Apenas um dia ruim
Para quem desejar ler e ouvir a musica da song, é só acessar:
http://www.4shared.com/file/1831565/be2b3aa9/Daniel_Powter_-_Bad_Day.html?s=1
~*~*~*~*~*~
Where is the moment we needed the most
(Onde está o momento quando nós mais precisamos?)
You kick up the leaves and the magic is lost
(Você chuta as folhas e a mágica é perdida)
Uma lágrima grossa escorreu dos seus olhos, fria e salgada. Era o fim? Ou o princípio do fim? Não sabia dizer muito bem. Aquelas palavras apesar de tenras e cheias de ternura cortaram o seu coração. Foi como enfiar uma faca em seu coração, na cicatriz reaberta; era dessa forma que se sentia. O seu corpo doía, aquelas palavras que mais cedo ou mais tarde ela acabaria por ouvir. Sabia que ia ser assim, havia se preparado, mas a forma como Harry as havia dito, a machucou. Fez-se de forte, havia se conformado com o que ele disse, mas o seu âmago ainda doía.
(Eles me dizem que seus céus azuis tornam-se cinza)
They tell me your passion’s gone away
(Eles me dizem que sua paixão foi embora)
And I don’t need no carryin’ on
(E eu não preciso seguir em frente)
“— Gina, ouça... — falou muito silenciosamente, enquanto a conversa ao redor deles se tornava mais alta. — Eu não posso mais namorar com você. Nós temos que parar de nos ver. Nós não podemos ficar juntos.
Ela disse, com um estranho sorriso:
— Isto é por alguma estúpida, nobre razão, não é isso?
— Isto é como... como se alguma coisa da vida de outra pessoa, e essas últimas semanas com você —, disse Harry, — mas eu não posso... não podemos... eu tenho coisas pra fazer sozinho agora.
Ela não chorou, apenas olhava para ele.
— Voldemort usa as pessoas mais próximas aos seus inimigos. Ele já te usou uma vez, e justamente porquê você era a irmã de meu melhor amigo. Pense no perigo a que você estará exposta se continuarmos juntos. Ele saberá, ele a encontrará. Ele tentará me pegar através de você.
— E se eu não me importar? — disse ferozmente Gina.
— Eu me importo —, disse Harry. — contigo. Pense no que eu sentiria se eu fosse ao seu funeral... e por minha culpa...
Ela olhou longe, para o lago, e disse:
— Eu nunca realmente desisti de você. Não realmente. Sempre esperei... Hermione me disse para seguir com minha vida, talvez sair com outras pessoas, relaxar quando você estava perto, porque eu nunca era capaz de falar contigo no quarto, lembra-se? E ela pensou que talvez você iria me notar um pouco mais se eu fosse eu mesma.
— Menina esperta essa Hermione — Harry disse tentando sorrir. — Eu somente queria ter perguntado para você antes. Nós poderíamos ter feito isso há tempos... meses... anos talvez...
— Mas, você estava muito ocupado salvando o mundo mágico —, disse Gina, meio rindo. — Bem... eu não posso dizer que eu estou surpresa. Eu sabia que isso poderia acontecer no fim. Eu sei que você não será feliz até vencer Voldemort. Talvez por isso que eu goste muito de você.”
O seu coração doía. Eles haviam terminado por causa de uma “estúpida nobre razão”. Por que tinha que ter se apaixonado justamente por ele? Ele que era o melhor amigo do seu irmão. Logo por ele, que fora escolhido para matar o Lord das Trevas. Desejaria que fosse outro a carregar esse fardo, ou que ela fosse outra pessoa, que não tivesse sentimento algum por ele. Talvez fosse egoísmo da sua parte... Talvez não...
(Você fica na fila apenas para atingir um novo patamar)
You’re faking a smile with the coffee to go
(E você está forçando um sorriso com o café para viagem)
Pensou em Gina, enquanto encaminhava-se para o castelo. Não queria separar-se dela, amava-a e poderia dizer que havia sido cego todo aquele tempo. Queria ficar com ela, mas antes era necessário cumprir uma tarefa maior, da qual se eles continuassem juntos, ela poderia se tornar alvo para seu inimigo afetá-lo. Não queria vê-la machucada... ou morta.
Abriu a porta do dormitório masculino, não havia ninguém ali. E Harry teve de agradecer por estar vazio, o que mais queria agora era ficar isolado, solitário. Jogou-se em sua cama, a fim de pensar em tudo! Seu coração estava mutilado, não havia nada que pudesse acalmá-lo naquele momento. Gina talvez. Mas não podia estar com ela, tinha que se manter distante. Numa esperança quase tola de Voldemort não persegui-la até a morte.
(Você me diz que sua vida tem estado fora de controle)
You’re falling to pieces everytime
(Você está caindo aos pedaços toda hora)
And I don’t need no carryin’ on
(E eu não preciso seguir em frente)
Suas lágrimas encharcavam os finos e macios lençóis de sua cama. Havia corrido para lá, na esperança de ficar sozinha e chorar. Não haveria de comparecer no último jantar em Hogwarts. A escola iria fechar, já que o único que Voldemort temeu, se encontrava morto.
Sentou-se na cama. Tentou olhar para além do horizonte que se estendia da janela. Um belo pôr do sol! Um dia que fora terrível. Queria imaginar que era apenas um dia ruim, que tudo passaria quando acordasse. Que era um mal entendido, um pesadelo bobo, uma preocupação tola. Queria acreditar naquilo, mas não era. Era tudo muito real... Eram fantasias idiotas. Quando acordasse no dia seguinte, estaria tudo como estava naquele exato momento.
Com aqueles pensamentos, acabou por dormir em companhia de suas lágrimas.
(Porque você teve um dia ruim)
You’re taking one down
(Você está se sentindo para baixo)
Ainda era difícil de acreditar em tudo. Era difícil para Harry aceitar a morte de Dumbledore. Aquele com quem sempre poderia contar. Virou-se e deu uma última olhada para o magnífico castelo que era a escola, deu um adeus espiritual, e entrou no vagão do trem. Era a última vez que veria o monumental castelo que fora seu lar. Onde havia feito suas amizades. Onde havia feito a sua vida...
(você canta uma música triste apenas para mudar isso)
You say you don’t know
(Você diz que não sabe)
Por que uma nova manhã se estende. Por que o mundo renasce das cinzas. É um novo dia, uma nova oportunidade. Fingimos que não sabemos o que virá logo em seguida. Por que quando as idéias clareiam, tomamos novos rumos. Por que o nascer do sol traz consigo novas esperanças, tudo de novo, e então tomamos decisões sensatas.
(Você diz para mim “não minta”)
You work at a smile and you go for a ride
(Você força um sorriso e dá uma volta de carro)
Harry olhava para a vegetação que passava lá fora. Sentia-se aturdido. Muito que pensar e planejar. Seus amigos foram compreensivos em deixá-lo só para pensar. Na verdade sabia bem que se Rony e Hermione ficassem ali, iriam acabar brigando, e ele acabaria se zangando.
Quando Sirius morreu, Harry pensou que não haveria como acontecer desgraça pior. Descobriu-se completamente enganado no dia da morte de Dumbledore.
As cenas ainda eram visíveis em sua mente.
“— Nós temos um problema, Snape — disse Amycus grosseiro, olhos e varinha apontada para Dumbledore, — o menino não parece capaz...
Mas alguém falou o nome de Snape, bastante suavemente.
— Severus...
O som assustou Harry além de qualquer coisa que ele tivesse experimentado toda a noite. Pela primeira vez, Dumbledore estava suplicando.
Snape não disse nada, mas caminhou adiante e empurrou Malfoy asperamente para fora. Os três comensais da morte se retiraram sem uma palavra. Até mesmo o lobisomem pareceu se acovardar.
Snape contemplou por um momento a Dumbledore, e havia resolução e ódio marcadas nas linhas rígidas do rosto dele.
— Severus… por favor…
Snape elevou a varinha e apontou diretamente para Dumbledore.
— Avada Kedavra!
Um jato de luz verde saiu da ponta da varinha de Snape e acertou diretamente Dumbledore no peito. O grito de horror de Harry nunca o deixou; silencioso e preso, ele foi forçado a assistir quando Dumbledore foi lançado no ar: durante um segundo onde ele pareceu ficar suspenso em baixo do crânio brilhante, e então ele caiu lentamente para trás, como uma grande boneca de trapo, em cima das ameias e longe da vista.”
Aquela cena não lhe saia da cabeça, insistindo em lembrar-lhe daquilo que queria esquecer. Daquele dia infeliz e ruim. Por que havia sido um dia ruim, do qual ele haveria de guardar no coração.
(Você teve um dia ruim)
The camera don’t lie
(A câmera não mente)
You’re coming back down and you really don’t mind
(Você está para baixo e na verdade não se importa)
-Harry?- a voz de Hermione o chamou de volta para a realidade. Estava tão imerso em seus pensamentos que não ouviu a porta da cabine se abrindo. A amiga tinha um sorriso no rosto, um sorriso meigo e sincero, o mesmo sorriso que ela sempre usava quando queria ser solidária.- Posso ter uma conversinha com você?
Harry retribuiu o sorriso:- É claro que pode!
Hermione sentou-se de frente para ele, porém Harry havia tornado a observar a vegetação. Não queria olhá-la nos olhos, e se a conhecia bem Hermione, sabia que ela deveria vir com mais um de seus sermões.
Ela se manteve calada por alguns segundos, na esperança de que ele falasse algo. Mas ele se manteve inerte. Ela havia combinado com Rony que as coisas não poderiam ficar como estavam. No dia anterior, uma das colegas de quarto de Gina havia ido procurá-la, dizendo que estava preocupada com Gina. Então ela resolveu tomar medidas drásticas, sabia que Harry sempre a alertaria se algo do tipo viesse ocorrer com ela, ele estaria pronto a ajudá-la. Então ela e Rony decidiram na noite anterior que deviam fazer algo pelo amigo. Era bem sutil e simples: Uma conversa! Iria direto ao ponto, e se fosse necessário machucar o amigo, e reabrir algumas cicatrizes para ele cair na real, assim faria.
- Gina passou a noite chorando!- sua voz soou rouca e fraca. Aquilo fez com que Harry olhasse para ela. Ele não sabia o que dizer, a expressão em seu rosto mostrava confusão, o amigo estava sem rumo. Porém, ela não pouparia esforços.- A noite toda Harry, desde o momento que você a largou depois da cerimônia em homenagem a Dumbledore, até hoje de manhã.
-O que eu posso fazer?- o que a amiga esperava que ele fizesse? Doía saber que Gina havia chorado por causa dele. Tornou a levar seu olhar para a paisagem lá fora. Uma bela paisagem, devia admitir. Era uma situação agradável, o barulho que o trem fazia para se locomover, os campos de flores lá fora. Uma ótima paisagem que não poderia aproveitar, proveniente de sua grande tristeza. Ficou em silêncio por alguns segundos e depois, de súbito, disse:- Eu não quero vê-la machucada. Nem morta, muito menos triste, mas se permanecermos juntos Voldemort vai querer usá-la para me atingir - uma lágrima escorreu-lhe pelos olhos... - Ele simplesmente vai matá-la, e eu não quero vê-la morta.
Hermione levantou-se e sentou-se ao lado dele. Harry encostou sua cabeça no ombro da amiga, com a intenção de se consolar com ela. Num gesto de carinho, Hermione apoiou sua cabeça na dele.
- Foi apenas um dia ruim Harry, tudo passa, mas se você continuar a fazer isso com ela vai ser pior. – afagou a mão do rapaz - ela precisa de você, assim como você precisa dela. Por que não aproveitar o agora e esquecer o depois?
Harry levantou-se e olhou nos olhos dela. O que ela queria com tudo aquilo?
(Você teve um dia ruim)
You had a bad day
(Você teve um dia ruim)
Well you need a blue sky holiday
(Bem, você precisa de um feriado com um céu azul)
Silêncio! O que afinal ele queria ali? Continuou calada, não iria falar nada, não estava a fim de conversar mesmo, se ele queria um diálogo, que ele o iniciasse.
Rony observou sua irmã. Seus longos cabelos ruivos caiam graciosamente, eles eram tão lisos e tão brilhantes. Os olhos castanhos... lembrou-se de algumas expressões que estes podiam assumir. A boca era pequena e um pouco carnuda. Magra, porém com curvas perfeitas. Levaria qualquer homem ao delírio. Harry havia perdido a sanidade no momento que terminou tudo? Ou havia simplesmente perdido a sanidade? Não culpava o amigo, mas também sabia que aquilo não era certo, afinal.
Gina mantinha-se olhando para os pés, era exatamente como sempre fazia quando era disciplinada pelos pais. Como ela havia crescido, e ele nem havia se dado conta...
-Cadê minha irmãzinha guerreira? - abraçou-a, seu coração partia-se em vê-la daquela forma. Havia combinado com Hermione que daria um jeito de animá-la, o plano teria que dar certo. Haviam combinado tudo, cada detalhe apressadamente. Preferiu conversar com ela por achar que Gina precisaria de seu ombro amigo. Hermione o advertiu de várias maneiras, como tomar cuidado dela. Queria ser breve, mas não rude. – sabe, pensei que você sempre lutaria por aquilo que você queria.
-Onde você quer chegar com isso?- perguntou entediada.
-Você sempre me disse isso, sempre demonstrou isso.- levantou-se e pegou Gina pelos ombros. Com uma das mãos, obrigou Gina olhar nos seus olhos.- O Harry te ama, sabe, acho que ele só não quer te perder, só que eu não entendo por que você fica aqui parada esperando as coisas acontecerem. Você é uma sobrevivente, Harry precisa da sua ajuda. O que você tá fazendo aqui invés de correr atrás do que é seu?
Gina sentiu seus olhos marejarem, Rony era ótimo como irmão, até um pouco antes de entrar em Hogwarts, mas as coisas mudaram um pouco desde então. E agora ele estava ali, lhe oferecendo um ombro amigo? Era o que precisava e não ia recusar. Abraçou, com uma força incontestável, queria se apegar há algo material. E ele estava ali. Deixou as lágrimas escorrerem, por que era aquilo que queria fazer.
O irmão não recusou o abraço, também a abraçou fortemente. Queria aconchegá-la. Por que era daquilo que ela precisava. Rony acariciou os macios cabelos da irmã, com a intenção de confortá-la. Era assim que devia ser daqui por diante, um ajudando o outro, quando um caísse outro ajudava a levantar. Era assim que devia ser, pois a única forma de vencer o Lord Negro, era mantendo-se unidos e vivendo em amor, por mais que isso fosse difícil. Sentia o coração apertado, tinha algo ainda para terminar.
Os dois se afastaram e Rony pegou no queixo da irmã. Olhou dentro dos seus olhos e disse:
- Vai atrás do Harry Gi, não deixe que ele faça uma besteira. Sei que você é forte - pegou a mão dela e deu um singelo aperto de incentivo - Sempre foi atrás de seus sonhos e do que era seu, não deixe que Vol...- respirou fundo, era repugnante dizer aquele nome, no entanto prosseguiu - não deixe que Voldemort acabe com o que é bonito.
-Eu nem sei o que dizer!- mais uma lágrima corriqueira escorreu de seus olhos. Fechou-os na intenção de fazer as lágrimas pararem, e para se restabelecer. Sentiu o dedo de Rony em suas faces, limpado a lágrima que havia caído de seus olhos.
-Não diga, faça! - Gina o olhou espantada. Rony devia estar com febre, mas recusou-se a olhar se ele de fato estava quente, poderia acabar machucando o irmão se o fizesse, ela não queria e nem precisava perder mais ninguém.- Vá atrás dele Gina, seja o que ele tenha feito, foi uma ação mal pensada, um impulso do desespero. Seja feliz enquanto pode!
Gina deu um último abraço em Rony, estava feliz. - eu te amo! Muito obrigada por tudo.
Rony deu-lhe um beijo na testa e ela se foi. Ficou a observar ela sair, no final não tinha sido tão difícil assim...
-Foi apenas um dia ruim.
(O fato é que eles riem do que você diz)
And I don’t need no carryin’ on
(E eu não preciso seguir em frente)
-Por que você não sabe quando vai confrontar Voldemort e enquanto esse momento não chega, por que não viver cada momento intensamente? É uma forma de ser um pouquinho feliz no meio de toda essa confusão.
-Mas... e se ela morrer?- perguntou. Harry sentia-se sufocado por aquele pensamento.
Com uma voz doce e gentil Hermione respondeu:
-Então ao menos ela terá morrido feliz. Por que viveu os seus poucos dias ao lado da pessoa que amava.- Ela sabia que estava certa, como nunca havia estado antes. Certa vez Dumbledore havia dito que a única forma de vencer Voldemort seria o amor. Por que não? Era uma forma de amor o que os dois sentiam, não?
-Você lembra o que o velho Dumbledore disse sobre como derrotar Voldemort?
Ele a olhou, não disse nada a princípio, apenas pensou.
-Lembro - Como Harry lembrava! Através de amor, não podia imaginar como derrotaria voldemort com amor, coisa mais tola.- Ele disse que era através do amor.
-Você se lembra como Voldemort caiu da última vez?- Hermione não havia pensado em momento algum em trilhar por aqueles caminhos, mas já que estava lá, por que não continuar? Faria o amigo cair na real.
-Ele matou minha mãe - a lembrança de uma luz verde lhe veio em mente, apesar de anos terem se passado, ele ainda sentia um ardor em sua cicatriz quando se lembrava daquela noite. O grito de sua mãe…- Depois tentou me matar.
-E por que você não morreu?- perguntou inclinando-se um pouco e aproximando do rosto dele, de tal forma que se fitassem. Seu tom era desafiador.
- Por que minha mãe morreu por mim.
-Exatamente - Hermione disse aquelas palavras como algum professor desse os parabéns ao aluno que fez um exercício certo. Ela chegou finalmente onde queria chegar no momento que se enveredou por aquele caminho.- Por que sua mãe morreu por você, por que ela te amava, e isso foi o que derrotou Voldemort, só assim ele poderá morrer...- dizendo aquelas palavras Hermione se levantou e se foi. Deixando para traz um Harry aturdido.
(oh... feriado...)
Sometimes the system goes on the blink
(Às vezes o sistema funciona mal)
And the whole thing turns out wrong
(E a coisa toda dá errado)
Sentiu-se tola. Por que havia se afogado em lágrimas ao invés de correr atrás do que sonhava? Talvez fosse o medo de que Harry a rejeitasse, talvez covardia que aflorou em seu ser, após tudo o que havia acontecido. Talvez só um erro.
Sua mente estava em um turbilhão. Gina não sabia o que pensar, o que fazer, o que falar! Em sua mente passava vários pensamentos de uma só vez. Tentava recapitular tudo o que iria falar, mas sempre esquecia algo. Ao caminho da cabine de Harry, ela limpava uma lágrima e outra, que ela não sabia distinguir se era de alegria, ou de tristeza. Sabia apenas que seu coração começou a erradiar uma felicidade.
“Por que tudo não passava de um dia ruim.” Foi o que Rony havia lhe dito, e no final ele estava coberto de razão. Tudo não passava de um dia ruim, afinal de contas havia sido o enterro de Dumbledore, por que não seria um dia ruim de fato? Um mal entendido, e um motivo estúpido que Harry havia inventado. Mas ela não iria desistir, não tão fácil daquela forma...
O enorme corredor que levava até a cabine de Harry, havia enfim acabado. E Gina estava em frente á porta que lhe daria acesso até Harry. Respirou fundo, recapitulou tudo o que pretendia falar, e depois acabou desistindo. Elevou a mão para bater na porta, era agora ou nunca, disse para si mesma, antes de bater, no entanto, sentiu um friozinho na barriga, e pensou se o que estava para fazer era de fato algo certo.
(Talvez você não consiga voltar e você sabe)
That you could be well oh that strong
(Que poderia estar bem, oh tão forte)
Não sabia o que pensar, ou que rumo tomar. Sentia-se um tolo, e de fato o era. Não havia tido nada de bom na vida, além dos amigos é claro, e a única pessoa que poderia lhe dar o que os seus pais não podiam, pois estes se encontravam mortos, ele havia dado um fim no singelo relacionamento que tinha com ela.
Não pôde deixar de se considerar o cara mais obtuso da face da Terra. Tinha despachado a única pessoa que de fato havia amado, a única que havia estado ao seu lado.
A vegetação lá fora não parava de passar, já passava das duas da tarde e a agonia aumentava.
Havia talvez sido muito grosso da forma como havia terminado, num momento propício para ele, mas bem impróprio para ela. Não sabia dizer o que doía mais: o fato de estar junto com ela e saber que a qualquer momento poderia estar morta, ou saber que ela estava chorando por que foi estúpido demais com ela.
Era a pergunta que não queria calar.
Harry olhou para a porta, seria sensato ir atrás dela? Não seria egoísmo da sua parte querê-la ao seu lado, enquanto a vida desta corria perigo? Ou ele deveria apenas deixar esses devaneios para trás e correr atrás dela? Sabia que era uma decisão para a vida toda.
O moreno levantou-se, ajeitou a roupa e encaminhou-se para abrir a porta, ainda incerto de suas decisões.
(E eu não estou errado)
Harry parou diante a porta, com a mão na maçaneta. Um dia ruim? Piores passaram e outros piores e menos piores poderiam vir, refletiu.
Alguém bateu na porta. Harry girou a maçaneta, não sabia como agir diante da imagem que viu a seguir.
Gina ficou aturdida, sentiu seu estômago dando cambalhotas. Havia batido apenas uma vez e pretendia bater mais uma vez, porém a porta foi aberta quando ela ia executar esta ação. Ficou aturdida. Forçou um sorriso, e Harry o retribuiu. Não sabia o que fazer. Abaixou as mãos e serrou os punhos, não por que estava com raiva, de modo algum, mas sim por que se encontrava nervosa. Sentiu um rubor subir as faces, e saiba que ele iria notar.
-Não vai me convidar para entrar?- disse por fim, sua voz não saiu como ela queria, estava meio rouca.
Porém agora foi a vez de Harry ficar vermelho, ela estava tão bela que ele não soube como reagir; era sempre assim quando ficava perto dela. Quando a voz dela soou, ele foi despertado de um sonho. E a voz dela havia soando tão bem, que não parecia uma ordem e sim um pedido.
-É claro que pode.- e fez um gesto com as mãos para que ela adentrasse a cabine. E não pôde deixar de perceber o nervosismo dela com os punhos semi-serrados.
(Então, onde está a paixão quando você mais precisa?)
Oh you and I
(Oh, você e eu)
You kick up the leaves and the magic is lost
(Você chuta as folhas e a mágica é perdida)
Nem ele muito menos ela sabia o que dizer. Um silêncio profundo.
Gina sentou-se de frente a ele, e apesar de quando estava a caminho dali ter ensaiado mil coisas para dizer e mil formas para começar a dizer, tudo aquilo havia sumido de sua mente como num passe de mágica. Por que tinha que ser tudo tão complicado? Era difícil para ela, mas ia prosseguir até o fim.
Harry também não sabia o que dizer. Sentiu uma vontade súbita de sentar-se ao lado dela, e acariciar-lhe as madeixas, abraçá-la e guardá-la. Mas talvez isso fosse impossível, havia tanta coisa que lhe impedia de ficar com ela. Precisava direcionar seu olhar para algum lugar, para que conseguisse falar algo.
-É...- os dois disseram juntos. Não houve como não rir.
-Diga Gina - Harry ofereceu a oportunidade dela começar a dizer.
-Por que você não começa?- e Gina lhe ofereceu um sorriso. Harry imaginou que talvez ela soubesse que aquilo o desarmava.
-Quem estava batendo na minha porta era você.- retrucou, não podia deixar simplesmente que o que sentia por ela atrapalhasse-o. Ele percebeu o ligeiro rubor que subiu as faces dela com a sua indagação.
-Rony disse que eu deveria vir conversar com você.-disse por fim - E que eu sou uma sobrevivente que não deveria deixar o cara que eu gosto escapar pelos meus dedos - sua voz saia baixa e rouca, mas ela mantinha-se firme, olhando dentro dos olhos dele. Sentiu-se um pouco tola, de ter transformado as palavras de Rony em suas, mas o que estava dito estava dito e não havia como remediar. Era mais difícil do que ela podia imaginar. Um aperto no coração. Comprimiu as pálpebras e, sem querer, uma lágrima aflorou de seus olhos.
Aquilo o desarmou, ver Gina chorar, aquilo partiu seu coração.
(Porque você teve um dia ruim)
-Foi um dia difícil para todos, não?- Rony disse quando Hermione entrou na cabine onde Gina estava há alguns instantes atrás.
-Foi, pode ter certeza, e dias piores estão por vir.- respondeu e sentou-se do lado dele.
-Não consigo imaginar um dia pior do que ontem.- Rony abraçou Hermione, em um gesto de proteção.- E nem quero imaginar - completou.
-Espero que eles estejam se entendendo - disse se referindo a Gina e Harry.
-Também espero, não quero ver minha única irmã e meu melhor amigo sofrendo - e dizendo isso Rony beijou os cabelos de Hermione.
(Você está se sentindo para baixo)
You sing a sad song just to turn it around
(Você canta uma música triste apenas para mudar isso)
Quando Harry se deu conta, já estava ao lado de Gina abraçando-a e pedindo para que não chorasse. Ela não disse nada, apenas aconchegou-se no ombro dele. Não sabia o que fazer ou como agir. Queria olhá-lo nos olhos, apesar de sentir-se tola por estar chorando.
Quando sentiu Gina aninhar-se em seu ombro pensou que iria enlouquecer, pois ela sabia exatamente como fazer isto. Sentiu os cheiro dos cabelos dela, o frescor e a maciez daquela pele leitosa. Simplesmente não conseguia resisti-la. Quando estava com ela a tristeza ia embora...
(Você diz que não sabe)
You tell me don't lie
(Você diz para mim "não minta")
You work at a smile and you go for a ride
(Você força um sorriso e dá uma volta de carro)
Harry pegou o cabelo dela e cheirou, emanava um cheiro tão bom! Afastou-os para que pudesse ver a pele nua de seu pescoço. Primeiramente roçou os lábios ali, depois beijou delicadamente. O que sentia por ela não era uma paixão voraz, mas sim um amor carinhoso, por isso não sentia necessidade de sensações vorazes.
No momento em que Harry começou a roçar os lábios em sua nuca, Gina pensou que tudo a sua volta havia se desvanecido. Sentia-se bem e feliz perto dele, queria estar assim com ele. Sempre.
Beijou delicadamente o pescoço de Gina e uma sensação indescritível passou por si. Ela apenas retribuiu as carícias. Os beijos de Harry iam andando até chegaram próximos à boca. Um beijo doce e amável. Não poderia imaginar beijo mais amável do que este. Tornou a abraçá-lo, queria o conforto de seus braços fortes, e consolar a alma despedaçada dele.
Quando o abraço de Gina tornou a envolvê-lo, Harry sentiu um carinho imenso emanar deste simples abraço. Amor, ternura e compaixão. Tudo junto num só juntar de corpos. Foi tão reconfortante, tão acolhedor. Um abraço que valia pela vida inteira, um abraço que nunca pode ter.
(Você teve um dia ruim)
Gina aninhou-se em seu colo, sentia tanta falta de estar perto dele, que o tempo e espaço não fazia alguma diferença para ela. Queria que ele iniciasse a tão esperada conversa rápido, para descobrir que atitudes deveria tomar. Era incrível como poderia ficar ali horas e horas com ele, e toda sua tristeza passar num estalar de dedos.
Harry não demorou muito a fazer o que Gina queria, mesmo que ela não houvesse dito nada, era o momento. Parou de acariciar as madeixas dela. Levantou-a gentilmente, de tal forma, que os dois ficassem cara a cara. Tirou uma das mechas do cabelo dela que ainda insistia em repousar em seu rosto, e limpou um último vestígio de lágrimas. Pôde perceber que os olhos dela se encontravam ligeiramente inchados, mas fingiu não notar, só para não se entristecer mais. Queria ser rápido e direto, sem muitos rodeios, talvez fosse difícil para se fazer mesmo assim o faria.
(Você viu o que gosta)
And how does it feel for one more time
(E o que acha de mais uma vez?)
Iria olhar, apenas olhar para os olhos dela. Por mais inchados e profundo que estivessem era o único lugar que poderia direcionar, pois se olhasse para qualquer lugar, ele não conseguiria dizer o que queria dizer. Harry pegou o rosto dela entre suas mãos, mais uma caricia e mais um sorriso meigo de Gina. E era hora de dizer o que tinha que dizer.
-Eu sei que isso é tão difícil para mim quanto para você - Harry disse pausadamente, assim poderia pesar cada um das suas palavras e ter tempo para pensar nas próximas.- Sei que você me ama tanto quanto eu amo você - ela abriu a boca para dizer algo, mas ele não se deixou interromper - E que o que vou fazer vai cortar o meu coração, sim Gina isso vai cortar o meu coração - respondeu a pergunta não formulada - mas não quero vê-la sofrer. Você é tudo o que tenho agora. Perdi Sirius - e que dor lhe dava lembrar disso - perdi Dumbledore, que era meu mestre e quase um avô - estava cansado de perder pessoas amadas.- e não suportaria perdê-la também.
-Estou disposta a enfrentar tudo ao seu lado Harry, mesmo que isso seja um pensamento tolo, eu sou uma boa bruxa, e posso melhorar ainda mais se você me ensinar mais.- protestou ela.- Também não suportaria viver sem saber como você está, se morreu hoje, ou se vai sobreviver o amanhã. Quero te ajudar a procurar as horcruxes...- Gina foi silenciada por um beijo tenro e suave.
-Você pode deixar eu terminar de falar?- Harry perguntou quase sorrindo.
-Mas é que...- Mais um beijo.
-Posso?
-Ora Potter, para de me silenciar com beijos!- Gina se mostrou levemente zangada. Harry não pôde deixar de rir da cara dela, era muito engraçado vê-la zangada.-Ora do que está rindo? Estamos discutindo a relação! - Harry soltou mais uma gargalhada gostosa, e acariciou as faces de Gina, enquanto esta ficava ligeiramente vermelha.
-Você é muito engraçada, e no final Mione tem razão novamente.- A ruiva franziu levemente o cenho.- Apesar de pôr sua vida em risco - e uma lágrima ameaçou a cair de seus olhos.- eu preciso de você para tornar minha tristeza em alegria.
(Você teve um dia ruim)
You had a bad day
(Você teve um dia ruim)
Gina pensou que todo o seu ser iria explodir de tanta felicidade. Não sabia dizer bem ao certo o que sentia. Só conseguiu dar um beijo em Harry, em agradecimento.
-Mas...- Harry tornou a dizer.
“Sempre tem que haver um mas!” Refletiu a ruiva. Mas o que importava aquele ‘mas’, desde que pudesse ter ele ao seu lado? Fechou novamente os olhos, uma nova lágrima rolou, não de tristeza e sim de alegria, suas pálpebras tremeram levemente. Gina sentiu Harry limpando a lágrima e acariciar suas faces, no final sentia-se feliz.
Ainda de olhos fechados ela perguntou:
-E o que seria esse “mas”, Potter?-
- É um simples “mas”- e Harry a enlaçou pela cintura, deu lhe um beijo.- Não manteremos nosso romance em público, por questão de segurança. Não quero você zanzando para cima e para baixo. Quero que você aprenda oclumência - ela abriu a boca para protestar, mas Harry fingiu não perceber e prosseguiu - e por último, quero que pegue aulas de defesa contra as artes das Trevas com Moody e antes que me esqueça, quero que você e sua família vão morar na mansão Black.
-Mais alguma coisa?- ironizou.
-Nada mais minha querida.- e Harry deu-lhe um novo beijo.
-Mas quanto a oclumência, nem você mesmo sabe direito.- protestou a ruiva.
-Gina Weasley, se for necessário aprender oclumência para proteger as pessoas que eu amo, é claro que eu faria, mesmo se isso significasse tomar aulas com o seboso de novo.- Eles não puderam deixar de rir, apesar da má lembrança que Snape trazia.
(Teve um dia ruim)
Had a bad day
(Teve um dia ruim)
Ela também tinha suas exigências, mas as diria mais tarde. Aproveitaria o pouco tempo que ainda tinham para ficarem juntos. Pois como bem sabia, o expresso não demoraria à chegar na estação. Abraçou-o novamente, queria sentir o perfume que emanava dele, sentir um abraço confortante, caloroso e aconchegante, que ele poderia lhe dar. Olhou-o novamente nos olhos, sorriu e beijou novamente.
-Foi apenas um dia ruim.- disse
-É, foi apenas um dia ruim - Harry concordou - dias piores virão e outros muito melhores também estão por vir.- E dizendo isto Harry tornou beijá-la.
“Por que no final tudo não passa de um momento difícil. De um dia, que acordou cinzento e descobriu que devia seguir em frente. Por que é apenas mais uma fase difícil”.
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Notas da autora:Espero que tenham gostado. então comentem!
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