrema importância. - E um sorriso provocativo aflorou nos lábios finos dela. - E se eu realmente fosse amante do Lorde das Trevas, você não deveria se importar, muito pelo contrário. Deveria sentir muito orgulho!
Rodolphus se levantou e caminhou a passos trôpegos em direção à mesa de toucador do quarto, aproximando-se de Bella. Levantou-a bruscamente e a empurrou de encontro à parede. Uma mão possessiva insinuou-se por dentro do decote da mulher, enquanto pressionava o seu corpo fortemente no dela.
-Rodolphus, me solte agora! - exigiu, com a voz trêmula de raiva e asco.
-Você é minha esposa! Minha! - Começou a falar freneticamente, forçando o corpo de Bella contra a parede. As mãos não se contentavam em apenas acariciar as curvas do corpo dela, tentavam obter tudo o que ela pudesse oferecer. Queria tê-la em sua plenitude, não apenas para exibir como um troféu.
-Você está bêbado, Rodolphus! - Bellatrix esbravejou, tentando empurrar o homem. - Me solte!
A boca dele buscava a dela avidamente e Bellatrix sentia cada vez mais aversão ao sentir o bafo de FireWhisky resvalando em seu rosto, em seu pescoço, em sua boca...
- Só minha!
E foi com certa dificuldade que ela alcançou sua varinha que estava sobre a mesa do toucador. Apontou diretamente sobre o coração dele, que só agora se dava conta de que estava na mira de não uma simples bruxa, mas de uma Comensal de Morte que tinha muitas habilidades na arte da tortura.
-Nunca mais ouse tocar em mim contra a minha vontade! - Ela rosnou, o rosto muito branco tingindo-se fracamente de carmim. - Nunca, ouviu bem! Ou então vou amaldiçoa-lo de tal modo, que você nunca mais vai ser considerado um homem.
Bellatrix deslizou uma de suas mãos enluvadas sobre o ombro de Lucius, enquanto ele a conduzia pela cintura. Havia aceitado dançar com o cunhado unicamente por despeito, unicamente para mostrar à Rodolphus que não era propriedade dele. Porque ela sinceramente não sentia nenhuma simpatia por Lucius, já que os dois disputavam constantemente o posto de “servo fiel” do Lorde Negro e o seu “cunhadinho” fazia questão de tentar desmoralizar Bellatrix de todas as formas possíveis.
-Régulos tem me parecido muito ansioso ultimamente! - Lucius comentou, observando um rapaz por volta dos dezessete anos, que era cercado por Druella e mais meia dúzia de mulheres de meia-idade, que pareciam encantadas com o jeito falsamente polido do rapaz.
-Titia Walburga tem exigido muito do rapaz, quer que ele seja diferente daquele outro. - O outro obviamente era Sirius, o primogênito de Walburga, que na opinião de Bella tinha como objetivo de vida envergonhar e tripudiar o nome da família ao andar com mestiços e traidores do sangue. - E compreendo ela perfeitamente bem. Se eu tivesse um filho, teria feito o mesmo.
Lucius soltou uma risadinha desdenhosa.
-Você não me parece ser o tipo de mulher que nasceu para ser mãe!
Bellatrix se afastou um pouco e encarou os olhos cinzentos do cunhado.
-Talvez eu não seja mesmo. Mas você teve sorte, porque se casou com uma mulher que será uma perfeita “senhora do lar”. Conseguiu o pacote completo: mulher dedicada e submissa, que encherá a casa de herdeiros perfeitos! - Bellatrix sorriu de lado - Parabéns, cunhado!
-Fico grato! - Agora era a vez dele sorrir de lado. - Eu realmente fiz um bom negócio ao me casar com a sua irmã.
-Um negócio? - Bellatrix repetiu lentamente, com sarcasmo transbordando em cada sílaba. - Então o casamento com Cissa foi apenas um negócio. Rodolphus pensou o mesmo quando se casou comigo, achou que seria meu dono... e bem, você é capaz de notar que ele não tem poder algum sobre mim.
A mão de Lucius que estava posta sobre as costas de Bellatrix escorregou lentamente e trouxe o corpo dela para mais perto dele, diminuindo um pouco do espaço que havia entre os dois. Bellatrix ergueu uma sobrancelha e, de relance, viu o olhar exasperado de Druella sobre ela, achando que os dois estavam fazendo algo assombroso.
-Talvez você precisasse de alguém que a colocasse no seu devido lugar, cunhada! - Lucius sussurrou provocativo.
-Coisa que você nunca será capaz de fazer, Lucius! - Bellatrix rebateu, não gostando nem um pouco do tom de voz e do modo como Lucius dissera aquilo. Mas o seu sorriso enviesado, que sempre lhe dava um ar provocante, não condizia com os seus pensamentos. Que Lucius pensasse que ela estava entrando no seu joguinho barato de sedução!
Por sorte naquele momento a música havia sido terminada. Os músicos fizeram uma pausa para poderem descansar e o som das conversas parecia ter aumentado gradativamente, enquanto Bellatrix se dava conta da realidade. Druella se aproximou, de braços dados com Narcisa, que lançou um olhar gelado à irmã mais velha.
Lucius tomou a mão da sogra e beijou-a delicada e respeitosamente, repetindo o gesto em Narcisa.
-Querida, eu não sabia que a sua irmã era uma dançarina tão competente! - Comentou displicente, enquanto passava o braço ao redor da cintura delgada de Narcisa.
-A Bella faz outras coisas que não são de conhecimento das pessoas! - Narcisa respondeu, com uma ponta de ironia na voz. - Não é Bellinha?
-Assim como você, Cissa!
Bellatrix estava começando a se impacientar com o modo possessivo e ciumento da irmã. No mais ela era uma jovem apática e sem graça, mas quando algo se interpunha entre ela e o noivo perfeito, deixava a outra perigosamente venenosa. Como se Bellatrix precisasse do que era de Narcisa, sendo que ela era uma das servas mais fiéis e competentes do Lorde Negro, tendo aprendido os mais poderosos e perversos encantamentos diretamente do seu senhor e mestre.
Mas antes que Bellatrix esboçasse dar uma resposta um pouco menos delicada à irmã, o casal de noivos se afastou para receber os cumprimentos de Lucretia e Ignatius Prewett, primos da família.
Druella há muito perdera o poder de controlar as filhas, sabia que Bella era dona de si e pouco ligava para o que os outros pensassem, mas o seu olhar reprovador dizia claramente que havia algo de muito errado com a filha mais velha. Ela só não sabia do que se tratava.
Vendo-se finalmente sozinha no salão de festas, Bellatrix fez um sinal imperativo para um dos elfos domésticos lhe servir uma taça de vinho. Porque será que ela se sentia tão vazia naquele momento? Nada naquela festa parecia lhe interessar, sentia um tédio tão grande que seria capaz de fazer qualquer coisa para diminuir isso. Ela poderia não ter notado isso claramente, mas cada uma de suas atitudes, cada uma de suas palavras naquela noite iriam desencadear uma reação diferente no futuro.
-O que você quer, Régulos? - A mulher perguntou, observando o primo que parou em frente à ela, por cima de sua taça de prata.
O rapaz moreno, apesar de possuir o arrogante traços físicos dos Black, parecia irrequieto demais; olhava para todos os lados, certificando-se de que não estavam sendo ouvidos. Puxou Bellatrix para um dos cantos do salão, os dois ficando quase ocultos dos olhares curiosos por um exótico arranjo floral
-Ele já deu alguma resposta, Bellatrix? - perguntou, falando muito baixo.
Pela primeira vez a mulher parecia verdadeiramente interessada em algo naquela noite. Por mais que estivesse acostumada com os bailes suntuosos e com o luxo da alta sociedade, aquilo tudo sempre a entendiara um pouco. E depois que começara a servir à Voldemort (justamente ela, que nunca pensara na ínfima possibilidade de ser considerada uma serva) aquilo tudo parecia ainda mais vazio, porque sua vida só fazia sentido quando despia a máscara de dama da sociedade e embrenhava-se nos caminhos ocultos da magia negra.
Bellatrix estreitou os olhos, que cintilavam de uma maneira peculiar.
-Eu já lhe disse, Régulos, que você se apresentará frente ao Lorde quando ele me convocar! - Ela respondeu. - Será quando ele desejar e não quando você quiser. Mas fico satisfeita em saber que tem tanto interesse em nossa causa.
-Mamãe não diz isso diretamente, mas tenho certeza que se orgulhará de mim! - O rapaz respondeu, voltando a exibir os modos altivos de antes com um sorriso satisfeito. Se aquele era um modo de superar Sirius em algo, - que mesmo tendo desonrado o nome da família, era um bruxo talentoso - ele iria fazê-lo.
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-Importa-se, Madame? - Um homenzinho baixo e atacarrado se aproximou de Bellatrix e apontou para a máquina fotográfica que trazia nas mãos. - Uma fotografia com os noivos e os padrinhos para a coluna social d’O Profeta Diário.
E os dois casais se postaram lado a lado, como numa grande encenação onde cada um sabia o que fazer, o que dizer, títeres do cenário perfeito. Mas a perfeição é uma farsa criada pelas pessoas para ocultarem os seus grandes pecados, pois homens e mulheres não são perfeitos e como humanos que são, tendem a cair na dissimulação, na hipocrisia, na falsidade.
Os flashes de luz das máquinas fotográficas pipocavam sobre eles, como as maldições que eram lançadas sem piedade sobre as pessoas que se interpunham entre eles e o seu mundo perfeito. Perfeitos ou amaldiçoados pela perfeição? Seres primorosos que nasceram com o divino dom da magia correndo por suas veias, ou seres profanos que usavam os seus poderes de maneira errônea?
Bellatrix não se preocupava com esse tipo de coisa, não se preocupava com as suas atitudes. Não se preocupou com o olhar malicioso que recebeu de seu cunhado ou com o braço possessivo de seu marido na sua cintura. Não se preocupou em criar falsas expectativas para Régulos e nem com o que ele poderia ser obrigado a fazer no serviço das trevas. E ela também não se preocupou em saber se aqueles ideais que lhe foram passados desde a infância eram verdadeiros. E, talvez, a falta de interesse no que estava fora do seu círculo de perfeição, tenha sido o seu erro; não ter sido capaz de calcular que cada ação traria uma conseqüência que nem sempre seria bem sucedida.
E aquele momento ficaria registrado para a posteridade numa simples fotografia de família. Mas as fotografias, mesmo as bruxas, não são capazes de registrar pensamentos, principalmente os mais obscuros, cheios de maldade e volúpia. Fotografias não são capazes de registrar emoções, principalmente naqueles que são capaz de dissimular os desejos. E fotografias não são capazes de registrar o que se passa por detrás de cada máscara!
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*Capítulo escrito ao som de Requiem - Mozart.
N/A: Bem, esse capítulo me deu um pouco de trabalho, tanto que tentei concluir ele desde maio, principalmente para caracterizar um pouco o clima dos Black. E ainda acho que poderia ter sido mais detalhista, ter desenvolvido melhor a personalidade de alguns personagens. E eu sempre imagino as festas dos Black como aqueles bailes de máscaras, principalmente em histórias de vampiros... rs... talvez por isso eu tenha escolhido esse título e essa música tema...rs...
Bem, no prólogo pode ter dado a impressão de que a Bellatrix iria aprontar algo assombroso na festa da irmã, do tipo de ter se agarrado com o cunhado em algum canto ou ter feito algum escândalo. As ‘atitudes’ impensadas dela foram mais sutis e inconscientes, deixei muita coisa subentendida, espero que vocês me compreendam.
E a história não vai ser muito linear, já que se tratam de memórias. No meio da narrativa sempre vai aparecer um flahsback, para poder explicar algumas coisas.
É isso. Obrigado à quem passou por aqui e comentou: Lara_Evans, Thais Malfoy, Sônia, Charlotte, Eleonora, Ana Bolena, Lisi Black, Vivika Malfoy, Otávio, Natalie Potter, Sally, Mrs. Radcliffe e Ana Luiza.
See ya!
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