**CAPÍTULO ÚNICO**



Simplesmente Vazia

Olhando ao redor percebi o quanto a vida é insignificante; o quanto a minha vida é insignificante.

Simplesmente não vale à pena viver. Não em minhas condições.

Desde pequena fui criada como uma princesa. Não em questão de riqueza, mas sim em relação à eu ser a única garota depois de tantos garotos na família.

Ouvia histórias de princesas, que viviam em seus castelos à espera de um príncipe encantado. Elas sempre acabavam que encontrando o tal do príncipe e viviam Felizes Para Sempre.

Felizes Para Sempre... É isso o que eu mais queria.

Cresci, em busca de meu príncipe, que não apareceu.

O que eu conheci foi um herói.

*Flashback*

- Ginny – ele me chamou tocando meu braço, enquanto eu caminhava à passos rápidos – Você não está entendendo!

- Como assim Potter??! – simplesmente parei, virei-me e comecei à gritar com ele – Como eu posso NÃO ESTAR ENTENDENDO??

Ele não respondeu.

Senti um calor exalando de meu rosto e pude ter certeza de que estava mais vermelha que meus cabelos.

O silêncio durou mais alguns minutos. Ele parecia lutar contra o desejo de permanecer calado. E eu lutava contra o desejo de esbofetear ele.

- Mas Gi... – ele recomeçou. Aquilo já estava me irritando!

- Potter, se você veio até aqui simplesmente para ficar dizendo o meu nome, é melhor você pensar bem e dar meia volta, antes que eu dê um soco na sua cara.

O maldito do Potter somente ficou ali, me olhando. Seus olhos estavam indescritíveis. Os mesmos olhos que tantas vezes eu consegui interpretar, que percebi serem uma janela para a alma.

Senti as lágrimas brotando. Não perderia a batalha, demonstrando à ele que eu era frágil. Não choraria.

*Fim do Flashback*


Conheci meu herói. Não o amei. Ele também não me amou. Um sentimento nos separava. Um sentimento que superava o amor. Achávamos isso.

Tínhamos ódio um pelo outro.

*Flashback*

Ainda travava minha batalha interior. Não choraria, não podia.

As lágrimas que haviam brotado começaram a percorrer meu rosto.

Ele se aproximou. Estava muito perto.

Foi por instinto, creio eu, que levantou sua mão e levou-a à meu rosto, onde secou minhas lágrimas.

Foi por instinto, agora tenho certeza, que acabei com a distância que havia entre nós e beijei Harry Potter pela primeira vez.

Foi por instinto, que ele levou à minha cintura sua mão livre e eu, as minhas ao seu pescoço.

Foi por instinto que eu levei minhas mãos ao seu peito e o empurrei com toda a força, fazendo com que ele cambaleasse e se firmasse para não cair.

E foi por instinto que fui até onde ele estava parado, levantei minha mão direita, e dei-lhe um tapa na face.

E foi por instinto que corri.

*Fim do Flashback*


Nenhum de nós dois aceitava que havia algo de errado. Ele me odiava, e era recíproco.

*Flashback*

Corri tanto que cheguei no Salão Comunal da Grifinória quase morrendo, tentando respirar um ar que ali não havia.

Sentei-me em uma poltrona. Achei que ali estaria à salvo de Harry Potter. Me enganei.

Sem nem mesmo olhar para quem entrava pelo retrato naquele exato momento, eu sabia que era ele.

Veio até mim e sentou-se na ponta da poltrona à minha frente. Ergueu a mão e levou-a ao meu queixo, fazendo com que eu olhasse em seus olhos.

- Weasley, você é problemática. – ele me disse.

- O que eu posso fazer Potter? – respondi, mais alto do que pretendia – Se você pagar minha estadia em algum hospício, eu irei com o maior prazer. Só para não ter que ver essa sua cara todos os dias. – frisei muito bem as últimas palavras.

- Pode deixar que irei providenciar o dinheiro.

Silencio.

- Potter, eu te odeio.

- Pode ter certeza que é recíproco.

Me levantei e fui ao dormitório das garotas.

*Fim do Flashback*


Não nos encontrávamos pelos corredores. Nós brigávamos.

Os outros alunos sempre davam um jeito de saber onde Weasley e Potter estavam a toda hora, para que, se por acaso estivessem a ponto de se encontrarem, eles estivessem à par da situação.

Era incrível como quando a gente não quer encontrar alguém, ele aparece muito mais vezes que o normal na nossa frente. Era assim comigo e com Potter.

*Flashback*

- Potter – murmurei para a pessoa que parou à menos de cinco metros no corredor vazio.

- Weasley – recebi como resposta.

- Anda me seguindo é?

- Porque eu te seguiria? Sua vida é simplesmente monótona. Quem sabe não é você quem me segue.

- Eu tenho mais o que fazer, Potter, do que ficar perambulando por esta escola no seu calcanhar.

- Bom, se não é isso, porque nos encontramos então? – e deu alguns passos em minha direção.

Andei em sua direção e passei por ele, mas não antes de murmurar em seu ouvido: Quem sabe você não é atraído por mim? E fui para minha aula de História da Magia.

*Fim do Flashback*


O fato é que, mesmo que inconscientemente, eu sempre esperava encontrar Potter pelos corredores. E algo fazia com que eu sempre o encontrasse.

Muitos foram os nossos encontros. Alguns deles marcados por passagens pela Ala Hospitalar – por odiarmos um ao outro e começar a jogar feitiços – outros apenas por troca de olhares, sem que se proferisse uma só palavra.

*Flashback*

Avistei Potter no fim do corredor, mais uma vez, vindo em minha direção.

Não senti a mínima vontade de xingá-lo. Nem de chamá-lo de nada.

Simplesmente passei por ele e trocamos olhares. Foi realmente estranho.

Não fez se quer uma piadinha sobre mim. Me lançou um olhar triste. E isso me machucou.

Fui até o lago e fiquei pensando. O que está acontecendo? Eu odeio o Potter!!

Com esses pensamentos, vi o Sol se pôr e adormeci ali.

*Fim do Flashback*


Nossa “guerra” durou a primeira metade do meu sexto ano. Mas passou.

Toda vez que nos víamos, já não tínhamos mais força para discutir. Estava nascendo ali um novo sentimento. Sabíamos que estava.

*Flashback*

- Weasley – ele me chamou, segurando meu pulso. Há tanto tempo que eu não sentia seu toque.

- Potter – respondi, olhando em seus olhos.

- Precisamos conversar.

- É, acho que precisamos.

Ainda segurando meu pulso, atravessamos os gramados de Hogwarts e paramos em frente à uma árvore que ultimamente costumava sentar-me à sombra para poder pensar.

O Sol se punha. O céu estava de uma mistura de vermelho, laranja e amarelo.

- Eu gostaria de te pedir desculpas. – ele começou.

- Desculpas pelo que Potter? – e fiz uma cara de desentendida. Ah... Como esperei por aquelas desculpas...

- Por ter feito o que eu fiz com você.

E como que por um passe de mágica, memórias me vieram à mente. Eu me declarando à Potter. Ele dizendo simplesmente que não queria se envolver com ninguém. Depois ele beijando uma menina da Corvinal. Eu vi tudo e sai correndo. Ele correndo atrás de mim...

- Ah sim!! Claro – respondi com uma ironia que eu não pretendia – Você! Sim! VOCÊ disse que não queria se envolver com ninguém. Logo em seguida pego você aos amassos com aquela menina da Corvinal.

- Você não entende. Eu fiz isso, porque.. porque... – ele não continuou. Pelo visto teria que lhe arrancar o que quer que fosse que ele relutava a dizer.

- Vamos lá. Não tenho o dia inteiro. Porque o que? – insisti.

Silencio.

Ele não iria falar.

Virei de costas para ele e comecei a andar em direção ao castelo. Até que senti, novamente, aquela mão se fechar sobre meu pulso.

- Porque eu realmente gosto de você. – e fez com que eu virasse e o olhasse – Somente porque, eu pensei que não seria certo gostar de alguém e não poder lhe garantir um futuro ao meu lado. Porque eu não conseguia admitir que eu posso morrer e te deixar sozinha. Porque eu te amo, Ginevra Molly Weasley!

- Potter, eu... – ele me olhou com uma cara de estremo desgosto – Tudo bem, Harry, então porque você foi logo beijando a primeira que encontrou?

- Porque, quando você me disse que gostava de mim, eu procurei tentar te esquecer, para não te fazer sofrer. – ele segurou as minhas mãos – Mas agora eu vejo que não adianta tentar tirar de mim o que eu sinto por você.

Nem me deu tempo para responder. Enlaçou minha cintura e capturou meus lábios. Ele tinha um beijo doce, quente. Senti a língua dele pedir permissão para aprofundar o beijo e autorizei. Coloquei minhas mãos em seu pescoço e afaguei seus cabelos.

Ficamos ali, não sei por quanto tempo. Já era noite.

*Fim do Flashback*


Depois das explicações e desculpas, não nos desgrudamos mais. Estávamos sempre juntos.

As pessoas comentaram, é claro. Antes nos odiávamos profundamente e agora nos amávamos. Mas só alguém que um dia odiou alguém, mas odiou mesmo, sabe que onde existe o ódio descobre-se o amor. E eu descobri.

Harry terminou Hogwarts e foi trabalhar no Ministério; acabou virando Auror, como sempre quis. Destruiu Voldemort. Como? Até hoje é um mistério.

Jurou me esperar até que eu terminasse Hogwarts. No dia de minha formatura, me pediu em casamento. E eu, claro, aceitei.

A cerimônia foi realmente linda. Eu estava muito feliz, e sabia que ele também.

Cinco meses depois, anunciei pra minha família que estava grávida. Harry não se conteve, e começou a chorar. Nunca havia visto ele chorar. Foi realmente comovente.

Oito meses depois, nasce Ethan, prematuro. Um ruivinho de olhos incrivelmente verdes.

Ah! Harry era o pai e o marido perfeito. Sempre atencioso com Ethan e comigo! Eu amava tanto ele!

Quando não estava em casa, Ethan sentia tanto a sua falta. Era muito mais apegado ao pai que à mim. Porém, Harry vivia ocupado correndo atrás de bruxos das trevas.

Não sei do que se tratavam suas missões. Ele não me contava e eu preferia não saber. Sabia simplesmente que caçava bruxos.

*Flashback*

Em sua última, descobri que estava atrás de uma bruxa chamada Giovanna Ruthenfonberg.

Ela estava sendo acusada de ter matado diversos trouxas e de ter usado maldições imperdoáveis contra diversas crianças bruxas.

Ele, como sempre, foi atrás dela. Mas antes de sair de casa, ele foi até nosso quarto e escreveu alguma coisa em um pergaminho e colocou-o no bolso da capa.

Pegou Ethan no colo e beijou sua bochecha, dizendo que o amava demais e em seguida me beijou. Era um beijo diferente de todos os que já tinha ganhado de Harry. Era um beijo triste.

Disse que me amaria para sempre e saiu de casa.

Passaram-se horas e nada dele chegar. Estava impaciente. Andava de um lado para o outro.

De repente, uma chama mais forte toma conta da lareira que estava acesa – por causa do frio rigoroso – e um rosto aparece.

- Sra. Potter – chamou, o que ela reconheceu se o atual Ministro da Magia, Domenicos Albegierni.

Fui até a lareira e sentei-me no chão, já muito aflita.

- Sim? Onde está o Harry?

- Sra. Potter. Sinto muito. Harry foi morto.

Lágrimas começaram a lavar meu rosto. Não podia ser! Ele não podia ter morrido!!

- Ele foi atrás de uma bruxa foragida e acabou sendo atacado em uma armadilha por outros aliados à ela. Ele não resistiu. Foi atingido por cerca de seis Maldições da Morte no peito. Achamos um bilhete em suas vestes endereçado à Sra. – e assim, um bilhete apareceu ao meu lado. – Meus pêsames Sra. – e a chama desapareceu.

- Ele não pode ter morrido!!! – gritei ainda sentada no chão.

Olhei para o bilhete. Parecia que era isso que Harry escrevera antes de sair de casa. Abri.


Ginny,
Sabe, existem coisas que não têm explicação.
Eu sei que não sairei vivo dessa vez. Soube que haverá uma emboscada. Por isso, irei. Mas levarei pessoas de minha confiança para atacar a armadilha.
Não pense que estou indo porque quero desistir da minha vida, sabendo que morrerei. Mas sim, porque eu quero lutar para que vocês tenham uma vida melhor.
Sempre amei você, e sempre amarei. Você foi o meu primeiro e único amor. Foi você que me ensinou a viver.
Desculpe, mais uma vez, por ter te feito chorar quando você se declarou pra mim, ainda em Hogwarts. Eu não queria ter ver chorar por mim.
Desde a sua formatura, já se passaram cinco anos. Cinco longos e maravilhosos anos ao seu lado. E claro, ao lado do meu querido Ethan, que irá completar quatro anos daqui a pouco. Cuide dele.
Queria que soubesse que sentirei saudades sua.
Te amo!
Pra sempre seu,
Harry Potter.


*Fim do Flashback*

Chorei. Sim, chorei muito. Fiquei dias me lamentando por ter perdido Harry.

Não saía de casa. Só queria acordar daquele pesadelo horrível.

Mas eu não acordei.

Fui ao velório de Harry com Ethan.

*Flashback*

Ethan encaminhou-se até o caixão de seu pai e deixou uma flor. Em seguida disse “Sempre vou te amar, papai” e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Saiu correndo pelo cemitério.

Em seguida, eu fui até Harry e pousei meus lábios sobre os dele. Estavam gelados, muito diferentes do quanto eram quentes antes.

Havia uma rosa em minha mão. Uma rosa vermelha.

Coloquei-a no peito de Harry, e ela tornou-se negra.

Toquei a mão fria dele e murmurei: “Nosso amor vai ser pra sempre.”

Em seguida, saí dali chorando violentamente.

*Fim do Flashback*


Hoje, só eu sei o quanto sinto a falta de Harry. É horrível acordar de manhã sem ver aqueles lindos olhos verdes me observando, aquele lindo sorriso aberto para mim.

Mas, afinal, ele fez tudo o que fez para que pudéssemos ter a chance de um futuro melhor.

Ele conseguiu, é claro, mas, ele deixou um vão em meu coração, quando foi embora.

Não consegui viver meu “Felizes Para Sempre”, porém consegui “Viver Pra Sempre Enquanto Fui Feliz”.

A minha vida, caminha, porém, para sempre, até que eu retorne ao meu lugar de direito ao lado de Harry, ela vai continuar assim...

Simplesmente Vazia...

*************

Fechou seu caderno e levantou-se da cadeira. Escrevia sobre sua história com Harry Potter.

Ninguém pediu para que ela fizesse isso.

Ela queria simplesmente guardar ali suas lembranças, para que nunca mais as esquecesse.

Nunca mais...


N/A: Hi People!! ^^ Nossa... essa short tá triste.. momento deprê.. gostei de escrever ela.. me digam o que acharam.. Comentem! Passem nas minhas outras fics!
Bjoss pra todos =)

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