II- Visitante obsessivo
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Capítulo II
Ginny desceu as escadas o mais rápido que pode, nem ao menos olhou para a mãe ao passar pela porta. Pulava dois ou três degraus de uma só vez, alimentando algo que ela temia, mas não podia evitar. Alimentando uma esperança, uma ilusão. Ao raciocinar, saberia que não era ele quem estava ali. Mas de que lhe importava? Precisava ver, precisava confirmar, segurar-se com todas as forças à aqueles fios de esperança.
Era como se seu coração se estufasse, recheado de expectativa.
Quando chegou á porta entreaberta da sala de estar parou por um momento.
Não se surpreenda! Disse a si mesma Não se decepcione!
Mas era inevitável, o impulso foi mais forte. Com um largo sorriso ela escancarou a porta.
Seu olhar encontrou os traços de um corpo. Observando um pouco melhor, viu que se tratava de alguém com cabelos ralos e castanhos.
O garoto se virou para vê-la.
O sorriso se desmanchou no rosto de Ginny mais rápido do que se formara.
Não podia ser ele. Ninguém era tão cara de pau a esse ponto!
- Olá, Ginny!
- O que veio fazer aqui?!– exclamou a garota em tom elevado. Talvez por choque, ou por fúria mesmo.
- É assim que você recebe seu ex? – indagou ele.
- Você só pode ta brincando!
Dino Thomas não mudara nada desde que Ginny o vira pela última vez. Continuava com boa aparência, a pele morena brilhante e saudável e os olhos sem sinal de menor tristeza. Ela podia estar errada, mas o culpava por isso, em pensamento. Ele sorria para ela, e logo em seguida mediu-a dos pés a cabeça.
- Está tão...– começou Dino em tom de surpresa. – diferente.
- Se o seu "diferente" significa péssima, eu estou sim, muito obrigada!– respondeu Ginny. Talvez ela estivesse sendo grosseira, o que não era comum, mas suportar uma visita tão incomoda em dias tão tensos, era mais do que ela podia suportar.
- Sentiu minha falta? – perguntou Dino sorridente.
Ginny sentiu toda a tristeza guardada há dias transformar-se em pura e simples raiva.
- Vai... embora... daqui!
Ele deu dois passos em sua direção. Ginny, por sua vez, retrocedeu quatro passos largos.
- Achei que precisava de companhia!
- A sua eu dispenso! – respondeu ela rapidamente.
- Aceita um refresco? – perguntou uma voz à porta.
Molly entrou com uma bandeja velha, trazendo dois copos de suco de abóbora. Dino aceitou com um aceno de cabeça. Molly entrou, deixou a bandeja em cima de uma mesinha baixa e enquanto se levantava mirou a filha com um olhar cheio de significado, como quem diz "Tome cuidado. Dispense. Mas não faça nenhuma besteira".
A mulher retirou-se acenando com um sorriso para o garoto.
- Estarei no jardim, regando as plantas se precisarem de mim. – disse ela antes de sair, mais para Ginny do que para o garoto.
Depois de dois minutos de silêncio, Dino voltou a falar.
- Escuta, Ginny. – disse ele olhando em seus olhos. – Eu sei que você e o Potter estavam juntos, mas acabou não é?
Ginny não se surpreendeu com a infantilidade de Dino, mas revoltou-se com a pergunta.
- Quem é você para dizer se acabou ou não? – exclamou Ginny quase gritando. – Nós não temos mais nada, esqueceu?
Ele riu cinicamente.
- Ah, qual é Ginny? Vai dizer que não morre de saudades dos meus beijos!
- Se eu morrer de alguma coisa por sua causa, - disse Ginny rapidamente, tentando ser o mais clara possível. – vai ser de pena ou indiferença!
Dino se aproximou mais. A garota retrocedeu, mas ficou encurralada entre a parede e a porta entreaberta.
- Você não dizia isso quando estava comigo, não é? Bem que gostava de passear pelos corredores quando não havia ninguém no castelo.
- Sinto nojo só de lembrar!
- Por que toda essa raiva?
- Por quê? – indagou Ginny farta. – Eu tentei ser razoável com você! Quando a gente terminou, eu deixei bem claro que não estava dando certo, e o que você fez? Você me perseguiu como se fosse meu dono!
- Estava protegendo o que é meu! – explicou ele com simplicidade.
- Seu? – exclamou a garota quase explodindo de ódio. – Se toca, Thomas, eu já disse que nunca gostei de você de verdade, deixei claro desde o início! Quando é que vai entender?
O garoto parou por um segundo, respirou fundo, parecia estar tentando se manter calmo.
Só me faltava essa!, pensou ela, Eu só posso estar sendo castigada! Por que agora, justo agora, aparece esse poltergeist pra me atormentar?
- Você me ama Ginny! – disse Dino em tom de certeza. – Vai perceber isso, e pode ser tarde quando vier correr atrás de mim.
- Se eu correr atrás de você, vai ser para acertá-lo com um bastão!
Ele se aproximou depressa. Ginny praticamente grudou-se a parede, ele estava perto o bastante para cometer o maior erro de sua vida.
- Você vai ficar comigo, Ginny! – disse ele quase sussurrando. – E ninguém vai impedir.
Ele agarrou-a pela cintura, pegando-a desprevenida.
No segundo seguinte, Ginny lembrou-se da varinha que deixara em cima da cama. Fora um descuido que não devia ter se dado ao luxo de cometer.
Ele aproximou-a de si, e pressionou seus lábios nos dela, tentando forçar um beijo.
Ela tentou empurrá-lo, sentia as mãos dele machucando seus braços, gritava em silêncio por ajuda, pedia socorro a qualquer entidade superior que quisesse ouvi-la.
Naquele beijo forçado, não sentiu nada além de um terrível gosto amargo. Ficou enojada em sentir os lábios dele amarfanharem os seus.
O ódio, a repugnância, a raiva, o nojo, fizeram brotar nela uma força incomum. Era como se seu corpo emanasse uma magia, formando um campo de força envolta dela.
Dino foi jogado para longe e caiu na sofá, provocando um estrondo.
Ginny estava tomada pro aquela raiva, os cabelos despenteados e os músculos doloridos, queria acabar com aquilo de uma vez por todas.
Dino se levantou, com o olhar assustado. A garota notou que escorria sangue pelo canto da boca dele.
- O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?
- VÁ EMBORA DAQUI OU EU JURO QUE FAÇO UMA BESTEIRA!
Ele, no entanto, continuou a fitá-la, agora com raiva.
Ginny percebeu aquele sentimento estranho ir se esvaindo, estava cansada, os pulsos doloridos, os lábios doendo. Sentia-se suja.
- Você vai se arrepender! – disse Dino, se recompondo e limpando o sangue. – Já levou um fora do Potter e quando levar outro, vai implorar por um beijo meu!
- NÃO ADMITO QUE VOCÊ SEQUER MENCIONE O HARRY COM ESSA SUA BOCA SUJA! – gritou Ginny perdendo o controle do tom de voz.
- EU FALO DELE SIM, E FALO A VERDADE! – retrucou Dino. – ELE TE ABANDONOU PARA IR BANCAR O HERÓI! SE GOSTASSE DE VOCÊ, A LEVARIA JUNTO! – ele riu cinicamente - Mas não, quem foi que ele levou? Seu irmão babaca e a Granger! Quem sabe aonde e com quem ele está agora, não é?
- ELE SÓ NÃO ME DEIXOU IR POR EXCESSO DE PROTEÇÃO!
- Ah, ta certo! O Santo Potter, não queria por em risco a vida da pobre e indefesa Ginny Weasley... CORTA ESSA! E se você gostasse dele, teria ido junto assim mesmo, não é?
Ginny engoliu em seco. Não iria suportar aquela humilhação.
Ela foi até a mesinha, pegou um copo de suco de abóbora, ficou de pé na frente de Dino e mirou-o com o olhar fulminante.
- Que isso sirva de aviso!
Ele olhou para o copo na mão dela, desconfiado. Mas tarde demais. Ginny agarrou a frente do moletom cinza do garoto e entornou suco de abóbora dentro.
Enquanto o garoto mirava o chão da sala como se tivesse sido sugado do próprio corpo, Ginny entornou o outro copo em sua cabeça e lhe deu um tapa na cara.
- Se voltar a me atormentar, vou entornar líquido em você, e não será suco de abóbora! Já ouviu falar de poção corrosiva?
Molly assustou-se ao ouvir gritos. Temia que acontecesse algo errado, mas não esperava que fosse tão rápido. Correu em passos curtos para dentro de casa. Quando abriu a porta, soltou uma exclamação muda, de susto.
O garoto que há pouco batera a sua porta perguntando por Ginny, estava saindo completamente encharcado, uma mancha no moletom, os cabelos meio arrepiados, uma expressão indescritível no rosto e cheirando a suco de abóbora.
Dino Thomas passou por ela e saiu em passos rápidos pelo gramado.
Ainda espantada Molly entrou em casa e fechou a porta.
Quando entrou na sala de estar, viu seu sofá deitado para trás, dois copos vazios e quebrados caídos no chão e Ginny olhando atônita para a porta.
Seus olhares se encontraram. Molly engoliu em seco.
- Da próxima vez, - disse ela à filha. – me lembre de servir em copos plásticos.
Ginny sorriu constrangida e baixou a cabeça.
- Desculpe pela bagunça, mãe! – pediu ela olhando Molly com um sorrisinho.
- Tudo bem, - disse Molly tranqüilamente. – eu também não fui com a cara dele! Sabendo que você é minha filha, eu já me preveni, esperava no mínimo a destruição de metade dos móveis.
As duas se entreolharam sorrindo.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
N/A: Eu realmente não sei o que tinha na cabeça enquanto escrevia esse capítulo, e estou disposta a reescrevê-lo caso esteja uma porcaria.
Espero que tenham entendido minha intenção.
Fiz esse 2º cap. a noite, quando eu, meio que, viajo por completo!
Deve estar horrível =/
Todo o caso me dêem opiniões, ok?
Beijos e obrigada novamente pelos comentários ^^
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!