Confissões e Prisões
Confissões e Prisões
- Será que ela acorda? - ouvi uma voz masculina perguntar - Afinal a maldição acertou-a...
- Espero que sim porque ela salvou minha vida! E foi uma sorte você ter aparecido Harry, senão Helena estaria perdida!
- Bem, não foi dessa vez que eu deixei vocês não é? - falei com a voz fraca...
- Helena! Que bom que você está bem! - Harry falou com a voz aliviada.
- A propósito Harry, como você sabia que nós estávamos no jardim? E quando e como você acordou e onde está meu primo?
- Calma, uma pergunta de cada vez, você está muito fraca! - Hermione falou.
- Descobri que vocês estavam no jardim porque Parvati me falou que Hermione tinha ido para lá e eu estava querendo encontrá-la, acordei mais cedo graças a uma poção reanimadora muito potente de Madame Pomfrey e seu primo está na sala de Dumbledore agora, Hermione contou ao diretor tudo o que você disse para Malfoy antes de ele tentar te matar e eles estão aguardando a Ordem da Fênix pegar seus pais e seus tios para você contar tudo o que sabe na frente deles e na frente de alguns aurores e do Ministro da Magia...
- Helena, me desculpe por ter bebido a Poção do Amor, você me avisou e eu... - Hermione começou a falar mais eu a cortei.
- Você estava fora de si porque Malfoy lhe lançou a Maldição Imperius.
- É Helena, parece que agora temos outra que sobreviveu a Maldição da Morte não? Perdi o posto de “o menino que sobreviveu”. - Harry falou debochadamente.
Dei risada do comentário dele, bem na hora que o diretor entrou.
- E Harry está corretíssimo no comentário - Dumbledore falou divertindo-se também.
Madame Pomfrey apareceu de sua sala no fundo da enfermaria com uma bandeja cheia de frascos e um copo.
- Ainda bem que acordou garota, precisa tomar todos estes remédios para se recuperar logo.
Havia no mínimo uns quinze frascos na bandeja.
- Por que tantos assim?
- Ora vamos! Tome e não discuta! Não é todo dia que alguém escapa da Maldição da Morte e ainda tem condições de falar!
Tomei sem discutir, todos tinham um gosto horrível, assim que acabei de tomar o último copo servido por Madame Pomfrey, o diretor falou.
- Quero que saiba Helena, que seus pais, seus tios e seu primo já estão em Azkaban a meu pedido porque mantê-los na escola seria um grande risco para você até que prestasse o depoimento - ele fez uma breve pausa - daqui a alguns minutos o ministro e seus aurores devem vir aqui lhe fazer algumas perguntas e eu estarei presente para não a forçarem demais, pois você está muito debilitada. Agora vou aguardar a chegada do ministro e deixá-la com seus amigos, vocês tem muito que discutir.
Dumbledore deixou a enfermaria e deu um leve aceno a Harry e Hermione, eu tentei me sentar na cama, mas não consegui, meus braços não me obedeciam.
- Helena, posso te fazer uma pergunta? - Hermione falou.
- Claro.
- No primeiro dia de aula... Você me empurrou para Draco me matar?
- Sim, fiz isso, mas assim que vi Rony lhe salvando e o vi morto, me arrependi demais, por isso fui ao velório dele e os alertei para ficarem atentos...
- Você sabia de todos os ataques? - Harry perguntou.
- Sabia, mas não podia falar senão provavelmente eu apareceria morta, aliás, foi por isso que aquele dia eu fui falar com você, era para pelo menos fingir que tinha te matado...
- O quê?!
- Isso que você ouviu Harry, quando meu tio suspeitou de mim, ele mandou que eu o matasse. Mas como eu já disse, eu já tinha desistido do plano e não seria capaz de te matar.
Houve um breve silêncio que eu mesma quebrei.
- Vocês me perdoam? Assim que vi que eu estava errada procurei agir certo, mas se não quiserem me perdoar, vou entender...
Eles se entreolharam, baixei os olhos, fui quando, para minha surpresa, ouvi:
- Claro Helena - eles falaram juntos.
- Afinal, se não fosse você, eu não estaria aqui falando com vocês - Hermione falou.
- E se não fosse você, bem... - Harry ficou vermelho, não entendi porque. - e Helena, uma coisa eu não entendi... Por que naquele dia que eu te toquei eu simplesmente desmaiei e só acordei ontem?
Não dava mais para esconder, eles haviam me perdoado por tudo que eu havia feito, apenas me restava dizer uma coisa:
- Prometem guardar segredo? Porque o que eu tenho pra lhes dizer não é nada agradável, e eu não gostaria que alguém soubesse.
- Prometemos - Harry e Hermione responderam juntos.
Disse tudo que Dumbledore me disse aquela noite, me segurei para não chorar, aquela história realmente me deprimia, Harry e Hermione me ouviram atentamente, quando terminei o relato, os dois estavam chocados.
- Então quer dizer que... - Hermione começou a falar.
- Nem minha mão me ama - falei suspirando profundamente.
- Isso... É terrível Helena! - Harry falou parecendo revoltado.
- Também acho, mas não tenho escolha, agora só tenho que contar com a sorte, o que ultimamente anda me faltando como perceberam.
Ninguém falou mais nada depois do que eu contei, principalmente Harry, que ficou cabisbaixo também.
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“Ela não merece isso, nunca mereceu! Ela é uma garota incrível! Por que coisas tão ruins sempre acontecem com os bons? E será que... Meu amor por ela seria o suficiente para quebrar essa maldição horrenda? Só o tempo dirá... É, acho que é disso que eu preciso agora, tempo, para colocar minhas idéias no lugar e avaliar a situação...” - era a guerra de pensamentos que se passava na cabeça de Harry naquele momento.
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O professor Dumbledore havia voltado e com ele, vários homens, dentre eles, o Ministro da Magia, Rufo Scrimgeour, que reconheci na hora, o diretor apenas fez um gesto para que Harry e Hermione se retirassem, que foi obedecido rapidamente. Assim que meus amigos saíram, o ministro perguntou:
- Vai permanecer aqui Alvo?
- Sim irei Rufo, minha aluna está debilitada demais e não quero ninguém pressionando-a.
- Tudo bem, tudo bem! Então vamos começar você - ele apontou para um homem alto que segurava um pergaminho e uma pena - comece a escrever.
O rapaz obedeceu prontamente preparando-se para anotar qualquer palavra que disséssemos.
- Então, você, Helena Lejan, alega ter participado de algum dos ataques ocorridos nessa escola executados por Draco Malfoy? - Rufo Scrimgeour perguntou imponentemente.
- Sim senhor.
- De qual dos assassinados especificamente?
- Ronald Weasley.
- E depois você também alega ter se arrependido?
- Muito senhor.
- E por que não informou nenhum professor sobre as intenções de seus parentes?
- Se eu dissesse senhor - falei fitando-o - não estaria aqui lhe respondendo estas perguntas.
- Entendo. Mas então, mesmo sabendo dos ataques e das reais intenções de seus familiares, você não participou de nenhum outro?
- Não senhor. Pelo contrário, como sabe, salvei Hermione Granger do último ataque e forjei um contra Harry Potter.
- Como assim forjou?
- Simples, quando meu tio desconfiou que eu não estava mais sendo leal ao plano, me deu a tarefa de matar Harry Potter para eu recobrar a sua confiança, o que está mais do que claro que não aconteceu.
- O que eu achei estranho foi a sua repentina mudança de lado.
- Isso eu não sei explicar.
- Para mim a senhorita está omitindo fatos!
- Se me permite interromper Rufo - Dumbledore falou - a srta. Lejan sempre foi diferente de seus parentes, não apenas em atitudes, mas em caráter, assim que ela percebeu que estava indo para o lado errado, voltou para o caminho certo e é isso que eu admiro em minha aluna. Agora, se o senhor insistir que ela está omitindo fatos, serei obrigado a encerrar o interrogatório por aqui.
- Não se preocupe Alvo, só quero que ela me responda mais uma pergunta... Você tentou ajudar Harry Potter e seus amigos depois que se arrependeu?
- Sim senhor, no começo não me deram ouvidos, mas depois perceberam que eu dizia a verdade e passaram a prestar atenção no que eu lhes dizia.
- Mas, porque a senhorita não informou sobre a segunda assassinada, Ginerva Weasley?
- Eu informei senhor, eles apenas não fizeram o que pedi, e eu não podia encontrá-los toda hora para dar-lhes mais avisos, pois estavam me seguindo e mandando relatórios sobre cada passo que eu dava nesse castelo.
- Quem fazia isso?
- Pansy Parkinson, aluna da Sonserina.
- Alvo, creio que terei de fazer mais uma prisão, essa garota que a testemunha acabou de informar pode continuar sendo uma ameaça para todos, especialmente para a senhorita Lejan.
- Por mais que eu sinta, você está certo ministro, pode fazer a prisão, a garota em questão está em seu Salão Comunal, peça a Severo lhe mostrar onde é, o interrogatório já acabou?
- Sim, o que eu tenho é o suficiente, muito obrigado Alvo.
- Ministro - perguntei, minha voz já estava querendo falhar - eu... Serei presa por ter sido cúmplice dos crimes?
- Acho que não Helena - Dumbledore falou - você é uma garota boa, só deu um passo errado, não é Rufo?
- É... É claro Alvo, ela merece uma segunda chance, uma boa tarde a todos, ainda tenho muito que fazer.
O Ministro e seus capangas deixaram a ala hospitalar, o professor Dumbledore ainda ficou um pouco e me disse:
- Você colocou o ministro no seu devido lugar hoje, quase não lhe deu saídas para questioná-la, meus parabéns.
- Obrigada senhor e, obrigada pela ajuda também.
- Posso apenas lhe pedir um favor Helena?
- Ah... Claro professor!
- Fique boa logo - ele deu uma piscadela e saiu da ala hospitalar também.
Fiquei sozinha com meus pensamentos, tudo aconteceu rápido demais, e eu ainda sobrevivi a uma Maldição da Morte, pra ser sincera, estava achando minha história parecida demais com a de Harry, até sozinha no mundo eu estava agora, minha família toda presa, provavelmente prisão perpétua, não tive curiosidade em perguntar, eles já não me importavam. A partir de agora era eu por mim mesma, como estava sendo nos últimos tempos, apenas uma diferença... Agora eu tinha amigos de verdade, havia confessado tudo que sabia, me livrei de uma grande culpa e perdi uma família que por sinal, passara a me odiar.
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