Uma virada do Destino

Uma Virada do Destino
Hinge of Fate
Autora - Ramos
Tradução - Clau Snape
Beta reader - Bastetazazis
Disclaimer: Estes personagens são de propriedade de J.K. Rowling. Nenhum lucro foi obtido pelo seu uso.
Cap. 13
Sumário: Tradições observadas – e limões!


Um tanto confusa, Hermione deixou a ala hospitalar e retornou para a torre da Grifinória. Ela aceitara. Ela realmente iria se casar com Severo Snape. A mulher gorda deu passagem, embora ela honestamente não se recordasse de dizer a senha. Dentro da sala comunal, vários alunos que tinham acabado de voltar das aulas da tarde se esparramavam pelos móveis, falando sobre seus planos para o feriado e queixando-se sobre seus deveres de casa.

Harry notou a expressão espantada na cara de Hermione assim que ela entrou na sala e imediatamente deixou a discussão de Quadribol com o artilheiro do quinto ano e foi até o lado dela.

- Você está bem? O que está errado?

- Eu preciso falar com você - ela murmurou, sentindo seu estômago um tanto enjoado.

Com uma rápida olhadela em torno da sala, Harry passou um braço em volta dos ombros dela e se dirigiu às escadas em direção ao seu dormitório, esperando que nenhum espertinho decidisse questionar por que a monitora-chefe estava subindo pelo lado dos garotos da escada. Felizmente seu dormitório estava vazio, e ele rapidamente fechou e trancou a porta.

- O que foi?

- Eu disse sim - Hermione revelou.

Harry piscou e levantou seus óculos. - Sobre o quê?

- Sobre me casar. Eu disse sim. Eu vou me casar com Severo Snape.

- Ah - ele respondeu, enquanto tentava fechar a boca.

- Isso é tudo o que você pode dizer? - ela revidou. - Harry, eu vou me casar. Diga alguma coisa!

- Desculpe, é apenas o choque - ele disse, passando seus dedos pelo cabelo.
- Isso, e ver meu próprio conselho ser jogado na minha cara.

- Você não vai tentar me convencer a desistir disso, vai? Foi idéia sua, pra começar.

- Você quer que eu faça isso?

- Sim. Não. Eu não sei. - Hermione cruzou os braços e começou a andar de um lado para o outro.

As sobrancelhas de Harry levantaram-se assim que a postura dela fez com que as largas vestes da escola esboçassem sua forma arredondada. - Uau - ele murmurou -, você realmente está grávida.

Aquela observação lhe garantiu um embaraçoso olhar de desdém, interrompido por uma batida na porta. - Ei! Quem travou a maldita porta! Alohomora!

A cara feia de Rony apareceu no quarto. - Harry, se você estiver aqui transando com a minha irmã, você está morto.

- Eu não estou transando com sua irmã! - um Harry exasperado berrou.
- Por que todos pensam que eu transo com a Gina?

- Bom, se não é isso, você está fazendo alguma coisa errada - Rony respondeu na típica lógica dos Weasley. Parou brevemente quando viu Hermione. - Está tudo bem, Hermione?

- Não exatamente - ela lhe disse. - Rony, nós precisamos conversar.

- Maravilha. Eu venho tentando falar com você por semanas, e agora, você decide que é a hora. - O ruivo arremessou-se em sua cama e enfiou seu travesseiro sob o braço. - Está certo então. Fale.

- Apenas um aviso - Harry começou. - Você não vai gostar, então controle-se.

Rony olhou fixamente para Harry, confuso, como se quisesse dizer “do que você está falando?”

Afundando-se na cama ao lado de Harry, Hermione torceu a borda das suas vestes nos dedos e desejou saber como começar. Harry a alcançou e pegou sua mão, entrelaçando seus dedos com os dela, e a força confortante a tranqüilizou o suficiente para abrir a boca e começar a falar.

Enquanto ouvia tudo, o olhar azul-oceano de Rony jamais estremeceu, embora Hermione tivesse desviado o olhar diversas vezes. Quando ela terminou, incluindo seu plano para casar-se no dia seguinte com Severo Snape, ficou em silêncio.

Rony lentamente tinha se endireitado durante a narração, e agora ele estava de pé. Com uma raiva abrupta, ele se virou e chutou o já calejado malão no pé da sua cama, mandando as peças de xadrez voarem do tabuleiro que estava montado em cima dele. Hermione se encolheu, e Harry levantou-se num salto. Por um longo momento, ninguém disse qualquer coisa.

- Eu não posso acreditar que você não me contou isso, Hermione! - A voz de Rony era mortalmente quieta, seus punhos cerrados ao seu lado. - Eu não posso acreditar que você manteve isso em segredo para mim.

- Eu não lhe contei porque eu sabia que você ficaria bravo! - Hermione deixou escapar.

- BRAVO! - Rony berrou. - É CLARO que eu estou terrivelmente bravo! Você se senta aí e me diz que vai se casar com o bastardo do professor SNAPE! Que você vai ter um filho dele? Como você não me deixou saber que isso aconteceu?

- Eu mesma não sabia até que descobri que estava grávida! Dumbledore pôs um encantamento em mim para que eu me esquecesse.

- E isso é uma outra coisa! O que Dumbledore pensa que está fazendo para sair por aí lançando Obliviates desse jeito?

- Não foi um Obliviate, - Harry contestou.

- Cale-se! – Rony lhe disse. - Ele não tinha o direito!

- Rony - Hermione implorou -, por favor, não me odeie.

Ele olhou fixamente nela. - Odiar você? Hermione - protestou -, você é minha melhor amiga. Nós deveríamos confiar um no outro, não importa o que aconteça. - Seus olhos deslizaram dos dela quando notou a hipocrisia das suas palavras, e ele cruzou os braços sobre o peito enquanto algum tempo se passou.

Finalmente, Rony arrastou-se até o lado dela e, relutante, sentou-se na extremidade da cama. - Eu sempre soube sempre que nós não duraríamos - ele lhe disse, sua voz soava gravemente. - Eu estava realmente apaixonado por você. Apenas não queria admitir que não éramos perfeitos juntos.

- Eu jamais quis machucá-lo, Rony - Hermione resmungou. - Eu sinto muito, mesmo.

- Não fique assim. Eu sinto muito por ter agido como um estúpido. - Sua cabeça se inclinou quando ele suspirou. - Eu só quero um dos meus melhores amigos de volta.

- Eu estou bem aqui - Harry contestou.

Rony sorriu para ele momentaneamente por cima da cabeça de Hermione, mas levantou uma mão terna e a colocou sobre o braço dela. - Qualquer coisa que você precisar de mim, Hermione, eu estou aqui.

Do outro lado dela, Harry juntou-se aos dois e abraçou-a da mesma forma. - Eu também. Você sabe disso.

- Eu sei, - Hermione disse fungando enquanto as lágrimas caíam finalmente - Oh, francamente! Olhe para nós!

- É - advertiu Harry. - Se o Dino nos vir deste jeito, ele nunca mais nos deixará em paz.

- Dino que se dane - Rony declarou, dando um abraço em Hermione. Os três se abraçaram juntos, com sorrisos bobos por entre as lágrimas.
- Então você vai realmente se casar com aquele traste? - Rony disse de repente. - Esquisito. Melhor você que eu, suponho.

- Você não é o tipo dele - Hermione conseguiu dizer com uma dignidade úmida. - E realmente, ele não é tão mau.

- Bem, eu sempre soube que Snape tinha muito mérito por espiar Voldemort - Harry lhe disse. - Mas casar com você? É um homem mais corajoso que eu.

Hermione deu uma cotovelada na costela de Harry aproximadamente ao mesmo tempo em que Rony dava um tapa na sua nuca, e todos os três estouraram numa gargalhada.

*****

Sentindo como se o mundo tivesse saído de cima dos seus ombros, Hermione deu boa tarde ao retrato da mulher gorda e se direcionou para seu próprio quarto, somente para encontrar-se com a Prof. McGonagall. A austera bruxa tinha uma expressão estranha no rosto.

- Eu poderia dar uma palavra com você, minha cara?

- Naturalmente - Hermione respondeu. Para sua surpresa, a vice-diretora pegou Hermione pelo braço e deu uma volta com ela em direção aos corredores de pedra.

- Eu acabei de ter uma conversa especialmente chocante com o Diretor, Srta. Granger.

- Sim - Hermione conseguiu dizer numa voz um tanto estrangulada.

- Ele me disse que você vai se casar amanhã. - Minerva McGonagall segurava a mão de Hermione dando tapinhas. - Bem, eu conheço Alvo há muitos anos, e ele não vai puxar as vendas sobre meus olhos agora com uma mentira dessas.

- É verdade - Hermione respondeu rapidamente. - Me desculpe por não ter lhe contado, professora.

- Oh, minha cara menina - Minerva disse com sentimento. - Não se desculpe. Eu posso apenas imaginar como as coisas devem ter sido difíceis para você. Eu não estou inteiramente certa se concordo com o casamento entre você e Severo, mas eu não consigo pensar de nenhuma alternativa melhor.

- Não posso dizer que eu mesma esteja inteiramente entusiasmada com isso - Hermione confessou -, mas imagino que é a coisa certa a se fazer.

- Não, você nunca terá certeza absoluta - Minerva disse com um sorriso de recordação. - Eu me lembro do jovem com quem eu ia me casar. Eu era totalmente louca por ele, mas volta e meia eu não conseguia parar de imaginar se estava tomando a decisão certa.

Hermione não pode deixar de perguntar: - O que aconteceu?

- A guerra aconteceu, minha cara. A Grande Guerra, assim foi chamada, antes que nós tivéssemos outra como ela. Seu nome era William, e ele morreu em Galipoli.

- Galipoli? - Ela nunca ouvira falar de bruxos que morreram em batalhas trouxas. - Ele não era um bruxo?

- Não, ele era um Trouxa - Minerva confirmou. - E quando ele morreu, bem, eu jamais encontrei mais ninguém. Hogwarts tem sido a minha vida desde então. Mas nós estamos discutindo o seu casamento, não o meu, e eu tenho um presente para você.

- Oh, isso não é necessário - ela protestou, apenas para ser silenciada pela diretora da sua casa.

- Que absurdo. Eu mandarei os elfos-domésticos entregarem em seu quarto esta noite. - Ela parou no corredor, olhando para ela, a seguir estendeu o braço e deu um tapinha carinhoso no rosto de Hermione. - É sempre uma pequena surpresa quando meus grifinórios crescem. Parece que foi apenas ontem que vocês foram selecionados, e aqui está você, se casando.

Minerva fungou rapidamente, mas sorriu. - Eu não nego que espero que você retorne para ensinar aqui algum dia, mas espero que você tenha uma grande vida fora destas paredes antes disso. Mesmo se você se casar com um sonserino. - Sua boca contraiu, e se Hermione não suspeitasse que a inimizade entre os Diretores era exagerada antes, agora ela achava.

- Obrigada, professora - Hermione disse-lhe e, para surpresa de ambas, inclinou-se para frente e deu à bruxa mais velha um beijo rápido na bochecha. - Significa muito para mim ter a sua aprovação.

- Ah, prossiga - Minerva disse-lhe. - Você tem muito a fazer, e eu não devo prendê-la.

- Eu preciso mesmo é encontrar Gina Weasley.

- Tente o salão de jantar, ou então talvez o quarto de Harry Potter - Minerva sugeriu com alguma aspereza. - A garota é tão depravada quanto sua mãe sempre foi.

*****
Um toque quieto, mas insistente na porta acordou Hermione numa hora obscenamente adiantada na manhã seguinte. Ela desfez o feitiço de proteção com um grunhido e desmoronou sobre seus travesseiros, jurando causar algum dano corporal à sua dama de honra. Assim que ela acordasse.

- Acorde, acorde! - Gina cantarolou, ignorando o olhar sonolento de Hermione e de Bichento. - É o dia do seu casamento!


- Não é nem dia ainda - Hermione protestou, olhando o céu cinzento fora da janela.

- Absurdo. Está apenas nublado. Nós precisamos deixá-la pronta - Gina declarou, colocando uma braçada de várias coisas.

Hermione considerou a pilha com alguma suspeita. - O que é tudo isso?

- Oh, algumas flores que eu pedi para a Profª. Sprout, uma capa que eu peguei emprestada a uma de minhas colegas de quarto, um vestido para mim. O que me lembra: você sabe o que você vai vestir? Não precisa ser branco, não para uma cerimônia simples.

Bocejando, Hermione assentiu em direção ao armário. - A Profª. McGonagall me mandou alguma coisa. Eu acho que é o que ela comprou para seu próprio casamento, e é encantador, mas não é bem o que eu tinha em mente.

Gina abriu a porta e soltou uma arfada. - É uma túnica - ela sussurrou encantada. Pendurado em um cabide acolchoado estava uma veste branca de noiva. A camada inferior era uma bainha de seda branca pesada, enquanto que a parte de cima era uma camada esvoaçante de renda de seda branca, completamente bordada com flores e folhas.

- É um tubo - Hermione disse-lhe. - Eu tentei colocá-lo; levou um tempão para descobrir como prender os broches do ombro.

- Serve? - Gina perguntou enquanto examinava o vestido, todo outra vez.

- Mais ou menos. Está ligeiramente apertado em torno da cintura.

- Bem, provavelmente nós podemos alargá-lo um pouco se necessário, tem uma boa sobra na costura - Gina lhe disse. Se ela aprendeu alguma coisa vivendo numa família grande, era como ajustar uma roupa para fazer caber em outra pessoa. - Eu não posso acreditar como é bonito, Hermione. A maioria das bruxas não se incomoda mais com estes, são demasiado caros; mas túnicas são vestidos muito tradicionais para cerimônias de casamento. São seculares.

- Bem, eles são, não? - Hermione indicou, sustentando-se na cama.

Gina apenas balançou a cabeça. – O fato é: você não veste mais nada além do vestido da celebração. Nenhuma calcinha, nada.

- Nada? - Hermione perguntou incrédula. Ela tinha comprado algumas calcinhas novas na loja de lingerie, e ainda que tivesse que confessar que elas eram mais confortáveis, já que foram desenhadas para cobrir uma barriga grávida, elas eram absolutamente enormes e dificilmente seria o que ela usaria sob um vestido de casamento. Ainda assim, ela não estava certa de que estava pronta para partir para o campo de batalha.

- Bem, hoje em dia a piada é que, assim, você pode chegar aos finalmente mais rápido, mas na verdade tem a ver com estar com a terra, fertilidade e todo o resto. E você não usa sapatos, tampouco.

- Bem, dificilmente nós precisamos nos preocupar com a parte da fertilidade, não é? – ela disse seca, passando a mão sobre a barriga protuberante.

Sob os estímulos de Gina e sobre suas próprias objeções, Hermione foi colocada numa banheira e teve seu cabelo lavado. - É a tradição - foi o que lhe disseram, embora ela imaginasse o quanto era realmente tradição e quanto era Gina agindo como sua mãe. Quando ela saiu estava seca, hidratada, envolta em seu roupão de banho, e seu cabelo penteado com um tipo de produto pegajoso feito de "algas" que sua amiga trouxera com ela.

Sentada em sua cama, Hermione acarinhava Bichento enquanto Gina se ajoelhou atrás dela, armada com uma escova e uma caixa de grampos. Entre os pedidos por outro pente e outro grampo, Gina conversava e respondia as perguntas de Hermione sobre a cerimônia que estava por vir.

- Então, é perfeitamente lícito que Dumbledore execute a cerimônia?

- Oh, absolutamente. Ele é um grão-feiticeiro. Qualquer membro da corporação bruxa é válido, e o Diretor é um tanto mais qualificado que qualquer outro. Tudo o que ele tem que fazer é por tudo num pergaminho. Alguém terá que emiti-lo ao Ministério, então estará registrado e tudo o mais, mas é assim que isso é feito. Pente - ela comandou, estendendo a mão.

Hermione o entregou, recuando quando outro cacho de cabelo foi puxado. - E se nós decidirmos que nos odiamos? Há uma maneira de, bem, me divorciar dele? Isto é permitido?

- Nossa, você não é nada romântica, falando em divórcio no dia do seu casamento.

- Eu só estou sendo prática - Hermione se defendeu, sem precisar dos comentários da sua amiga para somar à sensação terrível que tinha acabado de arrepiar sua barriga.

- Sim - Gina respondeu. - Você guarda a faixa da cerimônia, e se você quiser repudiá-lo, você dá para ele a faixa retalhada e despacha um pedaço dela para o Ministério, para que eles possam anexá-la ao seu mandato de divórcio. Na verdade, qualquer faixa velha serve, eu acho.

Uma leve batida na porta de Hermione, e as jovens se entreolharam.

- Maldição - Gina xingou, deixando cair as mechas de cabelo penduradas em torno do rosto de Hermione quando foi abrir a porta.

Uma voz profunda no outro lado da porta, pedindo calmamente para vê-la, disse a Hermione quem era. Apertando seu roupão de banho mais forte em torno de si, ela foi até o lado de Gina, que se retirou discretamente.

- Bom dia - Severo lhe disse.

- Bom dia - ela respondeu, um tanto tímida. - Há alguma coisa errada?

- Está tudo bem. Eu simplesmente quis obter sua aprovação em algo.

Havia uma caixa preta de veludo na mão dele, obviamente de um joalheiro bruxo. Na tampa, pequenos pedaços de ouro formavam as palavras “você quer casar comigo?” antes de se dissolver em uma cascata de fogos de artifício. Em seu todo, era uma caixa muito otimista.

Hermione não fez nenhum movimento para pegá-la. - Se esse anel tiver uma esmeralda em ouro branco, você pode tirar seu cavalinho da chuva - ela o advertiu.

Um fraco sorriso levantou o canto da boca dele. - A platina vem somente em uma cor, Hermione. E como eu me recuso a dar a minha noiva rubis, eu fiz uma concessão e escolhi uma safira.

Severo abriu a caixa para ela enquanto falava, e Hermione engoliu em seco quando viu o anel. A pedra central era do tamanho de sua menor unha e de um profundo azul brilhante, ladeado por diamantes triangulares apenas um pouco menores. Sem pedir a permissão dela, ele estendeu o braço para baixo e capturou a mão esquerda dela, arrancando o anel de seu descanso no veludo preto e deslizando-o no dedo anelar dela. Ele tiniu por um momento, então se contraiu para ajustar-se perfeitamente.

- Você pode me dar isto? - ela deixou escapar. Ele riu, baixo e profundo, seus dedos brincando com as pedras do anel.

- Não se preocupe - Severo lhe disse. - Eu tenho umas economias. - Com um leve puxão na mão que ele segurava, aproximou-a o suficiente para inclinar-se e roçou um beijo rápido nos lábios dela. - Eu a verei mais tarde. - Hermione mal sentiu o anel deslizar para fora do seu dedo quando ele o recuperou e colocou-o de volta na caixa.


Um tanto confusa, ela fechou a porta atrás das costas dele em retirada e inclinou-se de encontro a ela. Quando olhou para cima, foi para ver um olhar especulativo na cara de Gina.

- Você sabe, é estranho - sua amiga disse. - Snape parece um bocado com o Vitor Krum.

- Oh, realmente! - Hermione desaprovou, recuperando o juízo disperso.

- Não, de verdade! Vitor era alto, tinha cabelo preto e escuro, e tinha um nariz grande - Gina argumentou.


- Vitor Krum andava como um pato - Hermione retorquiu, pensando no caminhar furtivo e silencioso de Severo Snape. - Para não mencionar que ele não era capaz de preparar uma poção para salvar sua vida! Tudo que ele sempre quis foi jogar Quadribol e projetar vassouras. Você sabe, eu terminei com ele quando ele continuou me pedindo por encantos para fazer sua vassoura voar mais rápido!

- Eu pensei que você tinha terminado com ele porque estava apaixonada pelo idiota do meu irmão.

- Bem, isso também - Hermione admitiu, permitindo que Gina a empurrasse de volta para sentar-se e continuar a submetê-la à tortura do cabelo.

- Eu amo meu irmão, Hermione, mas honestamente ele precisa crescer um bocado antes que comece algo sério com uma garota. Ele é mais velho que o Harry, mas Harry é dez vezes mais maduro.

- Alguém vem tentando matar o Harry desde que ele era um bebê. Isso tende a causar um certo efeito.

Um murmúrio de alguma coisa que soava como uma concordância irritada veio ao redor de uma boca cheia de grampos.

- Posso lhe perguntar uma coisa? - Hermione arriscou. Um outro som afirmativo lhe disse para ir adiante. - Quando você soube que estava apaixonada pelo Harry?

Gina tirou os grampos da boca, fazendo Hermione esperar sinceramente que não acabasse com grampos cobertos de saliva no seu cabelo.
- Você quer dizer antes ou depois de eu passar anos agindo como uma completa idiota?

- Depois da parte idiota.

- Bom… - Gina pausou, pensando. - Eu acho que foi no último verão na Toca. Harry e Rony lutando com os gêmeos no prado, e quando eles terminaram ele desceu e sentou-se comigo.

Ela deu um sorriso bobo, que trouxe uma cintilação travessa aos seus olhos marrons. - Olha só: eu teria preferido que ele se sentasse a favor do vento, mas estava realmente agradável. Nós estávamos apenas conversando, sabe? E naquele momento, o resto do mundo não importava. Ele era tudo para mim. - Um leve rubor cobriu seu rosto, mas continuou: - E mesmo agora, sempre que ele chega perto de mim, é como se cada polegada da minha pele ficasse ciente dele.

Hermione podia apenas esperar que seu próprio rosto não tivesse avermelhado enquanto recordava como seu corpo reagia à proximidade do de Snape. Preocupada, ela não observou que Gina franzia as sobrancelhas.

- Hermione - ela perguntou hesitante -, por que é você vai se casar com o Snape?

- Porque eu vou ter o filho dele.

- Isto não é uma resposta. - Gina ocupou-se com outro pedaço de cabelo. -Você gosta dele?

- Sim. Sim, eu gosto. Ele é muito… interessante - Hermione disse. - E eu... eu estou atraída por ele - ela confessou

- Foi o que achei - Gina disse orgulhosa. - Está certo, eu fiz o que pude. Vamos ao vestido.

- Não seria mais fácil pôr o vestido e depois fazer meu cabelo? - Hermione queixou-se alguns minutos mais tarde, em algum lugar abaixo das diversas jardas da seda. Sua mão emergiu das dobras do tecido, apenas para ser empurrada de novo por Gina.

- Não, porque você ficaria com o vestido todo enrugado de se sentar nele. - Gina manobrou a abertura da gola para encontrar a cabeça de Hermione.

- E para que é o que os feitiços antienrugamento servem - veio à resposta resmungada. Finalmente, os braços de Hermione saíram pelas aberturas apropriadas, e Gina guiou com cuidado os broches do ombro e o decote do vestido sobre o penteado detalhado em que gastou uma meticulosa hora ou mais. A longa massa enrolada fora domesticada pelo penteado, e agora caía em uma cascata de cachos brilhante pelas costas de Hermione. Uma parcela tinha sido presa nas têmporas e tecida numa grinalda trançada, deixando apenas alguns fios caídos graciosamente através do rosto.

Hermione assobiou de forma irritada e encarou sua amiga. - Você tem certeza que eu não posso usar qualquer coisa aqui embaixo? Vai ficar um tanto frio, você sabe, e eu não gosto que todos saibam o quanto eu estou com frio. - Um aceno com o queixo no sentido de seu colo deixou Gina sem nenhuma dúvida a respeito do que era sua objeção.

- Não se preocupe, o bordado cobrirá qualquer coisa - Gina respondeu travessa. - Além disso, você quer realmente usar isto - e agarrou as roupas de baixo bem simples de Hermione da cama - sob esse vestido maravilhoso?
- Não, acho que não. Não são muito atraentes, são?

Gina segurou o conjunto com o sutiã e deu de ombros, mas quando as calcinhas se separaram, suas sobrancelhas levantaram-se como nunca. - Deus do céu, Hermione. Eu vi sacos menores no mercado. Elas são enormes.

- Elas foram feitas para isso - Hermione respondeu com sarcasmo. - Foram feitas para acompanhar toda a gravidez, e esticam como louco. A primeira vez que eu pus uma, eu poderia dobrar a cinta sob meu sutiã.

Gina gargalhou, e Hermione controlou um sorriso lastimável. - São terríveis, não são? Oh, Gina - ela disse emocionada -, eu não posso lhe dizer como estou contente por você estar fazendo isso por mim.

Reconhecendo um galopante caso de nervosismo, Gina deixou cair as ridículas roupas de baixo e deu à sua melhor amiga um abraço afetuoso. - Eu estou contente que você tenha pedido, Herm. Eu sei que você fará o mesmo para mim, algum dia.

- Está certo, chega disso. - Gina disse-lhe firmemente, como se não estivesse fungando também. - Hora das flores.

- Oh, eu não tinha realmente planejado carregar um buquê - Hermione alegou quando Gina descobriu a caixa das flores.

- Não são para um buquê, são para o seu cabelo. Cerimônias não precisam ter um buquê, mas você não pode se casar sem flores no seu cabelo.

- É uma tradição - Hermione repetiu com Gina quando a jovem começou a cortar as hastes com pequenos toques da varinha, os estouros coloridos de luz refletindo das flores brancas.

- Falando em tradições, quem o Prof. Snape convidou para ser o padrinho dele? Deve ser alguém da mesma idade dele, que seja um amigo ou algo assim. Fique quieta! – ela ordenou quando começou a enfiar as flores no arranjo do cabelo.

- Remo Lupin - Hermione respondeu. - Quem você esperava, o Prof. Flitwick?


- Eu imagino que Sirius Black estava fora de questão - Gina satirizou.

- Não - riu Hermione. - Severo disse que pediria a Harry que o fizesse antes que tivesse que pedir a Sirius Black.

Terminado, Gina chegou para trás e examinou o resultado. - Perfeito. Agora, você está realmente pronta, certo? - Com a afirmação de Hermione, Gina arrumou a bagunça com diversas torções rápidas da varinha. – Então, há somente uma coisa a se fazer.

A garota ruiva puxou a cadeira na mesa de estudo de Hermione. - Sente-se - comandou. - Pena e tinta. Escreva a seus pais e diga-lhes que você não vai estar no trem desta tarde. Harry trará Edwiges para cá logo, e você vai ter uma carta para enviar até o tempo de eu terminar de me arrumar.

- Oh, Gina… O que será que eu vou dizer a eles?

- Não sei, mas é melhor que você a escreva antes que eu termine meu penteado, ou eu a farei por você.

- Você não faria isso! - Um olhar para a expressão firme de Gina disse a Hermione que ela certamente o faria. - Mandona - Hermione murmurou quando encontrou uma pena extra.

- Minha melhor amiga mostrou-me como - Gina cantarolou enquanto desaparecia no banheiro com seu vestido

Enfrentando a ameaça do fim do prazo dado pela sua amiga, Hermione finalmente procurou entre as muitas de suas cartas pela metade e esboçou uma nota lamentavelmente curta a seus pais, informando-os de que estaria se casando com o pai do neto deles dentro de algumas horas. Ela os assegurou de que não fora seduzida por um de seus professores, mas deixou de fora os detalhes. No todo, achou preferível que eles pensassem que ela fora descuidada do que vítima de uma violência. Ela assinou com um pedido de desculpas e a promessa de vê-los logo. Quando seria esse logo, ela não tinha certeza.

Com a carta terminada dobrada e selada, Hermione sentou em sua mesa e brincou com o pequeno selo de bronze. Fora um presente de aniversário do Rony, e era um simples “H” cursivo, cercado por uma grinalda do que poderiam ser flores, folhas, ou possivelmente marcas improvisadas. Era especialmente difícil de dizer.

Virou-a em seus dedos, escutando o som de Gina que blasfemava com a melhor das intenções no banheiro quando deixou cair algo. Em seu ventre, o bebê moveu-se delicadamente, e ela passou a mão sobre o ponto. Ela ainda não estava enorme, mas já não poderia ser confundida com qualquer outra coisa a não ser gravidez. Por apenas um momento sentiu-se tentada a rasgar o bonito vestido e descer corredor abaixo gritando, negando o destino nebuloso adiante dela, e recusando-se a aceitar a forma como sua vida tinha, de alguma forma, girado para fora de seu controle.

Desde o dia em que Madame Pomfrey havia diagnosticado seus sintomas de gripe como uma gravidez, Hermione sentira que tinha perdido o rumo da sua vida. Onde antes ela fizera decisões racionais e sensíveis sobre as vantagens de cursar Runas Antigas e não Aritmancia Avançada, ela agora estava continuamente sendo forçada a escolher entre opções cada vez menos atraentes. Será que casar com Severo Snape era mesmo o menor de dois infortúnios?

Hermione sempre se perguntara o quão impossivelmente obtusos seus pais poderiam ser quando olhavam um para o outro e diziam que não tinham escolha a não ser fazer alguma coisa, fosse expandir o consultório deles ou comprar móveis novos para a sala de estar. Eles são adultos, ela pensou. Naturalmente, eles têm uma escolha. Somente agora era ela apreciava o fato de que ser um adulto significava ter que navegar seu caminho através de um curso cada vez mais estreito, fazendo as escolhas cujos resultados nunca seriam bem definidos.

Um borrão alaranjado pulou abruptamente sobre a mesa ao lado dela e deu um pio enquanto se acomodava num canto. Seu ronronar aumentou quando ela esticou a mão e coçou sua orelha, evitando pegá-lo no colo pensando na repreensão que levaria da Gina por colocar pêlos laranja de gato no vestido dela. Ele cheirou o selo de bronze e golpeou-o com sua pata, empurrando-o.

- Você será um bom menino para os elfos domésticos, não será, Bichento? - Ela perguntou. Um balançar preguiçoso da sua cauda escovada pareceu dizer que ele consideraria a idéia. Ela o acarinhou firmemente, esperando que ele compreendesse quando ela retornasse após o feriado. Um feriado que ela passaria com Severo.

- Eu vou me casar, filhote - ela sussurrou para ele. - Você já não será mais o único homem em minha vida.

Bichento deu-lhe uma cabeçada pedindo por mais carinho, totalmente indiferente sobre sua perda de status. Mordendo o lábio, Hermione considerou o que mais seu gato poderia perder, isto é: o direito exclusivo de ocupar a outra metade da sua cama. Ignorando a vibração nervosa em sua barriga, Hermione tentou ser lógica enquanto considerava a possibilidade de compartilhar sua cama com Severo. Foi honesta o suficiente consigo mesma para garantir que a idéia não era horrível. Não ao menos. A memória do beijo dele no dia anterior, e que se repetira rapidamente algumas horas atrás, levaram-na a acreditar que ele não devia considerá-la repulsiva, tampouco.

Ele tinha oferecido a Hermione um casamento de conveniência, permitindo que ela tivesse um amante se escolhesse fazer assim. Enquanto ela estava certa de que não queria aquilo, ela não tinha certeza exatamente do que ela realmente queria. Ou o que ele queria. E a idéia de discutir isso com ele como adultos racionais e razoáveis a deixou um pouco mais enjoada


- Você ainda não terminou? - Gina perguntou da entrada do banheiro, assustando-a. A jovem usava um conjunto de vestes azuis, que Hermione reconheceu do Baile de Inverno do ano anterior, mas foram alterados um bocado: os flocos de neve dourados foram encantados em uma tira de trabalho de fitas céltico ao longo da barra. A cascata de cabelos vermelhos caía engenhosa e frouxamente nos cachos que deviam ter levado um tempo enorme para serem criados.

- Sim, eu estou pronta. Eu estava apenas pensando.
- Sobre o quê?

- Sexo - Hermione disse francamente.

Gina sorriu e deu um salto através do quarto para empoleirar-se na borda da escrivaninha, dando a Bichento um empurrão e um carinho ao mesmo tempo. – Qual o problema?

- Você já dormiu com Harry?

Um rubor fraco surgiu no rosto de Gina, mas ela sorriu. - Ainda não. Pergunte-me outra vez depois que os feriados acabarem. Eu tenho planos.

- Ginevra Weasley! - Hermione a censurou, rindo. - O que sua mãe diria?

- Eu não lhe direi o que ela diz, mas agora eu sei de onde Rony veio. Apesar do que eu escuto, meu pai não teve uma possibilidade no Hades quando ela se decidiu que ele foi feito para ela.

- Bem, o que quer que você faça, NÃO se esqueça da poção Contraceptiva.


- Com minha história familiar? - ela bufou. - Nem fodendo.


Uma batida tímida na porta mandou Gina que se apressasse para abri-la e beijar imediatamente o jovem parado no lado de fora.

- Francamente, Gin - Rony se queixou -, dê-lhe uma chance de entrar! - Rudemente ele empurrou o amigo e a irmã enroscados e entrou no quarto, apenas para parar abruptamente, de boca aberta, quando viu Hermione de pé. As mochilas que ele carregava na outra mão, cada uma com uma vassoura presa com correias na parte de trás, caíram no chão.

- Uau - ele assobiou.

- Hermione… você está fabulosa - Harry disse-lhe. Gina bateu prontamente em seu ombro. - Você também está demais - adicionou apressadamente, olhando sua namorada. Ela deu-lhe um beijo rápido de perdão.


No outro braço dele, Edwiges bateu suas asas quando seu equilíbrio foi tombado e deu à garota ruiva um olhar amarelo de reprimenda. Com algumas batidas fortes das suas asas brancas, a coruja deslizou até as costas da cadeira que Hermione acabara de desocupar e apresentou uma perna escamosa. Ela ficou esperando enquanto Hermione enrolava a carta para seus pais em um cilindro e amarrou-a nela.

- Edwiges - Harry dirigiu-se à sua coruja enquanto a levantava do seu poleiro mais uma vez e abria a única janela com a outra mão. – Por favor, leve esta carta para os pais da Hermione. Você esteve lá várias vezes, lembra-se? Onde Hermione vive durante o verão?

A coruja piscou uma vez, então bateu as asas mais uma vez e lançou-se do braço de Harry, saindo pela janela e desaparecendo rapidamente de vista.

- Bem, está feito - Harry lhes disse. - É melhor nós irmos. O Prof. Dumbledore nos disse para levar vocês duas até a vila antes que o resto dos alunos saia para a estação de trem.

Com o capuz claro da capa emprestada cobrindo a cabeça de Hermione, os quatro deslizaram para fora do castelo, evitando alguns dos alunos, e andaram em direção à longa trilha para Hogsmeade. Abril não se equiparava à primavera na Escócia, e Hermione apertou a capa firmemente em torno dela para se proteger do frio.

Andaram em silêncio até que alcançaram os limites do vilarejo, onde Harry lhes disse que recebera o endereço de uma casa de campo e instruções para levar as meninas até lá e deixá-las.

- Eu acho que é do Prof. Dumbledore, mas ele não vive mais lá. E eu realmente sinto que nós não possamos ficar para a cerimônia. Muitas pessoas iriam falar se nós quatro perdêssemos o trem.

Contornando o distrito de compras, Harry seguiu o caminho para uma rua residencial. Mais abaixo depois de uma pequena curva, as casas novas no estilo Tudor deram lugar às pequenas casas de campo de pedra. No outro lado da avenida, cada casa tinha um grande jardim na frente acessado por um portão. Os portões eram tão exclusivos quanto as casas, e o nome da casa estava geralmente em uma placa ao lado dele.

- Casa de Campo Gota de Limão - Rony leu incrédulo enquanto largava as bolsas de Hermione e de Gina no chão.

- É esta - Harry disse desnecessariamente. Abriu o portão para elas e, para surpresa de Hermione, deu-lhe um rápido beijo no rosto. - Boa sorte.

- Obrigada - Hermione murmurou, levantando os olhos para seu amigo. Ela percebeu novamente o quanto todos eles amadureceram no último ano. Harry estava agora muito mais alto que ela, e quando a voz dele ficara tão profunda?

Ele virou-se para Gina e envolveu seus braços em torno dela, e Hermione afastou o olhar para ver Rony observando-a, seus olhos azuis cheios de sentimento. Ela sentiu algumas das mesmas emoções agridoces surgindo para chocá-la, especialmente quando ele se inclinou e a beijou suavemente na boca, um beijo doce e macio, com gosto de adeus.

- Boa sorte, Hermione. Eu amo você. Você sabe disto, não?

- Eu também te amo, Rony.

Rony apertou a mão dela brevemente antes de dar um passo atrás e, após um momento de espera por Harry e Gina, deu à seu melhor amigo um duro empurrão com o ombro.

- Continue assim e nós perdermos o trem.

- Está certo - Harry resmungou enquanto deu à Gina um último beijo rápido.

Engatando suas mochilas nos ombros, os dois rapazes caminharam apressadamente de volta pela rua. O assobio do trem atravessou o ar da manhã, e eles começaram a correr, suas vassouras balançando nas costas, e deram um último aceno de adeus sobre seus ombros.

Dentro do portão o jardim estava aquecido, e Hermione podia sentir o tinir sutil de magia no encanto que enchia o ar com um aroma doce de início de verão. Gina parou e tirou os sapatos, suas unhas pintadas de verde brincando na grama fria queimada pelo gelo do jardim. Seguindo sua líder, Hermione levantou a barra do vestido e fez o mesmo.

Observando da porta da casa de campo, Remo Lupin chamou: - Elas chegaram - para alguém de dentro e seguiu pelo caminho para cumprimentá-las. Em vez das suas vestes habituais, ele usava uma camisa marrom desvanecida, solta, sobre um par de calças marrons. Ele também tinha tirado seus sapatos, e não foi nenhuma surpresa ver que ele possuía pés demasiadamente grandes e peludos.

Severo parou estarrecido na entrada da porta quando viu Hermione na extremidade do caminho do jardim, e por um único instante, pensou que uma ninfa tinha, de algum modo, encontrado o caminho da casa de campo de Dumbledore. Uma coroa de flores brancas fora presa nos cabelos cor de mel, que caíam em elegantes cachos espiralados sobre os ombros. Os ombros delicados foram moldados pelo decote da veste branca de noiva. O fino tecido deixava os braços nus, mas deslizava sobre o corpo, esboçando delicadamente suas curvas e caindo levemente sobre a leve proeminência da gravidez.

- Severo, meu filho, você está obstruindo a porta.

Franzindo a testa para sua própria reação inadequada e com o óbvio divertimento do Diretor, Severo moveu-se para dar passagem à Dumbledore. O velho bruxo juntou-se a Remo para dar boas-vindas às jovens, deixando seu antigo mestre de Poções para seguir trás. Gina começou imediatamente a questionar seu antigo professor de DCAT, perguntando por Sirius Black e extraindo do homem normalmente quieto uma conversa animada.

Hermione aceitou as boas-vindas de Dumbledore, mas prestava atenção ao seu futuro marido descendo os degraus, o rosto dele era mais ameaçador que o normal. Ele usava as habituais calça preta e camisa branca, embora a camisa estivesse solta e seu olhar era mais pronunciado do que o usual. Ela imaginava nervosamente o que tinha deixado-o aborrecido. Sabia que ele tinha passado a manhã com o Prof. Dumbledore e Remo Lupin, e ela achou que as chances de ser alguma coisa que ela fizera eram fracas.

Dumbledore especulou o homem quando ele finalmente se reuniu ao resto do grupo no gramado: - Com uma cara dessas, Severo, alguém pensaria que você estava enfrentando um esquadrão de fuzilamento.

- É o dia do seu casamento, homem - Remo lhe disse. - Certamente um sorriso não o matará.

Seu olhar meio enviesado disse a Hermione que ele não havia gostado da brincadeira.

- Bem, Hermione - disse Dumbledore prosaicamente -, se ele não se animar, você pode se casar com o Remo aqui.

- Somente se ele trouxe sua varinha de duelo com ele - Severo interveio.

- Tudo bem, professor. Eu estou me acostumando com a cara feia - Hermione respondeu. - E o sarcasmo dele é leve o suficiente para ignorar, uma vez que você se acostuma com ele.

Com um sorriso de aprovação, Dumbledore tirou seu chapéu e dobrou-o sob o cinto, revelando um escalpo sardento onde seu fino cabelo grisalho terminava nas costas. Ele pegou Hermione olhando de relance para a barra das suas vestes e levantou-as, mostrando um pé descalço, seco, com as solas ásperas e dedos encurvados. Remo, com seus cabelos grisalhos que brilhavam ligeiramente na luz do sol, deu um olhar significativo para os sapatos nos pés de Severo.

Com uma expressão sofrida, o homem os arrancou e pisou rapidamente em cada meia preta por vez, para tirá-las. - Você esperava cascos partidos, Srta. Weasley? - comentou com Gina, que simplesmente sorriu.

- Você trouxe o anel? - Dumbledore perguntou a Remo, que o segurou em seu dedo mindinho. Um brilho entre a primeira e a segunda junta atestou a presença do anel.

- A faixa?

Gina desenrolou um pedaço da faixa no seu pulso e manteve-o levantado.

- Excelente. Então, se o noivo e a noiva estiverem prontos? - Olhou para Severo e Hermione sobre seus óculos. Severo deu um curto assentimento.

- Há uma coisa - Hermione sussurrou para seu quase-marido

Ele franziu a testa para ela, ligeiramente preocupado. - O quê?

- Você sabe mesmo que eu venho com um gato?

Sua sobrancelha levantou. - Sim, eu estava ciente que aquele monstro alaranjado era seu. Eu adoraria instigá-lo a atacar Madame No-r-ra algum dia.

- Está certo, então. - Sufocando uma risada totalmente imprópria, Hermione encarou Dumbledore e respirou fundo, expirando lentamente. Ela estava pronta

Dumbledore acenou para eles, convidando-os a formar um círculo frouxo. Para surpresa de Hermione, o velho bruxo começou a falar num tom sério, seu brilho cintilante característico desaparecendo enquanto pedia para que as testemunhas atestassem a livre vontade dos participantes. Mais tarde, ela não conseguiu recordar as palavras exatas que o bruxo usou para pedir que ela fizesse seu juramento a Severo, apenas que ele não falara de amor ou romance, mas especialmente de lealdade, honra, e responsabilidade. Sua voz geralmente genial aprofundou-se até que a terra pareceu tremer sob os pés de Hermione.

Depois dos votos, Severo pegou o anel de Remo e deslizou-o para o dedo de Hermione. Quando ele soltou a mão esquerda dela, Gina a pegou. Severo pegou a mão direita dela, e ela o viu espalmar a de Remo sem embaraço. Dumbledore pegou a faixa de Gina e teceu-a em torno das mãos unidas de Severo e de Hermione, a seguir pegou as mãos de Gina e de Remo nas suas, terminando o círculo.

Não um círculo, ela pensou, mas um pentagrama, o antigo símbolo de proteção. Invocado por um bruxo com o poder de Dumbledore, não era algo para ser considerado levianamente. Muito depois, ela percebeu que a terra ESTAVA tremendo abaixo dela, em resposta às palavras do Diretor quando ele convidou a terra e o ar para testemunharem a união.

Por anos ela ouvira que Alvo Dumbledore era um dos bruxos mais poderosos do mundo, mas ela nunca tinha testemunhado qualquer característica disso, exceto a do Diretor afetuoso e traquina. Agora, aqui num jardim adormecido sob um céu frio de primavera, ela teve um vislumbre do bruxo que deixava Voldemort nervoso, um mago amadurecido, que lutara contra o mal em uma escala inacreditável por mais de um século.

Tudo terminara de uma vez, e Dumbledore, seu brilho alegre voltara firmemente ao lugar, beijava-a no rosto, apertando a mão de Snape e desejando felicitações. Ele os conduziu para dentro, onde os elfos domésticos de Hogwarts deixaram um almoço frio e pequenos bolos cobertos com açúcar. Com a refeição, Dumbledore serviu uma garrafa de hidromel, o copo de Hermione contendo um pouco mais que um respingo, para observar as formalidades.

O hidromel tinha um sabor forte e seco, que Hermione particularmente não se interessava. A maioria dos brindes passou por ela sem que notasse. Ela estava preocupada com o fato que Severo, seu marido há menos de duas horas, estava sentado do lado oposto ao dela, brincando sem interesse com sua comida e falando muito pouco. O almoço se arrastava interminavelmente, apesar de Gina se divertir inteiramente enquanto Dumbledore e Remo se revezavam para importunar sutilmente o noivo.

Ainda muito cedo, Gina acendeu o fogo na lareira de pedra maciça e deu um abraço nela antes de retornar à Toca pela rede de Flu. Os três homens pediram desculpas e desapareceram para o estúdio vazio. A porta fechou-se com um clique contínuo, e Hermione soube perfeitamente que eles discutiam as futuras atividades de Severo como espião.


Deixando seus próprios cuidados, ela explorou a esmo a casa de campo. Encontrou o único quarto quando foi em busca do banheiro, que felizmente tinha um encanamento moderno. Decidiu não pensar sobre isso naquele momento e continuou explorando, descobrindo uma cozinha minúscula que era ainda mais antiquada que a dos Weasley e assustado o elfo-doméstico que vestia uma toga feita de uma toalha de chá de Hogwarts. O elfo, um que Hermione não conhecia pessoalmente, ficou horrorizado quando ela se ofereceu para ajudar a lavar os pratos. Em vez disso, foi presenteada com uma xícara de chá que ela realmente não queria e caminhou de volta à sala de estar.

Torcendo o anel novo em seu dedo, Hermione vagueou para investigar o quarto.

A casa decididamente tinha um ar de desabitada, e continha poucos indícios que indicassem que Alvo Dumbledore já havia morado ali. Uma foto na parede mostrava um Dumbledore quase irreconhecível e uma jovem mulher. Mesmo que a imagem estivesse em preto e branco, a barba de Dumbledore estava obviamente mais escura e razoavelmente curta. A mulher usava as tradicionais vestes de bruxa, que tornara difícil explicitar a época, mas ela julgou que a foto tivesse mais ou menos uns cinqüenta anos.

Finalmente, Hermione selecionou um livro da pilha que obviamente fora tirada do estúdio e nunca havia retornado, e sentou-se na frente do fogo que Gina havia acendido. A cadeira era macia e bem confortável, e ela adormeceu sem notar.

Sutilmente ignorando os comentários de último minuto de Remo, não importando o quanto eram encorajadores, Severo finalmente fechou a porta despachando o lobisomem e foi encontrar sua esposa. A discussão no escritório de Dumbledore tinha demorado muito mais tempo que o previsto, mas Severo estava bem com aquilo. Entretanto, uma vez que a reunião tinha acabado, ele fora cercado de ambos os lados com conselhos mal disfarçados e bem intencionados que o irritaram demais. Não bastasse que não soubesse onde dormiria esta noite; dificilmente necessitava do cutucão de um celibatário de carreira e de um homem que fosse quase um século mais velho que ele.

Após uma rápida busca, encontrou Hermione encolhida numa cadeira, seu rosto sustentado pelo alto da sua mão. Desejando por algo mais forte, Severo esvaziou o resto de hidromel do copo. Fez uma careta com a doçura enquanto sentava-se na cadeira oposta à de Hermione e se inclinou pesadamente para observar o sono dela. Ela necessitava de mais descanso enquanto seu corpo carregava a criança que crescia dentro dela; ele sabia disso, e preocupou-se se ela não estava se negligenciado outra vez. Ela não tinha comido muito no almoço.

Em seu sono, ela se deslocou, e o livro em seu colo deslizou perigosamente perto da borda de seu colo. Severo inclinou-se para frente e pegou-o, mas o movimento ligeiro a acordou.

Hermione levantou a cabeça e piscou, olhando o livro na mão do seu marido. - Me desculpe, eu adormeci. Que horas são? - Seu estômago rosnou rudemente.


- É hora de alimentá-la outra vez - ele comentou, estendendo a mão. Ela a pegou e o deixou levantá-la e conduzi-la à cozinha. O elfo-doméstico tinha desaparecido e assim não estava presente para fazer qualquer objeção quando Severo pôs um prato de carne fria fatiada, um pouco de queijo e uma fatia de pão sobre a frágil mesa de madeira e puxou uma cadeira para ela. Comeram em silêncio até que ele perguntou para ela se havia algum problema.

- Não, eu apenas estava pensando que hoje foi muito diferente de uma cerimônia de casamento trouxa.

- Como assim? - ele perguntou, pegando uma faca e cortando outra fatia de pão.

- Em primeiro lugar, é permitido que você use sapatos.

O canto da boca dele se contraiu.

- E, geralmente, você deve convidar todo mundo que conhece e alimentar todos eles. Não posso dizer que eu senti falta dessa parte. Embora eu realmente desejasse que meus pais estivessem aqui - ela adicionou.

- Naturalmente que sim - ele disse razoavelmente. - Estou certo que seus amigos estariam aqui também, se tivessem escolha quanto a isso.

- Geralmente há um bolo enorme também - Hermione continuou. - Os noivos o cortam juntos, e então, às vezes, eles servem o primeiro pedaço um para o outro.

Uma flor caiu do cabelo dela na mesa. Com um suspiro ela a pegou e começou a remover o resto das flores, esperando em vão tirar todos os grampos antes que se tornassem enovelados.

- Parece uma bagunça - Severo comentou, repreendendo firmemente a imagem mental de Hermione lambendo um pouco de glacê nos dedos dele.

- Bem, alguns enlouquecem e o esfregam na cara um do outro, mas isso é um tanto fora de moda.

Ela tremeu de frio e tirou os pés gelados do chão frio de pedra, com a intenção de dobrá-los embaixo dela, apenas para lembrar da veste cara. O feitiço aquecedor já havia se desfeito na casa de campo, e o fogo da sala de estar era insuficiente para lutar contra o frio crepitante que vinha de fora.

-Você está gelada - Severo observou com um franzir de testa. - Onde estão suas coisas?

Ela precisou de um momento para lembrar; para seu embaraço, foram deixados lá fora.

– Acho que deixei tudo lá fora no jardim, junto com meus sapatos.

- Eu pegarei então.

-Mas… – ela protestou.

- Considere como meu primeiro dever de marido - ele disse seco.

- Está perto do portão - ela chamou.

Ele trouxe para dentro as duas mochilas pequenas que ela arrumara; uma bolsa da escola com seu dever de casa para o feriado, e a outra ligeiramente maior, com roupas, e as depositou próximo à parede. Colocou a capa em torno dos ombros dela e recomeçou sua refeição.

-Severo?

- Sim?

- O que nós faremos agora?

Ele não respondeu imediatamente, terminando seu pedaço e o engolindo com o resto do hidromel.

- Isto depende inteiramente de você. Eu andei pensando que nós devemos nos acostumar um com o outro, sem as inestimáveis contribuições de Madame Pomfrey ou a sagacidade tão falada dos meus colegas.

Ele pegou o prato vazio dela e juntou ao dele, deixando-os na pia para que o elfo-doméstico os limpasse. Hermione pegou os copos e a prataria e deixou ao lado dos pratos, certa de que os esforços dele eram mais para evitar o assunto do que para ajudar o elfo doméstico. Incerta de como prosseguir, Hermione pegou a capa emprestada e foi até as mochilas que ele havia trazido para dentro.

A voz dele tinha um toque de pesar quando ele falou atrás dela:

- Eu imagino que este não é o casamento com que as jovens sempre sonham.

- Não exatamente - Hermione respondeu. Quando ela olhou para cima, ele estava se inclinando para trás, contra o armário, as mãos agarrando a borda como se não soubesse o que fazer com elas. - Embora eu não tivesse pensado muito sobre isto realmente. Havia sempre tantas outras coisas para me preocupar.

Esta certamente não era o mais romântico dos lugares, numa cozinha desorganizada, que nem mesmo tinha o luxo de um fogão elétrico. Mas as dúvidas que rondavam Hermione coalesceram numa determinação que, mesmo que tivesse perdido o controle da sua vida, ela poderia ao menos direcioná-la para o sentido correto. Juntando toda sua coragem, ela parou e imitou a postura dele, colocando as mãos atrás das costas e inclinando-se contra a parede de pedra.

Eles se observavam através da cozinha, ambos hesitantes em trazer à tona o assunto que não tinham discutido. Hermione moveu-se levemente, desvencilhando-se do casaco e colocando-o sobre a mochila. Quando ela retornou à posição imitada, a suavidade da seda sobre seus seios era deliciosamente sensual, acendendo seus nervos o suficiente para dizer mais uma coisa:

- Eu sempre imaginei que quando eu me casasse, meu marido pudesse ter pelo menos um pouco de atração por mim.

Severo ficou inteiramente quieto, olhando fixamente para Hermione quando ela levantou o queixo e encontrou seus olhos corajosamente. A luz das lâmpadas fez reluzir o brilho preto azulado do seu cabelo quando ele inclinou a cabeça para o lado, estudando-a. Ele deu um passo em direção a ela.

- Você acha que eu não a desejo? – ele perguntou, a voz dele era baixa. Deu mais um passo lento, e então outro. - Eu passei as últimas semanas preso em nada mais além de você. - A cozinha era estreita, e ele estava aproximando-se rapidamente dela.

- Você esteve? – ela deixou escapar, a seguir, corou abruptamente. - Eu devo ser completamente estúpida.

Somente a distância de um braço os separava, e Severo estava lutando com determinação para manter essa distância contra o impulso que o puxava como a gravidade. - Eu sei que você não pensa em mim como um amante romântico, Hermione. Eu estou completamente ciente dos meus defeitos nessa relação, sem mencionar que eu estou um bocado fora de prática.

- Eu não... eu não sei o que pensar sobre você - ela respondeu honestamente. - Você não é meu antigo professor de Poções. Eu não tenho certeza de quem você é.

Hermione sentiu como se não pudesse respirar profundamente, presa de encontro à parede de pedra somente pelo peso do olhar dele. Os olhos dele estavam escuros e vibrantes, queimando com uma intensidade que ela nunca tinha visto neles antes.

Lenta e deliberadamente, ele se inclinou em direção a ela, abaixando a cabeça e roçando sua boca com a dele, os lábios suaves, ainda que sólidos, contra os dela.

- Eu sou seu marido - ele murmurou, beijando-a outra vez levemente, testando a reação dela, e voltou para trás para estudar outra vez o rosto dela.

Uma mão estabeleceu-se na cintura dela, seus dedos longos agitando ligeiramente a pele esticada da barriga, irradiando um calor que vinha da sua palma, enquanto ele a acariciava. A outra mão foi à parede ao lado dela, fazendo com que o estômago dela vibrasse com o reconhecimento da grande e incontestável presença masculina.

Desta vez, Hermione levantou a boca até a dele, cautelosamente provando seu lábio inferior.

Com um gemido, ele se pressionou de encontro a ela, mergulhando para um beijo profundo e voraz. A proximidade do corpo dele parecia oprimi-la, o aroma de pele, algodão e homem avançavam sobre seus sentidos. Ela deixou suas mãos se afundarem em nos ombros dele enquanto ele mantinha sua boca aberta. Ele jamais seria descrito como um homem de ombros largos, mas sua estrutura era sólida e capaz sob suas mãos, e ele definitivamente NÃO estava fora de prática.

Ela se perdeu quando aquela mão acariciou sua barriga proeminente de forma possessiva, curvando-se ao redor para encontrar sua cintura, o que havia restado dela, puxando seu corpo mais perto dele. Foi um tanto estranho, mas ela não estava assim tão grande que ele não pudesse segurá-la pelas costas, um pouco, arqueando-a nos braços dele. O mundo se movia em torno dela, mesmo que a parede permanecesse como uma escora sólida às suas costas. Sua respiração encurtou enquanto ele a beijou longa e persistentemente.

- Hermione - ele gemeu, sua boca deslizando do rosto dela ao lóbulo macio abaixo da orelha, deleitando-se dessa forma, ela arqueou o pescoço para lhe dar maior acesso. - Eu juro… Não farei nada que você não queira. Eu paro assim que você disser.

Os poucos meses passados em desejo vieram à tona para ela, e agora era real. Severo Snape era seu marido, e a beijava com uma intensidade completamente insuspeita. A língua dele afagou o interior da sua boca delicadamente, aprendendo a forma e o gosto dela, encontrando-se com sua própria tentativa de explorá-lo e encorajando-o. Os braços dela se envolveram em torno do pescoço dele, enquanto ela moldava seu corpo contra o dele, sentindo o calor e a força dele. Parecia perfeitamente certo render-se completamente a ele.

- Não pare - ela ofegou, beijando a cavidade da garganta dele e encontrando justamente o ponto do pescoço que o fazia reagir. - Eu quero você, Severo. Acho que o desejava há meses. Faça amor comigo, por favor?

Ele se afastou para captar a sinceridade nos olhos dela, seu próprio olhar resplandecendo em desejo. Quaisquer palavras que ele teria falado morreram antes que pudesse expressar um pouco mais que um som inarticulado, mas suas mãos foram fortes e certas quando puxaram o corpo dela contra o seu antes de arrebatá-la e levantá-la do chão.

Severo não tinha nenhuma memória consciente da caminhada entre a cozinha e o quarto, mas a visão dela quando a colocou na cama, o cabelo desarrumado e ainda preso com as flores, os lábios vermelhos e inchados com seus beijos, ele tinha certeza que ficaria marcada em sua memória para sempre. Impaciente, arremessou fora a camisa branca solta e ajoelhou-se na cama para beijá-la outra vez, estremecendo quando as mãos dela deslizaram sobre seu peito, esfregando os cabelos pretos escassos em seu tórax magro, explorando os músculos planos e flácidos dos seus braços.

Foi preciso mais autocontrole do que ele queria admitir para deitar-se imediatamente ao lado dela e puxá-la para mais perto. A última coisa que ele queria era assustá-la com a pressa. Ela estava cálida e doce sob sua boca, retornando seus beijos com suspiros e pequenos gemidos enquanto os dedos dela seguiram pelo seu pescoço e espinha. Ele não estava inteiramente ciente do que suas próprias mãos faziam até que encontrou a abertura na altura do joelho nas vestes dela, a coxa quente e macia logo abaixo. A idéia dela despida sob o vestido bombeou sangue através de seu cérebro, e em outros lugares também.

Quando ela se afastou dele, temeu ter ido longe demais, até que viu as mãos dela tateando enquanto desatava o broche no ombro dela. O tecido fino transparente sussurrou de encontro à pele dela, causando um arrepio enquanto deslizava pelas costas.

Severo pegou o broche dela e colocou-o na mesa ao lado da cama, a seguir, olhando-a de relance pedindo permissão, soltou seu par. O tecido frouxo travou na curva do seio, e ela observou as mãos dele guardando o outro broche antes de se inclinar delicadamente para baixo e a beijar outra vez.

Tentando o quanto podia diminuir a velocidade, ele perdeu quase todo o controle quando a seda branca deslizou para baixo, revelando-a. Nunca desejara uma mulher tanto quanto desejava sua esposa nesse momento. Ela ofegou levemente quando ele tomou seu seio, o tecido frouxo escorregando ainda pelas suas curvas quando ele a tocou, e a visão dos seus seios nus foi para ele como um choque. Eram mais escuros do que se recordava, mas ele afastou aqueles pensamentos enquanto inclinou a cabeça e os provou. Esta a primeira vez dela, não obstante a criança que crescia em seu ventre. Esta era a primeira vez que um homem fazia amor com ela, e se fosse como ele queria, ela recordaria para sempre.

Incentivado pela respiração trôpega dela e pelas mãos agitadas que percorriam seus ombros e seus cabelos enquanto ele admirava a pele dela, Severo puxou o vestido de casamento, deslizando pela barriga arredondada e descendo por suas pernas. Ela fez um ruído do protesto e envolveu um braço sobre seu abdômen exposto.

- O que foi? - ele perguntou delicadamente.

- Desculpe - ela gaguejou. – É só que eu me sinto um pouco… gorda.

- Hummm. - Seu cabelo preto macio esfregou nos seios dela quando ele deslizou para beijar a suave ascensão da barriga dela. - Quando eu olho para você, outras palavras me vêm à mente. Deliciosa. Completa. Extraordinária. - Sua boca aberta na pele dela, deslizando através da forma arredondada como se ele não pudesse sentir o suficiente dela, mais viciante que qualquer droga.

Ele embalou o corpo dela com o dele, tocando nela de forma fugaz, roçando levemente contra a pele dela. Ela tocou as costas nuas dele e quase gemeu ao senti-la, lisa e macia com a sustentação dura de músculos e ossos. Ele estava relutante de usar aquela força nela até que ela se puxou de encontro a ele, querendo senti-lo. Uma mão audaz brincou com a parte de trás das calças dele, e ele puxou o suficiente para se despir.

Por fim, seus braços a envolveram, possessivos, fortes, e ela se sentiu vulnerável e protegida enquanto ele se inclinava sobre ela. As mãos dele em seus seios, sensíveis e rígidos na sua condição, deixavam-na numa excitação crescente com apenas o mais suave dos carinhos. A boca quente e úmida começou a sugar seus mamilos, ela pensou que poderia gozar apenas com aquilo.

Um fogo incandescente seguiu os dedos dele entre suas coxas, deixando-a choramingando com desejo enquanto ele encontrava seu núcleo. As mãos grandes a afagaram antes de aprofundar-se delicadamente dentro de sua excitação, provocando-a com uma exploração que a deixou ofegante.

- Hermione! Você me deseja? – ele sussurrou urgente enquanto se posicionava sobre ela.
.
Suas coxas se abriram inconscientemente enquanto ela procurava por ele. - Deuses, sim. Mais que qualquer coisa. Por favor! - ela respondeu, arqueando-se de encontro a ele, desvairada por alívio, para a loucura da sua excitação.

- Mostre-me, - ele insistiu numa voz áspera, tocando levemente sua cavidade úmida. - Abra para mim.

Levou um momento para o que ele pedia acontecer. Os olhos de Hermione travaram com os dele enquanto ela arrastava seus dedos sob o tórax dele, entre seus corpos, oferecendo-se para a invasão dele. Nunca haveria qualquer dúvida na mente dele que ela o desejava naquele momento.

Ele deslizou no interior dela, o corpo tremendo com seu desejo. Gemeram em uníssono.

Ela apalpou cegamente pelos ombros dele, mas Severo pegou a mão dela e lambeu os traços de umidade dos dedos. Os olhos dela se abriram, e o sorriso diabólico que ele lhe deu em troca lembrou-a outra vez de como ela sabia pouco sobre o homem que chamava agora de marido, que agora mesmo fazia seu corpo resplandecer de desejo. Ele beijou sua boca e mergulhou profundamente nela.


O pensamento aleatório de que suas costas doeriam terrivelmente pela manhã flutuou no fundo da mente de Severo, mas aquele era uma preocupação insignificante comparada ao prazer devastador de fazer amor com Hermione Granger. Que se dane isso, Hermione Snape.
Sua esposa. Uma esposa bonita, inteligente, com quase seis meses de gravidez que ele agora se curvava, fazendo seu melhor para não apertá-la, lutando duramente para se segurar enquanto ela pedia por mais.

Ele diminuiu quando sentiu a aflição dela, usando cada porção do seu autocontrole.

- Eu tenho você - ele sussurrou tranqüilizando-a para superar o pânico momentâneo. - Você está segura. - Por algum momento ele pensou que ela tivera um flash de memória, então lembrou-se que a gravidez deixara todo o corpo dela mais sensível. Essa sensibilidade incluía a região que eles compartilhavam assim tão intimamente, e sem dúvida ela estava dominada pela sensação dele movendo-se dentro dela.

- Desculpe - ela murmurou, incapaz de se desculpar mais quando ele a beijou. As mãos dele deslizaram sob seus ombros, balançando-a delicadamente enquanto ele se apoiava em seus cotovelos e a embalava em seus braços. Com pequenas palavras e beijos ele a incentivou a mover-se com ele, guiando o movimento inexperiente dos seus quadris.

Enquanto Hermione se rendia ao seu comando, ele a observava pelos sinais, mais intensamente que prestava atenção a qualquer uma de suas poções. Quando ela abriu a boca com sons ofegantes, ele inclinou-se para beijá-la mais profundamente, e os dois caíram no abismo e no alívio glorioso.

Um protesto sonolento foi o primeiro som que ela fez quando ele deixou seu corpo, movendo-se para o lado e rolando-a ligeiramente para que sua cabeça descansasse no ombro dele. Seus pés permaneceram emaranhados, a mão dela no peito dele enquanto ela se aconchegava nele. Caiu adormecida quase imediatamente.

Enquanto ela cochilava, Severo sentiu que seu batimento cardíaco voltava ao normal. Ele nunca foi daqueles que cochilam após um orgasmo, embora muitos homens o fizessem. Seus encontros foram poucos e distantes nos últimos anos, e cair adormecido depois era normalmente uma idéia perigosa. Agora, entretanto, ele queria simplesmente prender a esta criatura incrível em seus braços e se convencer de que aquilo era real.

Gentilmente, sem querer acordá-la, ele deslizou uma mão pelo abdome arredondado, tocou levemente a depressão do umbigo que estava a ponto de desistir da batalha de ficar para dentro e virar-se para fora. O suor úmido no seu corpo o lembrou que a noite fria entrava lentamente no quarto. Com um movimento mínimo, ele chamou sua varinha e acendeu o fogo antes de puxar as cobertas sobre eles.
.
Ainda relutante em dormir, ele observou a jovem em seus braços, removendo uma pétala arrancada da flor no cabelo embaraçado. Sua esposa. Seu filho. Coisas que há muito tempo ele havia considerado além de seu alcance. Anos gastos rosnando conceitos que ele dizia a si mesmo que não queria, já que não havia absolutamente nenhuma possibilidade no inferno de tê-las algum dia. No entanto, aqui estavam, nos seus braços.



N/T - À todos os que deixaram reviews,e-mails , obrigada pela paciência. Além do capítulo ser ENORME, tanto a minha beta como eu estivemos de férias e sem PC ou NET por algum tempo. Sei que todos esperavam esse capítulo ansiosamente, e espero que tenham desfrutado. O próximo capítulo já está praticamente pronto e logo será postado, já que retornamos à vida normal. No mais queria agradecer imensamente a todas as meninas do Esquadrão pelo carinho, e a todos que vêm acompanhando essa fic maravilhosa. Beijos Clau. Lógico que uma avalanche de reviews irão me deixar ainda mais feliz kkkkkkkkkkk.


Aproveito a ocasião para avisar que essa fic está concorrendo aos OWL Awards 2006 do site de fics OWL (On-line Wizarding Library – http://owl.tauri.org/ ) tanto a versão original em inglês como a tradução. Ambas estão no perfil da Ramos e a votação começa no dia 17. Para ler, indicar, e depois votar nas fics, basta se cadastrar no site. É de graça. Como eu passo óleo de peroba todo santo dia, tô aqui pedindo a quem gosta da fic para votar nela. Desde já agradeço imensamente. Beijos de novo Clau Snape

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.