Encontro com as sombras
Capítulo 15
Encontro com as Sombras
Tudo estava escuro.
Pequenas tochas iluminavam os corredores sombrios que eram feitos de um tipo de mármore cinza.
Sam estudava a paisagem ao seu redor com a respiração suspensa. Onde estava?
-Venha. – a voz grave de Snape acordou-a de devaneios.
O menino começou a caminhar com o barulho dos sapatos ecoando no corredor vazio.
Samantha tinha certeza de que já estivera ali antes. Aquele chão cinzento lhe era estranhamente familiar.
Juntou-se a Severo sem saber o que esperar.
Snape parou ao lado de uma enorme porta de mogno. Pôs a mão sobre a maçaneta de prata polida e girou-a, fazendo a porta abrir e revelar uma sala comprida com um longo tapete vermelho. No final deste havia uma poltrona verde-garrafa que alguém ocupava:
-Seja bem-vinda Samantha.
A menina sentiu arrepios percorrendo o corpo. A voz do homem era extremamente fria.
-Aproxime-se.
Com as palmas das mãos suadas, Sam jogou o cabelo para trás e caminhou até a figura.
-Você é o Tom? – perguntou mantendo-se a alguns centímetros de distância.
O homem a sua frente usava a mesma veste escura e encapuzada de Snape. Ele abaixou um pouco a cabeça, assentindo.
Sam pode vislumbrar uma parte do queixo pálido e dentes muitíssimos brancos em meio a um sorriso torcido.
-Não gosto desse nome... Mas digamos que sim.
Samantha mordeu o lábio inferior e olhou para trás: Snape não estava mais sozinho. Duas figuras que não reconhecia haviam se juntado a ele.
-Estudou o que eu pedi?
-Para quê você me deu o livro? – retorquiu a morena secamente.
Agradecia a Merlim por sua voz não ter saído trêmula, pois estava nervosa com o ambiente.
O homem se levantou e andou até ela. Ainda podia ver o sorriso gélido do estranho.
-Você é médium, por isso que lhe dei o livro. Não é comum encontrar sangues-puros com essa habilidade.
Samantha não gostou de como as palavras haviam soado.
-E obviamente que pode prever... O futuro. Profeciar algo.
-Desculpe, mas não vejo aonde quer chegar.
Tom pousou a mão no ombro de Sam. Parecia morto de tão frio.
-O que acha de ter o poder do mundo em suas mãos? O poder de controlar todos os bruxos?
-Bizarro. – disse Sam desejando que o homem tirasse a mão de seu ombro. – Extremamente bizarro. Já é bem difícil controlar minha própria vida. Não preciso de nada mais para me perturbar.
-Você pode ser grande ao meu lado, Samantha. Pode ser uma ótima bruxa, a melhor de todas. Basta aprender as artes do livro.
Sam gostou da idéia de ser “grande”. Sempre admirou Dumbledore e almejava saber tanto quanto ele.
-O que você quer?
-Por que supõe que quero algo em troca?
Sam desviou da mão do homem:
-Porque sempre tem. Ninguém ajuda o outro de graça, principalmente por um preço tão alto.
Tom sorriu e se virou andando em direção da poltrona.
Samantha o observou se sentar.
-Traga algo para nós bebermos, Lestrange.
Um dos homens saiu do cômodo.
Riddle conjurou uma cadeira e fez sinal para que a menina se sentasse. Assim o fez.
-Não gosto de ver a Sam nesse lugar.
Lily assentiu pensando nas palavras do moreno.
-Quero dizer, dê só uma olhada: o Snape, esse tal de Riddle e mais o tal de Lestrange estão com ela nessa sala. São três homens e Sam está lá, sozinha! E se alguém der em cima dela, ou sei lá. Ou pior. E se...
-Você está com ciúmes da Samantha? – a ruiva perguntou achando-se um pouco mesquinha.
Tiago revirou os olhos e observou as árvores da floresta que envolvia ambos. Estava um pouco frio.
-Não, Lílian, é claro que não. Eu só... Bem, me preocupo muito com ela. Não sei, acho que sinto uma conexão forte com ela. Entende?
Lily semicerrou os olhos um tanto irritada.
Tiago estava gostando da Sam?
Pior:
Ela estava irritada por isso?!
-Ei. – fez ele maliciosamente como se tivesse lido os pensamentos da ruiva. – Você está com ciúmes de mim?
-É óbvio que não, Potter. É só que... Bem, a Sam ela...
-‘Tá de rolo com o Sirius? – ele perguntou maroto.
-Como você sabe?!- Lily perguntou extremamente surpresa, com a franja ruiva lhe caindo na face.
-Eu sei de tudo, Evans. Sou muito mais informado do que imagina.
A ruiva revirou os olhos e voltou à atenção para o caldeirão.
Tiago se aproximou um pouco mais da garota, fazendo com que os joelhos de ambos se roçassem de tão próximos. Lily se moveu incomodada.
O moreno segurou um sorriso maroto, e baixou o olhar devagar para o colo da ruiva. (N/A: Tarado até não poder mais...) Foi então que reconheceu a blusa.
-Lílian você está usando o meu presente?
Julie suspirou pesadamente e encostou a cabeça na parede do castelo.
Onde estavam todos?
O vento lhe bateu no rosto balançando a franja loira bem delineada. Sentiu-se bem por seu cabelo estar preso em uma trança, por que se não estariam esvoaçando e lhe fazendo perder a visão.
Abriu os olhos novamente e observou o lago da Lula Gigante e a árvore próxima a ele.
Sorriu. Havia passado momentos muito bons com todos naquele local.
Apertou o pergaminho que tinha em mãos e desdobrou o novamente.
Já havia decidido escrever à uma hora e ainda estava em branco. Puxou a pena do bolso traseiro de sua calça jeans e balançou-a.
O que escrever? Como responder a carta que a fizera tão mau? Como...?
Olhou para o seu sapato boneca rosa e sorriu: havia sido ela que tinha lhe dado.
Provavelmente a última coisa que ganharia dela, de fato.
-Ju!
Julie esmagou o pergaminho de encontro aos seios com o susto de ser surpreendida. Era Sirius que caminhava em direção a ela com os cabelos negros esvoaçando no vento.
-Caramba, Sirius. Quase enfartei.
O moreno riu e sentou ao lado de Julie no degrau:
-Por quê? Escrevendo uma carta para seu “amante”?
Primeiramente a loira o encarou sem entender, mas logo um sorriso irritado brincou em seus lábios:
-Remo. Remo contou a vocês não é?
-É. Sabe, ele é um “corno manso” e...
-Sirius! Pare com isso! Não é possível que você acredita mesmo que eu posso estar traindo ele! Você sabe muito bem como sempre gostei do Remo. Foi o primeiro a saber.
O moreno sorriu.
-É. Eu me lembro. Nós estávamos no salão comunal conversando sobre a vida...
-Sobre a menina que o senhor estava beijando. – Julie completou, cruzando os braços.
-Na verdade, eram três. – ele sorriu marotamente.
Julie socou-o no ombro, fazendo o rir.
-Sirius, nós tínhamos onze anos e você já era terrível assim?
-Uma vez maroto, sempre maroto. – o moreno cantarolou. – E você era a santinha. A boca virgem e que sonhava com o príncipe encantado.
-Exato. A figura ridícula em pessoa. – Julie bufou enfiando a franja atrás da orelha. – Como eu era sua amiga e mesmo assim tão ingênua?
-O que você quer dizer com isso? – ele perguntou sarcástico e ambos riram. – De qualquer maneira, eu lembro que você estava agindo de uma maneira estranha.
Julie sorriu e fechou os olhos, lembrando-se da cena.
*FlashBack*
-Oh, Sirius! Por que você faz isso?
-Ju. Ela é linda. E é mais velha. E gostosa. Todos os garotos a querem.
-Mas ela deve achar que você gosta dela!
-Bom. Eu gosto... Mas não de uma forma romântica, se é que me entende.
Julie revirou os olhos vendo que o amigo não mudaria nunca.
-Sua fivela está caindo. – disse Sirius apontando para a presilha rosa claro que prendia a franja do lado esquerdo. – O que está acontecendo com você hoje? Está meio desajeitada!
A loira arrumou o cabelo no mesmo instante e olhou para o quadro da mulher gorda.
Um grifinório que aparentava ter uns treze anos de idade entrou no salão e se dirigiu a mesa em que os dois garotos estavam sentados:
-E aí, Julie? Sirius.
-Fala Max. – o moreno cumprimentou-o abaixando de leve a cabeça.
-Afinal, você topa sair comigo, Ju? – o rapaz se dirigiu a loira.
Julie estudou o moreno a sua frente e sorriu fracamente:
-Bem... É que eu vou estar meio ocupada. Sabe como é... Eu vou mal em Herbologia e preciso mesmo estudar...
-Mas a gente pode estudar junto. Eu te ensino. A matéria do primeiro ano é bem fácil.
-Obrigada mesmo, Max, mas prefiro estudar sozinha. A Lily vai me ajudar de qualquer maneira.
Max bufou, rendendo-se e foi embora sem se despedir.
-Oras Ju! Ele é legal.
-O seu tipo de legal? – a loira perguntou apoiando o braço sobre a mesma.
-Não. Ele não é...
-Galinha. – Julie finalizou risonha.
Sempre completava as frases do amigo.
-É. Ele quer namorar sério e tal...
-Sou nova para namorar! – Julie exclamou horrorizada. – E ele iria querer... Você sabe.
-Beijar? – fez Sirius com uma voz desdenhosa.
-É. E eu não beijo! De jeito nenhum!
Sirius riu e segurou a mão da menina:
-Você tem medo?
-É Sirius... – fez ela, revirando os olhos. – Morro de medo de que um cara enfie a língua na minha boca. Eu tenho nojo. Só isso.
-Se quiser eu te ensino. Como amigos... – o moreno sorriu marotamente.
Julie puxou sua mão rapidamente, fazendo o amigo sorrir.
-Nunca vou te beijar, Sirius. Desiste.
-Por quê? Formamos um casal bonito!
-Somos amigos! – ela exclamou como se achasse aquilo tudo terrível.
-Melhores amigos. Só estava brincando, Ju. Relaxa.
Julie bufou e olhou para o quadro da mulher gorda novamente.
Sirius acompanhou o seu olhar e voltou a observar a menina:
-Está esperando alguém?
-Não.
-Então o que você tem? – ele perguntou risonho.
De repente Remo e Lily entraram no salão. Os cabelos da ruiva estavam ensopados.
Julie se levantou em um salto, fazendo Sirius quase cair para trás.
-LILY!
A loira correu em direção à amiga. Sirius se juntou aos outros.
-O que houve?
-O Potter! É óbvio! – Lily resmungou furiosa. – Ele disse que meus cabelos estavam pegando fogo e que iria apagá-los. Como odeio aquele menino!
Sirius segurou-se para não rir. Aquela tinha sido ótima.
Julie passou a mão no cabelo da amiga e secou-a nas vestes.
-Vou me secar. Já volto.
Remo, Julie e Sirius observaram-na subindo as escadas.
-Ele não aprende... – fez Remo balançando a cabeça. – Coitada da Lílian.
-Pois é. – concordou Julie corando suavemente.
Sirius arqueou as sobrancelhas levemente surpreso.
-Ah, Julie! Já ia me esquecendo, está bom as quatro pra você? É que eu preciso ir à sala do professor Slughorn. Parece que ele quer minha ajuda em alguma coisa... – Lupin coçou a cabeça com vergonha do tal fato.
-‘Tá okay. – fez a loira sorridente.
-O que vocês vão fazer amanhã as quatro? – Sirius perguntou disfarçando a curiosidade.
-Ah, eu vou ajudar ela com Herbologia. – disse o loiro passando a mão direita nos cabelos.
-Ah é? – Sirius perguntou sugestivo olhando para a menina.
Julie baixou o olhar para o chão.
Remo estudou os dois sem entender. Deu de ombros e olhou o relógio.
-Putz! – fez ele dando uma tapa de leve na própria testa. – Tenho que ir devolver o livro na biblioteca!
O loiro subiu os degraus da escada rapidamente sem olhar para trás.
Sirius passou o braço esquerdo pelos ombros da loira sorrindo marotamente.
Julie sorriu de volta escondida pelos cabelos loiros. Sirius os afastou para poder ver o rosto da amiga.
-Remo, hum? Ele é um cara legal.
Julie riu nervosamente e balançou a cabeça devagar sem olhar o amigo nos olhos.
-Eu não gosto do Remo. Eu não gosto de ninguém.
Sirius observou-a estalar os dedos da mão direita. Sempre fazia isso quando mentia.
Fingiu não perceber e continuou:
-Mas você não disse que gostava de estudar sozinha?
-Ai Sirius Black que saco! Vai ficar me interrogando agora é? – a loira disse irritada fugindo dos braços do amigo.
O moreno mordeu o lábio inferior cruzando os braços:
-Sabe o Reminho também é “BV”. Ele é super romântico também... Vocês combinam.
-Que coisa, Black! Eu não gosto do Lupin e ponto final!
O rosto de Julie estava vermelho. Sirius segurou o riso não conseguindo descrever se ela sentia vergonha ou raiva dele ter descoberto seu segredinho.
-Vou ajudar a Lily! – disse Julie subindo as escadas, irritada.
-Ô Ju! – chamou Sirius do pé da escada.
-O que é? – perguntou a menina com os dentes cerrados sem se virar para encará-lo.
-Você tem que parar de estalar os dedos quando mente.
Julie fingiu não ter escutado e voltou a subir as escadas. Porém sentiu medo do amigo abrir a boca e correu de volta ao salão novamente:
-Se você contar!
-Relaxa... – fez o moreno maroto. – Para que servem os amigos?
Julie sorriu:
-Não sei esconder nada de você. Sabia disso?
Sirius assentiu, observando a loira voltar para as escadas.
*Fim do FlashBack*
-Puxa. Acho que ele foi mesmo o único que já amei.
Sirius sorriu estudando os olhos azuis de Julie.
-Nós não mudamos nada, não é? – ela perguntou também observando o amigo.
-Não. Só ficamos mais problemáticos.
Julie riu e jogou a trança para trás:
-Sirius?
-Hum? – fez ele.
-E você e a Sam, hein? Como anda?
O moreno suspirou e estudou-a.
-Ela não te contou nada?
-Bem... – começou a loira. – Ela é mais amiga da Lil, acho. Eu a adoro, mas também não conto tudo pra ela, sabe como é... Você e a Lily são meus confidentes.
Sirius sorriu e coçou o pescoço observando a grama.
-A gente se beijou.
-E? – continuou a loira preocupando-se com a feição triste do amigo.
-E eu acho que estou ferrado. – Sirius se virou para Julie. – Acho que gosto dela, Ju. Gosto muito dela. E sabe... Beijar ela é meio... Anormal, sei lá. É diferente. Um diferente bom pra...
Sirius exclamou um palavrão, fazendo Julie revirar os olhos.
-Mas acho que ela está a fim de outro. Na verdade, acho que ela está dividida, sabe?
A loira assentiu, como se o incentivasse a continuar.
-Ela é linda. Cara, como ela é linda. Não sei como eu consegui me segurar, mas é diferente com ela. Não preciso transar com ela para me sentir bem, entende? Só de estar com ela... É muito bom. Melhor do que com qualquer outra.
-Ai! – fez Julie em uma voz fofinha. – Não acredito que você está gostando dela. Meu Sirius finalmente amadureceu.
-Oh, Ju, fique quieta. – disse Sirius fazendo um aceno.
Julie mordeu o lábio inferior e abriu os braços:
-Me dá um abraço?
O moreno revirou os olhos e abraçou a amiga.
Julie acariciou-o nas costas:
-Ela vai escolher você Si. Você é um cara muito especial. Ela vai reconhecer isso mais cedo ou mais tarde...
Sirius sorriu fracamente.
Julie engoliu em seco e fechou os olhos afundando o rosto nos cabelos morenos do amigo sentindo vontade de chorar.
Sirius percebeu e empurrou-a para encará-la:
-Julie o que você tem?!
A loira o olhou sentindo uma lágrima lhe escorrer pelo rosto.
-Ah, Sirius me abraça, pelo amor de Deus...
Julie se atirou novamente aos braços do moreno que ficou transtornado. Nunca a vira daquela maneira.
-Ju, o que foi? – a voz dele era séria. – Remo te machucou?
-Não. – fez ela em meio a soluços. – É que... É que...
-É que o que, Julie?! É que o que? Por que está agindo desse jeito?
Julie não respondeu, e Sirius aceitou o silêncio da amiga. Ele já chorara em seu ombro algumas vezes também e ela respeitara o seu silêncio.
Por maior que fosse sua curiosidade, faria o mesmo.
Lúcio parecia entretido com o seu livro, porém por vezes olhava sobre as páginas e espiava seu mais novo alvo: Narcissa Black.
Esta, por sua vez, fingia prestar atenção em tudo o que a irmã falava, mas não deixava de notar o olhar pesado que caía sobre seu corpo.
Ele a olhava, ah sim, mas não só isso: ela havia conseguido. Lúcio Malfoy a queria.
Charly voltou à mesa dos sonserinos na biblioteca com um livro antigo e empoeirado em mãos. Bufou, jogando os cabelos para trás e começou a folheá-lo:
-Eu odeio a Mcgonagall. Quero dizer, eu sou da casa dela e a mulher me dá detenções e relatórios para fazer?! Eu não fiz absolutamente nada para ela me tratar assim. Não acha Lú?
Charly observou o namorado que estava escondido pela capa do livro.
-Lú? – ela chamou novamente.
O loiro baixou o livro na mesa e sorriu para ela:
-É, concordo.
Charly sorriu e fingiu voltar a estudar, porém ainda o olhava pelo canto do olho.
Belatriz se levantou e saiu da biblioteca sem se despedir dos outros. Segundo ela tinha “coisas” a fazer.
Cissy pegou a sua própria pena e começou a escrever algo em seu pergaminho. Mordeu seu lábio inferior sentindo o olhar de Lúcio penetrar seu rosto.
Charly semicerrou os olhos irritada.
Era impressão dela ou os dois estavam flertando?
-Estou Potter. Por quê?
-Porque você está muito bonita com ela.
-Ah. Obrigada. – fez Lily corando levemente.
Os dois ficaram em silêncio durante alguns instantes observando o caldeirão.
-Você está na classe de estudo dos trouxas? – Tiago perguntou de repente, fazendo Lily sobre-saltar.
-‘Tô. Por quê? Você está pensando em entrar no meio do ano?
-Hum... Talvez. – respondeu ele sorridente.
Lily riu.
Tiago arqueou as sobrancelhas brincalhão.
-Por que você ‘tá rindo? Acha que eu não conseguiria acompanhar?
-Eu não acho, tenho certeza.
-Nossa obrigado pelo apoio Evans. – disse o moreno fingindo-se irritado, fazendo a menina rir. – Mas eu vou tentar mesmo assim.
Lily deu de ombros, mas logo sorriu sarcástica:
-Você não está querendo cursar essas aulas só para ficar do meu lado, não é Potter?
Tiago fez que não com a cabeça, dizendo que queria mesmo aprender.
A ruiva sorriu. Quem sabe ele finalmente estava tomando jeito?
Esfregou as mãos nos braços. Sentia frio.
Potter estudou-a preocupado, e logo abriu o zíper do seu casaco.
-Toma. – disse ele. – Veste isso.
-Não precisa Potter. Estou bem. – mentiu Lily.
-Não, eu insisto.
Tiago se aproximou da ruiva, segurando o casaco para que ela vestisse.
-Me desculpa, Si. Não sei o que está acontecendo comigo...
Julie recuou-se do maroto, enxugando os olhos.
Sirius fitou-a preocupado.
-O que foi?
-Problemas. Só isso.
-Que tipo de problemas, Julie?
-Sirius, não comece, por favor. – disse a loira estalando os dedos.
O moreno observou as mãos da menina, e sorriu tristemente:
-Você não confia em mim?
-Não é questão de confiar, Si, é só que não é simples.
-Tudo bem. Eu escuto.
-Mas eu não quero falar. – Julie cruzou os braços sobre os joelhos e encostou o queixo no mesmo.
Sirius suspirou e pousou a mão no ombro da loira:
-Guarda para você mesma não melhora as coisas.
-Tanto faz. – ela disse, praticamente bufando.
O moreno se ajoelhou na frente dela e encarou-a nos olhos.
-Julie. Eu estou preocupado com você. Mais do que nunca depois desse choro todo. Se não quer contar para o Remo, conta para mim pelo menos.
-Eu não quero garoto, que saco! – Julie exclamou levantando-se.
Sirius levantou também elevando os braços em sinal de rendimento:
-‘Tá bom, ‘tá bom! Não conte se acha melhor.
Julie cruzou os braços e suspirou deixando um sorriso doce tomar conta de seus lábios.
A menina que Sirius conhecia.
-Desculpa. Eu juro que vou te contar quando resolver as coisas. Okay?
Sirius deu de ombros:
-Vou ter que me contentar com isso, fazer o quê...
Julie sorriu e começou a subir as escadas.
Sirius alcançou-a:
-Ei, Ju. Sua bunda está suja.
-Onde...? – Julie perguntou virando-se e logo voltando à atenção para o rapaz com um sorriso maroto:
-Por que você estava olhando minha bunda?
Sirius sorriu maliciosamente e deu de ombros:
-Bem... Nós mudamos sim, não é? Não somos mais crianças e você definitivamente é uma mulher muito... “Dotada”.
-Sirius! – fez ela irritada.
O moreno riu marotamente e começou o seu caminho para dentro do castelo.
-Eu tenho namorado sabia?! Você está me ouvindo?! Volta aqui seu peste!
Lily se rendeu e virou-se de costas.
Tiago ajudou a vestir primeiro um braço e depois o outro.
A ruiva se virou para ele e sorriu.
Sentia-se aquecida.
“Como ele é cheiroso. Nunca tinha reparado antes...”
-‘Brigada.
-Imagina... – disse o moreno, sorrindo de volta.
-Mas você não está com frio?
-Não. Eu estou com outra camiseta por baixo. Depois você me devolve...
Tiago se calou, perdido no olhar esmeralda de Lily.
“Merlim, como ela é linda...”
A ruiva engoliu em seco. Estavam próximos como estiveram tantas vezes, e desta vez ele lhe parecia diferente. Mais bonito... Talvez agora que ele havia parado de enchê-la, ele parecesse melhor.
Lily se aproximou um pouco mais, com o olhar fixo nos olhos castanhos do moreno:
-Potter...
Tiago queria beijar os lábios de Lily naquele instante. Como queria! Mas não faria isso.
Queria fazê-la gostar ainda mais dele, até que ela implorasse para beijá-lo, por isso rompeu o contato visual e observou o caldeirão.
Lily fez o mesmo desconcertada.
Potter não queria beijá-la?!
Desde quando?
Sam encheu os pulmões de ar, tentando se manter calma. Tudo daria certo. Nada de errado aconteceria.
A porta se abriu novamente e Lestrange voltara com duas taças nas mãos.
Dirigiu-se primeiramente ao seu mestre, lhe oferecendo um dos copos e depois andou em direção a morena:
-Espero que goste de uísque de fogo. É um dos melhores. – disse ele lhe oferecendo a outra taça.
Samantha aceitou-a duvidosa.
Lestrange baixou o capuz.
Sam observou suas feições.
Era um homem bonito, que deveria ter vinte e sete anos no máximo. Moreno e de pele pálida com olhos muito vivos.
-Rodolfo Lestrange. Muito prazer. – disse ele, sorrindo de modo galã.
Sam sorriu fracamente em resposta.
Rodolfo se juntou aos outros na porta novamente.
Riddle bebeu do próprio copo.
Samantha observou o líquido calmamente, e levou a taça aos lábios, porém não engoliu nada:
Conhecera muitos espíritos que havia morrido de envenenamento. Não conhecia aquelas pessoas e pretendia não correr o risco.
-Não tem veneno algum. – disse Tom, cruzando os braços.
Sam o observou embasbacada.
“Como ele pode saber o que eu penso?”
-Porque eu sou um ótimo legimente. E mesmo o melhor oclumente, não resiste a mim, Samantha. Portanto sei tudo o que está passando na sua cabeça.
A morena engoliu em seco.
-Portanto, vou lhe responder a sua pergunta. – ele disse esticando o braço, fazendo Sam olhar para o que ele indicava. – Snape, Lestrange e o terceiro homem, Yaxley são meus seguidores. E espero que você seja uma também.
-Como posso “seguir” você se nem ao menos sei quem é? – perguntou Sam bruscamente, vendo que não podia mais esconder pensamentos.
-Não seja por isso. - disse o homem, depositando a taça no braço da cadeira e levando as mãos ao capuz. – Não sou mais Tom Riddle. – disse ele baixando o capuz. – Hoje, muitos me conhecem como...
Sam deixou o queixo cair e levantou-se no mesmo instante, derrubando a taça das mãos.
O homem a sua frente ela conhecia. Não pessoalmente, óbvio, mas pelos jornais.
As manchetes principais do Profeta Diário eram sobre ele: “Vinte e dois corpos na estação de Londres.”
“Assassinato de crianças trouxas em maça.”
Aquele homem estava espalhando terror, que crescia com os meses.
Aquele homem é que havia sido a causa por escolher trocar de escola.
Aquele homem era o que tinha repulsa ao ver nos jornais: branco, olhos vermelhos e fendas no local no nariz.
Aquele homem era que Lily havia citado a uma noite atrás.
Aquele homem era...
-...Lord Voldemort.
-VOLDEMORT! – Lily exclamou derrubando o caldeirão.
Tiago exclamou um palavrão, enquanto virava o recipiente para cima novamente vendo que não havia sobrado mais nada da poção.
-O que vamos fazer?! – perguntou a ruiva para o nada, andando de um lado para o outro. – O que vamos fazer?!
-Calma! – disse Tiago segurando-a pelos pulsos, forçando-a a ficar quieta e o encarar. – Esperar. Vamos esperar. Não tem o que fazer.
Samantha fez o que achou mais plausível: correu em direção à porta.
Sabia que não escaparia de três homens, por mais que os chutasse, socasse, mordesse ou qualquer outra coisa: estava presa.
Exatamente como pensara, conseguira passar por Snape, mas Lestrange havia detido-a.
Segurava seus braços para trás.
-Me larga! – ela exclamou sentindo os nervos a flor da pele.
Voldemort andou até ela.
-Eu nunca me juntaria a você. Nunca! – ela disse extremamente nervosa.
-Eu sei que não, mas você não tem muita escolha querida.
Samantha riu e parou de se sacudir na inútil tentativa de se desvencilhar.
-Não tenho muita escolha? Por que, o que você vai fazer? Me torturar? Me matar?! Vá em frente. Não me junto a você e pouco me importo se tirar minha vida.
Voldemort estudou os olhos cinzas da menina. Não havia nenhuma mentira em suas palavras. Sorriu:
-Eu sei. Mas quem disse que você era a vítima?
Sam riu sarcasticamente:
-Quem é então?
-Tiago e Lílian.
Sam sentiu o estômago despencar.
Como ele sabia dos amigos?
-Ah, eu sei quem está lendo o livro a todo momento. Os dois o lêem o tempo todo não é? Com ou sem você.
Samantha sentiu ódio percorrendo o seu corpo.
-O Potter e a Evans não tem nada a ver com essa história! –gritou.
-Você acha mesmo? – ele a olhou intrigado. – Para mim eles já estão bastante envolvidos... Já sabem demais. Qualquer passo em falso teria que eliminá-los, sendo culpa sua, ou não...
Sam respirou fundo. Seu corpo vibrava de ansiedade.
-Por que está fazendo isso? O seu negócio não é matar trouxas? Não sou um deles.
-Eu sei Samantha. Não vamos discutir isso novamente. Existe uma razão para eu querer você. – Voldemort começou a andar em direção a poltrona. – E vai descobrir eventualmente, mas por ora, quero que fique as escuras.
Samantha imaginou como seria estrangulá-lo.
Voldemort riu ao imaginar a cena.
-Qual o preço de mantê-los com vida? – Sam perguntou.
Não duvidava nada daquele homem.
Voldemort deu um gole no uísque, sorridente:
-Agora está falando a minha língua. Vejamos... – ele disse coçando o queixo. – Dentro de alguns dias, creio que você vá profeciar algo extremamente importante para mim. Sobre meu futuro.
-E daí? – ela retrucou.
Voldemort bebeu mais um gole, como se estivessem tendo uma conversa casual.
-E então você retornará aqui e me contará tudo.
-Tudo o quê? – Sam controlou-se para não gritar.
Não tinha mais medo. Só raiva.
-Verá. Mas se não voltar quando eu chamá-la sofrerá graves conseqüências.
-E como eu vou saber quando eu devo voltar?
Voldemort rodopiou a taça nas mãos, observando a bebida girar.
-Adoro suas perguntas. Diretas, simples e importantes. Oh sim... – ele bebeu o uísque novamente.
Sam sentia mais nojo do homem a cada palavra.
Como ele era tão ruim e tão calmo ao mesmo tempo?
-Muito bem. – ele se levantou e andou em direção a ela novamente. – Manga, Lestrange.
Rodolfo estendeu o braço direito da menina e puxou a manga da sua blusa, deixando o pulso a mostra.
-O quê...? – Sam começou a perguntar.
-Quieta. – disse Snape.
Samantha obedeceu, sem nem ao menos entender porque o fizera.
Voldemort tirou a varinha do bolso e passou o dedo indicador sobre a pele da menina.
-Sentirá um pouco de dor... Mas é completamente suportável.
Sam engoliu em seco. O que diabos ele faria?
Voldemort fincou a varinha fortemente no pulso da morena e murmurou algo que ela não conseguiu entender.
Logo, seu braço queimava.
Achou que fosse sangrar. Mantinha os olhos fixos no pulso e logo começou a ver uma caveira se formar. Dentro da boca da mesma brotava uma cobra.
“Doentio.” – ela pensou.
-Parabéns. Agora você é uma comensal da morte, Samantha.
Sam sentiu Lestrange soltá-la.
-Pode ir. – Voldemort disse simplesmente andando em direção a uma porta próxima ao “grupo”. – Preciso tratar de alguns assuntos. Você saberá quando deverá voltar.
Antes de perguntar qualquer outra coisa, Sam sentiu Snape agarrar-lhe o pulso dolorido e aparatar na Floresta Proibida.
A primeira coisa que viu foi Tiago e Lily, obviamente.
Os dois se soltaram no mesmo instante.
Sem nem ao menos raciocinar, Tiago socou Snape em cheio no rosto.
Lily agarrou Tiago rapidamente.
-POR QUE LEVOU A SAMANTHA ATÉ O VOLDEMORT, RANHOSO?!
-Tiago fique calmo... – Lily murmurou.
Os três observavam Snape caído no chão, amedrontado.
-QUERIA QUE ELA MORESSE?!
-Gente. – Sam chamou.
Os dois olharam para a morena.
Snape aproveitando a chance saiu cambaleando pelas árvores, perdendo os outros rapidamente de vista.
-Ele quer que eu profecie algo.
-Profeciar? – Lily perguntou, sem entender. – Profeciar o quê?
-Você não vai profeciar nada! – Tiago exclamou desvencilhando-se da ruiva. – Nunca mais vai ver aquele cara. Vamos queimar o livro e...
-Não dá. – Sam disse gravemente. – Eu tenho que fazer isso. Fizemos um trato e eu não posso romper.
Lily observou o pulso de Samantha. Tinha algo preto nele. Segurou o braço da morena e levantou a manga da mesma rapidamente.
Levou a mão à boca.
-Ele te marcou? – Tiago perguntou raivoso.
Sam suspirou:
– É o que parece.
Os três se entreolharam.
-Estamos com você, Sammy. Para o que der e vier. – disse Lily tristemente.
Sam assentiu.
-Vamos embora? Já está quase na hora do almoço.
Os três voltaram para o castelo em silêncio.
Julie e Sirius estavam sentados a mesa. Já haviam praticamente acabado a refeição quando avistaram Lily, Tiago e Sam entrando no saguão.
Os três sentaram-se a mesa, conversando como se nada tivesse acontecido.
-Ju, vamos lá na biblioteca? – Lily perguntou ao terminar.
-Pra quê?
-Pra fazer o trabalho. E o senhor também Potter. Se a gente não entregar amanhã é zero.
Os dois bufaram e seguiram a ruiva.
Sirius e Sam deram de ombros e foram se sentar nas margens do rio da Lula Gigante.
-E aí? – Sirius perguntou cortando o silêncio. – Já decidiu?
Sam riu.
-Não enche Six. Não estou bem.
Sirius estudou o perfil da menina.
-O que houve? – ele perguntou.
Samantha refletiu olhando a superfície do lago, e virou-se para encará-lo.
-Alguma vez já se sentiu extremamente injustiçado? Tipo, você só faz o bem e depois se ferra?
Sirius assentiu.
-Pois é. Estou me sentindo assim.
O moreno suspirou e levou a mão ao rosto da morena.
-Não se sinta assim. Por pior que seja a situação sempre existe uma saída.
Sam sorriu:
-Mas é que às vezes cansa. Não agüento lutar contra a maré, Six.
-Mas se for preciso, tenho certeza que você luta contra o Atlântico.
Samantha riu e se encolheu um pouco quando Sirius lhe acariciou a orelha por debaixo dos cabelos. Sempre fora seu ponto fraco e ele sabia.
Sirius sorriu maroto:
-Você gosta disso, é?
Sam assentiu, sorrindo.
-Mas gosto mais da sua companhia. – ela disse, aproximando-se do maroto e aconchegando-se em seu peito.
Sirius apoiou o queixo na cabeça da morena e abraçou-lhe.
O cheiro dos cabelos de Sam era tão doce, que lhe fazia se sentir leve.
Samantha se afastou um pouco e estudou os olhos azuis do moreno.
-Me beija? – ela pediu.
Sirius engoliu em seco, e sorriu:
-Mas e o outro cara?
-É você que eu quero agora. – Sam respondeu.
E Sirius lhe beijaria, quantas vezes fosse preciso, para se tornar o único que ela queria.
-Vocês dois vão ficar conversando mesmo? – Lily perguntou censurando os amigos com o olhar.
Julie e Tiago se calaram instantaneamente.
-Assim é melhor. – Lily sorriu e voltou a escrever.
Julie observou o seu próprio pergaminho em branco e lembrou-se de que ainda não havia respondido a carta.
Não faria aquele trabalho mesmo, por que não responde-la naquele instante?
Balançou a pena algumas vezes e respirou profundamente, mergulhando a ponta no tinteiro.
Espremeu os olhos e pousou-a no pergaminho, começando a escrever:
Vou voltar.
Não me importa o que você diga não vou mudar de idéia. Não posso sair no meio do ano, mas no natal eu vou e ponto final.
A única coisa que você devia fazer em vez de me censurar era sair daí o mais rápido possível.
Você é o próximo, isso se ele não sair a minha procura. Duvido que encontre Hogwarts de qualquer modo.
Como ele a matou?
A escrita de Julie saiu tremida. Molhou a caneta novamente e voltou à carta.
Não. Não me conte, não quero saber.
Ultimamente não tenho me olhado no espelho. Não sente nojo de seu reflexo?
Talvez não. Vocês não se parecem. Mas eu sim. E ela também... O que torna tudo pior.
Não responda mais minhas cartas. Meus amigos andam me sondando e não quero que eles saibam.
É deprimente e repulsivo demais.
Saudades,
Julie
Julie enfiou o pergaminho no bolso sem nem ao menos reler.
Tiago observou o movimento repentino, e logo viu Julie se levantando.
-Vai a algum lugar? – ele perguntou.
-Pegar um livro.
Lily se levantou também, sem olhar os outros e entrou na estante seguinte a procura de algo.
Julie saiu apressada da biblioteca.
O moreno olhou para os lados e se levantou, devagar, como se a loira ouvisse seus passos e seguiu-a.
A menina foi até o corujal e não encontrou sua coruja. Deu a volta e começou a descer as escadas, forçando Tiago a se espremer atrás de uma pilastra.
Não achou estranho ela andar até as plantações, já que algumas corujas iam mesmo até lá para comer alguns frutos.
Só que ele não imaginou que pisaria em uma abóbora madura o suficiente para fazer barulho.
Julie se virou no mesmo instante, e fez uma careta:
-O que você está fazendo...? Oh não! – ela começou.
Tiago fechou os olhos, como quem sente muito, e começou a escutar o sermão sem ter como se defender, porque ele realmente estava seguindo-a.
Ao abrir os olhos, o moreno olhou em volta e avistou um casal próximo a árvore do lago.
Mas o casal lhe pareceu estranhamente familiar.
E estavam no maior amasso.
Julie acompanhou seu olhar e exclamou:
-Não!
Foi então que Tiago os reconheceu:
-Não! – fez ele também.
Os dois se entreolharam e caminharam até os morenos.
Sirius afastou Sam ofegante.
A morena tinha um sorriso maroto estampado nos lábios.
-Você... – Sirius começou, achando terrivelmente engraçado como ele não sabia o que dizer.
Sempre acontecia isso quando estava com ela.
-Sirius. Quieto. – disse Samantha, puxando-o pela camisa e beijando-o novamente.
-Nossa! Garota de atitude. – os dois ouviram a voz de Tiago, e logo uma exclamação de dor.
Soltaram-se imediatamente e observaram Julie ameaçando-o a ser socado de novo.
-Você sempre estraga as coisas não é? – ele resmungou.
-O que os dois estão fazendo plantados aqui no lago espionando a gente? – Sirius perguntou.
Tiago abriu a boca para responder, mas Julie o cortou:
-O que os dois estão fazendo no lago se beijando?
Sirius cruzou os braços.
Não tinha o que responder.
Sam sentiu um vento frio passando nas suas costas e logo viu uma imagem distorcida do que lhe pareceu um espírito se postando ao lado da Julie.
Oh sim, agora era nítido: era uma mulher.
Parecida com a loira, de fato.
-Não é culpa dela. Não a deixe voltar. – ela disse.
Sam sentiu-se tentada a conversar com o fantasma, mas não podia, não no meio de todos que estavam ali.
-Se ela voltar nosso pai vai matá-la também.
Sam engasgou no seco, fazendo todos a olharem.
“Como é que é?! O pai da Julie quer matar ela?”
-Como fez comigo. Como fez com a minha mãe. Não deixe! Não deixe ela voltar!
Samantha se levantou, ainda olhando para a mulher.
-Sam? – Tiago chamou.
A morena se despertou, e a mulher sumiu no ar.
Sirius riu:
-Parece que viu um fantasma.
Tiago e Samantha trocaram olhares.
“Isso sim é o que eu chamo de ironia.” – Sam pensou.
-Não mudem de assunto. O que vocês dois...? Em que situação estão?! – Julie perguntou.
Sam não respondeu nada. Apenas estudou a loira, com pena.
Por que o pai dela matara sua mãe e a sua irmã?
-Estamos nos divertindo. – Sirius respondeu maroto, puxando-a pela cintura. – Não é?
Sam assentiu pensativa.
“Será esse o motivo de tantas cartas?”
Tiago estudava-a preocupado. Sabia que tinha novidade na área...
Pronto. Cara demorou séculos para escrever esse capítulo, mas não ficou exatamente como eu queria... De qualquer maneira, desculpa por ter feito vocês esperarem tanto! Mas pelo menos vocês já tem uma noção do que se passa na vida da Julie, não é? Falta o motivo... E os próximos capítulos vão ser mais românticos... Hehe, agora só não digo de qual dos shippers...
Continuem comentando. A opinião de vocês é muito importante!
Beijos e até a próxima atualização,
Kiki Ravenclaw
P.S Desculpa se tiver algum erro de ortografia... Minha beta não betou esse também... Ela ‘tá meio lerda. Haha. Por sinal, alguém se abilitaria a ser beta dessa fic? Preciso de duas, já q Capítulo 15
Encontro com as Sombras
Tudo estava escuro.
Pequenas tochas iluminavam os corredores sombrios que eram feitos de um tipo de mármore cinza.
Sam estudava a paisagem ao seu redor com a respiração suspensa. Onde estava?
-Venha. – a voz grave de Snape acordou-a de devaneios.
O menino começou a caminhar com o barulho dos sapatos ecoando no corredor vazio.
Samantha tinha certeza de que já estivera ali antes. Aquele chão cinzento lhe era estranhamente familiar.
Juntou-se a Severo sem saber o que esperar.
Snape parou ao lado de uma enorme porta de mogno. Pôs a mão sobre a maçaneta de prata polida e girou-a, fazendo a porta abrir e revelar uma sala comprida com um longo tapete vermelho. No final deste havia uma poltrona verde-garrafa que alguém ocupava:
-Seja bem-vinda Samantha.
A menina sentiu arrepios percorrendo o corpo. A voz do homem era extremamente fria.
-Aproxime-se.
Com as palmas das mãos suadas, Sam jogou o cabelo para trás e caminhou até a figura.
-Você é o Tom? – perguntou mantendo-se a alguns centímetros de distância.
O homem a sua frente usava a mesma veste escura e encapuzada de Snape. Ele abaixou um pouco a cabeça, assentindo.
Sam pode vislumbrar uma parte do queixo pálido e dentes muitíssimos brancos em meio a um sorriso torcido.
-Não gosto desse nome... Mas digamos que sim.
Samantha mordeu o lábio inferior e olhou para trás: Snape não estava mais sozinho. Duas figuras que não reconhecia haviam se juntado a ele.
-Estudou o que eu pedi?
-Para quê você me deu o livro? – retorquiu a morena secamente.
Agradecia a Merlim por sua voz não ter saído trêmula, pois estava nervosa com o ambiente.
O homem se levantou e andou até ela. Ainda podia ver o sorriso gélido do estranho.
-Você é médium, por isso que lhe dei o livro. Não é comum encontrar sangues-puros com essa habilidade.
Samantha não gostou de como as palavras haviam soado.
-E obviamente que pode prever... O futuro. Profeciar algo.
-Desculpe, mas não vejo aonde quer chegar.
Tom pousou a mão no ombro de Sam. Parecia morto de tão frio.
-O que acha de ter o poder do mundo em suas mãos? O poder de controlar todos os bruxos?
-Bizarro. – disse Sam desejando que o homem tirasse a mão de seu ombro. – Extremamente bizarro. Já é bem difícil controlar minha própria vida. Não preciso de nada mais para me perturbar.
-Você pode ser grande ao meu lado, Samantha. Pode ser uma ótima bruxa, a melhor de todas. Basta aprender as artes do livro.
Sam gostou da idéia de ser “grande”. Sempre admirou Dumbledore e almejava saber tanto quanto ele.
-O que você quer?
-Por que supõe que quero algo em troca?
Sam desviou da mão do homem:
-Porque sempre tem. Ninguém ajuda o outro de graça, principalmente por um preço tão alto.
Tom sorriu e se virou andando em direção da poltrona.
Samantha o observou se sentar.
-Traga algo para nós bebermos, Lestrange.
Um dos homens saiu do cômodo.
Riddle conjurou uma cadeira e fez sinal para que a menina se sentasse. Assim o fez.
-Não gosto de ver a Sam nesse lugar.
Lily assentiu pensando nas palavras do moreno.
-Quero dizer, dê só uma olhada: o Snape, esse tal de Riddle e mais o tal de Lestrange estão com ela nessa sala. São três homens e Sam está lá, sozinha! E se alguém der em cima dela, ou sei lá. Ou pior. E se...
-Você está com ciúmes da Samantha? – a ruiva perguntou achando-se um pouco mesquinha.
Tiago revirou os olhos e observou as árvores da floresta que envolvia ambos. Estava um pouco frio.
-Não, Lílian, é claro que não. Eu só... Bem, me preocupo muito com ela. Não sei, acho que sinto uma conexão forte com ela. Entende?
Lily semicerrou os olhos um tanto irritada.
Tiago estava gostando da Sam?
Pior:
Ela estava irritada por isso?!
-Ei. – fez ele maliciosamente como se tivesse lido os pensamentos da ruiva. – Você está com ciúmes de mim?
-É óbvio que não, Potter. É só que... Bem, a Sam ela...
-‘Tá de rolo com o Sirius? – ele perguntou maroto.
-Como você sabe?!- Lily perguntou extremamente surpresa, com a franja ruiva lhe caindo na face.
-Eu sei de tudo, Evans. Sou muito mais informado do que imagina.
A ruiva revirou os olhos e voltou à atenção para o caldeirão.
Tiago se aproximou um pouco mais da garota, fazendo com que os joelhos de ambos se roçassem de tão próximos. Lily se moveu incomodada.
O moreno segurou um sorriso maroto, e baixou o olhar devagar para o colo da ruiva. (N/A: Tarado até não poder mais...) Foi então que reconheceu a blusa.
-Lílian você está usando o meu presente?
Julie suspirou pesadamente e encostou a cabeça na parede do castelo.
Onde estavam todos?
O vento lhe bateu no rosto balançando a franja loira bem delineada. Sentiu-se bem por seu cabelo estar preso em uma trança, por que se não estariam esvoaçando e lhe fazendo perder a visão.
Abriu os olhos novamente e observou o lago da Lula Gigante e a árvore próxima a ele.
Sorriu. Havia passado momentos muito bons com todos naquele local.
Apertou o pergaminho que tinha em mãos e desdobrou o novamente.
Já havia decidido escrever à uma hora e ainda estava em branco. Puxou a pena do bolso traseiro de sua calça jeans e balançou-a.
O que escrever? Como responder a carta que a fizera tão mau? Como...?
Olhou para o seu sapato boneca rosa e sorriu: havia sido ela que tinha lhe dado.
Provavelmente a última coisa que ganharia dela, de fato.
-Ju!
Julie esmagou o pergaminho de encontro aos seios com o susto de ser surpreendida. Era Sirius que caminhava em direção a ela com os cabelos negros esvoaçando no vento.
-Caramba, Sirius. Quase enfartei.
O moreno riu e sentou ao lado de Julie no degrau:
-Por quê? Escrevendo uma carta para seu “amante”?
Primeiramente a loira o encarou sem entender, mas logo um sorriso irritado brincou em seus lábios:
-Remo. Remo contou a vocês não é?
-É. Sabe, ele é um “corno manso” e...
-Sirius! Pare com isso! Não é possível que você acredita mesmo que eu posso estar traindo ele! Você sabe muito bem como sempre gostei do Remo. Foi o primeiro a saber.
O moreno sorriu.
-É. Eu me lembro. Nós estávamos no salão comunal conversando sobre a vida...
-Sobre a menina que o senhor estava beijando. – Julie completou, cruzando os braços.
-Na verdade, eram três. – ele sorriu marotamente.
Julie socou-o no ombro, fazendo o rir.
-Sirius, nós tínhamos onze anos e você já era terrível assim?
-Uma vez maroto, sempre maroto. – o moreno cantarolou. – E você era a santinha. A boca virgem e que sonhava com o príncipe encantado.
-Exato. A figura ridícula em pessoa. – Julie bufou enfiando a franja atrás da orelha. – Como eu era sua amiga e mesmo assim tão ingênua?
-O que você quer dizer com isso? – ele perguntou sarcástico e ambos riram. – De qualquer maneira, eu lembro que você estava agindo de uma maneira estranha.
Julie sorriu e fechou os olhos, lembrando-se da cena.
*FlashBack*
-Oh, Sirius! Por que você faz isso?
-Ju. Ela é linda. E é mais velha. E gostosa. Todos os garotos a querem.
-Mas ela deve achar que você gosta dela!
-Bom. Eu gosto... Mas não de uma forma romântica, se é que me entende.
Julie revirou os olhos vendo que o amigo não mudaria nunca.
-Sua fivela está caindo. – disse Sirius apontando para a presilha rosa claro que prendia a franja do lado esquerdo. – O que está acontecendo com você hoje? Está meio desajeitada!
A loira arrumou o cabelo no mesmo instante e olhou para o quadro da mulher gorda.
Um grifinório que aparentava ter uns treze anos de idade entrou no salão e se dirigiu a mesa em que os dois garotos estavam sentados:
-E aí, Julie? Sirius.
-Fala Max. – o moreno cumprimentou-o abaixando de leve a cabeça.
-Afinal, você topa sair comigo, Ju? – o rapaz se dirigiu a loira.
Julie estudou o moreno a sua frente e sorriu fracamente:
-Bem... É que eu vou estar meio ocupada. Sabe como é... Eu vou mal em Herbologia e preciso mesmo estudar...
-Mas a gente pode estudar junto. Eu te ensino. A matéria do primeiro ano é bem fácil.
-Obrigada mesmo, Max, mas prefiro estudar sozinha. A Lily vai me ajudar de qualquer maneira.
Max bufou, rendendo-se e foi embora sem se despedir.
-Oras Ju! Ele é legal.
-O seu tipo de legal? – a loira perguntou apoiando o braço sobre a mesma.
-Não. Ele não é...
-Galinha. – Julie finalizou risonha.
Sempre completava as frases do amigo.
-É. Ele quer namorar sério e tal...
-Sou nova para namorar! – Julie exclamou horrorizada. – E ele iria querer... Você sabe.
-Beijar? – fez Sirius com uma voz desdenhosa.
-É. E eu não beijo! De jeito nenhum!
Sirius riu e segurou a mão da menina:
-Você tem medo?
-É Sirius... – fez ela, revirando os olhos. – Morro de medo de que um cara enfie a língua na minha boca. Eu tenho nojo. Só isso.
-Se quiser eu te ensino. Como amigos... – o moreno sorriu marotamente.
Julie puxou sua mão rapidamente, fazendo o amigo sorrir.
-Nunca vou te beijar, Sirius. Desiste.
-Por quê? Formamos um casal bonito!
-Somos amigos! – ela exclamou como se achasse aquilo tudo terrível.
-Melhores amigos. Só estava brincando, Ju. Relaxa.
Julie bufou e olhou para o quadro da mulher gorda novamente.
Sirius acompanhou o seu olhar e voltou a observar a menina:
-Está esperando alguém?
-Não.
-Então o que você tem? – ele perguntou risonho.
De repente Remo e Lily entraram no salão. Os cabelos da ruiva estavam ensopados.
Julie se levantou em um salto, fazendo Sirius quase cair para trás.
-LILY!
A loira correu em direção à amiga. Sirius se juntou aos outros.
-O que houve?
-O Potter! É óbvio! – Lily resmungou furiosa. – Ele disse que meus cabelos estavam pegando fogo e que iria apagá-los. Como odeio aquele menino!
Sirius segurou-se para não rir. Aquela tinha sido ótima.
Julie passou a mão no cabelo da amiga e secou-a nas vestes.
-Vou me secar. Já volto.
Remo, Julie e Sirius observaram-na subindo as escadas.
-Ele não aprende... – fez Remo balançando a cabeça. – Coitada da Lílian.
-Pois é. – concordou Julie corando suavemente.
Sirius arqueou as sobrancelhas levemente surpreso.
-Ah, Julie! Já ia me esquecendo, está bom as quatro pra você? É que eu preciso ir à sala do professor Slughorn. Parece que ele quer minha ajuda em alguma coisa... – Lupin coçou a cabeça com vergonha do tal fato.
-‘Tá okay. – fez a loira sorridente.
-O que vocês vão fazer amanhã as quatro? – Sirius perguntou disfarçando a curiosidade.
-Ah, eu vou ajudar ela com Herbologia. – disse o loiro passando a mão direita nos cabelos.
-Ah é? – Sirius perguntou sugestivo olhando para a menina.
Julie baixou o olhar para o chão.
Remo estudou os dois sem entender. Deu de ombros e olhou o relógio.
-Putz! – fez ele dando uma tapa de leve na própria testa. – Tenho que ir devolver o livro na biblioteca!
O loiro subiu os degraus da escada rapidamente sem olhar para trás.
Sirius passou o braço esquerdo pelos ombros da loira sorrindo marotamente.
Julie sorriu de volta escondida pelos cabelos loiros. Sirius os afastou para poder ver o rosto da amiga.
-Remo, hum? Ele é um cara legal.
Julie riu nervosamente e balançou a cabeça devagar sem olhar o amigo nos olhos.
-Eu não gosto do Remo. Eu não gosto de ninguém.
Sirius observou-a estalar os dedos da mão direita. Sempre fazia isso quando mentia.
Fingiu não perceber e continuou:
-Mas você não disse que gostava de estudar sozinha?
-Ai Sirius Black que saco! Vai ficar me interrogando agora é? – a loira disse irritada fugindo dos braços do amigo.
O moreno mordeu o lábio inferior cruzando os braços:
-Sabe o Reminho também é “BV”. Ele é super romântico também... Vocês combinam.
-Que coisa, Black! Eu não gosto do Lupin e ponto final!
O rosto de Julie estava vermelho. Sirius segurou o riso não conseguindo descrever se ela sentia vergonha ou raiva dele ter descoberto seu segredinho.
-Vou ajudar a Lily! – disse Julie subindo as escadas, irritada.
-Ô Ju! – chamou Sirius do pé da escada.
-O que é? – perguntou a menina com os dentes cerrados sem se virar para encará-lo.
-Você tem que parar de estalar os dedos quando mente.
Julie fingiu não ter escutado e voltou a subir as escadas. Porém sentiu medo do amigo abrir a boca e correu de volta ao salão novamente:
-Se você contar!
-Relaxa... – fez o moreno maroto. – Para que servem os amigos?
Julie sorriu:
-Não sei esconder nada de você. Sabia disso?
Sirius assentiu, observando a loira voltar para as escadas.
*Fim do FlashBack*
-Puxa. Acho que ele foi mesmo o único que já amei.
Sirius sorriu estudando os olhos azuis de Julie.
-Nós não mudamos nada, não é? – ela perguntou também observando o amigo.
-Não. Só ficamos mais problemáticos.
Julie riu e jogou a trança para trás:
-Sirius?
-Hum? – fez ele.
-E você e a Sam, hein? Como anda?
O moreno suspirou e estudou-a.
-Ela não te contou nada?
-Bem... – começou a loira. – Ela é mais amiga da Lil, acho. Eu a adoro, mas também não conto tudo pra ela, sabe como é... Você e a Lily são meus confidentes.
Sirius sorriu e coçou o pescoço observando a grama.
-A gente se beijou.
-E? – continuou a loira preocupando-se com a feição triste do amigo.
-E eu acho que estou ferrado. – Sirius se virou para Julie. – Acho que gosto dela, Ju. Gosto muito dela. E sabe... Beijar ela é meio... Anormal, sei lá. É diferente. Um diferente bom pra...
Sirius exclamou um palavrão, fazendo Julie revirar os olhos.
-Mas acho que ela está a fim de outro. Na verdade, acho que ela está dividida, sabe?
A loira assentiu, como se o incentivasse a continuar.
-Ela é linda. Cara, como ela é linda. Não sei como eu consegui me segurar, mas é diferente com ela. Não preciso transar com ela para me sentir bem, entende? Só de estar com ela... É muito bom. Melhor do que com qualquer outra.
-Ai! – fez Julie em uma voz fofinha. – Não acredito que você está gostando dela. Meu Sirius finalmente amadureceu.
-Oh, Ju, fique quieta. – disse Sirius fazendo um aceno.
Julie mordeu o lábio inferior e abriu os braços:
-Me dá um abraço?
O moreno revirou os olhos e abraçou a amiga.
Julie acariciou-o nas costas:
-Ela vai escolher você Si. Você é um cara muito especial. Ela vai reconhecer isso mais cedo ou mais tarde...
Sirius sorriu fracamente.
Julie engoliu em seco e fechou os olhos afundando o rosto nos cabelos morenos do amigo sentindo vontade de chorar.
Sirius percebeu e empurrou-a para encará-la:
-Julie o que você tem?!
A loira o olhou sentindo uma lágrima lhe escorrer pelo rosto.
-Ah, Sirius me abraça, pelo amor de Deus...
Julie se atirou novamente aos braços do moreno que ficou transtornado. Nunca a vira daquela maneira.
-Ju, o que foi? – a voz dele era séria. – Remo te machucou?
-Não. – fez ela em meio a soluços. – É que... É que...
-É que o que, Julie?! É que o que? Por que está agindo desse jeito?
Julie não respondeu, e Sirius aceitou o silêncio da amiga. Ele já chorara em seu ombro algumas vezes também e ela respeitara o seu silêncio.
Por maior que fosse sua curiosidade, faria o mesmo.
Lúcio parecia entretido com o seu livro, porém por vezes olhava sobre as páginas e espiava seu mais novo alvo: Narcissa Black.
Esta, por sua vez, fingia prestar atenção em tudo o que a irmã falava, mas não deixava de notar o olhar pesado que caía sobre seu corpo.
Ele a olhava, ah sim, mas não só isso: ela havia conseguido. Lúcio Malfoy a queria.
Charly voltou à mesa dos sonserinos na biblioteca com um livro antigo e empoeirado em mãos. Bufou, jogando os cabelos para trás e começou a folheá-lo:
-Eu odeio a Mcgonagall. Quero dizer, eu sou da casa dela e a mulher me dá detenções e relatórios para fazer?! Eu não fiz absolutamente nada para ela me tratar assim. Não acha Lú?
Charly observou o namorado que estava escondido pela capa do livro.
-Lú? – ela chamou novamente.
O loiro baixou o livro na mesa e sorriu para ela:
-É, concordo.
Charly sorriu e fingiu voltar a estudar, porém ainda o olhava pelo canto do olho.
Belatriz se levantou e saiu da biblioteca sem se despedir dos outros. Segundo ela tinha “coisas” a fazer.
Cissy pegou a sua própria pena e começou a escrever algo em seu pergaminho. Mordeu seu lábio inferior sentindo o olhar de Lúcio penetrar seu rosto.
Charly semicerrou os olhos irritada.
Era impressão dela ou os dois estavam flertando?
-Estou Potter. Por quê?
-Porque você está muito bonita com ela.
-Ah. Obrigada. – fez Lily corando levemente.
Os dois ficaram em silêncio durante alguns instantes observando o caldeirão.
-Você está na classe de estudo dos trouxas? – Tiago perguntou de repente, fazendo Lily sobre-saltar.
-‘Tô. Por quê? Você está pensando em entrar no meio do ano?
-Hum... Talvez. – respondeu ele sorridente.
Lily riu.
Tiago arqueou as sobrancelhas brincalhão.
-Por que você ‘tá rindo? Acha que eu não conseguiria acompanhar?
-Eu não acho, tenho certeza.
-Nossa obrigado pelo apoio Evans. – disse o moreno fingindo-se irritado, fazendo a menina rir. – Mas eu vou tentar mesmo assim.
Lily deu de ombros, mas logo sorriu sarcástica:
-Você não está querendo cursar essas aulas só para ficar do meu lado, não é Potter?
Tiago fez que não com a cabeça, dizendo que queria mesmo aprender.
A ruiva sorriu. Quem sabe ele finalmente estava tomando jeito?
Esfregou as mãos nos braços. Sentia frio.
Potter estudou-a preocupado, e logo abriu o zíper do seu casaco.
-Toma. – disse ele. – Veste isso.
-Não precisa Potter. Estou bem. – mentiu Lily.
-Não, eu insisto.
Tiago se aproximou da ruiva, segurando o casaco para que ela vestisse.
-Me desculpa, Si. Não sei o que está acontecendo comigo...
Julie recuou-se do maroto, enxugando os olhos.
Sirius fitou-a preocupado.
-O que foi?
-Problemas. Só isso.
-Que tipo de problemas, Julie?
-Sirius, não comece, por favor. – disse a loira estalando os dedos.
O moreno observou as mãos da menina, e sorriu tristemente:
-Você não confia em mim?
-Não é questão de confiar, Si, é só que não é simples.
-Tudo bem. Eu escuto.
-Mas eu não quero falar. – Julie cruzou os braços sobre os joelhos e encostou o queixo no mesmo.
Sirius suspirou e pousou a mão no ombro da loira:
-Guarda para você mesma não melhora as coisas.
-Tanto faz. – ela disse, praticamente bufando.
O moreno se ajoelhou na frente dela e encarou-a nos olhos.
-Julie. Eu estou preocupado com você. Mais do que nunca depois desse choro todo. Se não quer contar para o Remo, conta para mim pelo menos.
-Eu não quero garoto, que saco! – Julie exclamou levantando-se.
Sirius levantou também elevando os braços em sinal de rendimento:
-‘Tá bom, ‘tá bom! Não conte se acha melhor.
Julie cruzou os braços e suspirou deixando um sorriso doce tomar conta de seus lábios.
A menina que Sirius conhecia.
-Desculpa. Eu juro que vou te contar quando resolver as coisas. Okay?
Sirius deu de ombros:
-Vou ter que me contentar com isso, fazer o quê...
Julie sorriu e começou a subir as escadas.
Sirius alcançou-a:
-Ei, Ju. Sua bunda está suja.
-Onde...? – Julie perguntou virando-se e logo voltando à atenção para o rapaz com um sorriso maroto:
-Por que você estava olhando minha bunda?
Sirius sorriu maliciosamente e deu de ombros:
-Bem... Nós mudamos sim, não é? Não somos mais crianças e você definitivamente é uma mulher muito... “Dotada”.
-Sirius! – fez ela irritada.
O moreno riu marotamente e começou o seu caminho para dentro do castelo.
-Eu tenho namorado sabia?! Você está me ouvindo?! Volta aqui seu peste!
Lily se rendeu e virou-se de costas.
Tiago ajudou a vestir primeiro um braço e depois o outro.
A ruiva se virou para ele e sorriu.
Sentia-se aquecida.
“Como ele é cheiroso. Nunca tinha reparado antes...”
-‘Brigada.
-Imagina... – disse o moreno, sorrindo de volta.
-Mas você não está com frio?
-Não. Eu estou com outra camiseta por baixo. Depois você me devolve...
Tiago se calou, perdido no olhar esmeralda de Lily.
“Merlim, como ela é linda...”
A ruiva engoliu em seco. Estavam próximos como estiveram tantas vezes, e desta vez ele lhe parecia diferente. Mais bonito... Talvez agora que ele havia parado de enchê-la, ele parecesse melhor.
Lily se aproximou um pouco mais, com o olhar fixo nos olhos castanhos do moreno:
-Potter...
Tiago queria beijar os lábios de Lily naquele instante. Como queria! Mas não faria isso.
Queria fazê-la gostar ainda mais dele, até que ela implorasse para beijá-lo, por isso rompeu o contato visual e observou o caldeirão.
Lily fez o mesmo desconcertada.
Potter não queria beijá-la?!
Desde quando?
Sam encheu os pulmões de ar, tentando se manter calma. Tudo daria certo. Nada de errado aconteceria.
A porta se abriu novamente e Lestrange voltara com duas taças nas mãos.
Dirigiu-se primeiramente ao seu mestre, lhe oferecendo um dos copos e depois andou em direção a morena:
-Espero que goste de uísque de fogo. É um dos melhores. – disse ele lhe oferecendo a outra taça.
Samantha aceitou-a duvidosa.
Lestrange baixou o capuz.
Sam observou suas feições.
Era um homem bonito, que deveria ter vinte e sete anos no máximo. Moreno e de pele pálida com olhos muito vivos.
-Rodolfo Lestrange. Muito prazer. – disse ele, sorrindo de modo galã.
Sam sorriu fracamente em resposta.
Rodolfo se juntou aos outros na porta novamente.
Riddle bebeu do próprio copo.
Samantha observou o líquido calmamente, e levou a taça aos lábios, porém não engoliu nada:
Conhecera muitos espíritos que havia morrido de envenenamento. Não conhecia aquelas pessoas e pretendia não correr o risco.
-Não tem veneno algum. – disse Tom, cruzando os braços.
Sam o observou embasbacada.
“Como ele pode saber o que eu penso?”
-Porque eu sou um ótimo legimente. E mesmo o melhor oclumente, não resiste a mim, Samantha. Portanto sei tudo o que está passando na sua cabeça.
A morena engoliu em seco.
-Portanto, vou lhe responder a sua pergunta. – ele disse esticando o braço, fazendo Sam olhar para o que ele indicava. – Snape, Lestrange e o terceiro homem, Yaxley são meus seguidores. E espero que você seja uma também.
-Como posso “seguir” você se nem ao menos sei quem é? – perguntou Sam bruscamente, vendo que não podia mais esconder pensamentos.
-Não seja por isso. - disse o homem, depositando a taça no braço da cadeira e levando as mãos ao capuz. – Não sou mais Tom Riddle. – disse ele baixando o capuz. – Hoje, muitos me conhecem como...
Sam deixou o queixo cair e levantou-se no mesmo instante, derrubando a taça das mãos.
O homem a sua frente ela conhecia. Não pessoalmente, óbvio, mas pelos jornais.
As manchetes principais do Profeta Diário eram sobre ele: “Vinte e dois corpos na estação de Londres.”
“Assassinato de crianças trouxas em maça.”
Aquele homem estava espalhando terror, que crescia com os meses.
Aquele homem é que havia sido a causa por escolher trocar de escola.
Aquele homem era o que tinha repulsa ao ver nos jornais: branco, olhos vermelhos e fendas no local no nariz.
Aquele homem era que Lily havia citado a uma noite atrás.
Aquele homem era...
-...Lord Voldemort.
-VOLDEMORT! – Lily exclamou derrubando o caldeirão.
Tiago exclamou um palavrão, enquanto virava o recipiente para cima novamente vendo que não havia sobrado mais nada da poção.
-O que vamos fazer?! – perguntou a ruiva para o nada, andando de um lado para o outro. – O que vamos fazer?!
-Calma! – disse Tiago segurando-a pelos pulsos, forçando-a a ficar quieta e o encarar. – Esperar. Vamos esperar. Não tem o que fazer.
Samantha fez o que achou mais plausível: correu em direção à porta.
Sabia que não escaparia de três homens, por mais que os chutasse, socasse, mordesse ou qualquer outra coisa: estava presa.
Exatamente como pensara, conseguira passar por Snape, mas Lestrange havia detido-a.
Segurava seus braços para trás.
-Me larga! – ela exclamou sentindo os nervos a flor da pele.
Voldemort andou até ela.
-Eu nunca me juntaria a você. Nunca! – ela disse extremamente nervosa.
-Eu sei que não, mas você não tem muita escolha querida.
Samantha riu e parou de se sacudir na inútil tentativa de se desvencilhar.
-Não tenho muita escolha? Por que, o que você vai fazer? Me torturar? Me matar?! Vá em frente. Não me junto a você e pouco me importo se tirar minha vida.
Voldemort estudou os olhos cinzas da menina. Não havia nenhuma mentira em suas palavras. Sorriu:
-Eu sei. Mas quem disse que você era a vítima?
Sam riu sarcasticamente:
-Quem é então?
-Tiago e Lílian.
Sam sentiu o estômago despencar.
Como ele sabia dos amigos?
-Ah, eu sei quem está lendo o livro a todo momento. Os dois o lêem o tempo todo não é? Com ou sem você.
Samantha sentiu ódio percorrendo o seu corpo.
-O Potter e a Evans não tem nada a ver com essa história! –gritou.
-Você acha mesmo? – ele a olhou intrigado. – Para mim eles já estão bastante envolvidos... Já sabem demais. Qualquer passo em falso teria que eliminá-los, sendo culpa sua, ou não...
Sam respirou fundo. Seu corpo vibrava de ansiedade.
-Por que está fazendo isso? O seu negócio não é matar trouxas? Não sou um deles.
-Eu sei Samantha. Não vamos discutir isso novamente. Existe uma razão para eu querer você. – Voldemort começou a andar em direção a poltrona. – E vai descobrir eventualmente, mas por ora, quero que fique as escuras.
Samantha imaginou como seria estrangulá-lo.
Voldemort riu ao imaginar a cena.
-Qual o preço de mantê-los com vida? – Sam perguntou.
Não duvidava nada daquele homem.
Voldemort deu um gole no uísque, sorridente:
-Agora está falando a minha língua. Vejamos... – ele disse coçando o queixo. – Dentro de alguns dias, creio que você vá profeciar algo extremamente importante para mim. Sobre meu futuro.
-E daí? – ela retrucou.
Voldemort bebeu mais um gole, como se estivessem tendo uma conversa casual.
-E então você retornará aqui e me contará tudo.
-Tudo o quê? – Sam controlou-se para não gritar.
Não tinha mais medo. Só raiva.
-Verá. Mas se não voltar quando eu chamá-la sofrerá graves conseqüências.
-E como eu vou saber quando eu devo voltar?
Voldemort rodopiou a taça nas mãos, observando a bebida girar.
-Adoro suas perguntas. Diretas, simples e importantes. Oh sim... – ele bebeu o uísque novamente.
Sam sentia mais nojo do homem a cada palavra.
Como ele era tão ruim e tão calmo ao mesmo tempo?
-Muito bem. – ele se levantou e andou em direção a ela novamente. – Manga, Lestrange.
Rodolfo estendeu o braço direito da menina e puxou a manga da sua blusa, deixando o pulso a mostra.
-O quê...? – Sam começou a perguntar.
-Quieta. – disse Snape.
Samantha obedeceu, sem nem ao menos entender porque o fizera.
Voldemort tirou a varinha do bolso e passou o dedo indicador sobre a pele da menina.
-Sentirá um pouco de dor... Mas é completamente suportável.
Sam engoliu em seco. O que diabos ele faria?
Voldemort fincou a varinha fortemente no pulso da morena e murmurou algo que ela não conseguiu entender.
Logo, seu braço queimava.
Achou que fosse sangrar. Mantinha os olhos fixos no pulso e logo começou a ver uma caveira se formar. Dentro da boca da mesma brotava uma cobra.
“Doentio.” – ela pensou.
-Parabéns. Agora você é uma comensal da morte, Samantha.
Sam sentiu Lestrange soltá-la.
-Pode ir. – Voldemort disse simplesmente andando em direção a uma porta próxima ao “grupo”. – Preciso tratar de alguns assuntos. Você saberá quando deverá voltar.
Antes de perguntar qualquer outra coisa, Sam sentiu Snape agarrar-lhe o pulso dolorido e aparatar na Floresta Proibida.
A primeira coisa que viu foi Tiago e Lily, obviamente.
Os dois se soltaram no mesmo instante.
Sem nem ao menos raciocinar, Tiago socou Snape em cheio no rosto.
Lily agarrou Tiago rapidamente.
-POR QUE LEVOU A SAMANTHA ATÉ O VOLDEMORT, RANHOSO?!
-Tiago fique calmo... – Lily murmurou.
Os três observavam Snape caído no chão, amedrontado.
-QUERIA QUE ELA MORESSE?!
-Gente. – Sam chamou.
Os dois olharam para a morena.
Snape aproveitando a chance saiu cambaleando pelas árvores, perdendo os outros rapidamente de vista.
-Ele quer que eu profecie algo.
-Profeciar? – Lily perguntou, sem entender. – Profeciar o quê?
-Você não vai profeciar nada! – Tiago exclamou desvencilhando-se da ruiva. – Nunca mais vai ver aquele cara. Vamos queimar o livro e...
-Não dá. – Sam disse gravemente. – Eu tenho que fazer isso. Fizemos um trato e eu não posso romper.
Lily observou o pulso de Samantha. Tinha algo preto nele. Segurou o braço da morena e levantou a manga da mesma rapidamente.
Levou a mão à boca.
-Ele te marcou? – Tiago perguntou raivoso.
Sam suspirou:
– É o que parece.
Os três se entreolharam.
-Estamos com você, Sammy. Para o que der e vier. – disse Lily tristemente.
Sam assentiu.
-Vamos embora? Já está quase na hora do almoço.
Os três voltaram para o castelo em silêncio.
Julie e Sirius estavam sentados a mesa. Já haviam praticamente acabado a refeição quando avistaram Lily, Tiago e Sam entrando no saguão.
Os três sentaram-se a mesa, conversando como se nada tivesse acontecido.
-Ju, vamos lá na biblioteca? – Lily perguntou ao terminar.
-Pra quê?
-Pra fazer o trabalho. E o senhor também Potter. Se a gente não entregar amanhã é zero.
Os dois bufaram e seguiram a ruiva.
Sirius e Sam deram de ombros e foram se sentar nas margens do rio da Lula Gigante.
-E aí? – Sirius perguntou cortando o silêncio. – Já decidiu?
Sam riu.
-Não enche Six. Não estou bem.
Sirius estudou o perfil da menina.
-O que houve? – ele perguntou.
Samantha refletiu olhando a superfície do lago, e virou-se para encará-lo.
-Alguma vez já se sentiu extremamente injustiçado? Tipo, você só faz o bem e depois se ferra?
Sirius assentiu.
-Pois é. Estou me sentindo assim.
O moreno suspirou e levou a mão ao rosto da morena.
-Não se sinta assim. Por pior que seja a situação sempre existe uma saída.
Sam sorriu:
-Mas é que às vezes cansa. Não agüento lutar contra a maré, Six.
-Mas se for preciso, tenho certeza que você luta contra o Atlântico.
Samantha riu e se encolheu um pouco quando Sirius lhe acariciou a orelha por debaixo dos cabelos. Sempre fora seu ponto fraco e ele sabia.
Sirius sorriu maroto:
-Você gosta disso, é?
Sam assentiu, sorrindo.
-Mas gosto mais da sua companhia. – ela disse, aproximando-se do maroto e aconchegando-se em seu peito.
Sirius apoiou o queixo na cabeça da morena e abraçou-lhe.
O cheiro dos cabelos de Sam era tão doce, que lhe fazia se sentir leve.
Samantha se afastou um pouco e estudou os olhos azuis do moreno.
-Me beija? – ela pediu.
Sirius engoliu em seco, e sorriu:
-Mas e o outro cara?
-É você que eu quero agora. – Sam respondeu.
E Sirius lhe beijaria, quantas vezes fosse preciso, para se tornar o único que ela queria.
-Vocês dois vão ficar conversando mesmo? – Lily perguntou censurando os amigos com o olhar.
Julie e Tiago se calaram instantaneamente.
-Assim é melhor. – Lily sorriu e voltou a escrever.
Julie observou o seu próprio pergaminho em branco e lembrou-se de que ainda não havia respondido a carta.
Não faria aquele trabalho mesmo, por que não responde-la naquele instante?
Balançou a pena algumas vezes e respirou profundamente, mergulhando a ponta no tinteiro.
Espremeu os olhos e pousou-a no pergaminho, começando a escrever:
Vou voltar.
Não me importa o que você diga não vou mudar de idéia. Não posso sair no meio do ano, mas no natal eu vou e ponto final.
A única coisa que você devia fazer em vez de me censurar era sair daí o mais rápido possível.
Você é o próximo, isso se ele não sair a minha procura. Duvido que encontre Hogwarts de qualquer modo.
Como ele a matou?
A escrita de Julie saiu tremida. Molhou a caneta novamente e voltou à carta.
Não. Não me conte, não quero saber.
Ultimamente não tenho me olhado no espelho. Não sente nojo de seu reflexo?
Talvez não. Vocês não se parecem. Mas eu sim. E ela também... O que torna tudo pior.
Não responda mais minhas cartas. Meus amigos andam me sondando e não quero que eles saibam.
É deprimente e repulsivo demais.
Saudades,
Julie
Julie enfiou o pergaminho no bolso sem nem ao menos reler.
Tiago observou o movimento repentino, e logo viu Julie se levantando.
-Vai a algum lugar? – ele perguntou.
-Pegar um livro.
Lily se levantou também, sem olhar os outros e entrou na estante seguinte a procura de algo.
Julie saiu apressada da biblioteca.
O moreno olhou para os lados e se levantou, devagar, como se a loira ouvisse seus passos e seguiu-a.
A menina foi até o corujal e não encontrou sua coruja. Deu a volta e começou a descer as escadas, forçando Tiago a se espremer atrás de uma pilastra.
Não achou estranho ela andar até as plantações, já que algumas corujas iam mesmo até lá para comer alguns frutos.
Só que ele não imaginou que pisaria em uma abóbora madura o suficiente para fazer barulho.
Julie se virou no mesmo instante, e fez uma careta:
-O que você está fazendo...? Oh não! – ela começou.
Tiago fechou os olhos, como quem sente muito, e começou a escutar o sermão sem ter como se defender, porque ele realmente estava seguindo-a.
Ao abrir os olhos, o moreno olhou em volta e avistou um casal próximo a árvore do lago.
Mas o casal lhe pareceu estranhamente familiar.
E estavam no maior amasso.
Julie acompanhou seu olhar e exclamou:
-Não!
Foi então que Tiago os reconheceu:
-Não! – fez ele também.
Os dois se entreolharam e caminharam até os morenos.
Sirius afastou Sam ofegante.
A morena tinha um sorriso maroto estampado nos lábios.
-Você... – Sirius começou, achando terrivelmente engraçado como ele não sabia o que dizer.
Sempre acontecia isso quando estava com ela.
-Sirius. Quieto. – disse Samantha, puxando-o pela camisa e beijando-o novamente.
-Nossa! Garota de atitude. – os dois ouviram a voz de Tiago, e logo uma exclamação de dor.
Soltaram-se imediatamente e observaram Julie ameaçando-o a ser socado de novo.
-Você sempre estraga as coisas não é? – ele resmungou.
-O que os dois estão fazendo plantados aqui no lago espionando a gente? – Sirius perguntou.
Tiago abriu a boca para responder, mas Julie o cortou:
-O que os dois estão fazendo no lago se beijando?
Sirius cruzou os braços.
Não tinha o que responder.
Sam sentiu um vento frio passando nas suas costas e logo viu uma imagem distorcida do que lhe pareceu um espírito se postando ao lado da Julie.
Oh sim, agora era nítido: era uma mulher.
Parecida com a loira, de fato.
-Não é culpa dela. Não a deixe voltar. – ela disse.
Sam sentiu-se tentada a conversar com o fantasma, mas não podia, não no meio de todos que estavam ali.
-Se ela voltar nosso pai vai matá-la também.
Sam engasgou no seco, fazendo todos a olharem.
“Como é que é?! O pai da Julie quer matar ela?”
-Como fez comigo. Como fez com a minha mãe. Não deixe! Não deixe ela voltar!
Samantha se levantou, ainda olhando para a mulher.
-Sam? – Tiago chamou.
A morena se despertou, e a mulher sumiu no ar.
Sirius riu:
-Parece que viu um fantasma.
Tiago e Samantha trocaram olhares.
“Isso sim é o que eu chamo de ironia.” – Sam pensou.
-Não mudem de assunto. O que vocês dois...? Em que situação estão?! – Julie perguntou.
Sam não respondeu nada. Apenas estudou a loira, com pena.
Por que o pai dela matara sua mãe e a sua irmã?
-Estamos nos divertindo. – Sirius respondeu maroto, puxando-a pela cintura. – Não é?
Sam assentiu pensativa.
“Será esse o motivo de tantas cartas?”
Tiago estudava-a preocupado. Sabia que tinha novidade na área...
Pronto. Cara demorou séculos para escrever esse capítulo, mas não ficou exatamente como eu queria... De qualquer maneira, desculpa por ter feito vocês esperarem tanto! Mas pelo menos vocês já tem uma noção do que se passa na vida da Julie, não é? Falta o motivo... E os próximos capítulos vão ser mais românticos... Hehe, agora só não digo de qual dos shippers...
Continuem comentando. A opinião de vocês é muito importante!
Beijos e até a próxima atualização,
Kiki Ravenclaw
P.S Desculpa se tiver algum erro de ortografia... Minha beta não betou esse também... Ela ‘tá meio lerda. Haha.
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