O Dia das Bruxas
Tiago lenvantou cedo naquele dia. Não porque estava disposto e sim porque não conseguira dormir. Resolveu ir para o campo de quadribol treinar. Uma brisa fria batia em seu rosto enquanto voava. Mas mesmo assim não conseguia tirar Lílian da cabeça...
O Dia das Bruxas finalmente chegara. O dia em que ele perderia Lílian para o todo certinho Fábio Prewet, da Corvinal. Nos dias que seguiram ao que Pedro revelou, Tiago viu muitas vezes o rapaz acompanhando sua ruivinha no intervalo das aulas ou fazendo companhia a ela na hora do jantar.
Tentou mostrar a todos que não se importava. Sorria, fazia suas brincadeiras e até conversava com ela as vezes, mas nos momentos em que ficava sozinho, a tristeza batia e o sentimento de perda prevalecia. Era complicado cruzar com casais pela escola, pois lhe trazia a tona lembranças dela, as vezes ficava com odio de si mesmo porque agora ela aceitava conversar com ele (mesmo que fosse apenas um oi...), e com mais raiva ainda por estar sofrendo por alguém que não gostava dele... Ai se Sirius descobrisse isso...
- Hei, Potter! – ele ouviu chamarem lá embaixo na arquibancada. Olhou para baixo e viu Keiko Hayashi acenando para ele.
- O que está fazendo acordada a uma hora dessas? – perguntou ele, sentando-se ao lado da garota.
- Perdi o sono... e você?
- Que coincidência! – disse ele. – Vim treinar um pouco de quadribol, mas não estava com cabeça para isso...
- Eu sei. – ela encarou-o – é por causa da Lílian, não?
Direta ela. Mas pela primeira vez ele resolveu dizer a verdade, ela não estava com cara de quem iria tirar sarro.
- Como você sabe? – perguntou.
- Está na cara – respondeu agarota – esse é o tipo de coisa que você não consegue esconder. Que por mais que você tente esconder, no fim todos ficam sabendo.
Ele confirmou com a cabeça. Sentia-se bem mais leve agora, mesmo que não tivesse exatamente o que estava sentindo, ela o compreendera com um simples olhar.
- Mas não fique mal por causa disso não! – continuou ela. – Não vale a pena. Eu sei o que é gostar de alguém que não gosta de você e a única coisa que se pode fazer é seguir em frente. Há um mundo te esperando e você não pode decepcioná-lo. Pense em todos os seus amigos, todas as pessoas que gostam de você, elas não querem te ver assim...
- Obrigado, Keiko! – sorriu ele – Você não sabe a diferença que essas palavras fizeram pra mim...
- Bom, amigos são para essas coisas – disse ela, simplesmente. Santa sabedoria oriental... – entao, você já tomou café?
- Não... vamos lá, de repente me deu uma fome... – e eles rumaram juntos para o Salão Principal. Lá estavam Lílian e Fábio tomando café juntos (Tiago tentou não ficar prestando atenção), Anna e Edgar ao lado dos dois (“Oh, eles finalmente assumiram...” – pensou ele) e, mais a frente, Sirius e Ken.
- Onde os senhores estavam? – perguntou Ken, fingindo que estava bravo, sendo que, na verdade, quem não tinha gostado de ver os dois chegando juntos fora Sirius.
- Nos encontramos por ai – disse a garota, simplesmente. E sentou ao lado do irmão para tomar café da manhã.
- Sei...
- Baka wa shinanakya naoranai.- disse a japinha, enquanto Ken fechava a cara.
- Quê? – disseram Sirius e Tiago juntos.
- nihon no kotozawa. - respondeu Ken, embora não fizesse muita diferença. Então ele disse – Provérbio Japonês.
- E o que eu disse foi “O tolo só tem cura depois que morre” – respondeu ela enquanto o irmão fazia cara de desdém.
- Ahhh... – disseram os dois, achando graça na discussão dos irmãos.
- Cadê o Rabicho? – Tiago perguntou tentando mudar de assunto. Não queria que pensassem que ele e Keiko estavam... hum... deixa pra lá. Até porque já percebera que Sirius estava olhando feio para ele.
- Sumiu de novo – respondeu o outro, mal-humorado. – Parece que ultimamente ele prefere mais escutar conversa alheia do que passar um tempo com os amigos...
Os irmãos Hayashi fizeram cara de intrigados, mas não perguntaram nada. Em vez disso, Keiko perguntou:
- E o Remo?
- Na ala hospitalar – respondeu Sirius – Ele pegou uma gripe muito forte e a Madame Pomfrey o deixou em observação. – na verdade, era Lua Cheia.
Keiko não fez cara de quem se fez convencido, mas também não comentou nada. A garota tinha o dom de pegar assuntos “no ar”, mas fazê-la comentá-los era uma outra história.
Eles terminaram de tomar café e Ken se despediu deles dizendo que tinha “algo importante para fazer”. Sirius e Tiago disseram que iam para Hogsmeade e Keiko os acompanhou, afinal suas amigas agora estavam “ocupadas”.
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Fábio e Lílian passearam por todas as lojas do povoado. Quando foram a Dedosdemel, o rapaz comprou uma caixa de bombons para ela. Já no meio da tarde, eles começaram a andar pelas ruas menos movimentadas, até que pararam no fim da estrada que sai de Hogsmeade, um na frente do outro.
- Bom... – começou ele – enrolei o dia inteiro, mas não posso mais esperar...
Lílian não sabia o que dizer, sentia vontade de sair correndo dali e, ao mesmo tempo, abraça-lo bem forte.
- Eu gosto de você Lílian... – disse finalmente, após alguns segundos.
- Eu sabia... – disse ela, incapaz de dizer outra coisa.
Ele começou a demonstrar insegurança, pois não recebera a resposta que esperava.
- Na verdade, todo mundo sabia. Eu tentei não demosntrar, ser apenas seu amigo, mas não deu. Quando você aceitou vir para cá comigo, achei que teria uma chance...
- Eu tambem gosto de você, Fábio – ela disse e, quase que instantaneamente, ele abriu um sorriso. – você ocê me conquistou de tal maneira que eu não poderia negar o que sinto, como na maioria das vezes eu faria.
Ele segurou o queixo dela e Lílian fechou os olhos. Pouco depois sentiu os lábios dele colar ao seu. “Era bom demais para ser verdade”, pensou ela; mal conseguia se conter de tanta felicidade. Logo depois eles se abraçaram, e ficaram um bom tempo assim até sair andando novamante pelo povoado, de mãos dadas.
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Tiago olhou pela janela do Três Vassouras, viu Lílian e Fábio passando de mãos dadas. Então estava confirmado, agora não teria mais chance. A única coisa que poderia fazer era se esquecer dela.
Keiko e Sirius se entreolharam, sem saber o que dizer.
- Acho que já está na hora de irmos, não – disse Keiko, por final. – Ainda tem o banquete de comemoração, né?
- Verdade! – disse Sirius – Sem falar que essa noite promete!
Ao se lembrar que seria noite de lua cheia, Tiago rancou tudo que se relacionava a uma tal ruiva de sua cabeça.
- Nossa! Nem lembrava... já está planejado o que vamos fazer hoje, não é?
- Claro, meu caro amigo Pontas! – respondeu Sirius tentando fazer cara de responsável, mas sem muito sucesso.
- Odeio entrar na conversa dos outros – falou Keiko, timidamente – mas eu estou boiando...
- Será que Remo nos deixaria contar a ela? – perguntou Sirius a Tiago.
- Que ele é um lobsomen isso eu já sei... – disse ela, abaixando a voz. A sorte era que o bar estava completamente lotado.
- COMO? – viraram os dois, espantados.
- Bom, além de ele ficar doente e sumir uma vez por mês, na lua cheia como andei reparando, o Sirius me confirmou quando disse que preferia a questão sobre lobsomen, depois que eu disse que preferia a dos kappas porque tinha encontrado um nas férias.
- Cagada... – disse Sirius com um sorriso amarelo – Nunca pensei que alguém fosse sacar com uma dessas, mas se bem que essa japinha capta as coisas muito mais rápido que uma pessoa normal.
Keiko sorriu.
- Vou levar isso como um elogio. – disse – mas podem ficar tranquilos, pois não contei a ninguém. Não sou disso...
- A gente sabe muito bem... – falou Tiago, ainda impressionado com o raciocínio da garota.
- Tá, mas o que isso tem a ver com o que vocês estão planejando hoje a noite?
- Bom – comecou Sirius, com um sorrisinho de quem sabia mais – Apesar de seu raciocínio ter a levado pelo caminho certo, ainda falta um pedaço dessa história...
- E é o que vamos te contar agora! – completou Tiago.
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Após o banquete de comemoração do Dia das Bruxas, os estudantes da Grifinória voltaram para a sala comunal. Tiago, Sirius e Pedro faziam mais barulho que o normal, zoando todos que passavam por eles. Ou melhor, Tiago e Sirius, pois Pedro se limitava apenas a rir do que diziam aos amigos.
Como Lílian estava meio que em outro planeta naquele dia, nem se importou com a bagunça, o que suas amigas não demoraram para perceber.
- Lily, o que o Fábio vez com você hoje? – perguntou Anna.
- Por quê?
- Voce nem está se importando com a bagunça dos marotos...
- Ah... cansei de me importar com eles...
Keiko e Anna fizeram cara de medo.
- Acho melhor nos termos uma conversinha com o Sr. Fábio Prewet – comentou Keiko – pedir para ele devolver a nossa verdadeira amiga...
- Ai, vocês duas... – Lílian riu das amigas. Contara a elas o encontro aos mínimos detalhes na hora do banquete, e agora limitava-se a ficar repetindo a cena em sua mente, cada vez sorrindo mais.
A hora foi passando e no fim apenas restaram os marotos e as três garotas na sala. Eles olhavam impacientemente para elas e, de vez em quando, trocavam olhares com a Keiko. Sirius e Pedro acabaram subindo para o dormitório ao mesmo tempo que Keiko dizia:
- Gente, eu estou com sono... vou pra cama!
- Eu vou também. – disse Anna – Lily?
- Podem subir... eu já estou indo.
As duas subiram e ficaram apenas Lílian e Tiago, um em cada ponta da sala. O rapaz a observava de longe, ela parecia não estar prestando atenção em nada e isso fez com que ele ficasse um pouco deprimido, mesmo tentando evitar ao máximo. Por fim, ela desistiu de ficar lá a toa e rumou para o dormitório feminino.
- Lílian! – chamou-a antes que ela desaparesse na escada.
- Oi?
- Você esqueceu seu livro...
- Ah, verdade! – disse ela, e voltou para buscar o livro que esquecera na poltrona em que estivera sentada. – Obrigada por me lembrar!
- Que isso... ‘dá nada não – disse ele, e antes que ela sumisse mais uma vez – E... Lílian?
Ela se virou intrigada. O que dera nele hoje?
- Boa Noite! – disse o rapaz, sorrindo.
- Boa Noite, Tiago – ela também sorriu e desapareceu em direção ao dormitório feminimo, pensando que talvez Keiko estivesse certa e que Tiago poderia ser uma pessoa legal.
- Finalmente, hein? – comentou Sirius, que voltara para a sala comunal junto com Pedro, carregando uma capa estranha. – Pensei que ela não iria mais dormir...
- Mas foi... – disse Tiago, que recarregara suas energias ao ver Lílian sorrindo pra ele. – Vamos?
- Claro! – dessa vez foi Pedro quem respondeu. O maroto ultimamente só aparecia na hora das aulas e nos momentos de “lua cheia”, fora isso vivia desaparecido por entre os corredores do castelo.
Tiago pegou a capa e jogou por cima dos três, que desapareceram.
- Agora que a diversão vai começar! – disse, por fim.
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