Selando um amor
Selando um amor
Tiago Potter, Remo Lupin, Sirius Black e Pedro Pettigrew estavam no seu sexto ano em Hogwarts. Tiveram um primeiro dia de aula comum. O peso do sexto ano estava recaindo sobre eles.
No Salão Comunal da Grifinória, os alunos ainda estavam fazendo deveres e trabalhos que haviam sido passados pelos professores logo no primeiro dia de aula. Em uma mesa ao canto, Tiago tentava persuadir uma linda garota de cabelos castanho claro e olhos incrivelmente verdes a ajudá-lo com o dever de Transfiguração:
- Ah, Evans, o que custa dividir um pouco dessa inteligência comigo? Não vai lhe faltar depois, é só um pouquinho perto dessa sua inteligência incomensurável – falava Tiago, num tom de quem implora. – Por favor...
- Não, já disse que não! – exclamava Lílian Evans. – Quem sabe no meio do ano, quando eu perceber que você se tornou um homem de verdade, hein?
- Vamos Tiago, deixe-a em paz! Não esta vendo que ela não quer – tentava Sirius, inutilmente, convencer Tiago a abandonar Lílian, que já estava no limite de sua paciência. Sabia muito bem que Tiago amava Lílian loucamente. Já não tinha certeza se Lílian amava seu melhor amigo, pois vivia implicando com ele e criticando aquele jeito medíocre de parecer metido, bagunçando os cabelos, soltando e apanhando novamente um pomo de ouro pelos corredores do castelo e azarando qualquer um que se atrevesse a passar pela sua frente.
- É isso que você quer minha Lily querida? Que eu vá, é isso? – perguntava Tiago, já de joelhos.
- Sim, é isso que eu quero. Vá se juntar aos seus amigos e, aproveitem para treinar para azarar pessoas inocentes amanhã, mas façam isso azarando uns aos outros. – respondeu Lílian, secamente.
- Esta bem, eu vou! – falava Tiago, quase gritando. Não se importava com os rostos curiosos dos colegas virados para eles e nem com Sirius tentando fazer o amigo ridiculamente ajoelhado se levantar. – Mas não sinta a minha falta depois – disse, levantando-se e juntando-se ao seu grupo.
Já não agüentava mais. Lílian era a pessoa que mais amava naquele castelo. É verdade, sentira uma pequena atração pela ex-namorada de Sirius, e também por outras cinco meninas que gostavam de Sirius, fazendo o seu melhor amigo, claro, chatear-se, mas explicava que não era nada comparado ao que sentia por Lílian Evans. Sonhava com o dia em que poderia vê-la, toda de branco, com um véu e um buquê, e dizer “Lílian Evans Potter”.
O mês ia passando, juntamente com a lua crescente, o que significa que a lua cheia se aproxima. Um dos Marotos, amigo de Tiago, tinha um problema, sofria da maldição causada por uma mordida de lobisomem antes mesmo de entrar para Hogwarts. Mesmo assim, Dumbledore, o diretor, aceitou o garoto Lupin. Plantou um Salgueiro Lutador nos Jardins de Hogwarts em cima de uma passagem que levava a uma casinha trancada com muita segurança no povoado de Hogsmeade, para que o lobisomem Lupin pudesse se transformar sem machucar ninguém. Era uma época de diversão para os Marotos. Durante as transformações de Lupin, ou Aluado, apelido dado por seus amigos, eles o acompanhavam e saiam como animais (já que eram animagos), na noite, pelo povoado.
Tiago, ou Pontas como era chamado por seus amigos, se transformava em cervo, Sirius, ou Almofadinhas, em um cão negro e Pedro, ou Rabicho, em um rato. Como era o menor, Pedro apertava o nó no Salgueiro que paralisava a arvore para que pudessem passar pela passagem secreta.
- Aluado, Hogsmeade nos espera! O que acha disso? Estou tão ansioso, não agüento mais não ter o que fazer... Passear um pouco não é uma má opção! – falava Tiago, com seus amigos, enquanto caminhavam pelo jardim.
Lupin nada falou, apenas lançou um olhar feio ao amigo. Quem respondeu no lugar do amigo foi Sirius:
- Parece que ele não gosta de sair por Hogsmeade, não é? Pra falar a verdade, eu não sei como ninguém, seja aqui em Hogwarts ou lá em Hogsmeade, nos descobriu...
- Verdade, Almofadinhas... Sumimos por todo o período de lua cheia e ninguém sente a nossa falta. – falou Pettigrew.
- Quem disse que não sentem a nossa falta? Apenas não sabemos o que acontece quando ficamos fora, não é mesmo? E quando voltamos ninguém pergunta, por que tem medo de ser azarado ou outra coisa do gênero – falou Tiago, em tom de quem agradece a um “eu te amo”.
O período de lua cheia foi passando, durante a noite eles escapavam da Casa dos Gritos e passeavam pelas ruas desertas. Às vezes até invadiam, sem deixar vestígios, o Três Vassouras para tomar um copo de Cerveja Amanteigada.
Os amigos voltaram ao castelo, após o divertido período de lua cheia. Divertido durante a noite, quando saiam. Mas, durante o dia, de quando em quando, três deles voltavam ao castelo como quem não quer nada nas horas das refeições, ou então vestiam roupas diferentes do uniforme para comprar doces da Dedosdemel ou uísque de fogo no Cabeça de Javali.
Após mais um exaustivo dia de aula, ainda tinham uma montanha de deveres a fazer juntando com o atrasado. Eram inteligentes até demais. Todos os alunos e até os professores ficavam impressionados com a capacidade deles. Brincavam durante as aulas e não gostavam de estudar, mas apesar disso faziam os deveres corretamente e os trabalhos que faziam eram os melhores da turma. Se quisessem tempo livre para azarar colegas da Sonserina, não tinham escolha, a não ser sentarem numa das mesas ao canto do Salão Comunal e adiantar o atrasado.
- É... O sexto ano não é brincadeira não. Achei que teríamos tempo livre já que não tem nenhum exame nesse ano. – falou Pedro.
- Calma Rabicho, vamos conseguir adiantar isso aqui antes de todo mundo. Opa! Quero dizer... Quase todo mundo! Evans já terminou, como sempre... – falou Tiago, em tom de quem admira. – Ela, a Evans, é linda e incrível...
- Só não vai babar em cima do dever! Olha aí, eca, já esta de boca aberta – ironizou Remo. – Vamos parar de conversinha, já estamos quase terminando! Ainda vai dar tempo até de passear pelo castelo. E você Tiago, se quiser, podemos te acobertar enquanto passeia com a Evans. Podemos deixar o clima mais romântico, além do mais, não temos nada para fazer mesmo... –falou totalmente de brincadeira, mas...
- Rá! Aí eu quero ver! Eu não, aliás, o Filch! Um dos temidos Marotos passeando pelo castelo de mãos dadas com a melhor aluna da classe! – argumentou Tiago. – Ia ser divertido.
- Não pensei que você não fosse levar a sério... – falou, ou melhor, murmurou Remo.
- Sabe, Pontas, não acredito que Evans queira sair com você – falou Sirius. – Por que não começa a inventar uma desculpa para que ela vá com você a algum lugar?
- Eu tenho uma idéia – falou Rabicho como se as idéias dele nunca haviam sido acatadas pelos outros Marotos. – Fale que tem uma surpresa e leve-a para a Torre de Astronomia. Olhar estrelas com quem a gente ama é maravilhoso... Talvez ela aceite até ficar com você!
- Uau! Boa idéia Rabicho! Está começando a aprender! – exclamou Tiago, com ar de aprovação. Pedro olhou o amigo boquiaberto.
Tiago levantou-se e caminhou até onde Lílian estava sentada, olhando-se num espelho de mão.
- Evans, tenho uma surpresa pra você, acho que vai gostar!
- Aonde?
- Surpresa, você vai ou não vai?
- Lamento, se não sei aonde vou, eu não vou!
- Por favor, só nós dois. Não vou levar a varinha e você pode ir com a sua na mão – insistiu Tiago.
- Já disse que não.
- Evans... - Será que não ia conseguir?
- OK, me convenceu. Mas tem que ser hoje?
Já não agüentava ter que apreciar aquela bonita arrogância sem poder abraçá-la, nem que fosse algo amigável, mas teria vestígios de carinho e afeto.
- Sim. – Tiago parecia não se agüentar de tanta felicidade. Tinha a chance de conquistar o amor da sua vida naquela noite, na Torre de uma das matérias que menos gostava.
- Ah, esta bem. Só por que já terminei meus deveres e...
- Só por que você é muito responsável a ponto de não deixar de estudar para sair comigo, essa resposta combina mais com você. – falou Tiago. Lílian não falou nada. Apenas encaminharam-se ao buraco do retrato da Mulher Gorda. Tiago fez sinal para os amigos o seguirem.
- Ele conseguiu – falaram em coro os Marotos.
E lá se foram os dois, Tiago radiante, Lílian atenta, fria e calculista. Logo atrás, muito cautelosamente, os outros três Marotos seguiam Tiago. Tiago estava achando aquilo tudo muito engraçado e rápido até demais.
- Será que ele consegue? – perguntou Sirius, baixinho. – Acho que não...
- Também acho que não – respondeu Lupin
- E eu também, mas vamos torcer por ele. – falou Pedro.
- Acho que devíamos ajudá-los... E se Filch aparecer? Temos que desviar o percurso dele. – falou Sirius decididamente.
- Concordo. Vamos lá, Rabicho? – perguntou Lupin ao Amigo.
- Sim.
- Armaduras... – falou Sirius. – Vamos ajudar Tiago, coitado, não vive sem a gente. - Os outros dois balançaram a cabeça para aprovar a firmação do amigo.
Tiago estava quase pulando de felicidade, e Lílian lançava-lhe um olhar como se dissesse “patético”.
- Evans, a partir desse ponto eu vou tampar seus olhos com as mãos.
Lílian pareceu não se importar, Tiago veio por trás e colocou sua mão sobre os olhos da sua amada. Ela parecia estar gostando, como se fossem velhos amigos. Achando que ganhara a confiança de Lílian, Aproximou-se mais um pouco. Lílian nada fez. Agora ele estava perto de mais, passando dos limites, ele próprio admitira. Estava cheirando aqueles cabelos macios levemente ondulados. Foi pego de surpresa:
- É melhor você se afastar de mim. – falou Lílian.
Tiago obedeceu, como um cãozinho adestrado. Não poderia estragar aquela noite perfeita.
- Chegamos – disse, tirado as mãos dos olhos de sua amada.
- Torre de Astronomia? O que você pretende me trazendo até aqui?
- Venha até aqui – chamou Tiago, apontando para a janela onde já estava. Lílian hesitou, mas foi. Parecia estar gostando. – As estrelas. Lindas, não? Que nem você. Cada uma tem um brilho especial. E você é como todas as estrelas da constelação. Especial de varias maneiras, brilha, de varias maneiras. Tem inúmeras qualidades, assim com são inúmeras as estrelas do céu. – Tiago se surpreendeu com suas próprias palavras. Estava indo bem, melhor do que esperava. Percebeu que Lílian o olhava totalmente incrédula. Resolveu continuar – Sabe, Lílian, não consigo dizer uma estrela favorita, quando pra mim, o céu é você. Não posso escolher uma estrela no céu e dizer que é a minha favorita, já que aprecio todas as suas qualidades.
- Tiago... nunca pensei que você fosse tão... tão... fofo. Obrigada pelos elogios. Vamos voltar?
- Sabe, - recomeçou Tiago, ignorando-a. - A estrela que mais procuro em você? Ou seja, a qualidade que mais procuro em você? – perguntou Tiago, queria roubar um beijo daquela boca, a boca da garota que tanto ama.
- Não, eu gostaria de saber...
- Todas as noites eu me deito, pensando se essa estrela existe no céu e se essa qualidade existe em você. – Estavam muito próximos. Ela não estava resistindo, será que Tiago conseguira? Não podia acreditar, era agora ou nunca.
- E qual é, Potter?
- É saber, se você teria coragem para namorar o mais estúpido e metido garoto que você já conheceu. – “Será que tinha ido longe de mais?”, pensou.
- Não sei o que estou falando mas...
- Sim?
Tiago havia conseguido. Será que seria um momento especial entre eles só ali, naquela torre? Ou teriam mais momentos especiais? Estavam colados, nariz com nariz, lábios com lábios. Ela parecia que ela amava aquele garoto estúpido e metido. Não estava entendendo como esse sentimento crescera dentro de si tão inesperadamente.
- Te amo, Lily.
- Não acredito no que estou dizendo, mas acho que eu também te amo, Potter.
- Pode me chamar de Tiago, querida.
- OK, Tiago!
Nesse momento, ouviram um estrepito na escadaria que havia ali perto, seguido de um miado agudo, alto e insuportável. Tiago só conseguiu pensar que seus amigos haviam estragado aquele momento especial que eles mesmos quiseram começar. O que estariam aprontando? Era um momento especial demais para confusões, ainda mais ao lado da garota mais certa e inteligente de Hogwarts.
- O que está acontecendo aqui, Madame Nor-r-ra?
Era Filch, o zelador, flagrou Tiago e Lílian, na Torre de Astronomia. Mas não era ali que a gata velha do zelador estava. Apenas olhou e disse:
- Eu volto para cuidar de vocês, seus adolescentes imprestáveis que só pensam em besteira! Agora vou cuidar dos seus amiguinhos podres! – e saiu em direção de sua gata velha.
- Lílian, precisamos sair daqui!
- Ah, não! Ah, não! – exclamava Lílian. – Vamos!
Ao saírem da torre, viram quem tinha provocado aquela confusão. Os companheiros Marotos de Tiago haviam derrubado uma armadura velha, que por sua vez, havia rolado escada a baixo e derrubado mais cinco armaduras. Eles viram o mais novo casal e se juntaram a eles, correndo, ofegantes, com Filch correndo atrás. Esconderam-se numa sala, Por sorte, filch seguiu na direção oposta.
- Colloportus!
- Obrigado, Evans – agradeceu Pedro.
- Será que agora temos uma Marota no nosso grupo? – perguntou Tiago, com uma voz apaixonada, para a sua nova namorada.
- Não quero me meter em confusões. – disse Lílian.
- Não precisa participar das confusões, só do grupo – falou Sirius.
- Ãan... Tá bom! Eu participo!
Era certo que não ia ser pra valer. Lílian nunca iria para as noites frias de Hogsmeade ao lado de um cervo, de um rato, de um enorme cão negro e muito menos de um lobisomem. Mas a comemoração naquela saleta selava o amor de Tiago e Lílian, a comemoração naquela salinha, perto da Torre de Astronomia, onde Tiago fizera uma declaração de amor com palavras que nunca imaginara que iria falar, mas falou, e conquistou a sua amada: Lílian Evans, talvez, a futura Sra. Potter.
Aconteceu tudo rápido demais, rápido mesmo, pensava Tiago em sua cama no dormitório nos meninos. Já não agüentava o peso de que seus amigos tiveram a idéia que ele tentou ter em cinco anos em apenas um minuto. “De que importa?”, pensou, “Tenho a Evans e não vou deixa-la escapar.”.
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