As Cartas



Luna desceu devagar as escadas. Não encontrara Hermione no dormitório, então descera para procurá-la.
Hermione tinha olheiras, e estava com o rosto bem inchado e vermelho. Ela ainda chorava. Ela não havia dormido. Passara a noite toda observando a janela e pensando em Harry.
- Mione! – falou Luna ao encontrá-la. – Mione, você não foi dormir?
- Não – respondeu quase sem voz.
- Mione, você precisa descansar! – falou Luna.
- Não eu não quero! – respondeu Hermione.
- Então vamos tomar café! Olha a Gina tá descendo com o Rony e com o Neville! Vamos, você precisa se alimentar!
- Eu não vou! Eu não quero ir! Não quero escutar o que a McGonagall vai dizer! Eu não vou agüentar! Vou ficar aqui! – respondeu Hermione.
- OK! – respondeu Luna tendo certeza de que não conseguiria convencer Hermione.
Ela passou pela Mulher Gorda e desapareceu. Em seguida, desceram Rony, Gina e Neville. Os três fitaram Hermione mas não disseram nada. Seguiram também para fora da sala comunal, deixando uma Hermione chorosa para trás.
A menina ficou sozinha mais uma vez. Hermione estava decidida a não escutar o discurso que a diretora faria. Com certeza ela falaria de Harry e Hermione não poderia segurar. Seria doloroso ouvir falar sobre Harry. Ela ainda não estava pronta para encarar de verdade a realidade.
Ouviu passos descendo as escadas. Enxugou rapidamente a teimosa lágrima que escorria no seu rosto. Era Simas Finnigan.
O garoto parou ao ver Hermione ali. Fitou-a por um instante.
- Oi, Hermione – falou ele se aproximando dela.
- Oi, Simas – respondeu de má vontade.
- Tudo bem? – perguntou ele.
Não obteve resposta. Mas encarou isso como um não.
- Olha, Hermione, eu sinto muito pelo que aconteceu com o Harry! – falou Simas.
- Simas, por favor, eu não quero ser chata, mas eu não quero falar sobre isso! – respondeu Hermione, deixando mais uma vez uma lágrima rolar-lhe o rosto.
- OK! Tudo bem... – respondeu ele calmamente. – Mas, Hermione, é....- começou ele tirando um pedaço de pergaminho do bolso – o Harry pediu pra eu entregar isso pra você!
Hermione virou bruscamente. Seus olhos estavam vidrados no pedaço de pergaminho.
- O Harry o quê? – perguntou ela sem tirar os olhos.
- Ele me pediu pra entregar-lhe isso! Acho que é uma carta.... – respondeu Simas – Ele disse que era pra eu entregar se acaso ele não voltasse!
- Simas, quando ele te entregou isso? – perguntou Hermione aflita.
- Ontem.... um pouco antes de vocês partirem! Depois ele rumou para o dormitório para se aprontar! – respondeu Simas observando Hermione chorar silenciosamente.
Hermione se levantou e caminhou até Simas. Fitou o papel por um instante, como se tivesse medo do que estivesse escrito ali. Então agarrou o papel das mãos dele.
- Obrigada, Simas! – respondeu ela.
O garoto entendeu que ela queria ficar sozinha, e então rumou para o café da manhã.
Hermione estava insegura, se lia ou não a carta. Por mais que doesse, ela tinha que ler. Tinha que saber as últimas palavras que Harry escrevera para ela.
Na frente do pergaminho estava escrito com letras bem pequenas. Para Hermione. Ela reconheceu a letra de Harry. Sua mão estremeceu um pouco ao abrir a carta. Pensou em desistir de última hora, mas lembrou que não conseguiria. O que Harry diria na carta, por mais triste que fosse, era uma recordação dele.
Com certeza, o garoto não queria que ela o esquecesse. Isso seria impossível. Hermione jamais vai esquecer Harry. Ele foi muito importante na vida dela. Embora ela não quisesse acreditar na verdade, Harry não estava mais ali. Ela estava sozinha agora. Tinha o Rony, mas eles sempre brigavam e logo, eles terminariam Hogwarts e cada um seguiria o seu caminho. Hermione pensava. Será que Harry conseguira passar nos NIEM’s? Será que poderia se tornar auror, como queria, ou não?




Querida Mione,

Não sei como lhe escrever, mas eu tenho que fazer isso.
Quero que saiba o quanto você foi especial pra mim. Sem você eu não teria conseguido passar nem pelo 1º ano.
Você é a melhor amiga do mundo! Qualquer garoto daria tudo para Ter uma amiga como você!
Também é a melhor conselheira que eu conheço.
Você é a maior e a mais inteligente!
Te conhecer, foi a melhor coisa que me aconteceu. Só você ficou do meu lado todo tempo.
Eu tenho que te agradecer por isso.
Quero que saiba de uma coisa que sempre tentei lhe dizer, eu te amo! Palavras me faltavam para lhe dizer o que sinto. Eu realmente gostaria de, nesse momento, estar te dizendo pessoalmente o que sinto. O meu maior erro foi não conseguir te dizer. Mas agora eu não estou mais aqui, com você! Esse amor, por mais verdadeiro que seja, já não pode se tornar realidade. Eu gostaria muito de estar agora, ao seu lado, mas não posso. Mas não quero que você sofra. Quero, pelo contrário, que você seja feliz. Quero que você se lembre de mim apenas nos momentos felizes. Por que um dia, nós voltaremos a nos encontrar! Talvez possa demorar alguns anos, ou talvez demore menos.
Aproveite sua vida ao máximo, pois se chegar a hora de escolher entre o que é certo e o que é fácil, você estará preparada. Como sempre esteve. Não quero que você chore por mim, Mione! Quero sempre ver você sorrindo. É tudo o que eu tenho pra lhe dizer. Vou estar sempre ao seu lado. Vou sempre lembrar de você.
Lembrar de como você me ajudou nos momentos difíceis. De como você foi corajosa me ajudando a lutar contra Voldemort. Sei que você deve estar se culpando pelo que aconteceu. Mas não se culpe, Mione, o que aconteceu, tinha que acontecer. O meu destino era destruir Voldemort, e eu fiz o que tinha que fazer. Você fez o que tinha que fazer, e eu vou ficar orgulhoso de você. Então não fique se culpando. Nada que você fizesse mudaria o meu destino.
Guarde a minha correntinha muito bem. Sempre que tiver saudades de mim, olhe para ela. Vai te fazer bem.
Não chore.
Amo você
Com carinho

Harry


Hermione deixou-se soluçar. Não conseguia acreditar nas palavras de Harry.
- Ele sabia! – murmurou ela. – Sabia o que ia acontecer, por isso me deixou esta carta! É tudo culpa minha!
- Não, não é culpa sua! – falou uma voz em sua consciência – Lembre-se no que Harry disse na carta! Você fez tudo o que podia!
- Não, não é verdade! Eu não fiz! Eu não deveria Ter deixado ele ir! – falou ela.
- Era o destino dele! Cada um tem seu destino, e o dele era esse! Você não poderia mudá-lo
- Mas ele me amava! – sussurrou ela.
- Eu sei, você também amava ele! Mas ele fez a coisa certa! Ele conseguiu! Ele salvou todos vocês! – falou a voz.
Hermione estava discutindo mais uma vez com a consciência. A cada palavra lida, uma lágrima escorrida. As palavras não faziam o coração de Hermione doer. Um peso saíra dele. Ela não escondia que ainda seria difícil sem Harry, mas estava feliz pela carta. Harry descrevera perfeitamente o estado em que ela estava. Como sabia que ela sentia culpa? Talvez por conhece-la a 7 anos. Harry a conhecia muito bem.
Os pensamentos afastaram-se de sua mente. Rony entrara correndo na sala comunal.
- Harry! Harry escreveu para mim! – respondeu ele.
- É eu sei..... ele também deixou uma carta para mim! – respondeu Hermione.
- Deixou é? – perguntou ele. – Hum.... você não acredita! Ele deixou a Firebolt pra mim! E deixou metade da herança dele no Gringotes pra mim! E deixou a outra metade pra você!
- Eu não quero! – respondeu Hermione triste. – Pode ficar pra você! Eu não quero!
- Ah, Mione, não chore...- disse Rony observando a menina chorar. Percebeu que ela estava triste. – Escuta, Mione, preciso te contar uma coisa!
- Fala – falou de má vontade.
- Eu sei que é difícil para você, mas o Harry... é....o Harry.... Hum... – começou ele.
- Fala, Rony! – apressou Hermione.
- Ele gostava de você! – falou Rony.
- Eu sei... – falou Hermione não demonstrando surpresa. – Ele me disse na carta! Eu também gostava dele.... eu disse para ele antes de irmos... e ...- falou ela, mas não agüentou e chorou.
Rony não disse nada. Luna e Gina entraram em seguida e presenciaram a cena. Luna abaixou-se ao lado de Hermione e abraçou-a.


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