Destinos que começam a se cruz



Júlia continuava se olhando no espelho, quando foi interrompida pelo barulho da porta de seu quarto.

- Você não pode fazer isso - disse um belo jovem que acabava de entrar. – Diga-me que é mentira!

Ela permaneceu imóvel, olhando novamente para o espelho, a imagem de seu irmão desesperado refletida ao seu lado.

- É mentira, não é Jú? Se você estiver pensando em fazer isso por minha causa, diga. Eu acabo com tudo agora mesmo. OLHA PRA MIM! - gritou ele. – Fala alguma coisa, por favor.

Ela se virou lentamente, olhou para ele e disse com uma voz aparentemente calma:

- É verdade sim.Amanhã, a esta hora, estarei em Londres. Sempre quis conhecer minha verdadeira família e ...

- MENTIRA! - Murilo soltou um grito de desespero e apertou a irmã com força. – Você está fazendo isso por minha causa, é pelo meu casamento, pelo que houve entre nós. Mas eu acabo com isso agora mesmo.

- Já chega, Murilo.Você está me machucando.

Ele a soltou, mas agora lágrimas escorriam descontroladamente de seus olhos.

- Vou encontrar meus verdadeiros pais.Recebi uma carta deles hoje de manhã. E isso não tem nada a ver com você, nem com seu casamento. Agora, se me der licença – disse Júlia, apontando para a porta. – Preciso terminar de me arrumar. Sou sua madrinha, esqueceu? E se fosse você me apressaria, é a noiva que chega atrasada, e não o noivo!

Ele saiu sem dizer nada.Apenas olhou-a no fundo dos olhos, um olhar de súplica, que a fez fechar a porta do quarto com uma violência desnecessária. Ela sabia que não resistiria se eles continuassem se olhando daquela maneira.

- Eu tenho que ser forte! – falou pra si mesma - Amanhã começo uma nova vida. Vai dar tudo certo. Eu espero...

ENQUANTO ISSO, EM LONDRES...

- Cale a boca, Draco – gritou o Lorde das Trevas. – Devia ter imaginado que fracassaria, assim como seu pai.

- Foi culpa dele, Milorde – o garoto apontava agoniado para Snape. - Chegou no momento errado, queria a glória toda para...

- Chega, eu já disse! Acredito que deixei bem claro o que aconteceria a você e a sua família caso fracassasse.Contudo, hoje estou realmente feliz – havia um brilho assustador em seus olhos enquanto falava. – Por isso, não vou matá-lo por enquanto.

- Milorde - implorou uma voz feminina no outro canto da sala.

- Agora não, Narcisa.Já disse que não vou matar ninguém hoje, mas Draco será castigado como merece. E quanto a você, Severo...

Voldemort se virou e olhou para um homem parado atrás dele, que estava com uma expressão indecifrável no rosto.

- Novamente você mostrou sua lealdade a mim. Devo admitir que meus planos não eram exatamente estes.Gostaria de mantê-lo mais tempo em Hogwarts, seu serviço de espião me foi muito útil. Porém, você fez por mim o que nenhum outro teria coragem, e será muito bem recompensado por isso.

- Muito obrigado, Milorde.Não tenho...

- Me agradeça depois, Severo, você terá tempo para isso. Agora, suba para o quarto de hóspedesA partir de hoje sua casa será aqui, com todos nós.

Snape acenou com a cabeça em concordância e se retirou. Antes mesmo que fechasse a porta do quarto, ouviu os grito de dor de seu ex-aluno na sala.Ele observou o lugar por alguns instantes.Depois, caminhou até a cama, onde se deitou com o olhar fixo no teto.Sua cabeça doía como nunca.Fechou os olhos na tentativa de descansar, mas a única coisa que conseguia era rever vários momentos de sua vida que passavam por sua mente como num filme. Viu-se criança... adolescente... seu primeiro dia em Hogwarts... Dumbledore... Como ele podia ter pedido uma coisa daquelas? Por que Dumbledore pediu para morrer? Como alguém conseguia enxergar na morte uma solução?

Nesse momento, pensava Snape, todo Ministério da Magia estaria à sua procura. Seus colegas de trabalho, seus alunos, enfim, toda comunidade bruxa estaria pensando que ele era o mais desprezível dos traidores. Mas ele não se importava com isso, pois sabia a verdade:só fez o que Dumbledore pediu. O que mais o preocupava agora era como poderia realizar o último desejo do bruxo que ele mais admirou e gostou na vida: encontrar e proteger uma garota que ele não fazia idéia de quem era, não sabia como reconhecer e nem por onde começar a procurá-la.

- Merlim – exclamou Snape, levantando-se com violência da cama. – Se ao menos tivéssemos tido mais tempo. Como vou encontrar essa menina sem que o Lord das Trevas desconfie? Ainda mais agora, com essa história de morar na mesma casa que ele e seus Comensais...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.