De Volta A Hogwarts
Capítulo 14
De Volta A Hogwarts
Era tudo o que precisava. Malão pronto, pergaminhos e tinteiros também. Estava ansiosa para chegar logo a Plataforma 9 ¾.Não sei por que mas alguma sensação estranha tomava todo o meu corpo. Acho que Hogwarts era a certeza de que acontecimentos nada bons iriam acontecer.
Eram 10h30min e estava parada frente à placa que indicava a plataforma. Eu não esperava por Harry, Hermione ou Cedrico, visto que estes já deveriam estar no castelo. Esperei, e aos poucos a plataforma começara a encher.
Em minha direção, me deixando surpresa, vinham Harry e Hermione. Esta, não parecia nada feliz, ao contrário, parecia aborrecidíssima.
- Vocês não deveriam estar em Hogwarts agora? – perguntei.
- Oi, Mel! Tudo bem? – perguntou Harry me dando um forte abraço – Sim, deveríamos, mas Rony ligou pedindo que passássemos o resto das férias na A Toca.
- Hum, entendo... Tudo certo, Harry! E com você?
- Tudo bem...
- E você, Hermione? Está tudo bem? – perguntei.
Não obtive resposta. Hermione acelerara o passo e saiu rapidamente da nossa frente.
- O que...? – comecei.
- Ela terminou com Rony!
- Ela... O quê? – não estava entendendo... Quer dizer, estava... Mas não estava ao mesmo tempo.
- Terminou com ele!
- Por quê?
- Ah, isso eu já não sei... Ela não quis me contar! – respondeu Harry.
Por que motivo Hermione terminaria com Rony, se era apaixonadíssima por ele? Tinha alguma coisa aí. E eu precisava descobrir. Não por curiosidade, mas por que Hermione é a minha melhor amiga, então acho que deveria fazer o meu papel, e ajudá-la.
Encontramos com Rony em seguida. Não aparentava uma expressão diferente da de Hermione, mas parecia, acima de tudo, muito triste. Resolvi não tocar no assunto. Não com Rony.
Encontramos uma cabine vazia e como previa Hermione foi se juntar a Angelina e Cátia Bell, deixando no compartimento apenas eu, Harry e Rony.
- E aí, como foram as férias, Rony? – perguntei evitando o clima chato.
- Ah, razoáveis... Acabamos não indo para a Austrália como imaginei... Ficamos na Toca, como sempre. – ele afundou o rosto na janela sinalizando que não queria conversar.
Não insisti no assunto, e conversei com Harry sobre nossos próximos jogos de Quadribol.
No meio da viagem, a porta da cabine se abre escancaradamente. Era Cedrico. Tinha um ar de felicidade em seu rosto.
- Ah, até que enfim achei vocês! Procurei o vagão inteiro! Mel! Como está? – perguntou me dando um forte abraço e um beijo na bochecha.
- Ah, estou bem sim... E você? – parecia surpresa ao vê-lo.
- Ah, estou ótimo...
- Você não deveria estar em Hogwarts? – perguntei.
- É... Mas meu pai foi me buscar quando chegamos e fiquei o resto das férias em casa, com minha mãe.
Sorri, ao ver que ele parecia feliz.
- Sabe? Não via a hora de encontrar vocês logo! Queria saber como foram de férias? – perguntou Cedrico, cumprimentando Harry e Rony.
- Ah, até melhor do que eu esperava pra falar a verdade... – respondi.
- Ah, as minhas foram legais. – respondeu Harry.
- E as suas Rony? – perguntou Cedrico vendo que não obtinha resposta.
- Ah, razoáveis...
- O que é que...? – começou Cedrico.
- Ced deixa pra lá... – afirmei, antes que causasse qualquer confusão.
Cedrico entrou finalmente na cabine e sentou-se ao meu lado. Logo, a vendedora de doces passou e rotineiramente comprei sapos de chocolates e varinhas de alcaçuz. Rony, para o estranhamento de todos, não quis comprar nada. Estava sem fome. A situação era grave mesmo. Rony deixava sem querer, às vezes, uma lágrima rolar de seu rosto ao observar a paisagem. Hermione por sua vez, nem apareceu no compartimento. Mas havia mais alguma coisa estranha. Ao entrar no trem, passei pela cabine dos alunos da Sonserina, e para minha surpresa, Melanie não se encontrava presente. Havia lá apenas Malfoy e Ernesto Maclaggen. O que a “sensação do pedaço” andaria aprontando? Boa coisa não haveria de ser. Encostei-me ao ombro de Cedrico e cochichei em seu ouvido.
- Você viu a Melanie Addam por aí antes de você entrar?
- Não, Mel... Não a vi! Também achei muito estranho, porque era para ela estar com Malfoy, mas não está! O que você acha que aconteceu? - perguntou Cedrico.
- Não sei... Mas logo vamos descobrir!
Nesse mesmo momento, Hermione acabara de passar pela cabine, brigando com um garotinho do primeiro ano.
- Ei, Hermione! – gritei e saí da cabine, deixando Cedrico de ar.
- Oi, Mel... – respondeu ao me encontrar. Não tinha uma das melhores caras.
- É, Mione... Será que eu posso te ajudar a fazer a vistoria nos compartimentos? – perguntei.
- Ah... Mas você não faz isso aqui, faz?
- Não... Mas é que eu preciso descobrir uma coisa... – respondi.
- Ah, o.k.! Acho que não teremos problemas! – respondeu e em seguida continuou a brigar com o pequeno garoto.
Ótimo. Tinha tudo para dar certo. Se Melanie estava ou não no trem, eu iria descobrir. Segui Hermione, e aos poucos fomos vistoriando todos os compartimentos. Enquanto conversava com as pessoas que ocupavam as cabines, eu ia investigando se existia algum sinal de Melanie pelo trem. Nada. Nada foi tudo o que encontrei. Onde Melanie havia se metido? Não poderia sumir assim, do nada. Aquilo era suspeito, mas não podia fazer mais nada. Parando à frente de nosso compartimento, Hermione me informou:
- Teremos um grêmio este ano!
- Um o quê? – perguntei.
- Um grêmio estudantil... Entre os alunos de Hogwarts. – falou Hermione – Eu vou voltar para a outra cabine, o.k.?
- Hermione espera! – segurei-a pelo braço – Você não está bem! O que aconteceu? Escuta! Você pode confiar em mim... Sou sua amiga!
- O.k., Mel, eu sei disso... Mas a gente conversa depois, o.k.?
E dizendo isso saiu em disparada procurando a cabine. As coisas não pareciam muito favoráveis para aquele começo. Sentei-me novamente ao lado de Cedrico.
- E aí, descobriu alguma coisa? – perguntou Cedrico baixinho.
- Não... Ela não está em lugar algum! Não está indo para Hogwarts neste trem! Ah descobri algo sim... Vamos ter um grêmio este ano! – informei.
- Grêmio?
- Ah... Dumbledore dará mais detalhes... – não estava a fim de explicar a Cedrico.
Várias coisas estavam em minha cabeça. Todas as perguntas ocupavam ligeiramente todo o espaço.
Hogwarts continuava a mesma. O castelo estava totalmente iluminado, visto a distância. Entramos no salão, e a mesma rotina de sempre.
Dumbledore, como sempre, deixou o discurso para depois. Logo, os pratos foram substituídos por um grande banquete. Depois, a sobremesa, e em seguida, o tão esperado discurso.
- Bem, espero que todos tenham aproveitado bem as férias de Natal e que estejam preparados, pois este será mais um período com vários acontecimentos! Quero avisá-los, que conversei com alguns professores e decidimos fazer um grêmio estudantil este ano! Para despertar o espírito de união em vocês!
Ouve um pequeno murmúrio por entre as mesas.
- Então, amanhã, neste exato momento, às – Dumbledore consultou o relógio de pulso – 20h30min todos estarão em suas devidas salas comunais para que a diretora de suas casas organize a votação! Todos deverão votar, obrigatoriamente, mesmo que não queiram ou achem os colegas favoráveis! O candidato deverá ser escolhido de acordo com o número de votos recebidos, e se houver um empate, eu e os professores indicaremos o qual acharmos que se encaixará melhor no cargo. Os alunos não precisarão votar no aluno de sua devida casa, sendo assim poderá ficar ao lado de qualquer outro de casa oposta a sua!
“Daremos os resultados no dia seguinte a votação, após o jantar! Depois, daremos os nomes e a verdadeira votação começará, e terá seu término daqui a dois meses. Antes disso, cada candidato poderá escolher quatro pessoas para ajudá-lo, e assim, deverão cumprir algumas tarefas dadas ao longo do ano! Bom, acho que informei a todos o que queria, qualquer dúvida procure algum professor ou o diretor de suas casas, não se esqueçam! O aluno votado representará você, portanto escolham bem em quem votarão! Obrigado, e tenham uma boa noite!”
Dumbledore havia sido claro. Teria de pensar bem em quem votaria. Mas, já tinha o meu voto escolhido. Ao final, todos se levantaram e começaram a desocupar o salão. Foi quando algo me chamou a atenção. Melanie Addam acabara de cruzar o portal com um sorriso maligno no rosto, e estava indo em direção a Malfoy, com quem iria se encontrar e depois dera um belo amasso na frente de todos.
Melanie tinha aprontado algo, ou não teria motivo para estar feliz daquele jeito. Afinal, ela ainda não sabia do grêmio.
Saí do salão e logo, Prof.ª McGonagall veio em minha direção.
- Srta.? Será que poderia me acompanhar até a minha sala? – perguntou.
- Claro! – respondi.
Havia um certo pânico no rosto da professora. Cedrico, que se encontrava ao meu lado, a olhou espantado.
Caminhei atrás da professora. Entrei em sua sala e ela me fez sentar.
- Gostaria de uma água, Srta.? – perguntou.
- Não, obrigada! – desde quando as professoras oferecem água à seus alunos?
- Tenho uma notícia para lhe informar! – informou.
- Notícia? Que notícia? – estava começando a tremer.
- Recebi uma informação de que hoje de manhã, a casa de seus avós foi invadida! – informou a professora.
- O que...? O que aconteceu? – temia as próximas palavras...
- Bem... – ela pareceu escolher minuciosamente as palavras – Eles estão mortos.
Uma lágrima rolou de meus olhos. Segurei ao máximo, mas a dor que me atingia era grande demais para ser ignorada.
- Eles... Tentaram reagir... E...
- A senhora não precisa dizer mais nada...
- Por favor, Srta. Bittencourt, há alguma coisa que eu possa fazer pela Srta.? – McGonagall parecia desmoralizada com o acontecimento e também com a minha reação.
- Não, professora... Não há nada que ninguém possa fazer neste momento. – estava chorando silenciosamente, mas alguns soluços escaparam da minha boca.
- Minha querida gostaria muito de lhe dizer que os fatos não são verdadeiros, mas infelizmente não é! Temos que conviver assim, agora! Não podemos fazê-los voltar. É o destino! – falou a professora, procurando palavras para me consolar.
- Destino? – estaquei - A Senhora diz isso por que não perdeu os pais num “acidente” de carro e agora acabou de perder os avós! Não, a Senhora se engana se diz que sabe o que é isso! – estava descontrolada.
Neste momento, bateram na porta, e aos poucos esta foi se abrindo.
- Com licença professora! Vim me justificar pelo atraso! – era Melanie.
- Ah, Sim! Será que você pode esperar um instante lá fora? Preciso terminar um assunto! – avisou a professora.
- Não se incomode comigo professora! – a minha voz saíra um tanto irônica.
Fiz menção em sair da sala, mas alguma coisa me fez voltar.
- Se me permite, diretora, dizer algumas palavras antes de ir e depois disso a senhora não precisa se preocupar em como vou passar esta noite – tinha raiva na minha voz. As lágrimas não cessaram, mas o tom saía ameaçador.
Melanie me fitou, assim como a professora de Transfiguração, ambas pareceram ligeiramente assustadas.
- Acho que o diretor e os professores não estão dando devia atenção a alguns fatos dentro desta escola, ou talvez estejam muito desatentos em relação a alguns alunos. – meu olhar instintivamente recaiu sobre Melanie. Ela manteve os olhos sobre mim – Não acredito que possam controlar o que acontece fora de Hogwarts – agora meu olhar ia para Minerva McGonagall – Mas espero não ter de presenciar novas mortes por aqui.
McGonagall pareceu tão chocada à forma como me dirigi a ela, mais ainda mais quando proferi a palavra morte sem nenhum sentimento. Quanto à Melanie, esta trazia desprezo no olhar e olhou-me ameaçadoramente quando deixei a sala.
No caminho, não poderia distinguir onde estava indo, meus pés apenas me levavam, sem rumo. A notícia que acabara de receber não me surpreendera, porém me abalara muito. Não queria ver ninguém. Não queria me justificar pelas lágrimas e muito menos pelos acontecidos.
Não tinha dúvidas quanto a quem havia cometido os crimes. Era óbvio demais! E as minhas últimas palavras para a diretora não fora apenas para evitar mais mortes, mas sim para que descobrissem o culpado. Para que ela se revelasse tão inteligente quanto a mim, afinal não seria tão difícil perceber a culpa de Melanie. Ou seria? Eu tinha todas as certezas, mas será que só eu percebera por estar acidentalmente no caminho dela? Ou seria mais um erro proclamar a palavra acidentalmente? Eu já havia perdido minhas esperanças sobre acidentes há algum tempo.
As certezas se embaralhavam em minha mente, mas as últimas palavras de Minerva McGonagall ainda ecoavam na minha cabeça enquanto eu me arrastava pelos corredores vazios de Hogwarts. ‘Eles estão mortos. ’
'Eu quero estar com você
Ao menos por uma noite
Ser a única que estará em seus braços
Para segurar você bem forte.'
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