Beco sem saída




Harry Potter era agora um bruxo de maior idade, mas não podia sair de casa!

Só conseguia lembrar de um momento onde estivera impossibilitado de cruzar uma barreira mágica e pensando nisso ele disse energicamente:

- Doby?

Esperou por alguns segundos e nada do Elfo Doméstico aparecer. Seus tios estavam parados a sua frente sem entender o que estava acontecendo. Até mesmo eles esperavam uma labareda de chamas verdes, exatamente como da última vez, três anos antes, quando O Sr. Weasley vieram buscar Harry para a Copa Mundial de Quadribol, devastando toda a sala dos Dursley que nunca mais tiveram coragem de chegar perto da lareira, nem mesmo para fecha-la.

- Monstro? ‘Chamou ele agora. Afinal não sabia se o primeiro Elfo tinha por obrigação responder-lhe, uma vez que não o pertencia, diferente de Monstro que, mesmo contra a sua vontade, era servo de Harry Potter.’ – MONSTRO! – ‘Disse novamente em tom de voz mais alta.

Tio Valter começou a achar que estava sendo ofendido, embora de um jeito muito estranho, haja vista que Harry dizia estes nomes olhando para o chão, como que esperando que algo acontecesse. Tia Petúnia percebendo a desconfiança do marido respondeu-lhe: - Ele está chamando aquele ser repugnante que é escravo dele não se lembra?

Tio Valter levantou o dedo e ameaçou dizer alguma coisa para Harry, mas foi impedido por um estalo oco no meio da sala.

Ao ouvir o som Harry olhou em direção ao centro da sala a tempo de perceber que por uma fração de segundo o Elfo Doméstico de orelhas imensas, quase conseguira se materializar, contudo parecia ter sido impedido por algo.

Entendendo o que estava acontecendo, Harry apontou sua varinha para a gaiola onde estava presa Edwiges.

- Alohomora!

A gaiola se abriu instantaneamente e a coruja muito esperta já se dirigia à janela ciente da missão que tinha.

Avisar a Sra. Figg e a Ordem da Fênix que algo estava errado.

Enquanto Edwiges voava em direção a janela, Harry de relance viu um repentino clarão verde do lado de fora. Instintivamente ele apontou a varinha para a coruja e num ato desesperado gritou:

- Accio Edwiges!

Com um pio estridente e alto a coruja foi sugada para trás como que puxada por uma linha invisível diretamente para as mãos de seu dono, a tempo de sair do caminho do jato de luz verde que quebrava a janela da casa e fazia um buraco enorme na parede oposta para horror de Valter e Petúnia Dursley que por alguns centímetros não foram atingidos.

Por alguns segundos Harry alternava a varinha da janela para porta e da porta para janela, pronto para invocar um contra feitiço, esperando que alguém aparecesse, mas para sua surpresa um barulho ensurdecedor de explosão veio de cima deles e ao redor e a primeira reação de Harry e dos Dursley foi proteger as cabeças com as mãos, mas nada caiu.

A única coisa que sentiam era uma ventania forte e repentina que tomou conta da sala. Ao olhar para cima Harry viu horrorizado que não havia mais teto acima ou parede à frente dele. Não havia mais cômodo. Apenas o céu aberto, escuro e sobrevoando acima deles, alguns Dementadores e Comensais da Morte.

- Feliz Aniversário Potter!

Harry demorou alguns segundos, mas reconheceu a voz antes que avistasse o dono. Era o único da comitiva a quem Harry identificou de fato. Isso significava que Voldemort estava tendo sucesso na busca por aliados ou vinha usando com grande sucesso a maldição Imperius.

O que perturbou Harry, no entanto não foi ver Fenrir Grayback em uma vassoura, sobrevoando o que sobrou da casa de número quatro na Rua dos Alfeneiros, mas sim ver oito Dementadores e mais três comensais da morte com ele, dos quais o que estava em um nível mais alto que todos, tinha suspenso no ar pela sua varinha, com cara de desespero, ninguém menos que Duda Dursley, capturado pelos seus algozes.

- Não vai apontar a sua varinha Harry? Não vai tentar me imobilizar como fez em Hogwarts há poucos meses atrás? Ou já percebeu que sua casa está bloqueada para locomoção mágica? Ah... E nem pense em correr para o lado de fora se você não quiser que o seu priminho gorducho aqui sofra um acidente.

O Lobisomem falava com bastante ironia na voz e as histórias que Harry ouvira sobre ele e o estado de Gui na enfermaria de Hogwarts a pouco mais de um mês, era suficiente para que ele soubesse que ali estava alguém com quem não deveria brincar.

Os Dursleys não conseguiam se mover. Harry olhava para os tios que estavam divididos entre o terror de ver o filho deles flutuando acima deles e de ver um Lobisomem vestido de preto junto a três homens com máscara de caveira, todos os quatro em vassouras acima de suas cabeças. Isso porque como trouxas, não conseguiam enxergar os Dementadores, embora pudessem sentir a sua presença.

A cabeça de Harry funcionava a mil, embora começasse a sentir náuseas devido à presença dos Dementadores.

Como era possível que os bruxos das trevas não sentissem a presença deles? Harry olhou para a casa da Sra. Figg, onde viu tudo apagado e imaginou que esta já havia saído para buscar socorro e pensou que a única coisa a fazer ali agora era ganhar tempo até alguém da Ordem chegar para ajudar-lhe e aos tios, foi então que escutou a gargalhada doentia de Grayback.

- Você reparou Tillaney? A primeira reação do garoto é procurar por uma velha abortada que fede a gatos! Sinto muito garoto Potter, mas nós já cuidamos dela também.

Seguindo a direção do dedo de Fenrir Grayback, agora mais para o alto em direção a lua cheia, estava à marca negra logo acima da casa da Sra. Figg.

- Ela está morta Potter! Ela e seus deliciosos gatinhos. ‘Disse isso lambendo as garras que agora Harry reparava estavam sujas de sangue’

A raiva começou a tomar conta de Harry. Mais uma pessoa havia perdido a vida por estar ligado a ele. Mais um inocente havia tombado ante a maldade de Voldemort, na sua ânsia de vingança.

O desespero começou a apertar o seu estomago. Harry se indagava por que os Weasley estavam demorando tanto? Há esta hora já deveriam ter aparatado pelos arredores do número quatro, supondo que algo estava errado por ele não ter chego ainda. Eles eram a última chance de Harry salvar os tios e o primo.

Ele não tinha saída dali. Não sozinho.

- Deixe meus tios fora disso! Eles não têm valor nenhum para vocês. São apenas trouxas.

- Realmente eles são apenas trouxas fedorentos. Mas sem valor? Eu não diria exatamente que são sem valor. Se fosse assim, você não estaria tentando negociar agora estaria Potter? Apenas correria para fora de casa rezando para que todos nós errássemos nossas maldições e você conseguisse chegar ao quintal e convocar seu pequeno patronozinho em forma de veado, até onde me contaram, ou simplesmente aparatar para longe daqui deixando essa raça imunda a sua sorte.

- Se vocês fizerem algum mal a eles...

- Você vai fazer o que Harry? Somos quatro bruxos, sendo um deles Lobisomem, contra um garoto de dezesseis anos que não pode nem tirar um coelho da cartola.

- Resolveu pedir ajuda desta vez? Não teve coragem de me encarar sozinho? Você é bem servo do seu mestre mesmo, não é?

As palavras de Harry tiveram exatamente o efeito que ele queria. Embora tinha dúvidas de até que ponto seria sábio enfurecer Fenrir Grayback. O sorriso maléfico no rosto do Lobisomem desapareceu imediatamente e ele foi descendo lentamente sua vassoura para o chão, com o semblante sério, mas com um irritante olhar de triunfo.

- O que está tentando Harryzinho? Ficar batendo papo até os Weasley aparecerem? Oh! É isso mesmo Potter? ‘Disse ao ver a cara assustada de Harry’ – Isso mesmo garoto! Os Weasley tem os seus próprios dilemas para resolverem! Como eu disse antes: Você está sozinho! Então é bom você baixar essa varinha, colocar ela aos meus pés e se entregar agora, antes que eu realmente me enfureça e esqueça das ordens do Lorde das Trevas e rasgue você e usa família inteira.

Não havia mais sarcasmo nas palavras do Lobisomem agora. Ele estava à beira de perder a calma e o controle e então Harry viu a sua oportunidade. Sabia que Voldemort não o queria morto, então sua única saída era pensar que os Comensais da Morte o protegeriam a qualquer custo.

- Não se aproxime totó. Mantenha distância. Estou meio cansado hoje e não quero ter de por você em seu lugar mais uma vez. Volte para o seu dono calminho do jeito que você está e eu tenho certeza de que ele vai te dar um ossinho.

As palavras de Harry pareciam ter tirado qualquer vestígio de sanidade da mente de Grayback cujos olhos passaram de preto para vermelho sangue num instante. Harry não podia tirar os olhos de Grayback agora, pois um segundo seria o suficiente para ele rasga-lo pelo meio com suas garras e nessa fração de segundo em que fosse atacado pelo lobisomem era a sua oportunidade de tentar desarmar os comensais da morte e tentar afastar os dementadores.

Segundo o próprio comensal disse, a região interna da casa só estava protegida para locomoção mágica, logo Harry poderia atacar ao seu bel prazer. O problema era fazer isso tendo de defender os tios, evitar que o primo despencasse e ainda ter de lidar com os dementadores, tudo isso enquanto os comensais da morte estivessem tentando impedir Fenrir Grayback de rasga-lo em dois.

Ao passar pela milésima vez o seu plano na cabeça Harry percebeu o quão perigoso, insano e cheio de falhas era, mas... Não conseguia pensar em nada melhor.

Grayback deu dois passos adiante e embora não pudesse vê-lo diretamente Harry percebeu que eles temiam que o Lobisomem estivesse perdendo o controle.

- Fenrir não se esqueça das ordens do Lorde das Trevas. Potter deve ser levado vivo.

- Sim! Vivo! Mas ninguém disse nada quanto ao estado dele.

Com um salto e um urro de fúria que fizeram Tia Petúnia e Tio Valter congelarem, Fenrir Grayback avançou para cima de Harry enquanto três feitiços o atingiram pelas costas fazendo-o desmoronar em cima de Harry, demaiado.

Todos ficaram em silêncio por alguns segundos e então se escutou a voz abafada de Harry:

- Alguém tire esse bicho nojento de cima de mim.

Então um dos comensais da morte gritou levicorpus e Harry percebeu que era sua chance. Sem o lobisomem e com dois comensais sem poderem utilizar suas varinhas por manterem Duda e Grayback presos aos seus feitiços, só sobrou o tal Tillaney livre para amaldiçoar Harry e assim que sentiu o corpo do lobisomem flutuar acima de si o usou como escudo enquanto apontou para o comensal gritando – EXTUPORE!

O feitiço acertou o comensal em cheio, que caiu da vassoura direto para o chão da rua dos Alfeneiros enquanto Harry convocava seu patrono que já se ocupava dos Dementadores. Harry não sabia como havia conseguido pensar em algo feliz naquele momento, mas ao imaginar perder os únicos parentes que ainda possuía, a recordação de Tia Petúnia lhe dando de presente de aniversário, apenas alguns minutos atrás, a carta que Dumbleodore deixou quando ele era ainda um bebe, havia lhe enchido de emoção e parecia que dali surgia à força para seu patrono.

Os Durleys pareciam ter entendido o gesto de Harry avisando-os para saírem da casa e Harry percebia que embora os dois comensais restantes pareciam não acreditar no que acontecia, já se recuperavam do susto. Então tentou extuporar o comensal da morte que segurava Grayback, mas este já havia soltado o lobisomem e os feitiços dos dois se chocaram em pleno ar.

- Então está bem Harry Potter. Eu tenho ordens para não mata-lo, mas isso não incluía essa raça podre da sua família.

Apontando a varinha para Duda preso no ar o comensal gritou: AVADA KEDAVRA!

Ao ouvir aquelas palavras e ver o jato verde saindo da ponta da varinha do comensal, o coração de Harry se encheu de angústia e desespero e um frio intenso percorreu seu corpo tão rápido que Harry não teve tempo de assimilar o que estava fazendo. Só percebeu que estava com a varinha apontada para o primo, mas não dizia nada. Só pensava repetidamente de forma alucinada some daí, some daí, some daí que então o primo derrepente desapareceu no meio do ar.

O jato de luz verde passou por onde estaria Duda Dursley até perder sua força e desaparecer no meio do ar mais adiante.

Harry, assim como os comensais, olhava para os lados procurando ver o que havia acontecido com Duda, mas nem sinal do garoto.

Tia Petúnia caia em desespero na calçada da rua pelo sumiço do filho, achando que ele fora assassinado e então Harry se deu conta de que esquecera dos tios momentaneamente e ao ver os dementadores retornando, correu em direção aos tios parando em frente a eles e virando para os comensais a tempo de ver dois jatos de luz vermelha voando em sua direção.

Ignorando todo o desespero do momento Harry segurava as mãos dos tios e só ouvia a voz de um homem do ministério que dizia insistentemente em sua cabeça: Destino, Desejo e duração; e desaparecia junto aos tios com um estalo abafado pelo estrondo de dois jatos de luz vermelha atingindo o chão exatamente onde estava outrora, deixando para trás os comensais da morte, lobisomens, dementadores e de uma vez por todas e para sempre o número quatro da Rua dos Alfeneiros.

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