17º Aniversário
Os três amigos aparataram nos jardins d’a Toca. Harry respirou fundo e sentiu aquele aroma tão familiar e que lhe dava a sensação de “casa” que ele só sentia em outro lugar do mundo – Hogwarts – e deu um imenso sorriso. Ele adorava aquela casa. Um segundo depois seu ânimo se foi, esvaziado como um balão quando deixamos seu ar sair. Será que Gina o estava esperando? Qual seria a reação dela quando ele entrasse por aquela porta? E a dele, como seria quando voltasse a vê-la?
Caminharam pelo gramado bem cuidado e entraram na casa. Assim que fecharam a porta, ouviram passos de pessoas vindos da cozinha e logo apareceram o Senhor e a Senhora Weasley, que vinha trazendo um largo sorriso e se dirigiu diretamente a Harry, abraçando-o como só uma mãe abraça um filho e beijando-o no rosto.
- Harry, querido. – Disse ela – Como você está? Deixe-me olhar para você. – afastou-se e correu com um olhar clínico por ele, examinando-o – Hum, está meio magro, como sempre que vem da casa daqueles seus tios. Eles nunca te alimentam direito não?
- Eu estou bem, senhora Weasley. – Respondeu Harry – Não tenho tido muita fome. Sabe como é, a comida dos trouxas não é tão gostosa como a da senhora.
- Oh! Querido, é muita gentileza sua dizer isso. – Respondeu a velha senhora, corando um pouco – Vamos ter tempo de reverter isso, não é mesmo?
- Deixe o rapaz respirar um pouco, Molly. – Disse o senhor Weasley, afastando gentilmente a esposa de cima de Harry e estendendo a mão para cumprimentá-lo – Como você está, Harry?
- Muito bem, senhor Weasley, levando em conta a atual situação. E como vão as coisas no Ministério da Magia?
- Nada bem, Harry. – Respondeu o Senhor Weasley, balançando a cabeça – Nada bem mesmo. O ministério ficou completamente perdido após a morte de Alvo. Apesar da relação entre o ministério e Dumbledore estar estremecida nos últimos tempos, sua morte foi um grande baque para todos nós.
- Depois vocês falam sobre estes assuntos, Arthur. – Interrompeu a Senhora Weasley quando Harry abria a boca para fazer uma nova pergunta, enquanto soltava o filho, a quem acabava de beijar, bem como Hermione – As crianças precisam jantar. Todos para a cozinha! O jantar está pronto esperando por vocês.
Dizendo isso, ela se virou e seguiu pelo corredor em direção da cozinha, sob os protestos de Rony dizendo que ele não era mais criança, enquanto Hermione olhava para ele de canto de olho e sorria. Ela sabia que Rony ficava com muita vergonha de ser tratado assim pela mãe, principalmente na frente dela.
Chegando à cozinha, sentaram-se em volta da grande mesa e a senhora Weasley lhes servia uma deliciosa sopa, a qual os três saborearam com vontade. Não havia mais ninguém acordado, o que decepcionou Harry, que desejava ver Gina. O fato de não encontrá-la ali esperando por ele lhe deu um aperto no coração. Isso significava que ela realmente estava magoada com ele.
Após terminarem o jantar, conversaram um pouco até a senhora Weasley decretar.
- Muito bem, agora chega. Cama para todo mundo. Harry, você vai dormir no quarto de Rony, pois com o casamento de Gui e Fleur, estamos meio sem espaço por aqui. Hermione, Gina já deve estar dormindo, não sei o que aquela menina tem, ela tem estado tão abatida...
- Pode ficar tranqüila, senhora Weasley. – Respondeu Hermione, lançando um olhar significativo para Harry, que fez questão de não levantar a cabeça, mas corando, violentamente.
- Antes que eu me esqueça, Harry. – Continuou a senhora Weasley – Nós marcamos a sua festa para começar às dezoito horas, está bem?
- QUÊ? – Harry deu um pulo da cadeira, derrubando-a – que festa? D-d-do que a senhora está falando?
- Da sua festa de aniversário, Harry. Ninguém lhe disse nada? – Respondeu a senhora Weasley, olhando estupefata para Rony e Hermione.
- Desculpa, cara. Esquecemos de te avisar. – Disse Rony, dando um tapa na testa – Mamãe resolveu dar uma festinha pra você, quando soube que você vinha para cá hoje. Pediu para convidarmos nossos colegas de Hogwarts, então chamamos algumas pessoas. Dino, Simas, Neville, Luna, a Ana Abbot e o Justino também vêm.
- Não, senhora Weasley. Não precisa de nada disso. - Disse Harry – Nunca me importei com esta história de comemorar aniversário. A senhora não precisa ter este trabalho todo por minha causa. Já tem muito com o que se preocupar organizando o casamento de Gui e Fleur, não posso aceitar que a senhora tenha mais esta dor de cabeça por minha causa.
- Não é trabalho nenhum, Harry querido. – Respondeu a senhora Weasley – Não poderíamos deixar passar em branco esta data, não é mesmo? Só se faz 17 anos uma vez na vida. É quando o bruxo atinge sua maioridade, sua independência. Não será nada demais, apenas alguns doces e salgados, um pequeno bolo e nada mais. Fred, Jorge e aquele amigo de vocês, Lino, trarão um pouco de cerveja amanteigada e passaremos um belo final de tarde.
- Chamamos também alguns membros da Ordem, Harry. – Emendou o senhor Weasley – Alastor, Remo, Quin e Tonks estarão presentes.Além da diretora Minerva e Hagrid, é claro.
- Bom, se vocês já tiveram o trabalho de chamar toda esta gente, não serei eu a acabar com a festa, não é mesmo? – Disse Harry, vendo que não adiantava falar mais nada contra a idéia.
Depois disso, todos se recolheram para seus quartos. Harry e Rony entraram no deles, trocaram de roupa e logo estavam dormindo. Hermione, porém, assim que entrou no quarto que dividia com Gina, olhou para a cama da amiga que estava com a cabeça coberta e disse:
- Eu sei que você não está dormindo, Gina. Pode sair daí de baixo.
A menina se descobriu lentamente e olhou a amiga, com uma grande tristeza nos olhos.
- Oi, Mione. Como foi a viagem? Como é que ele está?
- Aparentemente está bem. – Disse Hermione, dirigindo-se para sua cama e pegando o pijama para se trocar – Mais fechado e arredio do que o normal, mais magro e um tanto abatido também, mas podia estar pior.
- Ele está muito abatido? Não se alimentou direito? Bem que minha mãe diz que aqueles tios não tratam bem dele.
- Aquele tio dele é desprezível, Gina. Quase fiz uma besteira hoje, tão irritada fiquei com uma grosseria dele.
- O que foi que ele fez?
- Não vale a pena nem pensar nisso, Ruiva. Deixa pra lá. – Disse Hermione, balançando a cabeça, como se assim fosse conseguir enxotar aquele pensamento da cabeça.
- Mione... – Começou Gina, tímida – Ele perguntou por mim?
Hermione olhou para a amiga, que estava de cabeça baixa, olhando para os pés, sentindo muita pena da amiga. Harry não tocara no nome dela uma única vez durante toda a noite. Não podia mentir para a amiga, então disse:
- Não, Gina. Ele não perguntou por você. – E emendou, quando percebeu o impacto que suas palavras causaram – Mas procurou por você pela casa toda quando chegamos. Assim que entramos, eu o vi percorrer todos os cantos da casa à sua procura.
- Não adianta tentar proteger seu amigo, Mione – Disse Gina, levantando a cabeça e encarando a amiga com uma lágrima descendo pelo rosto - Está claro que ele não sente mais nada por mim. Eu fui muito burra de cair na conversa dele, isso sim.
- Gina, não fala assim. – Hermione se aproximou da amiga, passando a mão por seus cabelos – Eu tenho certeza de que Harry gosta de você. Se ele terminou o namoro de vocês, deve ter tido fortes razões para fazê-lo.
- Não, Mione. – Retorquiu a outra – Ele só queria brincar com meus sentimentos. Ele deve ter percebido que eu estava quase conseguindo superar o que eu sentia por ele e resolveu investir para que isso não acontecesse. E conseguiu o que queria, acabei me apaixonando por ele novamente, perdidamente. Mas eu vou superar isso de novo, você vai ver. Se Harry Potter pensa que pode me fazer de boba, ele está muito enganado.
Dizendo isso, Gina se desvencilhou da amiga, deitou-se em sua cama e cobriu a cabeça novamente, encerrando a conversa. Hermione suspirou e foi terminar de se arrumar para dormir. Ela sabia por que Harry terminara o namoro. Não concordava com o amigo, tentara fazer com que ele mudasse de idéia e não conseguira. No fundo, se ela estivesse no lugar dele talvez fizesse a mesma coisa. A situação dela era diferente, não tinha o mesmo peso que ele sobre os ombros. Estaria junto dele para ajudar, mas a responsabilidade principal sobre o que ocorreria era dele. Por isso respeitava a decisão do amigo. Deitou em sua cama e dormiu.
Harry acordou na manhã seguinte muito bem disposto, apesar de ter ido dormir relativamente tarde. Há semanas que ele não tinha uma boa noite de sono. Enquanto se espreguiçava, levou uma travesseirada na cara e Rony disse:
- Levanta, dorminhoco. Minha mãe está chamando pra tomar o café.
- Já vou, já vou. – Respondeu ele, jogando o travesseiro de volta no amigo.
Arrumou-se e desceu para tomar o café. Chegando lá, encontrou a senhora Weasley conversando com Hermione. Sentou-se e tomou seu café, participando da conversa das duas que era sobre o casamento que se aproximava. Entretanto, ele não prestava atenção na conversa. Estava ficando preocupado com o sumiço de Gina, mas não podia perguntar por ela.
Após o café, ele e Rony foram desgnomizar o jardim, enquanto Hermione disse que iria ajudar a senhora Weasley nos afazeres do dia. Só terminaram o serviço na hora do almoço, quando se lavaram e foram para a cozinha, morrendo de fome.
Assim que entraram na cozinha, ele a viu. Gina estava em pé, junto ao fogão. Ele ficou admirando-a enquanto se dirigia para a mesa e se sentava. Ela estava mais magra, sem dúvida alguma, mas continuava com o corpo lindo. Seus cabelos, vermelhos como o fogo, estavam presos num coque e uma pequena mecha solta teimava em balançar em frente aos seus lindos olhos castanhos. Harry parou de respirar de ansiedade, só percebendo isso quando deu uma topada na mesa, com a dor lhe trazendo de volta a capacidade de raciocinar e assim, conseguir pensar em respirar novamente.
Gina percebeu quando seu irmão e Harry entraram na cozinha, mas não virou a cabeça. Tentou se concentrar no que estava fazendo, mas era tão difícil... Ela sentiu o olhar de Harry em suas costas e sentiu vontade de rir quando ouviu ele dando de encontrão com a mesa e soltando um palavrão baixinho, mas se conteve. Continuou a preparar o prato que estava fazendo para a festa de logo mais, enquanto sua mãe terminava de arrumar a mesa e servia o almoço. Só então se sentou, de frente para Rony e ao lado de Hermione, sem olhar para Harry. Assim que se sentou e se serviu, ouviu ele lhe dizer:
- Oi, Gina. Tudo bem?
- Tudo. – Respondeu a menina, tentando não demonstrar emoção na voz.
- Sua mãe disse que você não tem estado bem de saúde. Está melhor hoje?
- Não foi nada demais, coisa de criança que eu pensei que já havia superado, mas tive uma recaída. Nada que não possa superar novamente. – Disse, finalmente levantando o olhar e mirando-o friamente, desafiando-o.
- Certo! Que bom que você está se recuperando tão bem. – respondeu ele, totalmente perdido. Não esperava uma resposta daquelas, muito menos um olhar tão frio.
Terminaram de almoçar em silêncio. A senhora Weasley, que assistira ao diálogo dos dois com uma expressão de curiosidade no rosto, nada perguntou, nem Rony e Hermione, que se olharam de modo significativo e respeitaram o silêncio dos dois.
A tarde passou rapidamente, e mal os rapazes terminaram de se arrumar, os primeiros convidados já estavam chegando. Os gêmeos, acompanhados de Lino Jordan, chegaram fazendo estardalhaço. Pouco depois, chegaram Neville e Luna, que estavam bem próximos após os fatos ocorridos no ano anterior. Aos poucos, a sala foi se enchendo de pessoas, todas trazendo alguma lembrança para o aniversariante. Grupos de pessoas se espalhavam, conversando sobre os fatos mais recentes, sobre as perspectivas de reabertura da escola, as medidas a serem tomados pelo ministério, o casamento de Gui e Fleur, entre outros assuntos.
Harry estava em um canto da sala conversando com Alastor Moody, que se tornara o novo responsável por coordenar a Ordem da Fênix após a morte de Dumbledore, e Hagrid, quando Remo Lupin chegou acompanhado de Ninfadora Tonks e se dirigiu para ele, cumprimentando-o.
- Harry! – Disse ele, abraçando o rapaz – Meus parabéns.
- E aí, Harry. Beleza? Meus parabéns. – Disse Tonks, literalmente tropeçando em Harry.
- Obrigado, professor Lupin. Obrigado, Tonks. Como vocês estão?
- Estamos muito bem, Harry. Obrigado. – Respondeu Lupin, abraçando Tonks, com quem estava namorando já há algum tempo – Nunca estivemos tão felizes. Mas Harry, já não sou seu professor há vários anos, não vejo cabimento você continuar me chamando de professor. Prefiro que me chame de Remo ou até mesmo de Lupin, está certo?
- Tudo bem, me desculpe. É o costume. Remo, eu precisava mesmo falar com você. Tem um minuto?
- Claro, Harry. – Respondeu Remo, pedindo licença aos outros com um gesto e se afastando com o garoto até um canto mais reservado – O que eu posso fazer por você, Harry?
- Bom – Começou Harry, um tanto sem jeito – Eu queria saber se você poderia me levar para visitar Godric’s Hollow, para eu visitar meus pais e a casa onde viviam.
Remo Lupin não esperava algo desta natureza e ficou surpreso por um momento. Depois, deu um grande sorriso, muito emocionado e disse.
- Eu vivia me perguntando quando você ia querer ir até lá, Harry!
- É, sabe... Eu sei que já devia ter ido, não é? – Disse o rapaz, ainda mais envergonhado – Não sei explicar por que não fui. Acho que não estava pronto, é isso.
- Não, acho que não estava no momento certo ainda. Quando você deseja ir?
- Pode ser na quarta-feira, depois do casamento? – Perguntou o rapaz, levantando o olhar para o amigo, trocando a vergonha por ansiedade na voz.
- Pode sim, sem problemas. Que tal depois do almoço?
- Ok!
Harry saiu, indo procurar Rony e Hermione. Assim que os encontrou, contou sobre sua conversa com Remo e os convidou para ir com ele. Aceitaram de imediato.
A festa continuou animada, com muita música e diversão. Os gêmeos eram os responsáveis pelo maior número de gargalhadas na festa, pois não paravam de fazer das suas. Harry procurava Gina a todo instante com o olhar, tentando flagrar um olhar dela para ele, mas desde o começo da festa ela grudara em Luna e Neville na entrada da cozinha e parecia nem notar que ele existia, rindo e se divertindo a valer.
Mas isso não era totalmente verdade. Assim que Luna e Neville chegaram, Gina pediu à amiga para ficar com eles e que não a deixassem só, não queria correr o risco de ficar sozinha e vulnerável a uma nova investida de Harry. De longe, sempre que ele estava absorto em alguma conversa ela olhava para ele. Como Hermione dissera, ele realmente estava mais magro. Mas não era só isso que estava diferente nele. Havia alguma coisa que Gina não sabia bem o que era e isso a intrigava. Ele estava se portando de maneira diferente, parecia mais seguro, mais senhor de si. Estava deixando de ser aquele garoto que ela conhecera e se tornando um homem. E isso a estava deixando louca.
Por volta das oito horas da noite, chegou a última convidada, a professora Minerva Mcgonagall, nova diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde os jovens estudavam. Cumprimentou os presentes com um aceno de cabeça e se dirigiu para onde estava Harry, Rony e Hermione.
- Harry, meus parabéns. – Começou ela – Desculpe-me pela hora, mas eu tive uma reunião até agora há pouco no Ministério da Magia com o ministro e os conselheiros da escola.
- Sério, professora? – Perguntou Hermione, aflita – A senhora conseguiu autorização para reabrir a escola neste ano?
- Ainda não senhorita Granger. – Respondeu a professora- e este é um dos motivos por que eu estou aqui. Será que eu poderia conversar com vocês um instante?
- Agora, professora? – Espantou-se Rony – No meio da festa?
- Sim, senhor Weasley. – Retorquiu a professora - Eu peço desculpas. Sei que não é a melhor hora e local, mas o assunto é urgente.
- Sem problemas, professora. – Disse Harry – Vamos conversar em outro lugar mais reservado.
Os quatro saíram da sala, dirigindo-se para o andar superior, sob o olhar do restante dos convidados e dos donos da casa, que não estavam entendendo nada do que estava acontecendo. Em seu canto, Gina olhou com amargura para eles e pensou - “Lá vai o trio maravilha de novo. Pelo visso eu fui totalmente excluída deste grupo. E pensar que por pouco tempo formamos um quarteto...” - E saiu, magoada para a cozinha.
O pequeno grupo se dirigiu para o quarto que Hermione e Gina estavam dividindo. Harry estacou na porta, relutante em entrar. Nunca havia entrado ali e não sabia se era uma boa idéia entrar. Rony decidiu por ele quando veio atrás dele e o empurrou para dentro.
Decididamente, entrar ali não fora uma boa idéia. Assim que pisou no quarto, todos os seus sentidos foram bombardeados pela presença marcante de Gina. O quarto era a cara dela, lindo, meigo, delicado. Seu perfume pairava no ar, invadindo-o e deixando-o tonto. Ele estava sufocado. Por um segundo, achou que não ia suportar ficar naquele lugar. Então, a voz da professora Mcgonagall retirou-o do transe em que se encontrava.
- Muito bem, meus caros. Vamos direto ao assunto. Como disse há pouco, estive até agora em uma reunião com o Ministro da Magia e os Conselheiros da Escola. O Ministro está muito relutante em permitir a reabertura da escola. Ele alega que após a morte de Dumbledore, que era sem dúvida o maior mago da atualidade, a escola estaria vulnerável e sujeita a novos ataques e que certamente teríamos alunos mortos se isso acontecesse.
- Mas, professora – Começou Rony – os comensais já conseguiram o que queriam, não conseguiram? Afinal, eles mataram o diretor!
- Sim, senhor Weasley, eles mataram o diretor. – Continuou ela – Mas Hogwarts é muito mais que Dumbledore. Hogwarts é um símbolo de resistência à magia pregada por Você-Sabe-Quem e seus comensais. Enquanto Hogwarts estiver funcionando e ensinando os jovens bruxos a diferença entre o bem e o mal, que todos temos escolha e que estas escolhas é que norteiam nosso destino, seremos uma pedra no sapato na ascensão das trevas ao poder. Com o ataque e a morte de Dumbledore, eles esperam ter desferido um golpe poderosíssimo, desestruturando a base do Ministério, a Confederação Internacional dos Bruxos e a Ordem da Fênix, com um golpe só. E o pior é que eles estão certos. Se não reagirmos, estaremos entregando esta guerra em uma bandeja de prata lavrada por Elfos a nossos inimigos.
- E a reabertura de Hogwarts seria esta reação, não é mesmo? – disse Harry sério, olhando para a professora.
- Sim, Harry. – Ela retomou a palavra – Seria o início de uma reação. Com a reabertura da escola, mostraríamos a eles que não estamos derrotados. Que apesar da grande perda que foi a morte de Alvo, outras pessoas estão dispostas a continuar a luta e impedir que as trevas prevaleçam. Daríamos esperança à comunidade bruxa. Hogwarts funciona há mais de mil anos, independente das situações adversas que passamos, e não pode ser agora que ela venha a fechar.
- E por quê está nos contando tudo isso, professora? – Perguntou Harry, que caminhara até a janela e estava olhando para fora, emocionado. As palavras da diretora haviam lhe tocado fundo. Ele partilhava com a diretora o mesmo amor fervoroso por Hogwarts, mas agora ele tinha outras prioridades. Não podia e não queria se envolver. E não entedia por que estava ali ouvindo tudo aquilo.
- Bem, Harry. – Continuou Mcgonagall após respirar fundo – Alguns dias atrás eu enviei uma coruja para a senhorita Granger, oferecendo-lhe o cargo de Monitora-Chefe este ano. E qual não foi a minha surpresa quando recebi uma resposta dela declinando minha oferta e informando que, tanto ela quanto os senhores, não iriam retornar à escola para o próximo ano letivo.
- É verdade, diretora. – Harry disse rapidamente, olhando de canto de olho para Hermione. Era a segunda vez em menos de 24 horas que era pego de surpresa – Logo após o casamento de Gui nós vamos partir para concluir a missão que Dumbledore nos confiou. Por isso não poderemos voltar à escola.
- Harry – recomeçou Mcgonagall, aparentando muito cansaço na voz – Não vou questioná-lo novamente a respeito desta missão. Tenho certeza de que se Alvo a confiou a vocês foi porque confiava que seriam capazes de executá-la. E que, caso um dia você acredite ser o momento certo para me contar, certamente o fará e eu estarei disposta a lhe ajudar no que for preciso. Neste momento, contudo, o que me trouxe aqui foi outro motivo, mais premente.
- E que motivo foi este, professora? - Perguntou Rony, que estivera quieto em um canto, escutando tudo.
- Bem, como já disse, o Ministro está relutante em autorizar a reabertura da escola. Os conselheiros estão mais propensos a concordar e conseguiram convencer o Ministro, sob algumas condições.
- E que condições seriam estas? – Perguntou Hermione.
- Os conselheiros receberam relatórios sobre o que aconteceu na escola no dia do ataque. Viram que um grupo de alunos, o mesmo grupo que no ano anterior esteve envolvido naquela situação no ministério, ajudou a defender a escola. Na verdade, se os professores não tivessem recebido a ajuda destes alunos, uma verdadeira tragédia poderia ter acontecido naquela noite. Bem, estes alunos faziam parte da intitulada “Armada de Dumbledore”, e ficou comprovado que se tratava de um grupo de alunos interessados em defender a escola e combater os comensais. Naquela noite, estes mesmos alunos ajudaram na captura de onze comensais da morte. E sabendo que a Armada de Dumbledore foi formada e treinada por um bruxo que decididamente está se destacando como um dos maiores combatentes das artes das trevas da atualidade, – E neste instante a diretora apontou Harry, deixando claro que ela se referia a ele - os conselheiros só concordam em reabrir a escola se você, Harry, e a Armada de Dumbledore forem responsáveis pela segurança da escola.
Seguiu-se um silêncio profundo, em que os três amigos tentavam assimilar o que tinham ouvido. Estavam boquiabertos, não podiam acreditar naquilo. A primeira a recuperar a fala foi Hermione, que perguntou.
- A senhora está querendo nos dizer que o ministério só vai permitir a reabertura da escola se nós mesmos, os alunos, nos responsabilizarmos pela segurança da escola?
- ISSO É LOUCURA! – Gritou Rony – Somos alunos! É obrigação do ministério proteger a escola. Nós não podemos, não dá...
- O ministério não possui aurores em número suficiente para enviar em tempo integral para Hogwarts, senhor Weasley. – Disse Mcgonagall – E não se esqueça de que eu vi vocês lutando aquela noite, e posso garantir que vocês são tão bons, se não melhores que muitos dos aurores do ministério.
Harry permanecia quieto, pensando. Não esperava por uma bomba daquelas em sua cabeça. O que ele faria agora? Tinha um compromisso com Dumbledore e o mundo. Tinha a obrigação de destruir procura e destruir as horcruxes. Por outro lado, de que adiantaria ir atrás das horcruxes se, enquanto isso, Voldemort conseguisse vencer esta guerra e dominasse o Ministério da Magia? Então, uma idéia lhe surgiu na cabeça e ele resolveu arriscar:
- Diretora, também acho que poderíamos fazer isso.
- O QUÊ? – Sobressaltaram-se Rony e Hermione, que tinham certeza que ele não iria sequer pensar nesta possibilidade.
- Ah! Qual é? – Ele perguntou aos amigos – Vocês sabem que não podemos deixar a escola fechar. Como ficaríamos se estivéssemos viajando e Voldemort tomasse a escola, o ministério e sei lá mais o quê? Não precisam me olhar com essas caras, eu não estou pensando em desistir dos nossos planos. Ainda não sei bem como fazer, mas tive uma idéia.
- Idéia? Que idéia? – Perguntou Hermione, que estava gostando muito da perspectiva de voltar para a escola e completar o sétimo ano.
- Diretora, é o seguinte. – retomou Harry, voltando-se para Minerva – Nós voltamos para a escola, reativamos a A.D. e ficamos responsáveis pela segurança da escola e dos alunos, com uma condição.
- Condição? – A diretora não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando. Sua idéia era convencer os três a retornar à escola e adiar o que quer que eles tinham em mente até o final do ano letivo – Que condição, Potter?
- Bem, – Continuou Harry, com muito tato, pois registrara o fato de que a diretora o chamara de Potter pela primeira vez na noite – eu preciso de carta branca para deixar a escola de vez em quando, para executar a missão que Dumbledore me delegou. Eu, Rony e Hermione teremos que sair de vez em quando. Claro que informaremos à senhora quando faremos isso, mas não poderemos dizer para onde vamos. Quando sairmos, deixaremos outra pessoa no comando da A. D. A senhora concorda?
- Deixar a escola durante o período letivo? – Assombrou-se a diretora – Mas isso é um absurdo!
- Esta é a nossa condição, diretora. Se pudermos continuar com nossos planos de Hogwarts, será até melhor. Temos algumas pesquisas para fazer e a biblioteca da escola será essencial para isso. – Emendou Hermione, apoiando o amigo.
- Isso sem falar que seria o disfarce perfeito, não seria? – Disse Rony – Se estamos em Hogwarts estudando e cuidando da proteção da escola, não poderíamos estar fazendo outras coisas em outro lugar. É brilhante, Harry!
- O que me diz diretora? – Perguntou Harry – Vamos reabrir a escola?
- Eu não acredito no que estou ouvindo. – Disse ela, olhando admirada para os três alunos – Vocês acham realmente que são capazes de estudar para os NIEMS, cuidar da proteção da escola e fazer o que quer que tenham de fazer ao mesmo tempo?
- Podemos – Responderam os três em uníssono.
- Muito bem então. – Continuou a diretora, trocando a cara de espanto por um leve sorriso de orgulho por seus alunos – E vocês acreditam que os outros vão concordar em reativar a A.D. e patrulhar a escola?
- Por que não perguntamos a eles diretora? – Disse Hermione se levantando da cama onde estivera sentada – Vários deles estão aí embaixo.
Os quatro retornaram à sala e, enquanto Rony pedia para parar com a música, Harry pedia a atenção dos amigos.
- Por favor, eu gostaria da atenção de vocês um momento. Temos um assunto sério que eu gostaria de discutir com vocês, meus amigos.
Assim que todos se calaram curiosos, Harry contou a conversa que acabara de ter com a diretora. Gina estava sentada no sofá, ao lado de Luna e ficou chocada quando ouviu que os três iriam viajar logo após o casamento de seu irmão. Ninguém lhe contara e ela se sentiu novamente traída e jogada de escanteio.
Após contar toda a história – Exceto as saídas que os três dariam eventualmente à procura das horcruxes - Harry perguntou:
- Então, o que eu quero saber é o seguinte. Vocês topam reativar o nosso grupo e estendê-lo, convocando novos alunos em Hogwarts, treinando-os para defendermos a escola?
- E você ainda pergunta, Harry? – Soltou Neville, com um grande sorriso no rosto, levantando-se do sofá onde estava ao lado de Luna – É claro que concordamos. Quer dizer... Eu concordo, não posso responder pelos outros, mas pode contar comigo.
Um a um, todos os antigos membros da A.D. se apresentaram e concordaram com Neville. Até mesmo Fred, Jorge e Lino, que não estudavam mais em Hogwarts se prontificaram a ajudar de alguma forma, revezando entre eles a responsabilidade da loja e da guarda, enchendo Harry de orgulho pela adesão maciça. A única que permaneceu no lugar, de cabeça baixa foi Gina. Até que Harry lhe perguntou.
- E você, Gina? Está conosco?
- Eu nunca abandonaria Hogwarts. – Respondeu ela, levantando a cabeça e encarando-o com um olhar feroz – ou os amigos, se estes confiassem em mim.
- Muito bem, então. – Continuou Harry, absorvendo a patada e dando seqüência ao assunto – Hermione e Gina, quero que vocês enviem uma convocação para uma reunião para os membros que não estão presentes, para a sexta-feira, após o casamento do Gui. Senhor e Senhora Weasley, sei que estarei abusando da hospitalidade de vocês, mas podemos marcar a reunião aqui na Toca?
- Claro, Harry, fique à vontade. – Respondeu a senhora Weasley, que ainda estava meio passada com os últimos acontecimentos e principalmente na maneira como Harry tomara a frente na tomada de decisões.
- Você quer que convoque todos, Harry? – Perguntou Hermione – Inclusive a Marieta?
- Sim, Mione, inclusive a Marieta. Ela errou quando nos entregou no quinto ano, mas ela teve lá suas razões. Não devemos condená-la por aquilo. Agora a situação mudou e ela pode ser importante para o que vamos fazer.
- E por que a reunião deve ocorrer só na sexta, Harry? – Perguntou Luna, daquele seu jeito totalmente avoado – Temos menos de um mês até o início do ano letivo, acho que quanto antes nos reunirmos melhor, não é?
- Bem, Luna – Começou a explicar Harry – com o casamento já tão próximo, não teria lógica agendar para esta semana e, infelizmente, eu tenho um compromisso ao qual já adiei por tempo demais na quarta. Então, acho que até sexta, dará tempo suficiente de contatarmos todos e prepararmos uma pauta para a reunião.
- E será que nós, pobres mortais, podemos saber que compromisso é este que o grande Harry Potter tem, que não pode adiar mais uma vez, ou não somos dignos de sabê-lo? – Perguntou Gina, cruzando os braços e falando da maneira mais sarcástica e ferina que podia. Ela estava com muita raiva de Harry, e queria feri-lo de qualquer forma.
- GINA! – Gritou Rony – Isso é assunto particular do Harry, não interessa a ninguém o que ele vai fazer.
- Calma, Rony. – Disse Harry, olhando para Gina, tremendamente magoado. Não entendia a razão de toda aquela raiva – É particular sim, mas não é segredo. Tenho certeza de que ninguém aqui vai sair espalhando o que vou fazer. Eu vou visitar meus pais, Gina. E a nossa antiga casa. É isso que venho adiando há anos, desde que descobri o que aconteceu com eles. Remo vai me levar.
Aquilo foi uma verdadeira paulada no estômago de Gina. Ela tentara atingir Harry, mas o que fizera voltou-se contra ela com uma força descomunal. Olhou para os presentes, que olhavam para ela com olhar de desaprovação e saiu correndo da sala em direção ao jardim. Harry pediu para reiniciarem a festa e foi atrás dela. Não havia como protelar por mais um minuto que fosse uma conversa com Gina.
Chegando ao jardim, encontrou a jovem sentada num banco, de cabeça baixa e chorando.
- Gina! – Chamou – Podemos conversar?
- O que você quer Harry? – Respondeu – Já não foi suficiente tudo o que fez comigo?
- E o que foi que eu te fiz, Gina? Desde que eu cheguei aqui você só tem me tratado mal...
- Como assim o que você fez, Harry? Você brincou comigo, brincou com meus sentimentos. Sabia que eu era apaixonada por você, e quando viu que eu estava conseguindo me desligar veio atrás e fez com que eu me apaixonasse de novo, só pra me dar o fora depois.
- Não, Gina, eu não fiz isso. Eu terminei meu namoro com você por que tinha minhas razões. Eu ia viajar, não sabia quando ou se iria voltar, não podia continuar com você como minha namorada à distância, não era justo.
- Justo? Justo, Harry? E o que é justo para você, hein?! Quer dizer que no dia que terminou comigo já tinha esta tal viagem planejada e não teve a decência de me dizer? E quando ia me falar, posso saber? Ou não ia falar nada, simplesmente ia embora sem sequer se despedir, é isso? Que tipo de consideração você tem por mim, Harry Potter?
- Espera aí, Gina. Não é assim. – Ela entendera tudo errado, e o pior é que ele não podia explicar os verdadeiros motivos que o levara a romper o namoro.
- Escuta aqui Harry! Eu vou voltar para Hogwarts e me juntar à A.D. Vou te ajudar a proteger a escola, com todas as minhas energias. Mas juro, Harry. Juro que não quero mais saber de olhar para sua cara. Não me dirija a palavra se não for estritamente necessário, para passar instruções ou coisas deste tipo. Não quero mais falar com você, não quero mais ficar no mesmo espaço que você além do necessário. Juro que vou tirar você do meu coração, Harry Potter. Juro que vou te esquecer.
Gina girou nos calcanhares, entrou em casa e subiu para o seu quarto. Harry ficou olhando enquanto ela saia, sem palavras. Depois entrou, sentou-se num sofá e ficou ali, sem noção das pessoas à sua volta, que aos poucos foram embora.
Definitivamente, ele não gostava de seus aniversários. Nunca tivera nada de bom neles. Por que este seria diferente? E tinha começado tão bem... Assim que o último convidado se retirou, Harry subiu para o quarto e se jogou na cama, torcendo para que aquilo tudo fosse um pesadelo e que no dia seguinte tudo voltasse ao normal.
N.A:
Gente, aí está mais um capitulo. Como disse anteriormente, este está um pouco menor. Espero que estejam gostando, por favor enviem seus comentários, críticas e sugestões.
Queria agradecer ao Rafael e ao Daniel pelos comentários, obrigado mesmo pela força. Até o próximo catítulo.
P.S. - 23/07 - Mais um cap repostado. Quaria registrar aqui meus agredecimentos à Alê, que teve todo o trabalho de correção.
Claudio
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