Manchas no Passado



5. Manchas no Passado


Alguns dias se passaram desde de a última reunião e praticamente nada mudou na Sede da Ordem da Fênix: Harry e os meninos eram obrigados a fazer a limpeza, o que era difícil, pois a casa parecia não querer uma mudança por causa de seus feitiços antigos. Molly também os ajudava dentro do possível, porque tinha sempre que cuidar das refeições, da casa e participar das reuniões. Gui e Carlinhos às vezes conversavam baixinho num canto da cozinha depois do trabalho para que ninguém os ouvissem; provavelmente era sobre os planos da Ordem. Já Artur andava bastante quieto, talvez pela quantidade de serviço em seu departamento ou talvez por causa de Lúcio Malfoy, que sempre tentava fazer dele uma imagem ruim para Fudge. Moody, Mundungo e outros membros da Ordem só apareciam lá para o jantar e isso de vez em quando. Sirius passava uma parte de seu tempo com Bicuço, que havia transformado o quarto de sua mãe em um verdadeiro ninho com tantas penas soltas no chão, e com Harry, que falavam sobre o passado de sua família e da casa Black. Lupin saía quando não havia reuniões; ele tentava conseguir um emprego para ajudar nas despesas da casa (embora não houvesse necessidade). Tinha quase certeza de que não encontraria um trabalho, mas precisava continuar procurando. Não agradava a Tonks ver o amigo se entristecer quando alguém da Ordem dava indiretas sobre como deveria existir mais espiões em outros lugares na sociedade bruxa. Finalmente, o dia da reunião que decidiria como Ninfadora e o lobisomem fariam na noite do Departamento de Mistérios chegou.
Todos estavam na cozinha quando foi decidido o que seria feito.
- Tonks e Lupin devem se encontrar já na primeira porta do Departamento, pois acho que se ambos atravessarem todo o Ministério chamariam muita atenção mesmo à noite.- comentou Patrikhell, um bruxo alto de olhos verdes e de meia idade, demonstrando um leve tédio enquanto falava e isso foi apreendido por Dumbledore.
- Também acho que seja o mais sensato. Há bruxos que sabem sobre a verdadeira condição de Remo e seria mais do que suspeito ele aparecer com uma auror.- comentou o diretor.
- Graças a quem que o segredo dele foi descoberto?- perguntou Sirius ironicamente, olhando para o teto e fingindo ser uma questão inocente.
Snape apenas lhe lançou um olhar mortal do outro lado da mesa, afinal a
“culpa” era dele. Dumbledore ignorou a provocação. Apesar de ter tentado persistentemente, aqueles dois nunca entrariam num acordo.
- Rowffield, quando será a melhor noite para montarmos guarda na Sala das Profecias?
- Amanhã. É sexta feira e os Comensais aproveitam para sumir no fim de semana, senão seria suspeito para eles. Sempre dizem que têm negócios para resolver, mas creio que nesse tempo de ausência levam informações para o Lord sem que ninguém perceba.
- Bem, qual é o melhor plano que você inventou para que eu entre no Ministério sem que me vejam?- perguntou Lupin.
- Em primeiro lugar, Moody deve trazer duas capas de invisibilidade amanhã cedo para você e Tonks.- continuou Rowffield- Ela deve ir ao trabalho normal no horário e Lupin também, contudo não simultaneamente.
O bruxo fez uma pausa para molhar os lábios e prosseguiu.
- Você, Lupin, deve aparatar no Ministério. Acho que perto da Ala esquerda do quartel de aurores. Lá não passam muitas pessoas e você correria menos apuros em ser descoberto, mas cuidado com movimentos bruscos, senão qualquer pessoa pode constatar a presença de alguém sob uma capa de invisibilidade e ser desmascarado. Não se esqueça que ainda terá sua solidez.
- Se eu for de manhã para o Ministério eu teria que....
- Ficar o dia todo com a capa? Sim- Rowffield respondeu a pergunta de Remo antes de ser completada.- Senão poderiam te ver.
- E se eu chegar mais à tarde?- o bruxo questionou. Na verdade, ele sabia que não seria muito confortável ficar horas e horas debaixo de uma capa no verão.
- O problema é que mais tarde alguns funcionários ficam circulando pelo andar. Se você chegar antes poderá se instalar num cantinho ideal de sua opinião e não ser incomodado por ninguém. Leve um lanche para o dia e a noite.
- Ah, relaxa Reminho. Eu levo um lanche para nós- disse a metamorfomaga num tom excitado dando uma piscadela para o amigo, lhe mostrando que não há problemas quando se está com Ninfadora Tonks ; um detalhe que não passou despercebido por Sirius. Nem parecia que o resto da Ordem os observava.
- É uma boa idéia, srta Tonks- Dumbledore apareceu na conversa- e nos conte Allan, como eles se encontrarão no Departamento de Ministérios?
- Acho melhor se encontrarem às 8 horas em frente da porta preta. A auror terá que dar uma desculpa para Scrimgeour. Diga que tem muito serviço e que passará a noite trabalhando, pois se te virem no Departamento...
- A questão é que não tenho nada de serviço. Essa desculpa de trabalhar até depois da hora não vai colar.- a moça argumentou.
- Deixa isso comigo, Tonks. – Kim a tranqüilizou- eu convencerei Scrimgeour, então tudo se resolve.
- Ótimo. Bem, vocês só poderão sair às 8 da manhã, quando o Departamento terá novamente os funcionários que fazem extras. Do jeito que as coisas vão, os Comensais irão tentaram conseguir mais informações para Vocês- Sabem- Quem. Não vai demorar muito e ele mostrará a cara.
- Alguma pergunta, senhores?- Dumbledore olhou calmamente para os encarregados da missão, que negaram com a cabeça. Tonks estava tão empolgada com a missão que quase fez o movimento num ritmo quase que frenético- Certo, não esqueça Alastor das Capas.
- Pode deixar, Alvo.- respondeu Olho Tonto.
- Boa noite a todos - o diretor de Hogwarts se retirou assim como no outro dia.
Alguns deixaram o local por estarem cansados ou por não quererem conversar
com ninguém, como Snape. Tonks acertava os últimos detalhes com Kim, Molly começava
o preparo do jantar, os Weasley trocavam idéias com McGonnagal e outros dois bruxos. Quando Lupin se levantou da cadeira, sentiu uma mão agarrando seu braço e o arrastando para fora dali, tentou se desvencilhar-se, porém parou quando percebeu (como já supunha) de quem se tratava: Sirius, como sempre. Este vinha com um sorriso de gozo na boca como se estivesse preste a contar a piada mais engraçada do mundo. Na sala de estar, ele o largou e se sentou no sofá em que Tonks cochilara dias atrás, começou a rir incontrolavelmente.
- O que foi dessa vez, Almofadinhas?- interrogou Lupin áspero, embora já soubesse a resposta.
- Ai Reminho, não fala assim comigo- se defendeu Sirius com tom falso ofendido.
- O que foi dessa vez?- repetiu.
- Ora Aluado, não está na cara? A Tonks está a fim de você!
Lupin sentiu um formigamento no estômago que nem conseguiu reagir de
imediato ao que lhe foi dito.
- Você está louco! Tem certeza que Azkaban não te afetou?
- Não me venha com essa conversa, Aluado. Ela virou uma amiguinha muito intima depois da lua cheia, não foi?
- Não, ela apenas se sente culpada por ter invadido minha intimidade.
Sirius o olhou com um ar de segundas intenções.
- Hummmm, e ela invade bem a sua intimidade, Aluado?
- Será que você só pensa nisso? – Lupin rebateu irritado- Olha, é legal que esteja tentando me ajudar a sair dessa solidão, mas já passou dos limites. Ela tem namorado.
- Namorado não é marido já te disse. Pense Aluado, pense e aproveite a oportunidade de amanhã à noite.
- Tenho certeza que se contar tudo, ela dispensaria o mané.
- Tudo o quê?
- Tudo. Que você sente alguma coisa por pela minha prima, que ela é especial para você.
- A única coisa que sinto por Tonks é amizade e respeito. Nada a mais nem a menos.
- Ai, ai Aluado, assim vai perde-la. É fácil, você chega para ela, olha bem em seus olhos e diz: eu te amo, não vivo sem você.
- Pelo amor de Merlim! Que coisa horrível é essa?- Remo começou a fazer um escândalo enquanto dando risadas.
- Ah, tá bom, tá bom. Vou mudar. Ficou muito melado mesmo. Mas é assim que as mulheres gostam e desse assunto eu entendo.
- Não duvido.- Lupin voltou ao normal, se acalmando.
- Olha essa- e Sirius se ajoelhou aos pés do amigo, cujo olhar passou a ser de apaixonado- “ Sabe, acho que pensa que sou um idiota, mas alguma coisa em você me mudou. Não sei o que é, se é esses seus olhos parecidos com estrelas de verão. Já faz um tempinho que a gente se conhece e eu gostaria de ser mais que um amigo. Sei que tem namorado, mas o que sinto por você não é algo passageiro. Realmente, você é especial, não importando o que as pessoas falem de você.”
Black fez uma cara de romântico enquanto olhava para Lupin, que fingia fazer
cara de sério. Achava tudo aquilo uma besteira, pois não sentia definitivamente nada pela auror. Ainda se fitando nos olhos como um casal de apaixonados, ouviram-se uma voz vinda da porta.
- Essa é a coisa mais linda que já ouvi- comentou Ninfadora, apoiada no batente da porta aberta, com uma expressão um tanto chocada no rosto.
- Tonks!- exclamaram os bruxos ao mesmo tempo enquanto Sirius se levantava.
- Bem, eu estava procurando vocês, mas depois do que eu vi, acho que querem ficar sozinhos.
- Não...não é o que está pensando. Somos apenas amigos, A-M-I-G-O-S.- soletrou o animago.
- Relaxa Sirius. Já estamos no fim do século vinte. O homossexualismo já é aceito numa boa em muitos lugares.
- Você não entendeu! O Almofadinhas aqui estava treinando para que eu ...- Lupin começou a perder a paciência.
- Fizesse mais tarde?- a moça completou com um uma sobrancelha erguida.
Sirius pôs uma mão na testa como se tudo estivesse perdido e, desse modo,
Remo percebeu que deu mancada.
- Bem Remo, eu não estou interessada no que vocês vão fazer mais tarde. Só quero confirmar se amanhã está tudo bem.
- Ah....er...está sim. Mas Ninfadora, não é ..... O Almofadinhas só me contava.
- Boa noite e até amanhã. – a metamorfomaga saiu, deixando os dois sozinhos.
Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos sem se entreolharem.
- Você é um idiota. Tinha que ficar se declarando?- perguntou Lupin emburrado.
- Olha, não estou feliz com o que aconteceu. De garanhão fui confundido com um biba.
E Sirius saiu da sala emburrado. Para ele, que foi considerado o maior galinha
de Hogwarts ser entendido como um gay, não era muito animador. Lupin logo subiu para dormir depois de ficar sem companhia lá embaixo. Como podia demonstrar para Tonks que aquilo na sala era mentira?



No dia seguinte, Black acordou cedo. Primeiro por não ter conseguido dormir, segundo, por ser a audiência de Harry. Estava na cozinha refletindo sobre tudo que aconteceu nos últimos anos e na última noite. Adoraria estar acompanhado de alguém, porém precisava de uma mulher e não homem, como pensava Tonks. Aquela cena, de fato, era comprometedora, contudo tinha que mudar sua rotina, arrumar alguém. Sua vida andava muito entediante: poucas pessoas para conversar, não podia sair e suas tarefas na Ordem eram bem restritas. Como almejava estar na pele de Remo naquela noite apenas para ficar fora daquele lugar asqueroso, que é sua Mansão. Precisava mudar sua vida, voltar àqueles tempos de loucuras que era a época dos Marotos. Mas como?
Depois de horas (ou até mesmo minutos) ali, Tonks apareceu na lareira, saindo de dentro dela e se sacudindo toda para tirar a fuligem. Ela olhou Sirius, que retribuiu a ação, e perguntou:
- Dormiu bem esta noite?
- Não, e vo...você? –bocejou.
- Também não. Tinha alguns relatórios para revisar. Onde está o Remo?
- Deitado na cama.
A auror, que estava de cabelos amarelos e crespos na ocasião, fez um sorriso.
- Você e Remo....
- Tonks!
- Ah, desculpe- a moça se corrigiu- meu pai sempre diz que me meto aonde não sou chamada.
- Não é isso. Aquilo foi um mal entendido. Eu e Remo não somos gays, amantes, nem nada. E sou muito macho para sua informação.
- É você quem está falando. Mas mudando de assunto, é hoje a audiência do Harry, não?
- Sim, logo ele terá que ir ao Ministério.
- Nem dormi direito pensando na missão. Puxa minha primeira missão oficialmente, vai ser ótimo. Moody trouxe as capas?
- Ah sim, sim. Ele as deixou aqui ontem mesmo, depois da reunião veio traze-las.- Black lhe entregava distraidamente um pacote lacrado que lembrava uma almofada, estando sobre a mesa da cozinha para Tonks e parecia que havia outro para Lupin igual.
A bruxa abriu a embalagem com magia (porque aquilo não queria se abrir de
jeito nenhum do modo trouxa) e retirou de dentro o que havia: uma capa de invisibilidade roxa lisa. Não era como a de Harry, bem-cuidada e cheirosa. Aquela possuía até alguns remendos com fios de elfos e cheiro de mofo. A moça a vestiu e deu algumas voltas em torno de si, como se ganhasse o mais belo vestido do mundo e quisesse se admirar, embora não podia, pois só a cabeça ficara descoberta e, portando, visível.
- Adorei, será que ele pode me dar depois da missão?- os olhos de Tonks brilhavam, já que sempre quis ter uma daquelas. Mesmo porque, eram bastante raras.
- Duvido. Moody adora colecionar objetos exóticos. Mas está tão velha....
- Não seja por isso. E mesmo porque ninguém a verá- a moça, soltando sorrisinhos com a piada, retirou a varinha de dentro das vestes, apontou-a para o próprio corpo e pensou “limpius” e, em instantes, o odor de bolor desapareceu. Logo, a bruxa se acomodou perto de Sirius.
Lupin chegou de repente na cozinha durante a conversa.
- Olá Remo, É hoje, heim! Dormiu bem?- perguntou Tonks animada, embora estivesse morrendo de sono.
- Não muito. Estava pensando em algumas estratégias para não ser percebido enquanto estiver com a capa no segundo andar.
- Ora, é só ficar na Ala esquerda e não se movimentar muito. Sente no chão se quiser.Ahhhhhhh....meu Merlim, que sono!- reclamou a moça se espreguiçando sentada.
A porta da cozinha mais uma vez se abriu e do outro cômodo saíram Artur e
Molly, que usava um roupão.
- Bom dia.- cumprimentou o sr. Weasley enquanto se ajeitava numa cadeira e a sra. ia para as dispensas para “caçar” algo e preparar.
- Bom dia queridos! Faz tempo que acordaram?
- Mais ou menos. Harry ainda está dormindo?- perguntou Sirius.
- Provavelmente. Se é que ele conseguiu dormir ontem.- respondeu Molly quebrando um ovo na pia vagarosamente.
- Parece que ninguém conseguiu dormir ontem.- comentou o animago.
- Ninguém? Ora, Tonks, você não dormiu? Hoje é uma noite muito importante. Tem que estar com o sono em dia.- Artur comentou enquanto abria o Profeta Diário.
- Na hora eu agüento. Já virei a noite tantas vezes quando era mais jovem.
- Por falar em virar a noite, o que Kim vai fazer para que o Ministério não suspeite de nada?
- Ah, ele disse que ia fingir me passar uns rela...relatórios a mais para serem feitos, assim ninguém vai questionar o motivo das horas extra....as. Acho que nin..ninguém vai desconfiar e ultimamente precisamos disso - ela bocejou algumas vezes.
- Por que diz isso, querida?- perguntou a ruiva, fritando os ovo agora.
- Por que Scrimgeour tem feito a mim e a Kim algumas perguntas estranhas como....
Mas ela se calou porque Harry acabava de entrar no local. Já estava trocado e,
aparentemente, nervoso. Ele tomou seu café da manhã e saiu com Artur para pegar o metrô. Quando eram quase oito horas, Tonks se despediu dos demais, pegou o embrulho de Moody e aparatou. Lupin fez o mesmo. Molly lhe desejou boa sorte antes de subir e ir acordar os meninos para o resto da limpeza.



Tonks aparatou em sua sala conjunta, onde trabalhavam outros aurores. Depositou a capa dobrada de qualquer jeito na mesa ( sim, porque Ninfadora Tonks nunca teve muita paciência para arrumar as coisas corretamente), olhou ao redor e, por sorte, não havia ninguém. Foi até seu armário particular do outro lado da parede e deu dois toques consecutivos com a varinha para que este se destrancasse, já que aquilo era uma código que somente a bruxa sabia, assim ninguém mexia nele. Guardou o embrulho e o selou novamente. Mais uma vez olhou em volta para ter certeza de que ninguém a vigiava. Aproximou-se da cadeira bocejando e pensou: “ Não faria mal se dormisse um pouquinho, a noite será longa”. Sentou-se e tentou organizar os papéis e documentos da mesa, pois nunca se preocupou em faxina. Inclinou-se para frente e, ao fechar os olhos, sentiu algo incomodando sua orelha, dando pontadinhas na mesma. A moça ergueu a cabeça e só então visualizou um memorando sobrevoando-a em forma de aviãozinho de papel. Ainda meio sonolenta, catou o pequeno estorvo com uma única mão de forma mal-humorada, abriu e leu a mensagem que continha.

“Há problemas na Travessa do Tranco na 5a rua à esquerda. A suspeita é de
uso de magia negra com menores. Compareça ao corredor principal para organizarmos as equipes para deter o procedimento.

Kim Shacklebolt”

Ninfadora amassou revoltada o bilhete, fazendo uma careta. Eram sempre essas suas missões: procurar mal-caráteres na Travessa do Tranco, às vezes algum bruxo que usava seus poderes contra trouxas, enquanto os principais culpados andavam livremente pela sociedade bruxa, como Lúcio Malfoy. Saiu de seu lugar, conferiu antes se a porta de seu armário estava realmente trancada, afinal teria que dar uma ótima desculpa de como uma capa de invisibilidade chegou em seus domínios mesmo ela sendo um auror, afinal aqueles artefatos não eram mais fabricados e apenas os antigos da profissão usam. Como explicar que Alastor Olho Tonto Moody teria lhe dado?





Não muito longe dali, Remo aparatava na Ala esquerda do Quartel de Aurores. De fato, era um local bem tranqüilo para se ficar o dia inteiro, embora com certeza seria cansativo. Ali, era uma representação de uma minúscula viela, havendo alguns quadros ao longo e pendurados na parede branca, janelas enfeitiçadas, prateleiras com alguns livros empoeirados, piso quadriculado e frio, um sofá azul e nada, nada para se fazer. Tudo o que era possível seria sentar-se no chão e esperar o tempo passar. Algumas horas depois, Tonks voltou ao Ministério quando acabou de resolver o problema da Travessa do Tranco. Conversando cordialmente com dois aurores que dividiam sua sala, comentavam o sucedido.
- Aquele lugar está cada vez mais infestado de Artes da Trevas- contou uma mulher de uns trinta anos, morena de cabelos lisos e negros, olhos castanhos e óculos com armação negra decorada de enfeites discretos dourados em forma de bolinhas.
- Isso porque o Vocês- Sabem- Quem morreu. Imaginem se estivesse de volta, como diz aquele tolo.- declarou um bruxo um pouco mais velho que Tonks. Ele era loiro de cabelos curtos e cacheados, como um anjo. Possuía também alguns lugares do rosto predominados por espinhas. Seu nome era Richard.
- Existem servos que não obedecem às ordens do mestre. Esses idiotas rebeldes receberão algum castigo bem severo.- murmurou Tonks num tom sério para ela mesma. Por sorte (ou pela missão que fizera) seu sono passou.
- Do que está falando Ninfadora? Você acredita em Dumbledore?- perguntou Laís, a auror de óculos a fitou incrédula por cima destes.
- Por favor! Não, eu não acredito, como poderia?- resmungou, voltando à realidade.
- É melhor irmos para a sala, meninas- Richard sussurrou ao ver um homem que se assemelhava muito com um leão do outro lado do corredor.- Scrimgeour está logo ali.
Assim, quando voltavam para seu local de trabalho, alguém puxou a metamorfomaga pelos passantes na calça, trazendo-a para trás. Ao se virar, ela percebeu que não era ninguém menos que....
- Cris! O que você ...
Mas foi interrompida por um longo beijo do namorado. Os outros dois
aurores fingiram que não viram nada e seguiram seu caminho. O rapaz, a principio, começou a massagear os lábios de Tonks com os seus e, aos poucos, começou a abrir sua boca e invadir a da mulher com sua língua, que explorava tudo fazendo minúsculos círculos contra a de Ninfadora. Encantada com aquilo, pois já conhecia de cor cada movimento de Cris, que sempre a fazia pedir por mais, começou a abraçar o namorado de um jeito possessivo; segundos depois, algo lhe veio a mente e seu sangue estancou: estavam namorando em pleno lugar de trabalho! Aproveitando um dos poucos momentos em que a razão tomava conta de seu ser, Ninfadora se afastou do estagiário e o empurrou com brusquidão.
- Você......você ......enlouqueceu? Scringeour está bem ali.- e a moça apontou para o chefe, que conversava concentrado com uma bruxa perto de uns quadros e nem lhes deu atenção.
- Qual é o seu medo? Perder o emprego? – perguntou com um sorriso, satisfeito por tê-la deixado quase em êxtase.
- Claro. Nós dois. – ela se virou de costas e cruzou os braços contrariada.
- Só que você esqueceu quem eu sou? Sou o sobrinho de Fudge e quem manda mais aqui? Scrimgeour ou Fudge?
A moça se calou. Sabia que quando o namorado queria algo, não desistia assim
tão fácil. E a dominava sem problemas; há tempos que vivia caidinha por aquele gato.
- Mas se ainda está preocupada, podemos resolver- Cris a segurou pela mão e a puxou para leva-la a um outro lugar.
- Onde estamos indo?- perguntou, sendo arrastada e vendo as caras de outros funcionários do Ministérios apreciando a cena curiosa.
- Na Ala esquerda. Não tem ninguém lá e podemos conversar a sós.
Chegando na tal Ala, realmente não havia ninguém praticamente, apenas um
bruxo que tirava pó das prateleiras usando a varinha. Quando pararam de andar, Cris a virou de frente para si e a fez se sentar num sofá azul de dois lugares num dos cantos da parede.
- Querido, nós....
Ele a calou colocando um dedo em sua boca.
- Será que trocamos de personalidade? Você virou a parte do casal certinha e eu a louca?
- Eu não sou certinha!- a moça protestou dando um tapa no peito do rapaz e rindo.
- Você se esqueceu de que dia é hoje?- Cris perguntou enquanto massageava o local atingido pela “mão revoltada” e tentava mudar de assunto.
- Não sei, que dia é hoje?
- Estou falando que estamos trocando de identidade. Geralmente são as mulheres que lembram das datas. Hoje faz oito meses que começamos a nos beijar.
- Oito meses que namoramos? Já?
- Não, o pedido de namoro veio depois. Na verdade, eu queria ver se você beijava bem antes de assumir qualquer compromisso.- ele disse dando uma piscadela e com um sorriso orgulhoso.
- Ora seu.....- Tonks começou a lhe dar vários tapas de uma só vez.
- Brincadeira querida, brincadeira. Assim fico todo dolorido. Então....Onde quer comemorar?- segurando os pulsos da bruxa, que se debatia.
- Comemorar?- a moça perguntou insegura.
- Francamente Ninny, em que mundo você está com a cabeça hoje?- Cris perguntou, enquanto a abraçava.
- Impressão sua. Quais são seus planos?- ela revirou os olhos.
- Bem, tinha pensado em sairmos esta noite.
- E irmos aonde?
- Definitivamente você está estranha. Desde quando se importa para onde te levo?- ele arqueou uma sobrancelha.
- Só quis saber, oras.- ela virou o rosto, contemplando a parede vazia.
- Mas tudo bem, eu te pego as oito no seu apartamento, vamos fazer à moda
antiga.
- Demorou. Eu.....- mas seu sangue parou de circular pela segunda vez naquele dia, porque se lembrou do compromisso que tinha com a Ordem- Ah, não ...eu não posso sair hoje.
- Por que não?
- Bem, tenho que fazer hora extra a noite toda.
- Oras, posso dar um jeito de você ser dispensada essa noite. Vamos Ninny, é o dia do beijo e nós temos que comemorar bem.- ele lhe deu um selinho.
- Definitivamente não dá.
- Querida, você não pode ter tanto serviço assim. O quartel dos aurores não tem trabalhando muito e digo isso porque faço parte dele.
- Não insista! No outro dia a gente comemora. Vamos, é melhor deixarmos esse local deserto antes que dê encrenca.- encerrando o assunto.
- Ai, ai Ninny. – o rapaz olhou ao redor. Não havia ninguém lá; até mesmo o faxineiro se fora, deixando ambos sozinhos- Ninguém quase vem à Ala esquerda do segundo andar.
- É mas.....- outra lembrança veio à mente da garota. Se aquela era a Ala esquerda, então mais uma pessoa lhes fazia companhia. Não se contendo, gritou- Remo!
E tampou a boca com as mãos. Apesar do que acontecia, nunca deixaria de lado
o seu jeitinho impulsivo. Olhando mais uma vez para o ambiente, o corredor vazio de piso frio recém- encerado, perguntou:
- O que você disse?
- Tô morrendo.- sua voz se pronunciou, tentando arranjar uma desculpa urgente, embora aquela fosse péssima.
- Você está morrendo?
- Sim......Morrendo de Sono.
- Ninny, você não disse isso. Você disse Nemo, Lemo, Remo sei lá, mas não disse “morrendo”.
- Como você sabe? Nem consegue me entender direito. Juro que disse morrendo.
- Ah, tá certo, não quero discutir com você, ainda mais hoje.
- Me desculpe, amor, mas é inadiável o que tenho que fazer.
- Claro. Ultimamente tudo é inadiável para você, não? Até mais.- o bruxo se levantou e saiu sem olhar para trás
- Ah, espere Cris, por favor- ela se levantou também mas ficou parada, vendo-o se afastar.
Cristian simplesmente a ignorou e continuou seguindo seu caminho. Depois de
alguns segundos, Tonks foi atrás, porém se encaminhou para sua sala para fazer o relatório sobre o ocorrido na Travessa do Tranco. Conhecia Cris, ele ficava nervoso na hora, mas depois fazia o impossível para tentar recuperar o tempo perdido. Quando saiu, mais alguém permaneceu ali, sozinho, ainda confuso sobre seu estado, pois não sabia se estava triste ou não pelo que presenciara.




Para Tonks, anoiteceu muito rápido, afinal ficou todo o fim da tarde preparando, em parceria com Richard e Laís, o relatório. Para a sorte dos praticantes de Artes das Trevas, o Ministério chegou tarde demais para prende-los e interroga-los. Vasculharam o lugar e nada.Pareciam que estavam organizando uma espécie de “escola das Trevas”, ensinando assim menores de idade a usarem essa magia. Quando terminou sua tarefa, eram sete e meia e Tonks ficou só em sua sala, pois os colegas foram embora. Tomando cuidado e reparando se ninguém a vigiava, destrancou seu armário e, no momento em que retirava o embrulho da capa de invisibilidade, se lembrara de algo: prometeu a Remo que levaria algum lanche para que comessem. O coitado deveria estar desde manhã sem colocar nada no estômago. Procurou no fundo do armário algo para levar na missão. “Uhm, eu tenho aquele pacote de bolachas que comprei outro dia” pensou, sendo assim, iniciou uma busca desesperada por tudo no local, que nem era tão grande assim. Depois que já ia desistir, um pensamento veio a sua cabeça: “Eu comi naquele dia que cheguei atrasada. Não acredito!”, concluiu chutando o armário e ficando uma dor latejante no pé. Se apoiou no sofá de visitas perto da janela em sua sala e outra idéia lhe veio. Sempre deixava um pouco de frios guardado sobre o encanto de conservação de temperatura numa prateleira dali. Como não pensara nisso antes? Brigou mais uma vez com o móvel, sim pois aquilo era uma briga, então achou um pacote de mortadela, queijo prato e uns pães de forma num canto. Depositou tudo numa sacola, pegou sua capa, pôs uma garrafa cheia de água e vestiu e apetrecho de Moody, tomando cuidado de se cobrir por inteira.
Quando estava prestes a sair, Cris entrou no escritório, se aproximou da mesa de Ninfadora e começou a chamá-la pelo seu apelido carinhoso. Olhou em todas as direções e não encontrou nada, quando na verdade, Tonks se espremia contra a parede para que ele não trombasse nela. Se acontecesse, seria um longo tempo de explicações e mentiras. Vendo que a namorada não estava ali ( e que o enganara), o bruxo deixou o recinto. Percebendo que o perigo se fora, a bruxa saiu da sala, levando consigo a comida.
Tomou o elevador e chegou no nono andar. Ninfadora saiu do meio de transporte e começou a andar pelo corredor largo, com tochas nas paredes que bruxuleavam. Quando chegou à primeira porta, não viu ninguém, óbvio, mas sussurrou.
- Remo? Você está ai?- Tirando a capa de sua cabeça, ficando somente esta visível.
Houve um silêncio, pois ninguém respondeu.
- Remo, isso não é hora para brincadeiras. Quando voltarmos vou dizer a Dumbledore que.....
Mas não foi necessário continuar as ameaças, pois Lupin, que estava a uns dois
metros à sua direita, se descobriu e lhe sorriu.
- Está atrasada Tonks. Quase meia hora.- sua expressão nem mostrava que ficara o dia todo sem fazer nada, parecia animado.
- Eu?
- É, são oito e meia.
- É melhor irmos para a Sala de Profecias.- concluiu, caso contrário ficariam a noite toda falando sobre seus freqüentes atrasos.
A auror olhou no relógio e viu que era verdade. Não parecia, mas o tempo que
perdera procurando comida não havia sido pouco.
- Por que está mancando? Caiu?
Tonks nem reparou até então que o pé que chutara o armário estava incomodado
com uma dor aguda, fazendo-a mancar.
- Nossa, eu nem tive tempo de me socorrer. Nem reparei em nada.
- Concordo com o seu namorado. Você está com a cabeça nas nuvens.
A mulher parou um instante para refletir um pouco sobre o que lhe foi dito.
- Agora começou a escutar conversas alheias, Sr. Lupin?- comentou tentando manter polidez na voz, num tom superior.
- Não tive culpa se vocês decidiram conversar onde eu estava escondido. Não podia sair de lá.
- Foi idéia do Cris. Ele queria.....
- Comemorar o dia do beijo?- perguntou dando um sorriso, porem olhando em outra direção.
- É. Você sabe, coisa de namorados.
- Não, não sei. Nunca namorei sério, do jeito tradicional. Foi sempre às pressas.
- Ahn.
E ambos olharam em direções opostas enquanto caminhavam, porém tomavam cuidado para não tropeçar em nada ou fazer qualquer som desnecessário.
- E ai? Está “morremo” de sono?- a cabeça de Lupin finalmente se voltou para a acompanhante durante o percurso.
- Bem, vejo que escutou mais do que eu pretendia. Ao menos, me saí bem da situação.
- Acho que sim, mas foi engraçado.
- Só quero ver como vou me entender com o Cris agora. Ele deve estar pensando que o enganei.
- E isso não aconteceu?- alfinetou ele encabulado, sentindo que não devia se meter, mas a vontade era maior.
Outro silêncio indesejável surgiu na conversa . Chegou o momento de escolherem o caminho a seguirem; eram várias portas para decidirem. Por sorte, Tonks conhecia razoavelmente aquele lugar, portanto não tiveram tanta dificuldade em chegar na Sala Precisa. Às vezes, a metamorfomaga não parecia, porém era muito eficiente.
- É aqui.
- Tem certeza? Não é melhor entrarmos para conferirmos?
- Não. Aposto que há feitiços lá dentro à noite. Nós apenas reforçaremos a guarnição.- a moça retirou completamente a capa de seu corpo, assim como o lobisomem havia feito a momentos antes.
- Certo, então..hum...- ele pensou, estudando o lugar- é melhor você ficar aqui- a segurou pelos ombros, com uma mão em cada um, e a conduziu para a direita, ao lado da maçaneta. Curiosamente, seus dedos formigaram no momento em que encostaram na bruxa.- Eu ficarei do lado esquerdo da porta. Desse modo, ninguém entrará por aqui. Há outras formas para acessar a Sala?
- Negativo, qualquer um deve passar por aqui, até mesmo o você- sabe- quem. O lugar possui feitiços de anti-aparatação. Eu só fui lá uma vez na minha vida- comentou se agachando e sentando o chão, jogando depois a capa sobre seu corpo encolhido, com as pernas perto do tronco, de modo que apenas a cabeça e parte do pescoço ficassem descobertos.
- Sinceramente, é um lugar sem graça. Só tem um monte de bolinhas de vidro esfumacentas. – ela prosseguiu.
- Soube o que aconteceu com Harry? Ele foi expulso?
- Não, eu não soube de nada. Só que, pelo que ouvi dizer, o Ministro estava bem nervoso hoje. Vai saber......mas acho que ele saiu numa boa dessa.
Houve um breve silencio.
- Bem, o que você trouxe para o jantar? – disse Lupin, quando ouviu o estômago roncar.
- Oh, você vai adorar! Pão com mortadela. Típico lanche para ocasiões como essa. Sirva-se!- a moça lhe entregou os ingredientes eufórica.
- Er....não é por nada, mas ... de quando é esse pão de forma?- o bruxo aproximou seus olhos da comida e viu que aquilo se desmancharia ao menor toque.
- Da semana passada, entretanto, você pode dar um jeitinho e deixa-lo fresco. – a auror se divertia com a situação. Nunca imaginou fazer um pic-nic no Departamento dos Mistérios de noite e acompanhada por um lobisomem. Se Cris ou Fudge descobrisse...
- Não vai comer?- ele questionou antes de começar sua janta.
- Não, estou sem apetite.
Remo, que se acomodou da mesma forma que a colega e ainda
tentava melhorar a validade de sua comida, lançou um feitiço nas fatias de pão, que foram postas em seu colo separadas, e o resultado foi que se tornaram fofinhas não se despedaçaram. Abriu os pacotes de queijo e mortadela e começou a ser servir. A cena foi hilária, vendo uma cabeça pairando a uns noventa centímetros do chão e devorando um sanduíche recém-preparado. Ninfadora não se agüentou e começou a gargalhar como se estivesse em sua casa, sem a menor preocupação em ser ouvida.
- Qualé a graxa? – pronunciou Remo com a boca cheia, provocando o ataque de risos ser maior.
- É engraçado ver você comendo com a capa de invisibilidade em cima. Parece uma alma penada.
Ao dizer isso, o homem se engasgou e passou a tossir. Ao ver a situação que o
colocara, a moça pegou um copo que trouxera consigo e o encheu com água, lhe dando em seguida.
- Desse jeito, todos nos escutarão.
- Todos nos escutarão? Foi você quem começou a rir - contou se recuperando.
E ele continuou a jantar, com uma Tonks a um metro pensativa.
- Sabe, quando te conheci, pensei que era com cara chato, ranzinza. Agora vi que você é divertido.- a mulher comentou olhando para frente séria.
- Bem, vou receber isso como um elogio - já terminara seu lanche a arrumava as coisas, lixo, frios e pães em seus devidos lugares.- Pensei que você fosse mais “dominável”.
- Como assim?- ela se voltou para ele e viu sua cabeça ( a única parte visível de seu corpo).
- Ah, você sabe.....mesmo com esses cabelos, pensei que você fosse uma mulher ortodoxa, mais submissa, que não tem um objetivo na vida exatamente.
- E eu não tenho?- ela ergueu uma sobrancelha.
- Eu não sei, por ter sido tímida na festa de noivado talvez tenha tirado essa opinião. Depois do que vi, toda Black era igual ao Sirius: irreverente, incorrigível. Sua mãe era assim.
Houve um silêncio até que Remo continuou.
- Qual é sua verdadeira aparência? Loira? Morena como Sirius?
- Bem, sabe, eu não posso mudar toda hora para minhas feições originais. Elas só aparecem quando estou realmente deprimida e, pelo que me lembro, só aconteceu uma vez na minha vida. Quando repeti um ano do primário.
- Você repetiu na escola?- perguntou Lupin boquiaberto. Pelo o que se lembrava da jovem Tonks, era uma criança que com as armadilhas certas, você a tinha na palma de sua mão. Como seus pais deixaram que chegassem a essa ponto? - Verdade?
- Sim, eu tinha uns ....dez anos. Odiava as aulas, principalmente matemática....huuuu....que ódio que tinha!
- O que você fez para que te reprovassem?- Lupin estava curioso não nem tentava esconder isso e deu outra mordida, observando a mulher.
- Hum.....eu matava aulas, respondia para os professores.....uma vez mandei a minha professora de inglês tomar no...
- Mas em Hogwarts você nunca foi reprovada, não é?- ele a interrompeu bruscamente.
- Não, nunca. Não foi fácil, realmente, porém no primeiro momento em que pus meus pés na escola percebi que aquilo não era brincadeira, então levei as coisas mais a sério. Embora eu tenha segurado minha língua inúmeras vezes para não xingar o Snape. É difícil não ter raiva dele quando se não é sonserino. Aquele puxa-saco.- e Tonks fez uma careta.
- Mas se ficou magoada por não ter passado de ano, por que deixou tudo chegar aos extremos?
- Ah, não. Não fiquei magoada por repetir. Fiquei magoada pelo o que meu pai fez comigo.
- E o que ele fez?- Lupin meio que se arrependeu de fazer a pergunta. Não tinha certeza se desejava mesmo saber.
- Bem, - e suspirou- ele me matriculou num colégio interno: o Saint Brutus, mas na Ala feminina, porque, você sabe, também há a Ala masculina. Isso claro, depois de receber umas boas surras.
- Você bem que mereceu.
- É. Eu era uma menina perversa. ...hum...acho que ainda sou.- e riu fracamente. – A sorte foi que recebi a carta de Hogwarts e, depois de muita insistência da minha mãe, meu pai cedeu e me mandaram para lá.
- Ah, então essa foi a única vez que viu sua imagem verdadeira? Como eram seus olhos?
- Verdes. Diferentes dos “seus olhos de noites de verão”- provocou com um sorriso escárnio no rosto.
- Tonks.... já explicamos toda aquela situação. Eu e o Sirius não somos.....
- Tá bom, tá bom.....já saquei. Desculpe Remo, mas não resisti.
- Dessa vez passa- intimidou o lobisomem.
Mais uma vez houve calmaria entre os dois, até que Ninfadora resolveu
quebrá-la.
- E você? Fale-me sobre o seu passado.
- Eu já te contei noutro dia. Tudo sobre eu e os marotos.
- Sim, mas não contou nada sobre sua vida pós Hogwarts. O que fez?
- Bem, depois de um tempo longe da escola, vi que perdia alguns conhecidos meus. Eu não tinha lá muitos amigos, na verdade bem poucos, mas eram mortes e mais mortes publicadas pelo Profeta Diário. Eu...eu senti que não poderia ver Voldemort matar todos enquanto eu assistia à tudo. Foi aí que me juntei à Ordem. Combati os Comensais da Morte, Harry derrotou o Lord. Arrumei um emprego meia- boca no Beco Diagonal e só.
- Como só? Isso foi há quatorze anos. O que fez depois?
- Ah, nada de mais.
- Vamos, me conte.- a moça tinha um olhar quase que suplicante para que seu pedido fosse atendido.
- Bem, passado algum tempo da .....- ele hesitou- morte de Tiago e Lílian, eu me casei.
- Como? – perguntou ela quase dando um pulo. Lupin, casado?
- É, mas depois de um tempo..... nos separamos.
- Mesmo? Por que?
- Olha, eu não quero falar sobre isso.- ele fitou o nada, virando o rosto. Sua expressão era indescritível.
- Ah, Remo. Ela te traiu?
- Não.
- Vou a traiu?!
- Não.
- Problemas de família?
- Não.
- Problemas financeiros?
- Não.
- Então?
- Tonks, vamos mudar de assunto, sim?
- Ah, eu quero saber. Se não foi traição, o que pode ter sido pior?- a bruxa deu um pequeno sorriso para ajudar Lupin a ser convencido.
- Eu matei nosso filho.- e Remo baixou a cabeça, escondendo o rosto nos joelhos.


N/A:

Olá......tudo bm? Depois de um capitulo longo como esse, devem estar cansados
de ler, mas acreditem.....tudo foi necessário para o futuro da fic. Eu até poderia passar batido pelo dia de Ninfadora ( algumas partes) , mas ficaria algo muito vago e desconexo. A Reunião da Ordem, tive que mostrar certos detalhes......e o flagra de Sirius e Remo, bem, não resisti...como muita gente ficou achando depois do 3o filme que havia algo, achei que seria divertido tr uma cena em que Tonks fica no pé deles......

Estou correndo com a fic, prometo o próximo capitulo será mais dinâmico do que simples descrições......

Agradecimentos:

Camila: Obrigada, espero que continue gostando!! Ateh a proxima.

Marcela Almeida: espero nao tr demorado muito...obrigada pelo carinho e elogios, pretendo colocar o 6o capitulo logo.beijus.

'Kyra*Black: Obrigada pelo incentivo e elogios. Tranqüila que tentarei postar toda semana. Beijos.

Lissin: Não deixarei vocês na mão...a menos que algo muito sério aconteça, claro. Que bom que você gostou da outra fic tambem, assim penso que meus esforços valeram a pena. Obrigada pelos bons desejos.....muitos beijos para você tambem!!

Letícia: sentiu saudades da fic? Acho que vc já percebeu que o Lupin fica em cada situação com a Tonks ....bem constrangedoras. Obrigada pelos elogios, nunca fui lá essas coisas para comédia, mas temos que ir tentando....beijos

Fefa: oi querida......quanto tempo!!!hauahauahauahuahuaua.....Prefiro que me chame de Gude mesmo. Gostei de conhecer suas amigas. Não acabe com sua queratina por mim. Embora as proteínas vão repo-la logo ( olha eu, viajando já em bilogia...), não faça isso! Tentarei atualizar logo. Beijos Gude Potter

Miss Love Lupin* : que bom que gostou do capitulo 4, nunca tive muito jeito para comédia, mas.....sei lá. Obrigada pelos elogios. Beijos.

Elizabeth Bathoury Black: Obrigada pelos elogios, não se preocupe q sei como é quando vc pretende fazer algo, mas não dá certo. Espero que goste da outra fic...a sua tah nos meus favoritos, não tem como não gostar da “matar ou morrer”! Beijos para você também.


Obrigada pelos comentários e tudo de bom....até a próxima, não esqueçam de me deixar feliz comentando ;)

Gude Potter

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