Livre



- Eu juro que posso explicar... – Eu repetia pela décima vez. Sentia meu corpo completamente frio. Na verdade já nem sentia mais meus pés.

- ISSO É UM ULTRAJE!

- Olha, a história é que... – Tentou Lily.

- História? Há, a única história que eu quero saber é a razão de tudo isso... E é bom começarem agora. – McGonnagal disse em um tom perto do normal, pela primeira vez desde que chegara ali, e já faz uns vinte minutos.

- É que... glugb - Eu comecei, mas, pra me atrapalhar, como sempre acontece, eu solucei.

- O que é isso? – Mc perguntou curiosa.

- Um so... glugb... luço – Respondi, sorrindo.

- Olha, professora, perdoe-nos, a gente perdeu a cabeça um pouco... – Lily disse, desviando a atenção da mulheroca.

- COMO ASSIM, SRTA EVANS?! – Ela gritou de novo, Lily deu um pulo. – Eu entro na sala e ela está completamente molhada e vocês estão deitados no chão se beijando!

- O Potter me beijou professora. – Lily falou com cara de santa. Ham, claro, e eu sou o Homem-Cueca.

- O que está acontecendo aqui? – Ótimo, mais uma pra atrapalhar...

- Madame Pomfrey... – McGonnagal foi falar com ela.

- Claro Lily fui eu que fiquei cheirando o teu pescoço e te puxei pra beijar... – Eu disse, perto do ouvido dela. Vi que ela se arrepiou.

- Foi.

- Na primeira vez, mas pelo que eu me lembro foram dois beijos... – Eu disse sorrindo. Ela me olhou brava.

- Eu estava bêbada por sua causa, e me arrependo até o último de ter te beijado! – Ela sussurrou com raiva.

- Tem certeza? – Eu perguntei, me aproximando dela novamente e ficando centímetros de sua boca.

Olha, não adianta você querer impedir amor, James Potter é irresistível. Desafio qualquer uma a ficar no lugar que ela está sem me beijar.

Querem tentar?

Há.

- Potter, Evans. – McGonnagal voltou. – Hoje vou liberá-los, pois já vi que estão péssimos... Tomem um banho e vão dormir, cada um seu dormitório.

Mew, o que ela pensa que a gente vai fazer? Eu apenas dei um beijo nela, e McGonnagal já está se preocupando em cada um em seu quarto.

Eu acho que estou ficando velho...

- Agora – Ela disse.

Ok.

- Boa noite Lily – Sussurrei quando passei ao lado dela, sorrindo. Ela me olhou com uma feição mortal, bufando.

Há há, amo fazer isso!





Sábado cara, amo sábado!

E hoje tem Hogsmeade, pra quem vai, claro... E não contem comigo.

Na verdade eu nem queria mesmo...

Hoje tem Hogsmeade, já falei? Acho que sim... Mas eu não posso ir... E eu já falei isso também, então vamos logo começar esse dia.

- Bom dia Sirius, Remus, Peter, Lily, Claire e Audrey. – Disse, passando rapidamente pelo salão e saindo depois. – Tchau Sirius, Remus, Peter, Lily, Claire e Audrey.

*pisc pisc*

Eu não estou muito bem hoje, mas fala pra mim, o que vai ser de mim hoje? Sem Hogsmeade!

Hogsmeade é o único momento que eu não estou em casa e nem nesse colégio fedido de mofo! O que vai ser de mim sem o passeio!? Vou morrer! Matem-me...

- James! James espera!

- Quem ousa falar comigo? – Virei rápido, trombando com a tal.

- Ai, James! – Ela disse, pulando no mesmo lugar, com o pé levantado. – Você não é tão leve sabia?

- Ta me chamando de gordo? – Perguntei com cara nervosa. – ótimo, se já não bastasse meu dia hoje ser uma droga, levo de gordo da minha melhor amiga...

- Ah, fofo! – Audrey disse, pulando em mim. É a Audrey. Não tinha falado? Ta, tá matem-me por causa disso! – Você também é meu melhor amigo! Fofo!

- Chega, fofo é uma maneira delicada de dizer gordo. – Eu falei andando com ela no meu pescoço. – E você também não está muito leve.

- Credo Jim, o que aconteceu? Dormiu com a bunda descoberta? – Ela perguntou rindo.

- Ha, ha, ha... To rindo por dentro Nic... – Eu disse, andando.

- Para onde está indo?

- Não sei... – Eu disse.

- Então porque está andando?

- Quer que eu fique parado?

- Você está chato.

- Obrigado.

- Mau-humorado!

- Obrigado. Tchau Audrey.

Deixei-a para trás. O que está acontecendo comigo? Estou chato. Agüentem-me. E eu acordei tarde. Esse é o pior de tudo. O que significa que ainda estou com sono.

Já disse, to chato.

- Todos os alunos que irão a Hogsmeade, dirijam-se ao portão! – Filch gritou.

O Filch é ridículo. Pensa que é o cara. Protótipo de besta desmiolada.

Dei meia volta e voltei ao salão comunal.

- Filch está chamando quem vai pra Hogsmeade. – Falei, sentando no sofá.

- Vamos? – Sirius perguntou.

- Eu não vou.

- Por quê? – Ele perguntou.

- Por que eu estou de detenção, esqueceu?

- E desde quando isso te para? – Ele riu. – Eu também deveria estar. Mas vou mesmo assim.

- Dessa vez eu não vou.

- Ta bom.

O Sirius me conhece. Nos raros dias que eu estou de mau-humor, é a coisa mais difícil do mundo me fazer ficar bem de novo.

- Vamos Lily. – Claire disse, abraçada com Sirius. Eles embrenharam de vez o relacionamento. Congratulações.

- Não obrigada. Vou a Hogsmeade na próxima vez, tenho que estudar para Poções. A prova é daqui a duas semanas e eu estou em dúvida com uma coisa... – Ela disse, sorrindo e levantando.

- Hum, ela não pode – Eu disse, sorrindo sarcástico.

- Cala boca, James.

- Vem fazer calar – Eu disse sorrindo. – McGonnagal também a proibiu de ir.

- Meeeeeeeeeu Merlin, vamos logo que daqui a pouco começam a voar cadeiras aqui... – Remus disse, puxando Audrey e sorrindo.

- Já vão tarde.

E eles foram. Eu sou mal. Há.

- Credo Potter, você está estranho hoje. – Lily disse, sentando no sofá.

- Pois é né...

Ficamos em silêncio um momento. Até que eu decidi falar uma coisa que me atormentava. Quando eu estou assim falo o que nem queria.

- Por que você insiste em continuar me chamando de Potter, mesmo já tendo até me beijado? – Perguntei em tom seco.

- Eu decido do que quero te chamar. – Ela disse lendo, sem levantar os olhos.

- É falta de educação falar sem olhar nos olhos.

- É?

- EVANS! – Gritei. Ela levantou a cabeça com toda a calma do mundo.

- Diga logo e não me faça perder meu tempo.

- Guria, você não tem noção mesmo né? – Eu gritei, nervoso. – É tão difícil assim entrar na tua cabeça a palavra “James”!? É tão difícil abaixar a cabeça uma vez na vida e no mínimo chamar teu amigo pelo nome?

- Quem sabe... – Ela falou.

- E antes? – Eu disse, perto dela, bem perto. Vi que os olhos dela brilhavam e ela abaixou a cabaça a minha altura. Eu estava agachado do lado dela.

- O que?

- Quando éramos amigos? Era difícil me chamar pelo nome? – Perguntei, sentido. – Eu não tenho nenhum problema em te chamar de Lily, eu não morro por isso... Acho que você também não morre, porque se fosse por isso você já estava morta e sepultada depois de até ter me beijado.

- Você não esquece isso?! – Ela gritou.

- NÃO! – Gritei mais ainda, assustando-a. – Não Lily, eu não esqueço disso porque não entra na minha cabeça! Não entra, simplesmente não. Eu tento entender, mas meu cérebro não aceita que uma coisa dessas possa existir. Não me entra na cabeça que antes você era minha amiga e então você simplesmente mudou da água pro vinho como se troca de roupa para dormir e então você mudou. Você nunca mais falou comigo, você esqueceu de toda nossa amizade, de TUDO! Simplesmente passou a me chamar de Potter e a me xingar, me tratar mal, como se eu tivesse matado alguém que você gosta, sendo que eu sempre gostei de você e sempre fiz de tudo pra fazer você se sentir bem e ter todos os confortos e regalias que eu pudesse te oferecer. – Eu gritava, de pé, andando de um lado para outro. Ela tinha os olhos cheios de lágrimas, mas eu não me importava. Eu também sentia lágrimas queimarem meus olhos, mas eu não ia chorar. Ah, não mesmo! Ia falar tudo o que eu sempre quis falar. – Quer dizer que um dia eu simplesmente posso acordar com uma vontade súbita de nunca mais falar com o Sirius, por que... Por que mesmo? Ah, SEM UM POR QUE! Isso é ridículo Lily, não tem nexo! E daí, só pra melhorar, do nada, você começa a me atacar fisicamente. Ta, deixa então... Levamos detenção juntos. Na festa da Audrey daí você diz que até pode gostar de mim, mas que isso não pode dar certo. Então você me beija! Há, me explica, como uma pessoa consegue entender uma palhaçada dessas. Porque sim, perdoe-me o uso da palavra, mas é uma palhaçada o que você está fazendo comigo Evans...

- Eu tenho minhas razões! – Ela gritou, explodindo em lágrimas. Pensa que me comove? – Eu tive minhas razões Potter!

- Então me diga. – Eu disse aproximando-me de novo. – Me diga as razões que você teve para nunca mais me tratar bem. Espero que seja realmente boa.

- Eu recebi uma carta, dizendo que você estava com uma outra pessoa. E eu vi você com essa garota que me falaram. – Como!?

- Não estou entendendo – Eu disse, rindo incrédulo.

- Recebi uma carta dizendo que você estava saindo com outra garota. Uma tal de Lorna Recton, da Corvinal. – Ela disse, limpando uma lágrima. – Eu não acreditei, porque gostava de você... – Eu estava sentado na frente dela, e ela se inclinou para mim, bem próximo. – Eu gostava de você... Então veio outra carta. E eu fui ver se era realmente verdade. E eu vi você com ela!

- Era uma loira? – Eu perguntei, sorrindo.

- Sim.

- Alta, com os olhos castanhos?

- Era... Viu só? – Ela disse, sorrindo “vitoriosa”.

- Lorna Recton é minha prima. Filha da irmã na minha mãe. – Eu disse. – Eu sei do dia que você está falando porque a Lorna viu você. Nesse dia ela recebeu uma carta da mãe dela dizendo que a casa deles tinha sido atacada por comensais e seu irmão, meu outro primo, Jake, foi morto por um deles. – Vi que ela parecia diminuir conforme eu falava. – Minha mãe me disse para eu não comentar com ninguém e ajudá-la, confortá-la. O que você viu foi eu abraçando ela, provavelmente com a mão no rosto dela... – Eu dei um riso leve, olhando para o nada.

- P-prima? – Ela parecia sem fala.

- Pois é Lily... – Eu disse, levantando. – Acho que essa é uma boa hora pra você esquecer disso e pensar em algo melhor quando quiser virar a cara com alguém sem ter provar concretas... Você chegou a saber quem mandou as cartas? – Ela balançou a cabeça negativamente, com lágrimas nos olhos. – Então... Bom... Vou subir.

Com isso, virei às costas. Ela continuava quieta. Quando ia entrar no quarto escutei ela murmurar algo...

- Desculpe... James.




- Eu ainda não acredito que você foi! – Claire, dizia sorrindo abraçada em Sirius e beijando-o.

- Claro! Você acha que eu não ia conseguir sair? Eu sou Sirius Black, querida... Agora eu só preciso pensar em como me esconder... – Ele dizia, se escondendo atrás dela.

- Por quê? – Remus perguntou.

- McGonnagal me viu eu acho! – Ele riu com gosto. – Jameeeees! Perdeu um passeio e tanto, caro colega.

- Pois é... Mas eu acertei umas coisas que eu devia... – Disse. Todos me olharam curiosos.

- Cadê a Lily? – Audrey perguntou, quebrando o silencio.

- Vou ver se ela está no quarto. – Claire disse, levantando e subindo as escadas.

- O que aconteceu? – Sirius perguntou, cochichando.

- Nada. – Respondi naturalmente. Em menos de cinco minutos, Claire desceu.

- E daí? – Peter perguntou.

- Ela não vai mais sair do quarto hoje, está com as cortinas fechadas, chorando e me expulsou do quarto. – Ela disse.

- James... – Remus virou-se para mim, assim como todos os outros.

- Não toquei nela. Apenas disse o que já deveria ter dito há muito tempo.

Dizendo isso subi as escadas. Todos me olhavam, mas eu me sinto...

Livre.

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