Capítulo Único



Eu fiz essa fic pro OBHWF’s day. Pra quem não sabe, isso quer dizer One Big Happy Weasley Family (Uma Grande e Feliz Família Weasley). O que é isso? É quem é R/H e H/G. O dia que se comemora o OBHWF é 16 de julho. Porque foi o dia que lançou o sexto livro e tudo se tornou canon. =D
(Isso quer dizer que faz um aninho lindo desde que as abóboras se ferraram e nós nos concretizamos! \o/\o/)
Pra comemorar o canon, os R/H e H/G shippers fazem todo o tipo de fanstuff, e no meu caso, eu fiz duas fics. São do mesmo momento, mas uma é no ponto de vista R/H e outra H/G.
Eu escrevi primeiro a H/G, então se vocês derem uma passadinha lá antes, eu acho que é melhor:

http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=12989

De qualquer jeito, as fics são independentes. Mas eu daria pulinhos de alegria se visse comentários nas duas. ^^


*




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O pé de Hermione balançava no ritmo da música. A garota estava sentada na mesma mesa que Ron, mas o ruivo estava a ignorando totalmente. Desde que Ginny saíra, Ron olhava para qualquer lado, menos para Hermione. A garota já estava cansada daquele silêncio.

-Olha lá, Ron! É o Harry.

Eles se levantaram e foram em direção ao amigo atravessando a tumultuada pista de dança. Estavam no casamento de Bill e Fleur. A cerimônia havia acabado e agora os convidados se divertiam em uma animada festa. Todos riam, bebiam, falavam besteira. Esqueciam da Guerra.

-Hey, Harry! Finalmente, hein?

-Harry! Por que demorou tanto? Eu já estava preocupada. Achei que algo ruim tivesse te acontecido.

Olhavam felizes para Harry. Ele sorriu.

-Está tudo bem, Hermione. Só tive um probleminha quando fui sair.

-Seus tios não queriam que você viesse?

-Os Durleys? Há! Não, só faltava eles pularem por me ver pelas costas depois de dezesseis anos.

-Então o que aconteceu?

-Nós, am... Discutimos. Mas, bem... Eu estou aqui. Isso é o que importa, não é? E eu nunca mais vou precisar olhar para aquelas caras nojentas...

-Você perdeu toda a cerimônia... – Hermione começou a falar, mas foi interrompida.

-Você tinha que ver a Fleur entrando de branco, cara. Ela estava incrível... – Ron tinha um olhar sonhador.

Por algum motivo, Hermione estava emburrada.

-Mas o que importa é o Bill, não é? – Disse ela com a voz seca. – Ele está bastante feliz pra quem foi...

-Harry, querido! Até que enfim você chegou! – A Sra Weasley vinha em sua direção. Deu-lhe um grande abraço. Após isso, várias pessoas pareciam ter notado a presença de Harry.

Ron e Hermione desistiram de falar com ele quando um bolo de gente resolveu cumprimentá-lo. Todos pareciam estar muito interessados em dar “boa noite” ao Eleito.

-Vamos, Ron. Vamos sair daqui até Harry se ver livre de toda essa gente – Disse a garota o puxando pela manga.

-Na verdade, Hermione... Eu... Eu tenho que ir... – Ron olhava para todos os lados como se procurasse uma desculpa.

-Vamos, Ron! – Insistiu Hermione firmemente.

Ron não teve escolha. Saiu arrastado por uma Hermione de cara enfurecida. Ela o levou até a mesa de bebidas, pegou uma cerveja amanteigada e ofereceu outra a Ron. Os dois ficaram envoltos por um incômodo silêncio.

Ela não agüentava mais aquilo. Por que Ron estava agindo assim? Era diferente de quando estavam brigados. Desta vez, Ron não fingia que ela não existia. Ele simplesmente parecia desconfortável quando estava perto dela. Quando estavam sozinhos.

-O que está acontecendo, Ron? – Perguntou Hermione de repente, com a voz magoada.

-Que foi? – Ele parecia não entender nada.

-Por que é que você está me ignorando? – Ela segurava com força sua garrafa. Ele não podia negar aquilo!

-Eu?! Eu não estou te ignorando! – Ron fazia cara de quem estava extremamente ofendido, mas suas orelhas vermelhas o denunciavam.

-Está sim! E eu estou cansada de tudo isso! Só me diga por quê! Desde que eu cheguei aqui você está tão distante comigo e parece me evitar. Parece ter medo de ficar sozinho comigo. – Hermione não agüentava mais. Tudo o que ela vinha guardando há duas semanas estava despejando agora.

-Eu... – Ron parecia não saber o que dizer. – Eu estava com você. Agora mesmo. Naquela mesa, pouco antes do Harry chegar.

-E era a mesma que eu estivesse sozinha. Você estava mudo. Ron, por favor, ao menos me diz por que você está agindo assim. E não adianta negar. Eu sei que está.

Ron não tinha argumentos. A verdade é que ele estava ignorando Hermione, sim. Mas ele tinha motivos.

-Tudo bem. Eu não vou negar. – Ele tomou um gole de cerveja amanteigada como se quisesse ganhar forças.

Hermione fez uma cara escandalizada.

-Então você admite que...

-Hermione, por favor. Eu... Eu preciso falar. – O tom de voz de Ron era muito baixo. Ele encarava seus pés e suas orelhas estavam mais coradas que nunca. Será que ele ia falar sobre Aquilo?

A garota prendeu a respiração e esperou ele falar, cheia de expectativa.

-Desde que você chegou aqui, eu tenho te evitado. Eu faço isso porque eu sei que a gente tem que conversar sobre... Algo. Na verdade, a gente já devia ter falado sobre isso há muito tempo, mas... Bem... – Hermione notou que a voz de Ron falhava e ela sabia que devia estar sendo difícil para ele falar daquilo. – Não é que eu não quisesse ter essa conversa. Na verdade, eu quero bastante, mas... Não sei... Eu tinha medo de não saber o que dizer e estragar tudo. Por isso que eu tenho evitado ficar sozinho com você. Eu tenho medo de acabar falando besteira. Porque... Porque isso é realmente importante pra mim.

-E você quer conversar sobre isso... Agora? – Toda a mágoa e frustração da garota em relação ao ruivo foi esquecida. Ela também sabia que em algum momento eles teriam que conversar, esclarecer. Mas ela também não sabia se estava preparada pra isso. Tudo o que ela menos queria era que acabasse falando algo errado e mais uma briga se formasse entre eles.

-Quero. Não dá pra adiar mais. Eu preciso te falar... Umas coisas. – Ron tinha determinação na voz e Hermione sabia que aquela conversa devia significar muito pra ele.

-Então... Vamos dar uma volta? – Perguntou ela receosa.

-Ok. – Ron inspirou profundamente. Largou sua bebida numa mesa próxima e saiu caminhando ao lado de Hermione. Eles se afastaram da festa, andaram até a beira do lago.

O céu estava salpicado de estrelas e uma brisa morna varria os jardins d’A Toca. A lua fazia milhares de pontinhos brilharem na superfície do pequeno lago. Hermione fechou os olhos e inspirou fundo. Cheiro de grama recém cortada.

-Bem... – Ele tinha uma cara confusa. Parecia estar procurando palavras para começar a falar.

-Se você não quiser falar, não fala – Hermione olhava ansiosa pra ele. – Eu... Eu sei o que você quer me falar. Não precisa...

-Eu sei que você sabe. Nós dois sabemos, não é? Eu sei que a gente sabe há muito tempo. Mas... Eu preciso falar, Hermione.

Ron pareceu muito sem jeito e desviou o olhar da garota. Com passos lentos foi até a beirinha do lago e ficou admirando a água.

-Tudo bem – Ele ouviu a voz de Hermione num sussurro rouco ao seu ouvido. Virou para a garota e encontrou confiança em seus olhos castanhos. Sentou-se na grama e Hermione o acompanhou.

-Eu fui um idiota ano passado – Ele dizia para as próprias unhas.

-Não, Ron. Idiota é uma palavra forte. Não fale assim de você mesmo. Você só...

-Fui sim – Ele a interrompeu. – Eu estraguei tudo. Você tinha me convidado para a festa do Slughorn, lembra? Na aula de Herbologia.

-É claro que eu me lembro – Hermione encarava suas sandálias. – Eu tive que criar a maior coragem pra te convidar.

-Teve, é? – A sombra de um sorriso começou a se formar nos lábios de Ron.

-Tive – Respondeu Hermione mais defensivamente do que pretendera. – Pelo menos eu criei a tal coragem e convidei. Diferentemente de certas pessoas.

O sorriso sumiu do rosto dele numa velocidade impressionante.

-Bem... – Ron pigarreou, tentando ignorar a última frase. – Você me convidou e... Certo. Ahn... Hermione eu... Estava feliz. Eu ia sair com você.

Ele a espiou pelo canto do olho. Hermione fez a mesma coisa e o olhar deles se encontrou. Corando levemente, eles passaram a observar o lago.

-Pois é... Eu já tinha até comprado um vestido. Estava bastante ansiosa, mas... Bem... – A voz de Hermione foi morrendo.

Ron entendeu o que ela ia dizer. Arrancou um tufo de grama do chão e começou a picá-las desconfortavelmente.

-Hermione, eu não sei se você sabe, mas Ginny e eu discutimos...

-Eu sei. Ela me contou.

-Ela te falou o que ela disse pra mim?

-Na verdade, eu a encontrei pouco depois da briga e ela estava bufando de raiva. Só ficava resmungando coisa do tipo “Quem o Ron pensa que é pra tentar mandar em mim?” Ela estava fora de si e não parecia apta pra falar qualquer coisa que fizesse sentido.

-Então você não sabe exatamente o que ela falou pra mim? – Ron se esqueceu que estava se concentrando em olhar pro lago e encarou Hermione. Ela, por sua vez, não tirava os olhos das suas própria mãos.

-Muito tempo depois de vocês brigarem – e quando digo muito, é porque é muito mesmo – ela veio toda desesperada pra mim dizendo que havia contado pra você que... Bem... – Hermione parecia bastante constrangida. – Ela se arrependia muito e disse que na hora estava tão possessa que nem notou o que disse.

-Então você deve saber que... Quer dizer, ela me disse... Bem, eu não sei se era verdade. Cheguei até a perguntar pro Harry, mas...

-É verdade - Hermione falou tão baixo que por um momento Ron ficou em dúvida se realmente tinha ouvido a voz da garota ou se fora sua imaginação.

-Então você beijou aquele búlgaro? – A grama na mão de Ron virou pó.

-Não fale de Vítor assim! Nesse tom ofensivo!

Ron percebeu que errara. Tudo o que ele menos queria era começar uma briga. Eles estavam ali para conversar, não era? E eles tinham que ser sinceros. Ron ia simplesmente ter que aceitar.

-Desculpa – Disse ele num fio de voz, olhando pra baixo.

Hermione se espantou. Aquele era mesmo Ron Weasley pedindo desculpas?

-Eu... – Ron parecia bastante sem jeito. Ele sabia que a pergunta era um tanto inconveniente. – Eu só queria saber por quê. Quer dizer, você e o Krum... Eu... Não entendo.

Hermione deu um pequeno sorriso. Ela sempre adorara ver como Ron ficava quando estava constrangido. O jeito que ele desviava o olhar e ficava mexendo com as mãos. Uma gracinha.

-Bem... No nosso quarto ano, eu esperava que uma outra pessoa me convidasse para o Baile, mas... Parecia que eu não existia pra ele. Ele só tinha olhos para as meninas bonitas de Hogwarts e nem percebia o quanto me machucava falando disso na minha frente. Então Vítor me convidou e ele era muito gentil comigo, era bastante agradável. Ele me enxergava como uma garota e eu estava lisonjeada e... Bem, aconteceu.

Ron sentiu seu estômago dar uma volta completa. Não sabia o que falar primeiro: se sentia muito por não tê-la convidado pro Baile e que quebrou a cara ao vê-la estonteante em suas vestes azuis, ou se achava que ela era uma das garotas mais bonitas de Hogwarts, ou perguntar se ela beijara Krum apenas uma vez.

Achou melhor ficar quieto.

Hermione ficou ligeiramente assustada. Ron emudecera. Será que ela foi direta demais? Ela sempre soube que em relação ao Vítor, Ron era meio... Sensível. Resolveu mudar de assunto.

-Mas... – Hermione pigarreou. – Estávamos falando sobre o que mesmo? Ahn... Ah, sim. Sua... Sua briga com a Ginny...

-Ah – Ron parecia acordar de um devaneio. Sacudiu a cabeça. – Pois é... Escute Hermione: - Ele encarava decidido a garota. – Eu... Eu fui ridículo com você. Quando a Ginny me disse aquilo eu fiquei louco. Imagens de você beijando o Krum não saiam da minha cabeça. Então parei de falar com você. Desculpa, Hermione. Eu só faço besteira.

Hermione ainda estava aturdida por receber dois pedidos de desculpa de Ron na mesma noite. Mas, mesmo tocada pelo gesto do ruivo, ela não pôde deixar de sentir uma ardência nos olhos. Lembrava-se exatamente de como se sentira quando Ron tomou aquela atitude.

-Eu fiquei louca, Ron. Me lembro como se fosse hoje quando cumprimentei você e o Harry no café da manhã e só recebi resposta dele – Hermione não conseguia encará-lo. Ouvia a própria voz ligeiramente embargada e amaldiçoava-se por ser tão frágil quando o assunto era aquele ruivo ao seu lado. – Você passou a me ignorar totalmente. Ou fingia que eu não existia ou me respondia de forma rude, grosseira. Me lembro de ter ficado um bom tempo pensando no que eu havia feito pra você agir assim. Como é que eu ia saber que era algo de dois anos atrás? Sabe, eu preferia que você tivesse brigado comigo. Gritado, feito qualquer coisa. Você sabe que o que mais me irrita é não saber de algo. E eu não sabia, não tinha idéia do por que você ficou bravo comigo de um dia pro outro. Você me magoou muito, Ron. Magoou sim, não posso negar. Mas... Por mais que sua atitude tenha sido totalmente imatura e que você tenha me machucado muito, eu te desculpo, Ron. É claro que eu te desculpo. Eu não sei mais ficar sem você.

Ron deu um sorrisinho tímido, mas o azul de seus olhos dizia claramente que o que ele estava sentindo era culpa. Como pudera agir assim com Hermione?

Quando ele descobriu que Krum havia beijado sua melhor amiga ele foi invadido por uma imensa e escaldante onda de... Ciúmes. A partir daí ele teve que admitir pra si mesmo o que ele andava negando havia muito tempo: Ele gostava de Hermione. Não apenas como amiga, mas de uma maneira especial.

Ron respirou fundo. Hermione havia o desculpado, não é? Pois ele tinha que continuar. Ele precisava esclarecer tudo. Arrancou mais um chumaço de grama do chão.

-Bem... Então veio o... O quadribol – Disse muito sem jeito.

-É. Ron, desculpa por toda aquela história de Felix Felicis. Eu sei e você sabe que você é um ótimo jogador. E... E esse é um ponto fraco em você. Eu nunca deveria ter dito que você dependia da poção pra ir bem.

-Tudo bem, Hermione – Ele deu um longo suspiro. – Até eu pensei que estava sob o efeito da poção. O que eu fiz depois é que não tem perdão. Quer dizer... Eu fui pior do que o monte de bosta de dragão que eu normalmente sou. Eu estava magoado e... Acabei metendo os pés pelas mãos.

-Tudo bem, Ron. Tudo bem... Eu... Esqueci. Pronto. É isso.

-Não, não está tudo bem.

-Está sim – Disse a garota num sussurro desesperado e sem pensar segurou a mão dele.

Foi como se seus estômagos dessem cambalhotas. Um gostoso arrepio percorreu o corpo de ambos fazendo-os ofegar. Seus pelos eriçaram-se e seus corações batiam tão freneticamente que seus dedos sobrepostos pulsaram com o movimento apressado em suas veias. Só agora eles haviam reparado em como a noite estava quente. O silêncio não era por falta de palavras e sim por incapacidade de proferi-las.

-Eu fiquei louco, Hermione. Tudo aquilo que a Ginny disse pra mim e mais toda a pressão de um jogo de quadribol simplesmente explodiu quando você entrou no vestiário falando da Felix. Eu... Eu já estava nervoso antes da partida – você sabe como eu fico nervoso antes de qualquer partida – e quando você falou aquilo eu fiquei louco de vez. Eu saí enfurecido de lá e muita coisa passava na minha cabeça, como que se juntando para me torturar em pensamento. Você havia beijado o Krum e ele era rico e famoso e mais velho... Enquanto eu era só mais um Weasley, pobre e... E você achava que eu era tão ruim que precisava de uma poção pra agarrar uma goles...

-Não, Ron! Você não precisa. Eu...

-Eu sei, Hermione. Eu sei que você não pensa isso de mim, mas na hora eu estava tão transtornado que eu me fiz acreditar que você pensava. E ainda por cima a voz da Ginny ficava repetindo na minha cabeça que eu era um fracassado e que eu nunca tinha beijado ninguém, que eu era uma criança, que você tinha beijado Vítor Krum e... E... Daí ela chegou saltitando, toda sorridente, dizendo que eu joguei muito bem e que eu era um jogador realmente bom.

Hermione inconscientemente apertou a mão de Ron. Nunca conseguiria tirar da cabeça o que viu quando entrou no salão comunal depois do jogo.

-Eu... Eu agi sem pensar. Em um momento Lavender estava ali, me elogiando e no outro você estava entrando no buraco do retrato. Eu estava com raiva, mas acima disso, eu estava magoado, ferido. E eu queria te machucar. Eu... Pra mim, era como se você me achasse um palhaço, um idiota, e eu queria mostrar pra você, provar pra mim mesmo, que eu não era. Mas eu acabei sendo muito, muito pior do que um idiota...

-Um idiota supremo? – Perguntou uma vozinha fraca ao seu lado.

-Quê? – Exclamou Ron surpreso, finalmente encarando a garota.

Hermione deu uma pequena risadinha, mas ela tinha uma expressão tristonha, e aparentava como se de repente tivesse pego um resfriado. Ela passou uma mão nos olhos, enquanto a outra ainda estava sobre a de Ron e começou a falar numa voz embargada.

-Eu estava cansada de tudo aquilo. Você não falava comigo e eu não sabia o motivo, daí a gente brigou por causa daquela poção e... Eu fui te procurar, Ron. Eu fui te procurar porque eu queria conversar, me desculpar pelo o que eu falei da Felix. Eu só queria fazer as pazes e ter o meu Ron de volta. Ter o meu Ron, pra que ele me dissesse pra eu dar um tempo nos estudos e relaxar. O meu Ron que fizesse cara de espanto ao ver o tamanho do meu último livro. O meu Ron que se enfurecesse quando alguém me chamasse de Sangue-Ruim. O meu Ron que me protegesse. O meu Ron que fizesse uma piadinha quando o assunto era sério, pra me ver rolar os olhos sendo que por dentro um pequenino sorriso brotasse em mim. – Ela segurou a mão dele com mais firmeza. Não conseguia olhá-lo nos olhos, encarava o lago mais uma vez. – Mas... Mas quando eu entrei no salão comunal... O que eu vi fez meu coração se quebrar em mil pedacinhos e meu mundo cair. Você estava lá... E... E você agarrava aquela garota. Eu quis sair de lá. Eu quis esquecer, eu quis correr... Correr pra bem longe. Correr e não ter que olhar pra trás. Mas os meus pés só me levaram até a primeira sala vazia que encontrei. E eu desabei lá. Eu estava te odiando, Ron. Te odiando como eu nunca odiei alguém. Mas eu sabia, no fundo eu sabia e me amaldiçoava por aquilo, mas eu sabia que todo aquele ódio só tentava esconder... Outra coisa. Aquele ódio tentava esconder outro... Sentimento.

Hermione mais uma vez se deixou levar pela emoção e sem pensar, afundou a cabeça no ombro de Ron. Ele, muito surpreso e sem jeito, levou uma mão até os cachos da garota e ficou brincando com eles distraidamente. Hermione ofegou quando os dedos gelados de Ron roçaram na sua nuca. Ainda mantendo os dedos entrelaçados com os dele, ela levou a outra mão até o seu peito e começou a fazer pequenos círculos com seus finos dedos.

-Desculpa, Hermione – Disse uma voz rouca ao seu ouvido. – Eu sei que eu não mereço ser perdoado, eu... Foi ao mesmo tempo horrível e ridículo o que eu fiz. Mas... Por mais que eu não mereça seu perdão, eu preciso dele. Eu preciso de você.

Era tão bom ouvir a voz de Ron assim, tão de perto, sussurrando em seu ouvido. Era maravilhoso ter os braços dele a envolvendo, a protegendo. Hermione sentia-se como se nada no mundo pudesse os atingir. O cheirinho de Ron entrando suavemente por suas narinas, a entorpecendo... Os dedos dele enrolando um cachinho seu.

Como ela poderia viver sem aquilo? Não era ele que precisava dela, era ela que precisava dele. Ou talvez, eles simplesmente precisassem um do outro.

-Ron... – Sua voz saiu abafada no ombro dele. Agora ela encarava um botão de sua camisa. – Você sabe que eu te perdoei por toda e qualquer coisa que você tenha feito... Quando estávamos na Ala Hospitalar – A voz de Hermione não pôde deixar de tremer. Ela nunca iria esquecer de quando Ron fora envenenado e milhares de medos e aflições a dominaram.

-Aquela sua visita à noite na Ala Hospitalar foi o melhor presente de aniversário que já ganhei – Hermione sentiu Ron sorrir sobre seus indomáveis cabelos. – Você estava lá... Depois de tudo o que eu fiz, você ainda estava lá, sentada naquela cadeira ao lado da minha cama, soluçando preocupada e pedindo para esquecermos de qualquer desentendimento que tivemos e voltarmos a ser amigos. Eu ainda não consigo entender como você conseguiu me perdoar e apagar meses de briga e... Hermione, você é a garota mais incrível que eu já conheci.

Hermione sorriu no peito dele. Eles ficaram em silêncio. Só que dessa vez era um silêncio bom. Eles não tinham nenhum assunto pendente. Nada entalado na garganta. Tudo o que importava agora era ficarem ali, ouvindo a música que tocava ao longe e olhando o lago. De mãos dadas. Ela com a cabeça no ombro dele. Ele enrolando um cachinho dela entre seu dedo.

Parecia que algo que sempre esteve entre eles havia desaparecido. Era como se tivessem atravessado uma barreira. Por um momento, deixaram as briguinhas e infantilidades de lado e simplesmente conversaram. Já não havia nada a se esconder ali. Era mais do que claro o que sentiam um pelo outro. Não haviam dúvidas ou assuntos pendentes. Tudo fora esclarecido.

Eles se sentiam bem consigo mesmos. Finalmente estavam ali, um do lado do outro, sem nada no caminho. Se sentiam ao mesmo tempo eufóricos e extremamente calmos. De mãos dadas, com os dedos formigando. Com os corações acelerados e a mente clara, limpa.

De repente Hermione de desencostou de Ron e sorrindo como boba olhou feliz em seus olhos.

-Amigos? – Perguntou lhe estendendo a mão.

-Hermione! – Ron riu. – Nós sempre fomos amigos – Ele sorria pra ela.

-Então... – A garota inesperadamente ficou corada e Ron notou que a respiração dela estava irregular. – Mais que amigos?

-Ahn... – Ron pareceu ser pego de surpresa. Suas orelhas ficaram escarlate. Ele não tinha muita certeza se o que Hermione falou foi o que ele entendeu. – Como assim?

-Assim.

E enchendo-se de súbita coragem, Hermione segurou o braço de Ron com a mão que antes havia lhe estendido e pressionou seus lábios contra os dele.

Os lábios quentes e macios de Ron. Hermione não podia acreditar que estava mesmo ali e que eram os lábios de Ron – de Ron! – que estavam sobre os dela. Borboletas brincavam em seu estômago.

-Não, Hermione. – Ron havia se distanciado. Hermione ficou sem ar e seu coração pareceu esquecer de trabalhar. Milhares de coisas passaram por sua cabeça em um nanosegundo. O pânico tomou conta da garota, ela não podia acreditar. Então a voz de Ron disse decididamente: - Assim, olha.

E inesperadamente, Ron a tomou em seus braços e beijou-a como deveria ser.

Suas grandes mãos enlaçaram a fina cintura dela, enquanto eles caíam sem perceber, deitados na grama. Os dedos de Hermione brincavam na nuca do ruivo e seus lábios abriram-se deixando a língua de Ron explorar cada canto de sua boca.

Foi melhor do que ela jamais imaginou ser. Um formigamento nasceu da ponta dos seus pés e se estendeu por cada milímetro do seu corpo. Onde as mãos de Ron a tocavam ela sentia como se chamas a envolvessem. Seu coração batia tão rápido que ela considerou seriamente a idéia de que a qualquer momento ele pudesse explodir.

A boca dele estava ali. Depois de tantas idas e vindas, tantas reviravoltas, tantas peças do destino, a boca de Ron estava ali. Junto a dela.

Era inacreditável e maravilhoso. Hermione sentia-se plena e absolutamente feliz. Ela sentia deslizar por entre seus dedos mechas de cabelo ruivo. Ela podia sentir a respiração quente e descompassada de Ron batendo em seu rosto. Ela sentia o gosto de Ron invadindo sua boca, entrando por ela e a dominando por completo.

Todo e qualquer pensamento racional fugiu de sua cabeça. Ela passaria a noite toda ali, sendo beijada por Ron daquela forma. Não... Ela passaria a vida inteira ali. Eles iriam se beijar até todo o ar se esvair de seus pulmões. Se beijariam até não conseguir mais respirar.

Se beijariam pra sempre...

Mas, aquilo infelizmente não era possível e quando Hermione se deu conta, ela e Ron estavam deitados na beira do lago, banhados pela lua e sendo zelados pelas centenas de estrelas, olhando um pro outro, com os narizes roçando e sorrisos bobos idênticos.


*



N/A: Eu tenho que agradecer do fundo do meu coraçãozinho a Gi, porque ela me deu uma luz quando eu empaquei aqui nessa fic. Eu não tinha idéia de como continuar, daí ela me deu uma idéia e, bem... A fic tá aí. =D So... Thanks, Gi! ^^
E, sim, eu vou pedir coments, simplesmente porque eu PRECISO de coments… Então, COMENTEM! =]


Editado: Sim, a última segunda-feira foi dia 16/07/07. Certinho; 2º OBHWF's day. =D 2 anos de canon, 1 ano de fic. Valeu por todos os comentários! ;]

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Comentários (3)

  • Dira

    LindAaaaa! Mas infelizmente não abriu o link pra outra.. :/

    2012-09-20
  • Mi Granger

    Linda, amei **

    2012-02-15
  • Maíra R. Matias

    PERFEITA, não tem o que comentar. A dose certa de emoção que se pode provocar em um leitor.

    2011-07-19
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