A descoberta de Gina



Assim que chegou ao seu quarto Hermione decidiu tomar um banho, antes de tentar dormir. Como dormia sozinha, já havia se acostumado a sair enrolada apenas em uma toalha. Naquela noite, porém, Gina estava sentada em sua cama, a aguardando. Tinha um sorriso lindo, transpirava felicidade. Hermione sorriu de volta para a amiga.

-- Aham! Vejo que também foi encontrar seu príncipe encantado. – falou a ruiva animada.

Enquanto falava seus olhos caíram sobre o pingente que brilhava no pescoço de Hermione. Seu sorriso morreu, ela arregalou os olhos e abriu a boca em uma expressão de espanto.

Ao ouvir Gina falar em “príncipe” Hermione se sobressaltou e correu a segurar o pingente. Porém ao ver a expressão da amiga seus olhos lacrimejaram, podia ver as idéias se encaixando na cabeça dela. Ainda teve a presença de espírito de trancar e “imperturbar” a porta. Gina a olhava com expressão de espanto, porém a compreensão era óbvia, não adiantaria tentar enganá-la. Respirou fundo e a olhou suplicante.

Gina gostava muito de Hermione, a amiga a havia ajudado tantas vezes, lhe dado dicas, conselhos e muito colo enquanto ela sofria por amar Harry sem ser correspondida. Há poucos dias se expôs ao risco de ser reconhecida como “namorada” do rapaz para protegê-la de Voldemort. Ela também respirou fundo tentando acalmar-se e raciocinar com coerência. O mínimo que podia fazer era deixar a amiga explicar o que, diabos, estava acontecendo. Deu-lhe um pequeno sorriso.

Hermione agarrou-se aquela chance, rapidamente se vestiu e sentou-se. A ruiva segurou o pingente nas mãos e o olhou com cuidado, era maravilhoso, quem quer que tivesse imaginado algo tão belo só poderia estar mesmo apaixonado. No entanto não deixava dúvidas sobre o significado.

-- Eu me apaixonei por ele, Gina. Eu o amo – Ainda sem conseguir olhar a amiga nos olhos.

-- E Ele – reforçou – é mesmo quem eu estou pensando? – Ela precisava ouvir da boca de Hermione ou não conseguiria acreditar.

-- Sim, Severo. – Teve um sobressalto ao ouvir a amiga se referir ao ex-professor daquela forma tão... íntima – Gina, eu amo Severo Snape. Nós estamos juntos desde antes de voltarmos a Hogwarts.

A ruiva tinha a impressão que seu cérebro tinha travado, não estava conseguindo processar aquela informação. Hermione estava dizendo que estava namorando; “Pera aí! NA-MO-RAN-DO, o ex-professor de poções! O assassino do Professor Dumbledore!”. Gina falou quase sem pensar:

-- Mione, ele é um assassino, um Comensal da Morte! – Estava começando a ficar nervosa. O que teria acontecido com sua amiga tão racional? Ela devia estar enfeitiçada! Por Merlin, seria uma “Imperius”! – Mione, ele matou....

-- ... o professor Dumbledore – falou sem emoção, parecia agora muito cansada. – Sim, Gina, ele o matou.

Olhou-a diretamente nos olhos. Gina podia ver, ela não estava sob nenhum feitiço, ela estava muito segura do que estava dizendo, ela acreditava naquilo.

-- Não foi exatamente como Harry contou.

Agora a ruiva começou a ficar irritada, já ia se levantar e sair dali. O que estava acontecendo com Hermione? Decidiu que Harry estava mentindo só para “desculpar” o ato covarde daquele homem que ela mesma admitia que havia matado o ex-Diretor. Gina estava muito confusa, de todas as pessoas do mundo, Hermione era a última que ela acreditaria ser capaz de deixar o coração falar mais alto que sua razão ou sua lógica. E de onde, em nome de Merlin, ela havia tirado a idéia de que estava apaixonada por Snape!

Hermione não permitiu que Gina se levantasse, olhando-a novamente suplicante:

-- Deixe-me contar tudo, depois você pode decidir o que fazer – a ruiva olhou-a pensativa – Por favor – suplicou e a amiga concordou ficando quieta.

Então ela contou tudo. Desde que começou a raciocinar que aquela história estava incompleta, que faltavam peças naquele quebra-cabeça. O início do namoro com Rony e as sensações estranhas que tinha quando estava com ele, que lhe diziam que aquilo não estava certo. O que aconteceu na reunião da ordem quando ela conseguiu encaixar as peças e perceber o plano de Dumbledore.

A ruiva soltou um ruído de irritação – “Plano de Dumbledore?! Era só o que faltava ela dizer que o próprio Diretor tinha pedido para ser morto!” – mas não interrompeu Hermione. Contou-lhe sobre o sonho na noite que seguiu a reunião.

Gina lembrou-se de como a amiga havia acordado diferente na manhã seguinte. Isso a surpreendeu e fazia sentido com o que a amiga estava contando, sem perceber Gina baixou a guarda e começou a acreditar que sua amiga não estava louca.

Continuou falando sobre o breve encontro com Severo na botica do beco diagonal e a decisão de terminar seu namoro com Rony – os olhos dela marejaram ao lembrar-se da briga com o amigo.

Contou sobre a sua idéia do encontro no largo Grimmauld e como foi aquele primeiro encontro entre os dois, agora não mais como professor e aluna, ou como sonserino e grifinória e sim como aliados e por fim como homem e mulher – ruborizou com isso. – Falou das cartas de Dumbledore, dos encontros seguintes, da moeda igual a da AD, do espelho de duas faces que usavam para se comunicar e de todas as informações que ele descobriu e que permitiu que chegassem e destruíssem as duas Horcruxes – medalhão e cetro.

Gina estava novamente impressionada, ela estava entendendo o que a amiga tinha dito. As informações de Snape preenchiam todas as lacunas que eles consideravam “mistérios” na história de Harry. Sem falar que era reconfortante saber que o Diretor não errou em confiar no Mestre de Poções. Não! Snape era inteiramente um homem de Dumbledore, e essa certeza fazia com que o coração de Gina se enchesse de esperança.

Seus olhos marejaram e ela abraçou a amiga com força.

Hermione viu que a amiga acreditava nela. Pegou a carta encantada que Dumbledore havia deixado e mostrou a Gina que só pode ler a introdução. Hermione segurou a carta e disse:

-- Eu amo Severo Snape – viu que o restante aparecia e entregou a carta a Gina que continuava só vendo a introdução. – Diga que confia em mim. – Gina a olhou curiosa, mas falou:

-- Eu confio em Hermione Granger – e viu com espanto as palavras surgirem na carta. A leu e devolveu. – Ok! Eu já havia acreditado, mas com essa prova não há mais nenhum argumento. – Hermione sorriu para a amiga e a abraçou de novo. – Mione essa história é incrível! – então parou e a olhou novamente com os olhos arregalados – Você mostrou o pergaminho com o segredo para ele? – ela concordou com a cabeça. – Caramba! O Harry vai ter um ataque quando souber disso – Hermione se sobressaltou.

-- Gina você não pode contar isso para o Harry, não por enquanto. – falou com urgência. Por alguns momentos ela se esqueceu que Gina iria querer contar tudo ao namorado.

-- Mas Mione, eu não posso esconder nada dele, não depois do que houve entre nós esta noite. Ele não vai me perdoar – seus olhos marejaram.

-- Gina – Hermione estava muito séria, segurou as mãos da ruiva e falou calmamente – você sabe como eu odeio mentir e viu que isso foi o que eu mais fiz desde que descobri tudo sobre o plano de Dumbledore. – parou por segundos para dar mais efeito ao que estava dizendo – Se Harry souber disso agora, mesmo que me deixe explicar e acredite que tudo foi um plano, ele não vai mais aceitar a minha ajuda e a de Severo.

Gina ainda achava estranho ouvir Mione chamá-lo assim.

-- Você o conhece tão bem quanto eu, Harry pode até ficar chateado com você, mas vai te perdoar. Você acha que depois de tudo que vocês passaram ele vai te perder por causa de Severo Snape? – sorriu para a amiga que sorriu de volta. – Já não tenho tanta certeza quanto a minha amizade com ele – seus olhos marejaram e ela parecia novamente cansada. – Dumbledore sacrificou a sua vida para colocar Severo ao lado de Voldemort – suspirou. – Eu estou disposta a sacrificar a minha amizade por Harry se isso for necessário para vencermos. Nós precisamos acabar com essa Guerra, Gina. – olhou-a com intensidade nos olhos – Sem as informações de Severo, Harry não teria chagado a Horcrux de Ravenclaw. E se chegasse você já pensou o que teria acontecido se quem o tivesse acompanhado fosse seu pai ou Rony?

Um arrepio passou pela espinha de Gina ao pensar em seu pai ou seu irmão atacado por aquelas cobras e provavelmente morto.

-- Foi Severo que sugeriu Remo, pois sabia que ele teria chance de sobreviver às cobras.

-- Ok, amiga! – Gina suspirou resignada e abraçou Hermione. – Eu vou guardar o seu segredo. Afinal depois de tudo que ouvi, li e – segurando o pingente e olhando-a significativamente – vi, acho que você conquistou o coração dele – e baixando a voz como se falasse só com ela mesma – embora eu nunca tenha acreditado que ele tivesse um. – Hermione riu.

-- Eu também nunca acreditei amiga, até ele entregá-lo a mim – As duas riram da cara de apaixonada que ela fez.

As amigas ainda continuaram conversando. Gina contou como era fazer amor pela primeira vez e como Harry era romântico. Ela tinha certeza de que aquela foi a melhor decisão que já havia tomado em sua vida. Algo em seu coração dizia que ela e Harry ficariam juntos para sempre, mas mesmo que isso não acontecesse a experiência desta noite tinha sido única e maravilhosa.

Hermione corou ao lembrar-se das sensações que Severo lhe despertava. Contou como ele era apaixonante e ciumento – Gina riu muito ao pensar no ex-professor sisudo e contido tendo uma crise de ciúmes por causa de Mione e Harry – Como ele estava sabendo esperar o momento dela. – Gina sorriu ao perceber que Snape deveria mesmo amar muito sua amiga, afinal ele era bem mais velho que Mione e provavelmente muito mais experiente. Todo homem sabe como a primeira vez de uma garota é importante e respeitar esse momento é um sinal simples, mas muito forte de amor.

Já passava muito da meia-noite quando Gina finalmente deixou o quarto da monitora-chefe seguindo para os aposentos do sexto ano.

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Na manhã seguinte, Hermione chamou Severo em seu espelho assim que acordou. Na verdade estava tão ansiosa que até se esqueceu de avisá-lo com a moeda. Ele apareceu com uma cara de quem acabava de acordar. Como sempre que ela o chamava, estava preocupado.

-- Aconteceu alguma coisa grave para você me acordar de madrugada? – perguntou com seu melhor humor ‘Mestre de poções’.

Ela estava achando engraçado vê-lo daquele jeito e chegou a imaginar como seria acordar ao lado dele todas as manhãs. Mas apressou-se a responder.

-- Nada grave! E não é tão cedo assim. – hesitou um pouco – Gina descobriu tudo. – Falou finalmente.

Ele a olhava sem saber se deveria esperar por piores notícias.

-- Como aconteceu? E o Potter? – Isso era preocupante. Se o rapaz descobrisse não iria mais aceitar a ajuda dele e isso poderia ser a diferença entre a derrota e a vitória.

-- Ela estava no meu quarto quando saí do banho e viu o colar – pôs a mão sobre o pingente que ele lhe dera – e apenas somou dois mais dois – Ele deu um suspiro de resignação – Mas ela me prometeu que não contará nada ao Harry por enquanto.

-- Menos mal. Acho que podemos confiar na Srtª Weasley. Precisamos tomar todo o cuidado, agora só falta uma Horcrux além de Nagini. Amanhã sairei a procura de pistas sobre as maldições que guardam a taça de Hufflepuff. – disse parecendo displicente.

-- Então você já sabe onde ela está? – estava curiosa.

-- Certamente que sim. Apenas preciso confirmar e descobrir o restante. Falarei com você hoje à noite, ok? – a moça achou que talvez houvesse um toque ansiedade na voz dele, mas descartou a idéia. Despediram-se e ele se foi.

Mais tarde Gina contou a Hermione que Harry e Rony haviam tido uma discussão feia, enquanto elas conversavam sobre Severo. Neville, Dino e Simas deixaram os dois amigos sozinhos no dormitório e Harry “imperturbou” a porta. O rapaz tentou negar – não que sentisse vergonha ou porque achasse que havia feito algo errado, apenas porque achava que isto era assunto apenas dele e da namorada – mas no calor da discussão havia confessado que fizera amor com Gina. Rony tentou partir para cima dele e só não o agrediu fisicamente por que Harry lhe lançou um “Levicorpus” que o manteve longe até o ruivo prometer não se aproximar mais.

Por três dias Rony evitou todos os amigos, mas no quarto Hermione o pegou desprevenido e lhe disse umas verdades. Lembrou-lhe da carta de Dumbledore, de como Harry amava Gina. Afinal Rony sempre soube que isso iria acontecer e que se os dois estavam felizes porque ele tinha que estar se sentindo traído. O ruivo ainda tentou argumentar que Gina poderia ficar grávida e Hermione terminou confessando – não sem corar – que havia feito uma poção anticoncepcional para amiga.

Após aquela ducha de verdades Rony voltou a antiga convivência com Harry. Verdade seja dita, ele não conseguia imaginar alguém melhor que o amigo para namorar sua irmã. Ele tinha que admitir que Gina não era nenhuma menininha inocente que foi seduzida e conhecia Harry o suficiente para saber que ele jamais faria isso com garota alguma, muito menos com sua irmã. Decidiu parar de “pegar no pé” do casal, mas para não perder a pose dizia que se “o pior já havia acontecido” não havia mais o que fazer. Hermione achou que ele estava era mais interessado em namorar Luna do que tomar conta do namoro de Gina e Harry. Mesmo assim pensava que se um dia Rony tivesse uma filha coitada dela!

Sem saber como, Hermione ainda tinha concentração para estudar para os NIEMs e pesquisar o que pudesse sobre a vida de Tom Riddle. Muitas vezes ficava solitária, pois ainda tinha que fingir que estava brigada com Harry. Sempre que podia o grupo se encontrava na sala precisa ou no escritório de Dumbledore para discutir os avanços da ordem da Fênix.

Haviam combinado que o namoro de Gina e Neville terminaria com uma discussão discreta no próximo passeio a Hogsmead. O namoro de verdade de Rony com Luna estava indo super bem.

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OI amigos, estou postando novamente o capítulo. Teve gente que já leu e até comentou, mas os comentários sumiram junto com o bug no sistema do F&B que deu no dia 15.

Hoje estou com o horário muito apertado então não poderei comentar todos os comentários, mas saibam que eu adoro todos que comentaram e os que leram e não comentaram também (um pouquinho menos).

Um beijão e até o próximo (que é um dos capítulos que eu mais gosto)

Diana Black

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