Introdução
Introdução
Era inverno. O inverno anterior a tudo começar.
Nós estávamos na sala de estar, sentados e calados, olhando uns para os outros, esperando. Estavam lá meus tios, meus pais, meus primos Sirius (contra sua própria vontade, sua mãe o havia obrigado a passar as férias de inverno lá) e Regulus, e eu. Minhas irmãs não estavam lá. Bellatrix estava na França, e não tinha podido vir. E Andromeda... Bem, Andromeda era o motivo de tudo isso.
Eu estava ansiosa para que isso tudo acabasse logo. Eu estava muito entediada. E mesmo que não demonstrassem, sabia que todos os outros também estavam se sentindo como eu.
“Como seria bom se essa perda de tempo acabasse e nós fossemos jantar logo...” Era o que eu estava pensando quando Tia Walburga se levantou e pigarreou alto, anunciando que ia começar o seu discurso.
-Como todos vocês sabem, os Black são muito importantes na sociedade bruxa. – Começou ela, imponente – E vocês também sabem que...
Nesse momento, ela se calou, como protesto pelo descaso de Sirius com relação ao seu discurso. Em intervalos compassados de mais ou menos cinco segundos, ele fazia uma pequenina bola com o chiclete que estava mascando. Essa bola saia voando e ia aumentando de tamanho, até que, ao atingir o tamanho de uma bola de tênis, ela estourava com um sonoro estalo.
Fingindo não perceber que a mãe o fuzilava com os olhos, ele parecia muitíssimo interessado em ver as bolinhas estourarem.
-Sirius, pare com isso imediatamente! – Ordenou ela firmemente.
-Sim, mamãe! – Respondeu ele, ironicamente, parando de mascar o chiclete e dando um sorriso falso e forçado em direção a ela.
-Continuando... Os Black são uma família muito tradicional e influente da Inglaterra bruxa. E todos vocês sabem que somos de uma linhagem pura, então... Sirius! – Tia Walburga interrompeu novamente o seu discurso aumentando o tom de voz, ao ver que o filho mais velho estava se levantando de seu lugar – O que você está fazendo? – Perguntou ela, entre dentes.
-Me levantando?! – Respondeu ele, simples e obviamente. Mas ao ver que a mãe ainda olhava para ele com uma expressão nada alegre, ele arriscou de novo, parecendo querer brincar com a mãe – Andando?! – Disse ele enquanto dava um passo – Falando?! – Ele apontou para a boca em movimento – Me mexendo?! – Sirius movimentou os braços debilmente ao lado do corpo – Assim não dá! – Ele colocou as mãos na cintura em sinal de indignação – Você não aceita nenhuma resposta! – Reclamou ele, como uma criança que não aceita as regras de um jogo. Como eu queria ter metade do atrevimento dele!
-Para onde você está indo? – Minha tia perguntou dura e rispidamente, ignorando completamente as gracinhas do filho.
-Ah! – E uma forma cínica, ele deu um tapinha de leve na testa, como se tivesse acabado de entender o que ela estava querendo dizer – Estou indo para o meu quarto! Para onde mais poderia ser? – Respondeu ele, como se fosse óbvio.
-Eu não te dei permissão para isso! – Tia Walburga ainda mantinha o mesmo tom duro na voz.
-Não me importo! Eu é que não vou ficar aqui para ver isso! Nem parecem ser uma família!
Nesse momento eu dei um leve risinho de canto de lábio. Ele estava achando que eles realmente iam fazer aquilo. Mas não ia acontecer nada.
Há dois dias, a Andromeda tinha fugido de casa para se casar com Ted Tonks, um trouxa. E era essa a causa de estarmos todos ali: ela ia ser expulsa da família e seu nome seria tirado da árvore genealógica da família Black. Mas é claro que isso era só uma ameaça e nada disso ia acontecer de verdade. Tia Walburga faria um discurso sobre a importância da família Black e sobre como devemos manter a linhagem dos puros-sangues, e outras coisas mais. Mas eu sabia que isso seria apenas um aviso e advertência para que ninguém repetisse os passos da Andromeda, e viesse a se envolver com um sangue-ruim. Mas ela não seria expulsa da família.
Os Black podem ter repugnância a trouxas e serem rigorosos, mas ainda assim, são humanos e têm coração.
Mas voltando à minha tia e ao Sirius, eles estavam se encarando perigosamente, como se quisessem matar um ao outro com o olhar.
-Sente-se! – Ordenou Tia Walburga, ainda encarando Sirius.
Quando Tia Walburga dá uma ordem, ninguém se atreve a lhe desobedecer. Mas o Sirius não. Ele era impertinente, e não cederia às ordens de sua mãe.
-Não! – Respondeu ele, tão decidido quanto a mãe. Ele tinha muita coragem. Não é à toa que ele tinha ido para a Grifinória.
-Você é meu filho e tem de me obedecer. Sente-se agora! – Ela já estava ficando nervosa.
Todos nós assistíamos calados a essa cena. Ninguém se atreveria a dizer uma palavra. Apenas Sirius era atrevido o suficiente para confrontar sua mãe. Porque, se é que Sirius tinha herdado alguma coisa dela, era o orgulho, a teimosia, o atrevimento e a petulância. Todos nós sabíamos que ele não iria se submeter às vontades da mãe. E nem sua mãe iria permitir que ele saísse impune de tudo isso.
-Você pode me fazer te chamar de mãe, mas você nunca será isso para mim. E você nunca vai mandar em mim, mulher. Eu vou para o meu quarto, quer você queira, quer não. – Falou ele. Percebia-se claramente que tinha um pouco de tristeza em sua voz dura.
Ele tinha perdido a única pessoa leal a ele naquela casa. A Andie tinha ido embora, e pela primeira vez, eu pude perceber que, mesmo parecendo durão, ele se sentia sozinho e sentia falta de carinho e amor. Para mim ele era só um pirralho sem sentimentos e sem educação: parecia nunca se importar com nada que lhe acontecia e todas as vezes que ele abria a boca para dizer algo, era para insultar alguém naquela casa.
Mas a partir daquele momento, comecei a ver ele com outros olhos. Ele me pareceu uma pessoa mais forte e sensível, porque mesmo tendo sofrido como ele sofreu naquela casa, ele nunca havia baixado a cabeça nem desistido de lutar. Mas naquela hora, com a fuga da Andromeda ele havia vacilado: Ele parecia, por mais que tentasse lutar contra isso, triste por saber que ia estar sem a Andie.
Ele enfrentava todos, e o que antes eu julgava impertinência, passei a chamar de defesa própria. A partir daquele momento ele estava começando a se tornar uma pessoa mais humana e até um pouco especial, pela sua força. De certa forma, passei a admirá-lo, por mais estranho que isso possa parecer, inclusive para mim.
Mas mesmo Sirius estando triste, continuou com a cabeça erguida. Foi andando em direção à escadaria, e só parou de encarar sua mãe quando esta desviou os olhos e virou de costas para ele.
A diversão estava acabada, e o show encerrado. E agora, não veríamos mais Sirius por um longo tempo. Não depois da sua enorme demonstração de impertinência para com seus “superiores”.
Tia Walburga, ainda de costas para o local onde ela sabia que filho provavelmente fitava as suas costas com desprezo, voltou ao seu discurso.
-Como eu ia dizendo, nós, os Black, não somos uma família qualquer. – Falou ela, pelo que parecia ser a milionésima vez – Somos uma família de sangue totalmente puro, e temos muita importância e influência no mundo bruxo...
Todos estávamos incondicionalmente prestando atenção nela, fingindo que a cena que tínhamos acabado de presenciar nunca acontecera. Ninguém ia querer irritá-la após um episódio como aquele. Ela falava e falava, cada vez mais. Mas por detrás dela eu ainda podia ver Sirius, ao pé da escada, gesticulando com a mão e abrindo a boca, imitando a mãe, debochado, enquanto andava lentamente em direção à escada.
Após um longo discurso de Tia Walburga sobre tudo aquilo que eu vinha ouvindo desde a minha infância, sobre preservar a pureza do sangue, sobre não se misturar com sangues-ruins, sobre a lealdade à família e ao sobrenome, e sobre montes de coisas mais, ela fez uma pausa. Pediu que nós refletíssemos sobre tudo o que ela tinha dito.
A única coisa que eu conseguia pensar era em o quanto eu estava com fome e o quanto eu estava feliz por isso tudo já estar acabando. Então, após termos, teoricamente, refletido sobre o seu discurso, ela voltou a falar:
-Então, agora chegamos finalmente ao nosso motivo de estar aqui hoje – Ela se postou estrategicamente ao lado da tapeçaria da árvore da família Black.
“Finalmente! É agora que ela perdoa a Andromeda em nome da Família Black, e então, escreve uma carta para a Andie, comunicando sobre a reunião e tudo o que aconteceu inclusive que ela esta perdoada. E então, vamos jantar!”
Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Quando Tia Walburga terminou de falar, ela puxou a varinha de seu bolso e a acendeu a ponta, como se fosse um cigarro aceso. Então, ela postou-se bem ao lado do nome Andromeda Black, na tapeçaria.
Eu estremeci de repente. Ela não podia fazer aquilo... Mas fez. Sirius estava certo. Eles iam realmente tira-la da família.
Incrédula, vi minha tia aproximar lentamente a ponta de sua varinha no local onde estava o nome da Andrômeda. O nome foi sendo queimado, até que apenas restasse um furo em seu lugar.
Empalideci. Minha irmã... Ela era minha irmã. Não tinham o direito de fazer isso com ela. Fazíamos parte da mesma família. Como a Tia Walburga pôde? E como a minha mãe havia deixado?
Percebi, então que a família Black tinha feito isso para provar que a linhagem pura do sangue é mais importante que tudo, e que se alguém faz algo que vai contra os princípios da família, esse alguém não é digno de nós, merecendo a sua expulsão da Família Black.
Eu tinha dito que os Black têm coração?! Então eu acho que me enganei!
Todas as pessoas contemplavam o furo na tapeçaria, como se fosse uma grande obra de arte numa exposição.
Logo em seguida, Tia Walburga chamou-nos para a sala de jantar, para celebrarmos.
“Celebrarmos? Celebrarmos o que? Eles expulsam a minha irmã mais velha como se ela não fosse digna da família, e eles ainda querem celebrar!”
Ela era minha irmã, e mesmo que não fossemos melhores amigas, e mesmo que eu sempre repreendesse seu comportamento com relação aos sangues ruins, era muito bom estar junto dela. Mas a partir daquele dia, não poderia mais estar com ela, conversar com ela. A Andromeda iria fazer falta para mim.
Todos nós levantamos e seguimos em direção à sala de jantar. Minha mãe estava ao meu lado, e em um raro momento de interesse, olhou-me de relance e comentou:
-Você está muito pálida, Narcissa. Está passando bem?
-Não achei que ela seria expulsa – Eu disse – Pensei que vocês fossem perdoá-la.
Minha mãe olhou para mim como se risse da minha inocência. Inclinou-se e aproximou sua boca de minha orelha de modo que ninguém mais nos ouvisse.
-Então você é uma boba – Disse ela abruptamente – E mais boba por expressar isso. Observe e aprenda, Narcissa. Não há lugar para erros na família Black.
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N/A:
galereeee! Gostaram do capítulo? xD (tomara que sim, porque, sei lá... achei que ficou meio estranho. (?) o__o . o próximo tá melhor. To quase na metade dele, já. hehe.)
Esse capítulo já tinha sido postado antes, antes da fic entrar em hiatus, mas eu mudei algumas coisas, tipo frases e coisas assim. O conteúdo continua o mesmo :)
Sobre o capítulo, eu espero que vocês tenham gostado, sei que ele está minúsculo, mas os outros serão maiores.
O fato da Andromeda ter sido expulsa da família, não fará muita diferença (acho que não...). E esse capítulo foi mais uma introdução, para mostrar a Cissy começando a reparar no Sirius.
Bem, a fic vai ser narrada pela Narcissa, mas alguns capítulos acho que vão ser narrados pela Bellatrix, já que a fic é B³ e vai ter sirius/bella na fic. duh. Talvez o sirius narre 1 ou 2 capítulos, mas ainda não tenho certeza...
E os nomes dos personagens ficarão em inglês, por isso que Narcissa está com dois ‘s’s e tals :)
Ah, a fic foi inspirada no livro A irmã de Ana Bolena, como está explicado no resumo. A última frase do capítulo, que a mãe da Cissy fala para ela, é do livro. Mas é claro que no lugar de “família Black” está “corte”. hehe. Eu pensei em fazer uma fic dos black assim que eu li essa frase, mas não tinha idéia de como fazer, da história, e tals. E daí, quando eu li uma frase (que tá no capítulo seguinte da fic) na página 11 (sim, onze! o.o) do livro, eu achei a frase muito B³ e tive idéia para a fic toda. IAUSHIIAS
Bem, é isso, galere.
Muito obrigada pelos comentários. Vou abrir uma página para responder eles. ^^ Comentem bastantão para eu ficar feliz e escrever bastante e terminar logo o próximo capítulo, que eu já comecei. hehe.
Patrícia (ann boleyn)
:)
Ps: thanks, moooorg! Por betar o capítulo e colocar as paradinhas de itálicos e negritos, que é muito chato. hehe.
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