O Príncipe Mestiço
O Príncipe Mestiço
CAPÍTULO I
" Aos dezenove dias do corrente mês foram mortos o Sr. e Sra. Brown .Apesar de trouxas , eram muito conhecidos na comunidade bruxa por seu trabalho junto ao Ministério da Magia, ,já que este era Primeiro Ministro da Inglaterra. Investiga-se o envolvimento de Comensais da Morte ,pois sem poupar quaisquer esforços ,empenhou-se a polícia londrina na busca dos mesmos.
- Não me surpreende saber que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado tenha feito tal atentado.
Joseph não mediu esforços em nos ajudar quando procurado por mim e posto a par dos últimos acontecimentos em nossa sociedade. Muitas dessas tragédias repercutiram com crimes insolúveis ou calamidades entre a sociedade trouxa.- citou Milicent Bagnold ,Ministro da Magia - Infelizmente perdemos um grande colaborador nestes tempos tão sombrios."
" A Sra. Dibgy desapareceu ontem após ter saído do famoso bar "Cabeça de Javali" . Quem souber seu paradeiro favor entrar em contato com a seção Desaparecimentos de Bruxos ,situada no Ministério da Magia. A família agradece qualquer informação ..."
Fonte: "O PROFETA DIÁRIO"
O correio matinal mal tinha chegado , e Ravena ainda desembrulhava sua correspondência quando foi chamada na sala do diretor da escola. A menina de quatorze anos prontamente levantou-se , e seguiu a mulher alta com um traje verde - esmeralda que havia lhe transmitido o recado.
As duas caminharam em silêncio através de corredores decorados com quadros e tapeçarias em quase toda a extensão das paredes. Pararam ao fim de um corredor onde uma enorme gárgula de mármore se erguia majestosamente.
A mulher mais velha que também usava um enorme chapéu pontiagudo verde falou:
- "Delícia Gasosa" - e imediatamente a águia,como se tomada por vida, saltou para o lado dando espaço a uma escada de pedra - " Por favor , Srta Brown ,o diretor a espera". E dando meia volta se retirou.
Ravena começou a subir as escadas sabendo exatamente o que iria encontrar no final.
Perdera a conta de quantas vezes já entrara ali desde que começara a escola, quatro anos atrás . Ela lembrava como se fosse hoje, Tudo era estranho e novo. De onde vinha, nenhuma daquelas coisas fariam o menor sentido, mas desde que entrara em Hogwarts sua vida mudara por completo. Ela não era mais a proeminente filha do Primeiro Ministro Britânico, era apenas Ravena Brown, e fosse o que fosse no outro mundo, ali ela era reconhecida por sua inteligência. A Srta. Brown era uma das melhores alunas de Hogwarts, pena seus pais serem trouxas ,diriam alguns, mas ela não se importava, preferia estar ali a ser paparicada em seu mundo. Ali ela seria reconhecida por seus esforços e não por uma conta bancária ou um almoço com a Rainha.
Ela devia muito ao professor Dumbledore, o diretor da escola, fora ele que conseguira a muito custo que seus pais a deixassem ir estudar lá. O diretor era como um segundo pai para Ravena ,ela praticamente lhe devia a vida, caso contrário estaria em algum internato com meias até os joelhos e aturando sandices. Não, decididamente ser bruxa foi a melhor coisa que lhe acontecera. Ela nunca se sentira parte daquele mundo fútil em que vivia, depois quando começou a fazer coisas que eram inexplicáveis, a coisa piorou.
Refletindo melhor ao chegar no topo da escada, seus pais haviam cedido muito rápido ao destino que Dumbledore havia anunciado a eles. Talvez as "coisas estranhas" que ela fazia tivessem literalmente carimbado seu passaporte para Hogwarts. Encontrara ali seu verdadeiro lar e nunca duvidou disso desde que entrou pelas portas do Salão Principal.
A porta a sua frente se abriu dando lugar a uma atmosfera acolhedora. Mais paredes apinhadas de quadros onde pessoas se mexiam a todo momento, isso há muito deixara de ser novidade para Ravena.
-Entre ,Srta.Brown - uma voz ecoou pelo escritório - Sente-se por favor.
-Bom Dia , professor - disse a menina sorridente sentando-se em frente a uma escrivaninha de madeira cheia de papéis e vários outros itens de decoração.
O escritório estava apenas iluminado por um archote, fazendo com que aquele lado permanecesse numa penumbra. Emergindo dela para a mesa ,movia-se uma figura de longa barbas brancas com uma veste de um azul turquesa intenso, e finalizando o um oclinhos meia-lua acima do nariz. Este era Alvo Dumbledore ,o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts , e a quem Ravena devotava grande respeito e admiração. Ele se aproximou da mesa como se flutuasse e com a voz serena falou:
- Ravena eu a chamei aqui por que tenho algo a lhe dizer ,e justamente por ter tanto apreço por você ,essa tarefa se torna a cada minuto mais penosa - disse-lhe ele - Conheci seus pais a 15 anos precisamente ,quando você ainda nem era nascida. - ele parou e encarou-a ,mas a expressão no rosto da menina era de total espanto.
Já tivera várias entrevistas com o diretor ,e era a primeira vez que ouvia-o falar com tal intensidade da amizade com seus pais. É claro que Ravena sabia que eles haviam se conhecido quando o Ministro da Magia apareceu para seu pai no primeiro mandato deste como Primeiro-Ministro Britânico. Dumbledore acompanhou o Ministro nessa ocasião, e depois houveram outras visitas que vieram a se intensificar nos últimos anos e estreitar de vez a amizade entre os dois. No último ano antes de Ravena entrar para Hogwarts, não houve uma semana na qual não recebessem o diretor em sua casa.
Quando levantou seus olhos para o rosto do diretor ,Ravena pode perceber que estava mais cansado e pálido do que de costume. Seus pequenos olhos verdes encontram os penetrantes olhos azuis do professor atrás dos oclinhos de meia-lua. E a voz dele soou agora impregnada de sentimentos:
- Sabe ,Srta. . Quando convenci seus pais a deixarem vir tinha certeza de que daria uma excelente bruxa. Nunca conheci ninguém com tantos talentos que nascesse trouxa, por favor não me leve a mal ,sim?! Você é uma exceção à regra , me orgulho imensamente de tê-la em meu quadro discente. Tenho certeza que fará grandes coisas ,mas nesse momento Ravena ,a coisa que mais me preocupa e prendê-la à promessa de que , seja o que for que eu lhe diga nos últimos minutos de sua visita, você não deixará esta escola. Promete?
A menina assentiu com a cabeça com a expressão mais preocupada do que antes , seu coração começou a dar pulos e sua respiração tornou-se alterada.
E apesar de toda aquela tensão no ar ,a voz que lhe chegou até os ouvidos era calma e pausada ,como se escolhesse cada palavra e dosasse a intensidade de seus efeitos sobre ela. E se isso fosse verdade o que estava para ser dito era terrivelmente doloroso para ela. De uma salto pôs -se de pé e mais do que rápido as palavras saíram de seus lábios:
-Professor ,o que aconteceu aos meus pais? - Não havia medo naquele olhar, apenas uma infinita tristeza como se já soubesse o que iria ouvir...
-Sinto muito pelo que vou lhe dizer e pelo sofrimento que vou lhe causar ,mas infelizmente Ravena nem sempre poderei impedi-la de sofrer. Seus pais foram mortos ontem á noite.
O diretor a fitava enquanto grossas lágrimas caíam de seu rosto em pares. Os braços se abriram e a envolveram num caloroso abraço paternal. Por último ele disse:
- Fique tranqüila sei que não possui parentes próximos . Hogwarts será sua casa agora e tenho certeza que no momento não poderia achar um lugar melhor ,estaremos sempre aqui para quem nos procurar. Agora você voltará ao seu mundo, sua presença é esperada no funeral amanhã e um auror destacado pelo Ministério irá acompanhá-la disfarçado ,certo? Temos sérias desconfianças que seus pais foram mortos por ordem de Lord Voldemort.
Ravena ainda estava tonta com os acontecimentos e todas essa informações giravam ao mesmo tempo em sua cabeça. No momento ela precisava encher seus pulmões de ar puro. Seguiu para a porta do escritório e a voz do diretor ainda a alcançou:
- Não se esqueça de que me fez uma promessa, Ravena. Eu a espero aqui de volta amanhã.
A porta se fechou atrás dela.
Conforme o combinado com o diretor, um auror acompanhou Ravena durante todo o processo doloroso ao qual a menina se viu submetida. Apesar daquele mundo já não significar muita coisa na vida da menina ,a falta dos pais era dolorosa.
Seus olhos iam grudados no vidro da limusine, a chuva batia contra ele fazendo com que ficassem esfumaçados. O carro percorreu Londres e levou-a até sua antiga casa. Depois de todas as providências tomadas ,ela refez o caminho de volta que a levaria para Hogwarts. O auror ao seu lado já não parecia tão incomodado com as roupas de trouxa que vestia ,mas Ravena achava que como ela ,ele também ficara feliz de estar indo embora.
Ao chegar na escola, Rita a esperava. Rita Skeeter era sua melhor amiga ,chegaram juntas a Hogwarts e desde então se tornaram inseparáveis. A amiga quisera acompanhá-la ,mas Dumbledore não achara bom expor as duas meninas ,já era imprudente Ravena ir mesmo contando com a proteção do Ministério. A série de ataques a trouxas e bruxos estavam aumentando consideravelmente nos dois mundos. O Ministério da Magia tinha empenhado todo o seu quadro de aurores atrás de Comensais da Morte.
Apesar de todos esses esforços por parte do Ministério ,a guerra que antes era velada ,ganhou contornos mais definidos e alcançou maiores proporções. Voldemort parecia exercer uma estranha fascinação sobre os seus comandados, e com isso também aumentava o número de bruxos a seu serviço.
A caça aos Comensais tornou-se implacável e muitos bruxos foram presos. Isso também criou um grande problema para o Ministério ,pois muitos desses bruxos alegavam que só obedeciam as ordens de Você – sabe – Quem por estarem sob efeito da Maldição Imperio. O que tornavam os julgamentos mais extensos ,pois era difícil se provar que esses bruxos agiam sem estarem dominados por qualquer feitiço.
Cada vez mais as pessoas evitavam sair de casa no mundo trouxa . Enquanto no mundo bruxo ,famílias inteiras cercavam suas casas de feitiços para se protegerem. Havia uma preocupação dos pais em deixarem seus filhos a salvo , e Hogwarts era perfeita para isso. Com a proximidade das festas de fim de ano ,muitos pais preferiram manter seus filhos na escola. Afinal não havia lugar mais seguro no mundo , e com as manchetes do “ Profeta Diário “ a cada dia revelando mais mortes e desaparecimentos , era a melhor alternativa.
A escola nunca estivera tão cheia na noite de Natal, apesar da ameaça crescente lá fora ,a atmosfera em Hogwarts parecia alheia a isso.. Ravena e Rita estavam justamente comentando sobre esse assunto ,quando Dumbledore começou seu discurso antes da ceia.
-Meus caros alunos e professores – ele estava sobre o púlpito e seus olhos azuis brilhavam atrás dos oclinhos de meia- lua. – Fico feliz por poder estarmos juntos numa data como essa ,porém é inevitável que reflitamos sobre o motivo real que nos une aqui nesse momento. Não há na realidade o que se comemorar , a nossa luta ainda esteja longe do fim. É por isso que peço a todos vocês ,que se encontram aqui protegidos ,que façam desse elo mais um motivo de união. Somente essa força pode derrotar o que nos espera lá fora .- e como se penetrasse em cada mente ali presente ,continuou – Não importa que tenhamos pensamentos diferentes ,ou origem distintas. O objetivo de cada um e de todos hoje, é o mesmo ,combater a força das trevas. Vocês estão aqui longe de suas famílias pelo receio que elas sentem em tê-los ao alcançe desse mal. Hogwarts sempre estará aqui para quem procurá-la ,mas ficaremos felizes em poder contar com todos para que mais pessoas possam desfrutar dessa harmonia que hoje estamos tendo aqui.- e encerrou dizendo – Que venha o banquete.
Apesar do tom duro do discurso ,uma chuva de aplausos irrompeu o ar. Em seguida uma profusão de pratos diversos desfilava diante dos olhos dos alunos. Rita virou-se para Ravena e disse.
- Sabe ,Ravie – e se serviu de um pedaço de perdiz – Papai e mamãe preferiram que eu ficasse aqui por causa de Dumbledore. Eles disseram que Você – sabe – Quem não ousaria atacar a escola tendo ele como diretor.
- Seus pais estão certos ,Ri – e olhou para a mesa dos professores – Dumbledore é um grande bruxo. Eu não acho que Voldemort ... - e dizendo isso provocou um desconforto na amiga - Você sabe que não me incomodo de dizer o nome dele, acho que o medo de pronunciá-lo o faz ganhar mais força. Acho que ele não gostaria de um embate com Dumbledore agora.- e fitando o rosto assustado da amiga ,concluiu – Quer saber ? Voldemort não chegou ainda ao ápice de seu poder , e temo por isso.
- Admiro sua coragem em falar o nome dele assim – e a amiga a encarou – Eu não gosto de pronunciar esse nome. Não sei parece o indício de um mau presságio ,não é?
- Não. Acho que as pessoas temem aquilo que não conhecem – e servindo-se de pudim – O que na realidade não é o caso. Sabemos exatamente quem ele é.
Elas terminaram a conversa por aí. Acabaram a refeição e dirigiram-se para a sala comunal da Grifinória. Não tocaram mais no assunto e deitaram-se para dormir.
Levando-se em conta todos os acontecimentos que surgiram ao longo dos meses seguintes ,o ano letivo acabou sem maiores problemas .Rita foi para casa ,enquanto Ravena ficou na escola. Dumbledore a chamou certo dia para uma conversa em seu escritório , e como sempre Ravena se dirigiu ao corredor onde a enorme águia de pedra guardava a entrada da sala do diretor. Subiu as escadas ,e bateu na porta. Lá dentro uma voz ordenou.
- Entre ,Srta.Brown.
Dumbledore estava em pé ao lado da lareira ,e virou-se ante a entrada da menina. Indicou-lhe a cadeira em frente a sua mesa ,e sentou-se também.
- Ravena eu a chamei aqui ,porque esse ano você prestará ,como já deve saber , o exame para o N.O.M.s . Sei que você tem um leque vasto de opções para escolher uma carreira ,já que possui notas excelentes em todas as matérias . Por isso mesmo gostaria de debater esse assunto com você ,antes que tenha a entrevista com a professora McGonagall , e faça a sua opção.
- Bom ,professor – disse –lhe ela escolhendo as palavras – Eu gostaria muito de ser uma auror. E tendo em vista minhas notas e o que está acontecendo ,tenho certeza de que é uma opção muito válida. O que o sr. acha?
- Acho que sua escolha é bem acertada ,e se me permite , madura. – e fitou-a através de seus oclinhos – Para ser sincero ,srta. ,não esperava outra atitude de sua parte. Você tem me surpreendido a cada dia, e acho que dará uma excelente auror. Fico muito feliz com sua escolha. -Falarei com a professora McGonagall , e quando chegar a hora prometo que empenharei esforços junto ao Ministro.
- Obrigada ,sr. – e sorrindo-lhe – Fico feliz também que aprove . Sabe como o considero ,não é mesmo?
- Sim ,srta. Sei e agradeço sua afeição – e retribuiu o sorriso – Infelizmente terei que lhe pedir desculpas ,mas tenho que me ausentar no momento.
- Sim ,claro ,professor.- e dizendo isso se levantou e foi em direção a porta.
Olhou para trás e viu o diretor desaparecer nas chamas verdes da lareira.
CAPÍTULO II
O quinto ano em Hogwarts começou atribulado com tantas mortes acontecendo ,mas os alunos estavam salvaguardados dentro do castelo. Ravena e Rita tiveram suas respectivas entrevistas com a diretora da Grifinória, Minerva McGonagall. E como Dumbledore já antecipara para a professora, Ravena confirmou sua opção pela carreira de auror. Estava então tudo acertado, ela precisava apenas manter suas boas notas ,o que não consistia em muito esforço.
As duas amigas viviam estudando juntas, na biblioteca ou na sala comunal. A chegada dos exames, ao invés de enervá-las como aconteceu com os outros alunos, acabou por gerar apenas a expectativa comum de qualquer aluno bem aplicado. Outro ano chegara ao fim, porém as coisas que aconteciam envolta da escola se tornaram mais assustadoras, e acabaram por contaminar o ambiente dentro dela. O clima de tensão estava instaurado em todas as esferas do mundo mágico.
Apesar de não sair de dentro da escola no verão, Ravena recebia correspondências de Rita, e lia o jornal todos os dias. Era notório que todos os esforços empreendidos pelo Ministério não estavam surtindo o efeito esperado, para ela isso resumia-se no simples fato de que o próprio Ministério estaria infiltrado com agentes inimigos.
Já estavam quase começando o novo ano letivo, quando Ravena recebeu suas notas de N.O.M.s. Ela havia conseguido um ótimo resultado, e esperava anciosamente que Rita também obtivesse. A resposta veio no mesmo dia em uma mensagem da amiga dizendo que também fora aprovada. Ravena procurou falar com Dumbledore, mas nas últimas semanas ele se ausentava constantemente da escola.
O sexto ano começou e com ele uma onda de assassinatos de aurores. Todas elas ilustradas nas páginas do “Profeta Diário” e mesmo assim, o Ministério continuava prendendo os Comensais. Os enviavam para a prisão de Azkaban, que ficava numa ilha e era guardada por dementadores. Seres esses que estavam entre as piores criaturas existentes no mundo, e viviam das piores lembranças das pessoas. Quando um preso era condenado a levar um beijo de um dementador, estava fadado a se tornar um ser abjeto. Sua alma era sugada, ou seja Azkaban era o pesadelo na vida de qualquer bruxo, mesmo sendo ele um Comensal da Morte. Sendo assim muitos deles não resistiam, e delatavam seus companheiros ou ficavam definitivamente malucos.
Rita estava sempre excitada lendo todo o jornal. E particularmente naquele dia resolveu transcrever na íntegra toda a matéria que havia lido sobre os comensais no meio da aula do profº. Binns. Como a aula era monótona, Ravena não se opôs em ouvir a amiga, ela sabia o quanto isso significava para Rita. O sinal indicando o fim da aula soou, e ambas desceram as escadas em direção ao salão principal onde almoçariam.
Após o final da refeição Ravena subira para falar com a professora Minerva a respeito de um trabalho, quando entrando no escritório da professora notou a presença do diretor e de mais um homem que devia estar lá pelos seus quarenta anos, tinha cabelos castanhos claros e um rosto coberto de cicatrizes. Deteu-se por alguns segundos antes
de demonstrar sua presença já que eles não pareciam tê-la visto. O homem das cicatrizes estava falando e Ravena pode ouví-lo dizer
- Precisaremos achar uma nova sede para a Ordem, Alvo. – e o diretor assentiu com a cabeça.
- Sim, Alastor. Eu concordo, contudo creio que devemos discutir isso em outra oportunidade, pois nossa conversa não é mais sigilosa. – e virando-se para onde Ravena estava em pé completou – Boa Tarde, Srta. Brown.
- Boa Tarde, professor. Desculpe-me eu não tive a intenção de incomodar – e indicando a porta, continuou – A porta estava aberta, e ....
- Acalme-se, Ravena – e sorriu-lhe bondosamente – Tenho certeza que muito breve poderemos contar com a srta em nossa pequena organização. E ouso dizer ainda que nos será de grande valia. Por hora é melhor que nos retiremos, creio que deseja tirar alguma dúvida com a professora Minerva, não?
-Sim...- retribui-lhe o sorriso sem fazer qualquer pergunta.
Os dois homens se retiraram e Ravena se dirigiu até a mesa onde explicou sua dúvida a professora. Durante o restante do ano letivo ela não teve outro contato com o diretor. Porém os jornais não paravam de publicar notícias sobre as mortes de aurores do Ministério. Torturas de bruxos e trouxas também se revelavam o prato principal de imensas matérias que ilustravam as páginas do Profeta. Mesmo assim apesar das inúmeras denúncias que pesavam sobre alguns bruxos, o Ministério encontrava dificuldades em comprová-las. E assim sendo muitos Comensais deixaram de ser punidos como deviam.
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" Apesar das várias denúncias contra o Comensal Severo Snape, o Ministro da Magia, afirma que há provas suficientes e incontestáveis de que muito antes dessas denúncias virem a tona, o mesmo já não se encontrava mais a serviço de Você -Sabe -Quem – disse Millicent Bagnold, Ministro da Magia
O caso foi arquivado pelo Ministério desde que provas de sua inocência perante aos recentes acontecimentos foram-me entregues, e anexadas ao caso. - disse Bagnold - Acho que ainda cabe aqui ressaltar que consideramos Severo Snape inocente das acusações de homicídios aos quais outros Comensais estão inteiramente envolvidos."
Fonte : “ O Profeta Diário”
Era uma manhã fria, e sol palidamente entrava pala janela do dormitório. Ravena já estava acordada há algum tempo, e esperava apenas que Rita fizesse o mesmo.
Quando a amiga acordou desceram rapidamente para o Salão afim de que pudessem se juntar aos amigos da Grifinória e tomar o café da manhã. O correio matinal chegou logo depois, fazendo cair no colo de Rita a edição do “Profeta Diário”. A menina começou a ler as manchetes e depois as notas internas. Ravena cutucou a amiga e mostrou as horas, já estavam atrasadas para a primeira aula. As duas correram pelos corredores até se depararem com a fila de alunos que se formava para entrar na aula de Feitiços. Ravena perguntou á amiga:
- Hoje teremos nossa primeira aula como novo professor de Poções. Foi estranho ele não estar na mesa de professores no banquete de Seleção ontem, não acha Rita?
- Bom, sim.- e sorrindo para a amiga – Mas você terá sua curiosidade satisfeita daqui a algumas horas, e sinceramente, não creio que isso vá interferir nos seus exames de N.I.E.M.s. Não é, Ravie?
- Não, sei que não – e ficando pensativa, completou – Não acho que sejam muito diferentes dos N.O.M.s, só teremos um pouco mais de matéria para estudar.
- Um pouco? – e sendo sarcástica, Rita disse – Sabe quando eu crescer quero ser igual a você, sabia? Sua definição de um pouco é muito abrangente para mim.
- Eu a ajudo, Rita – e retribuindo o sarcasmo da amiga – Não deixaria uma criança desamparada. Agora, vamos.
E dizendo isso entraram na classe de feitiços, onde o professor Flitwick estava, como sempre, em cima de uma pilha de livros. Ele era mais baixo que qualquer aluno de onze anos que entrava na escola.
Ambas já haviam prestado exame de N.O.M.S. há dois anos atrás, época em que tiveram uma entrevista com a professora Minerva a respeito se seus interesses e aptidões. Todos os alunos do quinto ano entrevistavam-se com o diretor de suas casas para discutirem a carreira que pretendiam seguir, e assim saber em quais N.O.M.S. precisaria obter boas notas.Ravena naquela época já decidira ser uma auror,e tirara nada mais nada menos que 7 E.E (Excede as Expectativas) e 1 O (ótimo) em Herbologia. Com essas notas era certo que poderia almejar a tão sonhada carreira.
Este seria, então o último ano de Ravena em Hogwarts. Somente os exames de N.I.E.M.S a separavam agora do Ministério e de sua carreira. Aliás, era tudo do que mais estava precisando o Ministério com a grande caça aos Comensais e as baixas, grandes dos dois lados.
A menina de cabelos cacheados curtos loiros e imensos olhos azuis que estava ao lado dela, contrastava com Ravena terrivelmente. Ravena tinha olhos verdes e longos cabelos negros cacheados. As duas amigas juntas formavam um quadro peculiar de contrastes.
Estavam sentadas para o almoço como sempre, quando Rita notou o olhar que a amiga dirigia a mesa dos professores, e virando-se displicentemente para a amiga, disse:
- Ravena, por que você se importa tanto com quem é o professor, se você conhece aquele livro e todas as poções de trás para frente? Nós pessoas menos dotadas é que devemos nos preocupar com essas mediocridades.
- Não gosto quando você é sarcástica, sabia? Ou quando me eleva á um patamar acima de todos.
- Vá, Ravena, foi uma brincadeira. Você sabe que é como irmã para mim, não sabe? E o que os irmãos fazem? Se espelham um no outro.
- Está bem, Rita. - e levantando-se disse – Vou para biblioteca exercitar meus dons.
- Assim que acabar vou me encontrar lá com você – e sorrindo para ela – Não posso perder uma aula sua.
Rita foi para a biblioteca algum tempo depois, atrás de Ravena. Assim que a encontrou foi logo despejando a novidade que a fez ficar com as bochechas rosadas pela corrida empreendida.
- Ravena, descobri o nome do novo professor de poções. Não sei por que mas tenho a impressão de que já ouvi falar no nome dele.... em algum lugar ... vamos Rita pense menina...- e fez uma cara pensativa
- Vamos diga qual é? Você está fazendo tanto mistério que quando chegarmos às masmorras não precisará mais contar. Afinal, não sei se percebeu, mas está quase na hora de irmos.
- Severo. Severo Snape. Sei que já ouvi este nome antes... .já sei.... ele foi um Comensal da Morte, li nos jornais durante as férias.
- Ele é um Comensal ?
- Não, Ravena, foi. Lembro de ter lido que o Ministério obteve provas incontestáveis de sua inocência ante as acusações que lhe foram imputadas .- e fitando a amiga disse – Olhe, Dumbledore nunca nos expôs a nenhum risco, certo? Não o faria agora, não é mesmo?
- Você deve ter razão. Dumbledore não colocaria uma pessoa que tivesse se aliado a Voldemort dando aula para nós, se ainda continuasse trabalhando para ele – e uma ruga de preocupação passou pelo rosto da menina.
- Sabe ,não gosto quando você cita esse nome ,assim – recriminou Rita.
- Vamos Ri, o pessoal da Sonserina já está na porta. – disse Ravena interrompendo o discurso que sempre a amiga fazia ao ouvi-la mencionar o nome do Lord das Trevas sem medo como todos estavam acostumados a fazer.
Ravena não tinha medo nenhum de dizer seu nome, muito pelo contrário pensava todos os dias que ele e seus fiéis seguidores é que deveriam ter medo dela quando fosse de fato uma auror. Não permitiria que os assassinos de seus pais ficassem impunes, e não deixaria Voldemort destruir seu mundo.A sala da masmorra era mal iluminada e fria, talvez por conta das pedras que revestiam as paredes. Rita e Ravena se sentaram logo na frente. Passado uns cinco minutos que todos os alunos haviam chegado, uma lufada de vento invadiu a sala, as luzes diminuíram ainda mais e um vulto passou por entre as mesas. A capa negra farfalhava ao andar e o som dos passos era rápido e rígido. Por segundos a turma toda prendeu a respiração como se de repente o ar lhes faltassem nos pulmões.
O ambiente parecia ter se tornado mais frio com a entrada do professor. Suas vestes negras, seus cabelos extremamente negros e lisos, mas bem cortados emoldurando seu rosto junto com os olhos também negros, e o branco de sua pele contrastava com tudo, formando assim o quadro final. A visão era um tanto expectral, mas Ravena não podia dizer que a simples presença daquele homem não causara um calafrio em toda a classe, menos é claro no pessoal da Sonserina... Uma coisa ela podia afirmar, aquela era exatamente a visão que ela associava a um Comensal, o rosto tinha a dureza que ela pensava encontrar e aqueles olhos...eram extremamente penetrantes.
Quando ele falou novamente, a turma pareceu receber uma segunda onda de frio. A voz soou tão fria e dura como o gelo.
- Não permito brincadeiras em minha sala de aula, ou que falem sem autorização - prosseguiu – e também não espero que a maioria de vocês saiba a sutileza que existe na arte de preparar poções.
Seguiu-se um silêncio, ninguém ousou perguntar nada.
- Sou o novo professor de vocês. Meu nome é Severo Snape, profº.Snape - e continuou com seu tom frio - Soube que entre vocês existe uma pessoa que parece particularmente entender da minha matéria muito bem. Qual de vocês é Ravena Brown?
Ravena parecia sido atingida por um feitiço " petrificus totallus", não se movia, as palavras não saíam... De repente não conseguia se lembrar quem era. Foi um beliscão de Rita em suas costelas que a fez sair de seu estado de transe dando um salto na carteira.
- Srta. Brown ? - disse Snape.
- Sim ,professor – respondeu meio insegura ainda.
- Soube também de sua aptidão em outra matérias e que pretende se tornar uma auror... Contudo esse ano, tenho certeza, sua tarefa de tirar notas altas no N.I.E.M.s será redobrada.
- Serei mais exigente do que estão acostumados. - E dando as costas para a menina apenas finalizou - Pode se sentar.
Ravena não acreditou no que ouvira e sem se sentar falou com uma voz furiosa:
- Está me ameaçando? Ou com medo de mim quando me tornar uma auror...Por que não tenha dúvidas que vou ser!
- Srta.Brown ,eu não lhe dei permissão para falar, ou dei? - seus lábios tremeram, e um sorriso de sarcasmo iluminou seu rosto.- Sente-se Srta., e da próxima vez só abra sua boca se eu permitir, entendeu?
- Tem medo da verdade, professor ? - Ravena falara isso com tal malícia que Rita a olhou perplexa.
- Insolente. 20 pontos a menos para Grifinória e uma semana de detenção - e virando -se rápido para sua mesa, ordenou:
- Abram o livro na página 17. A srta. também Srta.Brown, ou será que se considera autodidata ?
Enquanto falava isso seus olhos negros encaravam os de Ravena como se vasculhassem sua alma. Ao final da aula ele dirigiu-se a ela :
-Srta.Brown ,depois de amanhã ,ás 19:30horas em minha sala. Avisarei a professora McGonagall.
Ravena não respondeu, sua mente fervilhava. Virou as costas e se foi. Ela simplesmente não acreditava, em seis anos de escola nunca cumprira uma detenção. Nunca havia sido repreendida por nenhum professor, e aquele homem... aquele homem era um Comensal.....Como Dumbledore podia ter posto alguém assim para lecionar em Hogwarts? Não... aquele homem não devia estar ali... não devia!
E de repente a visão de seus pais surgiram depois de três anos em sua mente....”Não”, pensou Ravena, “Não posso deixar que esses fantasmas voltem...não ainda”. Encontrou com Rita no caminho para a Sala Comunal, e a amiga perguntou:
- Ravena onde você estava com a cabeça para responder pra ele daquela maneira? Você se esqueceu o que esse homem já foi?
Ravena passou por ela como um raio e respondeu rispidamente para a amiga:
- Ele vai ver que há mais maldade em mim.
Naquela noite ela não conseguiu dormir. A visão do professor não lhe saía da cabeça. Aqueles olhos negros... ela precisava falar com Dumbledore, e iria fazer isso no dia seguinte.
CAPITULO III
Rita e Ravena não faziam as aulas juntas este ano. Enquanto a amiga foi para aula de Aritmancia. Ravena dirigiu-se para a sala da diretora da Grifinória. Minerva McGonagall, era professora de Transfiguração, e acumulava os cargos de diretora da Grifinória e de vice-diretora de Hogwarts na ausência de Dumbledore. Nas últimas semanas, a professora havia assumido várias vezes a função de vice - diretora da escola, e Ravena desejava que naquele dia as coisas estivessem normais. O diretor tinha que estar em Hogwarts.
Apesar de que isso não a impediria de levar uma bronca por sua detenção. Ela sabia com toda a certeza que McGonagall já estaria a par do assunto. Snape não deixaria passar essa oportunidade, e o simples fato de pensar naquele nome já a deixava profundamente irritada. Ravena desceu pelo corredor a sua frente e parou diante de uma imensa porta de carvalho. Uma voz de mulher respondeu logo em seguida:
- Entre!
A professora estava sentada em frente a uma escrivaninha repleta de papéis e livros, e parecia entretida em alguns documentos, que não pareceu reparar quem entrava. Quando Ravena parou bem próximo à sua mesa, ela ainda revirava os papéis a sua frente, mas para sua surpresa o que Ravena ouviu foi:
- Srta. Brown, em que posso lhe ajudar?- agora levantando os olhos para ela.
A menina se endireitou, como que tomada de surpresa.
- Professora. Preciso falar com o diretor, ele está?- sua voz tinha um tom apreensivo.
- Sim, Ravena, ele está. Porém, será que eu mesma não poderia resolver a questão?- e a professora continuou - Tem haver com a detenção do professor Snape, não?
Sua voz não era reprovadora, mas algo lhe dizia que a professora estava à beira de uma avalanche de palavras, e tentou escolher quais usaria. Foi quando a voz da professora se fez ouvir novamente, e ela teve a certeza de que demorara demais a responder.
- Não entendo, srta. – disse-lhe retirando os óculos do rosto e encarando-a - Em seis anos de escola nunca tive uma reclamação a seu respeito. E de repente no primeiro dia de aula do novo professor de Poções você o desacata duas vezes seguidas?
A professora definitivamente a inquiria, e ela por sua vez não sabia como tinha se deixado chegar a tal ponto. Será que a professora acreditaria que simplesmente as palavras saíram sem que ela percebesse?
- Prof. McGonagall. Aquele homem é horripilante! - a simples lembrança do professor a deixava fora de si.
- Ravena o que há com você? Nunca a vi falar assim de ninguém, quanto mais de um professor. - o olhar da professora era penetrante.
Ravena andou pela sala, e não se importando com que a professora pensaria dela, respondeu rispidamente.
- Ele é um Comensal! Como podem tê-lo admitido aqui? Será que não perceberam o mal que ele fará á todos nós?
Ao contrário do que previra, ela não teve tempo de ouvir a resposta da professora. Uma voz mais grave soou atrás de Ravena ,uma voz que ela reconheceria sempre.
- Minerva, por favor nos deixe alguns minutos a sós. – e meneou a cabeça.
A professora levantou e saiu obedientemente num farfalhar das suas vestes verdes. Dumbledore agora estava parado na frente de Ravena. A menina não o encarou, sabia que havia ultrapassado o limite da boa educação com o tom que respondera a profª. McGonagall. Devia desculpas aos dois, mas era verdade o que ela havia dito...”Como eles não percebiam?”, e foi tirada de seus pensamentos pela voz do professor.
- Sente-se, por favor. - e com um gesto da varinha conjurou uma enorme cadeira perto de onde ela estava em pé.
A menina sentou-se largando seu corpo num baque só. Seus olhos baixaram até o chão e voltaram para encarar o professor.
- Ravena - ele falou ainda encarando-a firmemente nos olhos - Sua reação me surpreendeu. Pensei sinceramente que já tivesse superado a morte de seus pais ao longo desses três anos. Acho que me enganei. Exigi uma superação muito rápida para uma menina de quatorze anos, não? - e continuou - Sabe, os velhos tendem a cometer esse tipo de erro... se esquecem as vezes como a juventude atropela seus próprios limites. Eu fiz com que você pulasse uma fase importante de sua vida, não deixei que sofresse... e agora você está culpando outra pessoa por isso .
Ela não conseguia pronunciar uma palavra, e uma profusão de lágrimas rolavam de seus olhos. As palavras do diretor continuavam ecoando na sala.
-Asseguro-lhe, Ravena, de que o prof. Snape não é mais um Comensal. Faz exatamente um ano que ele me procurou com o firme propósito de se dedicar a combater o Lord das Trevas. E tenho que confessar, ele se arriscou muito durante esse tempo que esteve trabalhando como agente da Ordem. Já lhe falei da Ordem, não?
-Sim, professor – respondeu-lhe a menina contrariada. Havia algum tempo que Dumbledore contara a Ravena sobre a Ordem da Fênix, foi justamente no dia em que prometera que não deixaria escapar os culpados da morte dos pais dela. E com espanto ela arrematou – Como pode chamá-lo para combater ao seu lado?
-Eu confio em Severo.Tenho provas suficientes para isso e que me bastam. Apresentei-as ao Ministério,e eles concordaram comigo e o inocentaram das acusações que lhe pesavam. - o tom de sua voz agora era mais firme.
Ravena ia falar, mas a um sinal do diretor se manteve quieta continuando a ouvir o que ele tinha para dizer.
-Trouxe-o para cá a fim de que ficasse protegido enquanto estiver executando o papel que lhe pedi, assim como fiz com você quando a mantive em Hogwarts após a morte de seus pais. E antes que paire qualquer dúvida sua sobre ele...Snape não matou seus pais, como você possa estar se perguntando... a responsável por isso foi Belatriz Lestrange, assim como por tantos outros assassinatos. Severo, Srta. Brown, nunca matou ou torturou ninguém. – e dando as costas para ela finalizou – Espero ter colocado uma pedra definitiva sobre esse assunto, Ravena.
Ela não ousou encará-lo. Sentia o sangue borbulhar em suas veias, deu meia volta e saiu da sala em direção ao salão Principal. Já era quase hora do jantar, e quem sabe poderia ficar um pouco sozinha antes de Rita chegar. “Ele me tratou como uma criança mimada!”, e virando o corredor “E foi exatamente como me comportei. Que idiota!”, entrou no salão vazio, “ Eu não confio nele... não”. Sentou-se a mesa da Grifinória esperando os demais alunos. Ravena acreditava em Dumbledore, mas em Snape...
Quando Rita voltou da aula de Aritimancia, encontrou a amiga num mau –humor imenso. Ravena não falou nada durante todo o jantar e se quer dirigiu um olhar para a mesa dos professores como fez nas duas últimas refeições. Assim que acabaram de comer foram em direção a sala comunal, e no caminho Rita perguntou o que havia deixado-a tão irritada. Ela então passou a explicar toda a entrevista com Dumbledore, e depois de ouvir tudo Rita disse.
- Dumbledore tem razão, Ravie – e tentando amenizar a situação continuou – O Ministério inocentou-o ,ou seja ele não é mais um Comensal. E afinal, Dumbledore confia nele, ele mesmo disse que Snape apresentou provas de sua inocência. Pense, amiga acho que você está realmente estravasando em cima dele seu ódio.
- Uma vez Comensal... sempre Comensal, Ri - disse-lhe Ravena com raiva – Eu não credito no arrependimento de ninguém que mata outra pessoa .Este tipo de coisa não tem perdão.
- Você sabe que não gosto quando cita esse nome – e a olhou seriamente – Aceite que você ultrapassou o bom tom, e não tinha o menor direito de jogar o que sabia na cara dele! Você o atacou do nada, Ravie!
- Ele me ameaçou, ou se esqueceu? – e seus olhos fitaram os da amiga.
- Não esqueci. Só que não achei que sua resposta foi correta. – devolvendo-lhe o olhar - Sabe, eu a considero como uma irmã, e nunca a vi agindo assim. Estamos para nos formar e não acho que seja a hora de você fomentar uma briguinha besta.
- Você está certa, Rita – e abaixou seus olhos – Eu fui injusta com Dumbledore e a professora McGonagall, devo-lhes desculpas. – Irei agora mesmo falar com eles. Não se importa de ir indo para a torre, não é? Vou antes que o Filch comece a patrulhar os corredores. Até mais.
-Até.
Rita seguiu o corredor que estavam, e Ravena tomou o da direita. Ela já estava quase chegando na gárgula de pedra, quando vindo no mesmo corredor em sua direção viu o professor de poções. Ambos estacaram um de cada lado do corredor e diminuíram sua marcha, ao chegarem próximos ele falou.
-O que uma aluna da Grifinória está fazendo rondando o corredor durante a noite? – ele arqueou sua sombrancelha e seu olhar era quase uma pedra.
- Estava indo falar com o Diretor, sr. – ela disse controlando suas palavras
- Receio que não poderá fazê-lo no momento, srta. – olhou-a curioso.
- Porque ? Vai me impedir, professor? – o seu tom era desafiador.
-Não creio que esteja interessada em mais alguma detenção, srta. Ou está? – e circundado-a calmamente - O professor Dumbledore teve que se ausentar da escola, e se o que deseja é tão urgente pode ser que eu possa ajudá-la – ele falava maliciosamente.
-Não há necessidade. Obrigada, professor – disse Ravena engolindo em seco e virando-se para voltar por onde viera.
-Espere! – ordenou fazendo com que ela parasse no meio do corredor – Eu vou levá-la até o corredor que dá para a torre da Grifinória. Quero ter a certeza de que a srta não ficará circulando pelos corredores. – e passando a frente dela disse – Venha!
O sangue lhe subira o rosto e Ravena teve que se controlar para não responder aquele insulto. Foram andando pelos corredores até que ele parou em frente à escada que dava para o retrato da Mulher Gorda. E Ravena sem olhar ou dirigir qualquer palavra a ele, passou a sua frente. Ia começar a subir as escadas, quando ele a deteve pelo braço fazendo com que ela perdesse o equilíbrio e se amparasse no corrimão, ficando de frente para ele. E percebendo que ainda a mantinha segura pelo pulso, largou-a imediatamente dizendo:
-Amanhã, srta. Brown. Em minha sala ás 19:30 horas, não se esqueça. – e dando-lhe as costas tomou o caminho das masmorras - Não tolero atrasos.
Ravena subiu as escadas correndo, e passou pelo buraco na parede. Rita estava sentada no sofá em frente a lareira, quando viu a amiga entrar na sala comunal com uma expressão furiosa, e passar direto para o dormitório. Ela fechou o livro que estava lendo e saiu atrás da amiga. Ao chegar lá em cima, perguntou:
-O que diabos aconteceu agora? – e olhou para a cama onde Ravena sentara e parecia aponto de ter um ataque.
-Tive uma pequena conversinha com nosso amado professor de poções! – explicou ela com tom sarcástico.
-Você não ia ver Dumbledore? – e olhou interrogativamente para amiga – O que foi fazer nas masmorras?
-Absolutamente nada, eu não fui às masmorras. – e acrescentou – Fui ver Dumbledore! – e retornando ao tom sarcástico – E quem estava vindo do escritório dele?
-Snape! – completou Rita – Eu não acredito ! E o que ele disse?
Ravena contou o que se passara entre ele e o professor e, quando acabou, a amiga lhe disse:
-Sabe, Ravie – e sorriu-lhe maliciosamente – Se não a conhecesse eu acharia que foi amor a primeira vista, e....
Não teve tempo de completar sua frase um enorme travesseiro veio em sua direção, fazendo-a cair na cama e arrancando gargalhadas de ambas.
CAPITULO IV
Eram 19:00 horas, Ravena já havia jantado e começava a arrumar suas coisas para se dirigir ás Masmorras, onde cumpriria sua primeira noite de detenção. Ela só conseguia pensar nas horas desagradáveis que teria que aturar ao lado daquele professor... apesar da conversa com Dumbledore seus receios ainda latejavam em sua cabeça. E a pequena conversa na noite anterior, só servira para aumentar ainda mais sua raiva pelo professor de poções.
Era melhor pensar nisso em outra hora, pois acabaria chegando atrasada na sala do professor Snape, e ela não iria suportar mais nenhuma gracinha por parte daquele homem. Desceu as escadas, contornou o salão principal e dirigiu-se a um corredor mal iluminado que terminava nas masmorras. Quando mais entrava naquele corredor mais sentia um frio percorrer sua alma. Uma imensa porta escura surgiu a sua frente, estava entreaberta e ela empurrou para que pudesse entrar.
Lá dentro o frio não era menor, a sala parecia ainda mais mal iluminada... o pulso dela acelerou... em pé ao lado da mesa estava um vulto alto envolto em uma grande capa negra . Estava de costas para Ravena, o que a impedia de ver suas feições. Pé ante pé ela atravessou a sala, e pensando que ele não lhe notara a presença, foi tomada de sobressalto quando sua voz fria cortou o silêncio
- Boa Noite, Srta.Brown. Os livros que deverá catalogar estão encima da mesa a sua esquerda, onde também encontrará pergaminhos e pena. Pode começar.
A menina se moveu calmamente até a mesa indicada, e ao passar pela figura imóvel que estava a sua frente, fez questão de reduzir mais ainda seus passos.
- Se pretende terminar esse trabalho ainda hoje, srta, sugiro que ande mais rápido. Tenho exatamente um trabalho para você a cada dia da semana, e se perder mais de uma noite fazendo qualquer um deles... bom, - disse ele se virando de modo que seus olhos fitaram os dela, e um sorriso sarcástico crispou seus lábios - Talvez eu tenha que lhe dar mais uma semana de detenção.
Ravena teve vontade de lhe responder, mas se controlou. Não lhe agradava a idéia de permanecer mais algumas noites naquela sala ao lado dele. Ela dirigiu-se para a mesa indicada e ele retirou-se para a grande mesa perto da dela, fazendo Ravena sentir o leve toque do tecido de sua capa em seu braço.
Ravena sentou-se na mesa e começou a folhear os livros. Eram vários livros de poções, nomes que ela nunca ouvira e outros tantos que ouvia comumente. O trabalho consistia em catalogar o livro no qual cada poção se encontrava. Não era um trabalho propriamente difícil, mas exigia organização. Ela sabia que era capaz de fazer aquilo sem muito esforço e com mais rapidez do que ele pudesse imaginar. Então pensou: "Se for só isso mesmo não precisarei passar muito mais tempo aqui..." foi tirada de seus pensamentos com uma nova intervenção daquela voz.
- Ainda não começou, srta.? Ou será que tem dificuldades no que vai fazer? – seu tom era brutalmente sarcástico e seu olhar penetrante.
O sangue lhe subiu pelas faces, mas conseguiu controlar novamente seus nervos. Ela pegou impassível a pena, e um leve som de palavras sendo escritas inundou o ambiente.
Ao completar duas horas que ali estava, Ravena se levantou e seguiu até a imensa mesa onde o professor se encontrava. A cada passo que dava em direção à mesa, a imagem dele se tornava mais nítida. Os cabelos negros eram lisos e caiam-lhe por cima do rosto, e deixava sua nuca a mostra quando estava de cabeça baixa como naquele momento. Os ombros eram largos, e suas mãos escreviam avidamente nos pergaminhos.
Ela se aproximou o suficiente para que ele sentisse sua presença, e tal como ela previra ele esticou a mãos em sua direção, e sem erguer seus olhos, ordenou.
- Passe para cá os pergaminhos. Acho que a srta. foi incrivelmente rápida tendo em vista a quantidade de livros e poções a serem catalogadas.
Ele trouxe o pergaminho para seu campo de visão, e nesse momento seus olhos a fitaram. Eram pequenos e pretos, e pareciam procurar por alguma ponta de hesitação. Ravena podia sentir eles penetrando cada centímetro de sua alma, mas não desviou o olhar. Seus olhos verdes encararam os dele, que os desviou para os pergaminhos que ela lhe entregara. O archote pendurado na parede incidia uma luz pálida sobre o rosto de Snape, e ela pode ver que um maxilar largo, o nariz anguloso e os olhos pequenos e pretos completavam as feições do professor. Ela se deu conta então, que o homem sentado a sua frente não teria mais que 22 anos. Sua análise do professor foi interrompida com sua voz fria novamente cortando o ar:
- Parece que está tudo certo, Srta. Brown. Infelizmente tenho que admitir que a subestimei... seus dons vão além dos descritos pelo diretor... - Ravena já caminhava em direção à porta, quando ele terminou sua frase – Contudo, ouso dizer que a Srta. terá que ser mais brilhante do que isso para conseguir nota no N.I.E.M.s. – e sorrindo acrescentou – Pelo menos em Poções.
Ravena voltou a passos largos em direção da mesa do professor, seus os olhos verdes cintilando de raiva. Snape ergueu-se de sua cadeira. Era bem mais alto que ela... parecia inabalável....
- Está com medo de que professor? De que eu me torne a melhor auror que o Ministério já teve e trancafie metade dos seus colegas em Azkaban?- desafiou a menina, a raiva brotando de cada parte de seu corpo.
Snape a encarou com seus olhos pretos brilhantes, vasculhavam a mente de Ravena procurando por alguma informação preciosa que a fizesse recuar . Ele não pronunciou uma palavra sequer, apenas a analisava.
- Diga-me, professor. Já foi mandado para Azkaban?! - o tom de malícia na voz de Ravena não passou desapercebido do professor, muito pelo contrário parecia ter acertado em cheio seu alvo.- Dizem que é a pior experiência que se pode ter na vida. Sabe, os Dementadores retiram toda a felicidade de sua alma.
Ele desceu o degrau que o separava dela, e como um louco enfurecido agarrou Ravena pelos pulsos. Ela podia sentir a respiração acelerada de sua presa, estava nas pontas dos pés e o rosto dele quase colado ao seu.
- Quem você pensa que é para se dirigir a mim nesse tom? - ele rosnou para ela. A força que ele a segurava era tanta, que já a fazia não sentir mais os pulsos, só uma formigação. Os olhos pretos dele cintilavam – Você acha realmente que eu tenho medo de que se torne uma auror? Acha que conseguiria provar alguma coisa contra mim?
- Então assume sua culpa? – ela falou maliciosamente, a dor em seus pulsos aumentou
- Culpa? Você se acha dona da verdade, não é mesmo? – ele a apertava com mais força – Só porque Dumbledore a julga sua melhor aluna isso não lhe dá o direito de se achar acima do bem e do mal, srta.
- Me largue! Você está me machucando! – ela gritou – Isso é uma ameaça, professor?
- Entenda como queira, srta.- e recuperando seu autocontrole ele a largou . Voltou-se em direção a mesa com o passo forte e ordenou – Pode ir. Amanhã esteja aqui no mesmo horário. Sem atrasos
- Você pode ter enganado Dumbledore, mas não a mim! – ela o encarou.
- Basta! chega de sandices! Saia já daqui, Srta.Brown... você não sabe o que está falando, e eu não estou aqui para agüentar esse tipo de coisa de uma garotinha mimada e trouxa que se julga melhor que os outros.
Ela ia protestar, mas um novo "Saia imediatamente" encerrou a conversa.Enquanto ele sentava em sua cadeira, Ravena batia a porta com força deixando para trás o frio das Masmorras.
Ravena percorreu os corredores de volta a sua sala comunal. Passou por Nick-Quase–Sem–Cabeça, o fantasma da Grifinória, sem se quer responder ao seu “Boa Noite, srta.Brown “ como sempre fazia. Subiu as escadas apressadamente, e entrou na sala aparentemente vazia. Seu sangue queimava suas faces, o ódio que sentia pelo professor se tornara latente.
Resolveu ir para o dormitório e verificar se Rita estava acordada, mas para seu completo desânimo ela havia adormecido. Ela deixou-se então ficar ali, olhando através das vidraças a chuva cair lá fora. Começou a refletir o que havia se passado na sala do professor, e chegou a conclusão de que apesar da arrogância com que ele a tratara desde o primeiro dia de aula, ela não possuía nenhuma prova de suas suspeitas. Havia apenas agredido-o verbalmente como uma menina mimada, exatamente como ele a acusara. É verdade que por alguns minutos ele perdera seu controle, mas aquilo não provava nada. Ela o impelira a isso, não havia arrancado nada dele a não ser o instinto de defesa de uma pessoa acuada.
Como fora burra! Talvez Dumbledore e Rita estivessem certos. O que Ravena se perguntava agora era porque ele mexia tanto com ela. Podia sentir ainda suas mãos segurando seus pulsos, e apertando-os. Não, ela podia jurar que havia alguma coisa de errado com o professor. Só que decididamente a sua maneira de abordar o problema estava completamente equivocada. E encostando sua cabeça no travesseiro, adormeceu.
CAPITULO V
O dia amanheceu chuvoso e frio, com uma densa neblina encobrindo a paisagem.
Rita e Ravena estavam aproveitando o tempo vago após o almoço para estudarem algumas matérias que tinham em conjunto e nas quais prestariam o mesmo exame de N.I.E.M.s. Estavam na biblioteca olhando as prateleiras e retirando o máximo de livros para poderem começar seus estudos quando um menino de cabelos escuros e andar desajeitado se precipitou na direção das duas. Elas logo reconheceram Edward Plummer, um dos monitores da Sonserina, ele se dirigiu a Ravena e lhe estendeu um pedaço de pergaminho:
- Srta. Brown?!. O professor Snape pediu que eu lhe entregasse isso - e sem esperar qualquer resposta, girou nos calcanhares e deixou a biblioteca reclamando algo inaudível.
As duas ficaram olhando o espantadas o menino sair , e então Rita falou para a amiga:
- Vamos lá, Ravie. Abra logo, Está esperando o que? Que ele em pessoa vem aqui esticando seus dedos e gritando : "Stra. Brown quem está pensando que é para não dar atenção ao meu recado" - e juntou as palavras um gesto caricato da postura do professor de poções.
Ravena riu, e logo em seguida rompeu o lacre do pergaminho para que as duas pudessem descobrir seu conteúdo. Para sua surpresa ele era bem seco e curto
“Srta. Brown.
Levando-se em conta os últimos acontecimentos ,substituí sua detenção na minha sala por uma ajuda sua ao professor de História da Magia, Sr.Binns , durante o restante da semana. Ele a aguarda impreterivelmente ás 19:30 horas, não ouse se ausentar pois ambos sabemos que cedo ou tarde eu saberei.
Espero que com isso a Srta. aprenda bons modos , e não precise de mais detenções.
Ass: Severo Snape.”
Rita a fitou com uma expressão de curiosidade, e não tardou a perguntar a amiga o que havia se passado na sala de Snape na noite anterior.
-Vamos ,Ravie. Conte-me o que aconteceu. - e sorriu – Você fez algo grave para ele a tratar desse jeito. Apesar de achar que as detenções com o Sr. Binns serão melhores, não?
- Sim ,tenho que admitir que estou feliz com isso – e saíram sorrindo da biblioteca.
Ravena contou o que havia acontecido na síntese, pois achou que certos fatos não seriam bom Rita saber. Não que não confiasse na amiga, isso não, Rita sempre fora sua melhor amiga desde o primeiro dia em Hogwarts, eram inseparáveis. Ela não conseguia lembrar um momento importante de sua vida nesses últimos anos no qual Rita não estivesse ao seu lado. Mesmo assim preferiu omitir da amiga a discussão com o professor. O que por sua vez também não fugiu aos olhos da amiga, que virou-se para ela e falou:
- Ravie , sei que não pediu meu conselho, mas vou lhe dar porque eu te adoro – e juntando às suas palavras um sorriso carinhoso, prosseguiu - Eu acho que você está indo longe demais nas suas desconfianças, e isso vai acabar lhe provocando sérios problemas. Não importa o que Snape seja, Dumbledore confia nele. Se foi e deixou de ser tanto melhor para ele, você vai se formar esse ano e vai se tornar a melhor auror do Ministério. Só que, creia-me se continuar com esse jogo não dará um passo adiante, vai colocar seu futuro em risco.
- Rita, do jeito que você fala eu pareço um monstro! – e continuou – Me preocupo com a escola, só isso.
- Será mesmo? – a amiga a encarou – Particularmente nunca a vi agir de uma maneira tão absurda. Você sempre confiou em Dumbledore, agora põe em dúvida seus julgamentos, sem se quer ter o conhecimento dos fatos. Logo você que sempre foi uma pessoa lúcida e justa. O que está havendo?
- Eu confio nele. Ele sempre foi como um pai para mim. - e as lágrimas escorreram pelo seu rosto.
- Acho que esse é o problema. – e abraçou a amiga – Você está perseguindo os fantasmas do seu passado, e não é esse o momento certo para fazer isso, e tampouco a pessoa certa. Você está imputando nele a culpa de Bellatriz. Dê-lhe ao menos o benefício da dúvida.
- Você está falando igual ao Dumbledore – e sorriu-lhe.
- Não, Ravie – e devolvendo-lhe o sorriso acrescentou – Estou apenas fazendo o que você sempre faz, usando a razão.
- Eu merecia ouvir isso! – e Ravena começou a rir.
-Bom... sinceramente merecia até mais, sabia? – e rindo também, Rita ratificou – Que bom que voltou a si, odeio esses papos cabeça que só ele sabe fazer.
O resto da tarde passou tranqüilamente, e após o jantar, Ravena dirigiu-se para sala do professor Binns. Ao contrário das Masmorras, a sala de História da Magia era bem iluminada e quente. O professor era um fantasma que falava com voz monótona. Logo que Ravena se apresentou, ele agradeceu o favor e disse que vinha precisando de alguém que colocasse seus livros e papéis em ordem, pois nos últimos dias não tinha tido tempo.
Foi quando o professor Snape sugeriu que ela cumprisse o restante da detenção que ele lhe dera ajudando-o. Ele havia dito que andava muito ocupado para poder dar atenção ao cumprimento daquela detenção, e o profº. Binns acabou aceitando.
Fora assim que Ravena havia ido parar ali naquela sala ao lado de um fantasma, mas intimamente grata por não estar na presença de Snape. Ali era bem melhor, só tinha que arrumar a sala e colocar livros e papéis nas prateleiras e armários. "Com certeza amanhã mesmo estará terminado", pensou ela, "mas é melhor que eu não seja tão eficiente, ou corro o risco de passar a noite de sexta nas Masmorras". E continuou metodicamente dirigindo-se da mesa do professor perto das janelas até os armários no fundo da sala. De quando em quando, ela parava e fitava a noite se estendendo pelos gramados da escola, isso fazia também com que o tempo corresse.
A semana de detenção junto ao professor Binns chegou ao fim mais rápido que Ravena previra.As aulas de poções continuaram sendo as prediletas de Ravena, mas ela fazia questão de passar desapercebida. O que não a impedia de muitas vezes sentir os olhos do professor sobre ela, ou ver que Snape demorava-se mais para analisar sua poção.
Foi um dia depois das comemorações de Halloween, que viu Rita vir correndo em sua direção na sala comunal, com um exemplar do Profeta Diário nas mãos e gritando aos quatro ventos.
- Ravie! – e sacudiu o jornal sorrindo-lhe – Aquele-Que-Não-Deve-Ser – Nomeado está morto, Ravie... M.O.R.T.O – olhou para o rosto da amiga – Não é maravilhoso?
- Deixe me ver o jornal, Rita - e estendeu a mão –Há algo errado nisso.
” Esta noite de dia das bruxas foi celebrada como a grande derrota do Lord das Trevas. Durante um confronto com o casal de aurores ,Lílian e Tiago Potter , Você-sabe-quem perdeu seus poderes. O fato se deu após o ataque dele ao menino Potter de apenas um ano .Não se sabe como o filho dos Potter sobreviveu à Maldição da Morte desferida por Você-sabe-quem apenas com uma cicatriz.
É fato também que seus pais estão mortos ,deram sua vida para proteger o filho. O menino que sobreviveu....”
Profeta Diário.
- E aí srta. incrédula? Acredita em mim agora? – e jogou-se no sofá ao lado da amiga – Esse menino vai ser famoso. Gostaria de um dia entrevistá-lo – e fez uma cara sonhadora
- Ri, você é realmente incrível – e balançou a cabeça – Houve duas mortes naquela noite e o jornal as trata levianamente . E não acho que Voldemort tenha morrido tão facilmente.
- Ah...é? E onde está agora?- e fitou-a – Sabe que odeio quando fala o nome dele, mesmo agora... me dá calafrios.
- Sabe que odeio esse medo todo – e dando de ombros – Dumbledore não tem receio em pronunciá-lo. Por que eu teria?
- Porque você não é ele... e uma pitada de bom senso – e levantou-se – Vou escrever para o papai. Você vai ficar aqui estudando?
- Não, vou falar com Dumbledore – disse Ravena.
- Está bem, então. Nos falamos depois. - dizendo isso saiu pelo buraco na parede.
Ravena subiu as escadas até o dormitório, guardou o livro que estava lendo e foi falar com o diretor. Passou pela gárgula de pedra e pouco tempo depois entrava no escritório de Dumbledore.
- Entre – disse ele
Ela fez o que o diretor pediu, calmamente.
- Bom dia, senhor.
- Ravena – e fitou-a por trás dos oclinhos meia-lua – Sente-se.– e indicou-lhe a poltrona a sua frente – O que a traz aqui? Aconteceu algo?
- Creio, professor, que já saiba, não é mesmo ? – e encarou-o com seus olhos verdes – Voldemort está morto.
- Você acredita nisso?- disse em tom sério
- Não – afirmou categoricamente Ravena.
- Foi o que eu pensei – levantou-se de sua cadeira e andou pelo escritório – Srta, acredito que ele esteja fraco demais para qualquer coisa, até mesmo procurar seus seguidores. Contudo, afirmo que não está morto. Morto, não.
- E Harry, senhor ? – ela conheceu os Potter ali mesmo, naquela sala no natal anterior. O menino era lindinho, e Ravena chegara até a segurá-lo. - Ele está bem?
- Sim e não – e olhando para ela com curiosidade – Posso confiar em seu silêncio?
- Não vou lhe responder -e deu-lhe um sorriso maroto.
- Deixei-o com os tios. Trouxas é claro, e tenho que admitir nada agradáveis. - e devolveu-lhe o sorriso – Mas irão cuidar de Harry, e ele crescerá longe de olhos curiosos. Afinal não sabemos o que o espera, se nossas suspeitas estiverem corretas.
- Entendo – e Ravena fez um gesto de se levantar.
Nesse instante houve uma batida na porta, e Dumbledore falou o mesmo que dissera a ela há poucos minutos atrás.
- Entre
- Prof. Dumbledore .Preciso lhe falar é urg... - e parou sua frase ao perceber a presença da menina.
- Pois não, prof. Snape – e encarou-o – Ravena já estava de saída – virou-se para ela, piscou-lhe o olho e disse – Obrigada pela agradável visita, Srta.
- Ravena assentiu com a cabeça, levantou-se e foi na direção da porta. Apesar de Snape estar a sua frente, fingiu que não o vira. E ao passar por ele, para sua surpresa ouviu sua voz dirigir-se a ela.
- Bom dia, srta. Brown – ele crispou os lábios e arqueou a sombrancelhas como sempre fazia.
Ravena não tomou conhecimento de suas palavras, abriu a porta do escritório e saiu.
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Os dias estavam passando rapidamente e Ravena cada vez mais se trancava na biblioteca para estudar. Quando não estava lá ficava até tarde acordada na sala comunal, mesmo com os protestos de Rita. Esta por sua vez a mantinha informada de todas as notícias dos jornais, não havia um dia em que não fosse mencionada uma prisão de Comensais.
Numa das vezes, ficou até muito tarde estudando na sala comunal, e não percebeu que todos já haviam se retirado. Ravena subiu para o dormitório e quando ia se deitar olhou pela imensa janela ao lado de sua cama. O que viu causou-lhe imensa surpresa, um vulto envolto numa imensa capa negra saía pela entrada da escola em direção á floresta. Ela tinha certeza de que conhecia aquela estranha figura.
É ele " pensou, "mas porque estará entrando na Floresta Negra a essa hora da noite?" O vulto andava apressado olhando de vez em quando para os lados. "Isto positivamente é suspeito!”. Olhou para os lados, todos estavam dormindo inclusive Rita, que dormia profundamente. Isso sem dúvidas evitaria perguntas e discussões. Rita provavelmente iria falar-lhe novamente dos “fantasmas do seu passado” ,mas ela não havia visto o que Ravena vira. Pegou sua capa e saiu de volta para a sala comunal que estava deserta. As poucas que se encontravam ali quando ela entrou já tinha se recolhido, isso tornava fácil sair sem ser percebida. Passou pelo buraco novamente, ganhou os corredores da escola e rezava a todo instante para que o zelador, o sr. Filch, não a visse.
Assim que chegou aos gramados percebeu o quanto estava frio e, também, como estava densa a neblina naquela noite. Ravena apressou os passos em direção a floresta. Se estivesse certa mesmo, e fosse Snape, ele tinha conseguido uma boa dianteira. A passos largos alcançou a casa de Hagrid, verificou que as janelas estavam escuras, parecia que o guardião de Hogwarts já se recolhera também como todos na escola. Ele era uma ótima pessoa na opinião de Ravena, e sempre conversava com ela, mas no momento não queria encontrar com ninguém para não ter que dar explicações. Afinal ambos sabiam que a Floresta Negra era proibida para os alunos da escola. Deixando seus pensamentos de lado, ela chegou a borda da floresta.
Ravena mexeu em suas veste e empunhou sua varinha, agora era só ela e a escuridão da floresta ao seu redor.
CAPITULO VI
Minutos depois, Ravena já tinha deixado um bom pedaço da floresta para trás de si, mas mesmo assim todo o ruído que podia distinguir dos sons da própria natureza era o farfalhar de sua capa pela relva a medida que penetrava mais ainda na escuridão da floresta. De repente um leve ruído a sua frente a fez parar e se esconder atrás de uma árvore. O barulho recomeçou, eram definitivamente passos de alguém que estava a pouca distância dali. Ela notou que a pessoa andava com cautela tentando amenizar o som que fazia, pois o chão estava úmido e formava pequenos charcos.
Ravena continuou seguindo o som, e mais adiante pôde divisar um vulto entre as árvores. A distância agora entre ele e Ravena era pequena, e ela pode perceber aliviada que estava realmente seguindo Severo Snape. A figura alta e ombros largos que se erguia a sua frente era sem sombra de dúvidas o professor, ele procurou ocultar-se atrás de uma árvore mais corpulenta.
Ela olhou ao redor e notou que as árvores que os abrigavam margeavam uma pequena clareira imersa numa densa neblina. Ravena levemente se esgueirou pela relva procurando uma árvore que permitisse uma melhor visão de toda a clareira e ficou imóvel, por alguns instantes podia ouvir apenas a sua respiração acelerada. O vulto do professor continuava a sua frente, espreitando alguma coisa que poderia vir de qualquer lado.
Ravena olhou para a outra extremidade da clareira e teve a impressão de distinguir outro vulto se movendo pelas árvores, e a única diferença entre eles é que esse parecia vir na direção de onde eles estavam. Quando ela voltou - se para onde estivera parado o professor percebeu que ele havia desaparecido. Ela apertou seus olhos e distinguiu seu vulto movendo - se pela borda da clareira pé ante pé, o outro vulto ao contrário parecia estático.
A menina esgueirou-se novamente pelas árvores, bem ao encalço de sua presa. Ela pôde ver quando ele parou de repente, e mais do que depressa se escondeu. Ouviu-se dois pequenos estampidos quase seguidos, e fachos de luzes cruzaram a clareira. Ravena pode ver que o professor permaneceu de pé e outro vulto cambaleava pela clareira. Snape avançou com a varinha em punho até onde o vulto caíra, mas este já parecia recomposto e também ergueu sua varinha.
Nesse instante ouviu-se uma gargalhada fria e estridente cortando o silêncio da noite.
- HAHAHAHAHA! Achou mesmo, Severo que conseguiria fugir de nós? - disse uma voz feminina – Se esconder na “saia do papai?“
- Boa noite, Belatriz .A que devo a honra de sua visita?- Ravena percebeu o leve tom de escárnio na voz dele, ela o conhecia muito bem.
- Não achou mesmo que pudesse escapar, não é? Não achou que a proteção de Dumbie.seria o suficiente, achou? - a voz dela agora estava calma e pausada, o capuz havia caído e Ravena pode ver seus cabelos castanhos e pele morena.
- Bom, sinceramente até esse momento não tenho do que me queixar. Acho que você se arriscou muito vindo até aqui para brincar de duelo, Belatriz Lestrange. - Snape se mantinha calmo e um sorriso zombeteiro brincava em seu rosto.
Ao ouvir aquele nome, Ravena começou a lembrar da conversa que havia tido com Dumbledore no dia em que seus pais haviam sido assassinados, quando ele a chamou para contar o que acontecera. E depois lembrou de outra recente que tivera com o diretor onde ele jurou que Severo Snape não era mais um Comensal da Morte, e que ele não era responsável pela morte de seus pais, mas sim a Comensal chamada Belatriz Lestrange.
Belatriz Lestrange, foi esse o nome pronunciado pelo professor a poucos segundos atrás. Fora esse o nome dito por Dumbledore. Ela estava ali a poucos passos de Ravena, seu coração disparou, sua respiração agora estava acelerada e ela corria pela clareira na direção dos dois. A varinha apontada para a Comensal
- Expelliarmus!
- Impedimenta! - ouviu-se a voz de Belatriz, enquanto Ravena era atirada ao chão.
Com a varinha ainda em punho, a Comensal virou-se para Snape, que parecia aturdido com a cena e ao mesmo tempo recuperava seu auto-controle.
- Ora, ora ,Severo. Você agora tem guarda - costas? - o sorriso era leve, mas malévolo - Será que Dumbledore mandou mais alguém para protegê-lo?
- Não sei do que está falando, Belatriz , e tampouco sei o que essa garota tola está fazendo aqui.- disse ele tentando se aproximar cautelosamente de onde Ravena tinha caído - Acaso acha que preciso de ajuda para liquidá-la?
- Está certo...- e deu de ombros - Isto também não me interessa, está fora de ação, vim aqui... - e se aproximou de Snape com sua varinha empunhada na direção do coração dele - para liquidar um traidor do Lord das Trevas.-
- Ele a mandou? – e sorriu maliciosamente – Que estranho, não acredito que o faria.
- Porque? – e devolveu-lhe o sorriso – Vai dizer que está em Hogwarts a mando do Lord das Trevas, Severo?
- Isso não lhe diz respeito, Bella – e a encarou com a varinha em punho – A única pessoa a quem devo qualquer satisfação do que faço não está presente. E se ele não confiou em você para contar-lhe seus segredos, porque eu o faria?
- Ele sempre confiou em mim! – sua voz se tornou trêmula.
- Ah...é mesmo? – e sorriu – Entretanto não lhe contou sobre a profecia, não é? Que estranha maneira de demonstrar confiança.
- Ele me contou sim! – a varinha tremeu eu sua mão, ele estava começando a tirá-la do sério.
- É verdade – e andando para trás continuou – Havia me esquecido de que ele a mandou torturar os Longbottom, mas convenhamos, você só soube quando precisou agir. Não é realmente uma demonstração de confiança, não acha?
Snape já estava mais a frente do que Belatriz do local onde Ravena havia caído constatou que ali só restara a sua capa, e não deixou que a Comensal desse mais um passo. Fingido ver o que não existia
- É Bella, você está melhorando... acertou-a em cheio. Parabéns.- e voltando-se para ela - Agora suponho que queira continuar nosso duelo, não?... Estupore!
- Crucius! – ela gritou retomando seu autocontrole.
Dois fachos de luz verde cruzaram a noite incapazes de acertar o alvo, e novamente, mais dois estampidos foram ouvidos ao mesmo tempo, com o som de duas vozes gritando juntas:
- Expelliarmus!
Dessa vez Snape fora jogado pára trás e sua varinha atirada para longe. Belatriz se aproximou e enquanto ele falava mentalmente " accio varinha", ela ergueu a sua e apontando para ele, e gritou com um sorriso demente
- Avad......
Snape estava com a varinha apontada para ela, mas um raio de luz verde explodiu no peito da Comensal fazendo seu corpo dobrar e cair num baque. Ele não havia tido tempo de proferir qualquer feitiço. Levantando-se ele pode ver um vulto que se erguia um pouco atrás de onde ele estava. Os cabelos cacheados ao vento, as vestes rasgadas e a varinha em punho ainda apontada para o corpo no chão. Ele não tinha mais dúvidas de que era a Srta.Brown.
Caminhou em sua direção e retirou a varinha de sua mão. A menina parecia atordoada, levantou os olhos para ele, eram profundamente verdes. Snape não esquecera da sensação provocada ao fitá-los na noite anterior em sua sala, mas ali eles pareciam terrivelmente angustiados, e provocaram uma sensação inesperada no professor. Pelo rosto de Ravena escorriam grossas lágrimas, então e ele a puxou pelo braço e disse:
- Vamos sair logo daqui e avisar Dumbledore e o Ministério - Inconscientemente ela deixou que ele a levasse.
Já haviam andado uma boa distância quando ela retirou-lhe a mão e parou. Como se tivesse voltado a si ela perguntou:
- Ela...ela está morta? - sua voz tremia e ela se sentia fraca.
- Não. Srta. - respondeu ele friamente.
Ela então deu meia volta e já ia penetrar na escuridão atrás de si, quando ele a segurou.
- O que pensa que vai fazer?
- Terminar o que comecei. Vou matá-la! - tentava desvencilhar-se das mãos que a prendiam.
- Você não passa de uma menina mimada e tola - ele falava com rispidez - Você acha mesmo que poderia acabar com Belatriz?
- Salvei sua vida, não foi? - seus pulsos estavam doendo e aquelas mãos não cediam um só centímetro - Poderia ao menos agradecer.
- Você não vai voltar lá. - era definitivamente uma ordem - Vamos avisar Dumbledore.
Nesse instante ele notou a pressão que fazia em seus pulsos e a largou. Começaram a caminhar na direção da escola. Ele na frente.
- Srta. Brown o que fazia na Floresta Negra a essa hora da noite? Não sabe que é extremamente proibido aos alunos entrarem aqui? – disse irritado
- Sim, sei. Porém, foi graças ao fato de ter seguido você que consegui salvá-lo, não é mesmo?
- Você me seguiu? - disse ele parando e voltando-se para ela.
Ela passou por ele sem responder, e no mesmo instante sentiu que era puxada para trás. Estacou a dois centímetros do rosto de Snape. Ela mais uma vez ouviu sua respiração e a pressão em volta de seus punhos. Encarou o professor, seus olhos negros cintilavam, os cabelos negros e lisos estavam revoltos. Ravena sentiu seu pulso acelerar, suas mãos suavam. Ele repetiu a pergunta sem a largar um segundo.
- Você me seguiu? - seus lábios estavam crispados, e quase colados aos dela.
-Sim. Vai me dar mais uma detenção por isso, professor? - e um sorriso de desdém aflorou em seus lábios – Talvez Dumbledore goste de saber o que eu ouvi a poucos minutos atrás.
- O que você ouviu? – e uma súbita mudança operou em sua fala – Escute aqui se vai começar...
- Eu ouvi você falar para ela que a pessoa a qual devia explicações não estava presente, e era somente a ela a quem se reportaria. – e seus olhos verdes cintilaram no escuro – Vai me dizer que não disse isso?
- Não tenho nada a negar, srta – e sem perder a calma como Ravena esperava continuou em tom ríspido – Você tem a mínima noção de com quem duelou? Você sabe quem era aquela mulher, Ravena?
Era a primeira vez que ela o ouvia chamá-la pelo seu nome. Algo estranho fez com que aquele fato a fizesse tremer, e tentando se manter firme, falou
- S- sim....Bellatriz Lestrange – as palavras saíram entrecortadas
- E sendo assim sabe o que ela é? – sua voz era fria
- Uma comensal, igual a você – ela retrucou.
- Não, srta. – e seu tom continuava impassível.- Igual ao que eu fui. O que creio, a você não interessa. – e virando-se para a trilha em que estavam continuou andando em frente, e ordenou – Já chega, vamos embora!
E como se Ravena não o tivesse ouvido, ele se virou novamente para lhe ordenar mais uma vez a prosseguir, quando a viu cambalear em sua direção e a amparou em seus braços. Ela tentou se manter de pé, e afastar as mãos que a seguravam, mas estava fraca demais. Snape a sentou em um tronco caído, ela estava pálida, mas mesmo assim continuava linda e a luz da lua que começava a surgir no céu, iluminou seus olhos verdes.
Ravena o encarou e baixinho falou:
- Ela matou meus pais... – um estranho brilho passou pelos seus olhos – Eu a odeio!
Ele ficou em silêncio e a fitou, parecia ter perdido todo o seu estoque de respostas arrogantes. Mais uma vez ela tentou se manter em pé, e virando-se para ele disse:
- Vamos - sua respiração era ofegante – Temos que avisar a Dumbledore. Não quero que ela escape. E se tenho que acreditar em você, acho que seja agora.
- Não... – disse a ele diminuindo ainda mais a distância entre os dois – Não agora....
Ravena não teve tempo de ouvir a resposta. Seus lábios agora estavam entregue aos dele. As mãos do professor acariciavam seus cabelos, e de repente ela se viu enlaçando seu pescoço. O beijo se tornou intenso, o calor daqueles lábios dissipou qualquer frio que ela pudesse sentir.
Ela só pensava que aquele instante podia durar para sempre, nada mais importava para ela, todas as suas dúvidas se dissiparam. No instante seguinte as mãos do professor a afastaram. seu sorriso desapareceu . Sua expressão tornara-se fria novamente, mas o seu olhar o traía. Havia nele um brilho que só poderia significar que ele se sentia como ela. Snape rompeu o silêncio da noite
- Não podemos fazer isso – e desviando o seu olhar – Seria o mesmo que trair Dumbledore e decretar sua sentença de morte.
- É uma pena que pense assim! – e dando-lhe as costas, saiu apressadamente.
Não mais que um momento depois, Ravena saía da floresta deixando parado atrás de si um vulto negro.
CAPITULO VII
O tempo se tornava mais frio a medida que as festas de fim de ano se aproximavam. E aquele dia em especial amanheceu nevando. Os flocos de neve eram vistos pelos alunos, caindo lá fora através das enormes janelas do Salão Principal, onde eles se aglomeravam para irem a Hogsmeade.
Ravena estava terminando de colocar suas luvas e o cachecol quando Rita entrou apressando a amiga.
- Ande, Ravie...Estamos atrasadas os outros alunos já estão lá embaixo, e a professora McGonagall falou que sairemos em 15 minutos. Ande logo! - e puxou a amiga pelo braço.
Precipitaram-se escadas abaixo e chegaram a tempo de entrar na fila para ir ao vilarejo. Hosgmeade era a estação do Expresso para Hogwarts, a partir do terceiro ano os alunos que tinham permissão do pai ou responsável podiam fazer o passeio ao vilarejo que possuía entre seus atrativos uma enorme casa de doces, a Dedosdemel, e uma loja de logros e brincadeiras, a Zonco's. Os alunos estavam especialmente alvoroçados aquele dia pois era a última visita do trimestre a Hogsmeade, e muitos deles pretendiam compras seus presentes lá.
Depois de todas as permissões verificadas, partiram com os professores. Ao chegarem ao povoado, a primeira loja visitada pelas duas amigas foi a de doces. Ravena comprou os presentes da prof. McGonagall, de Hagrid, do prof Dumbledore, e um as escondidas para Rita. Esta por sua vez também comprou seus presentes para os pais e dois irmãos e para a amiga. Saíram para o ar frio da rua alguns quartos de horas depois e foram direto tomar uma cerveja amanteigada. Ao se dirigirem para o bar, passaram por uma aglomeração de professores, e Ravena fez questão de diminuir os passos para que pudesse ver se Snape estava entre eles. As chances eram muitos pequenas, mas mesmo assim a menina deteve-se um pouco para verificar, e infelizmente se deu por vencida. Ele não viera ao passeio.
Na realidade Ravena evitara o professor desde o dia da floresta, isso já fazia um mês inteiro. Eles mal se olhavam nas aulas de poções e ela por sua vez apressava-se sempre em estar com material limpo e guardado ao soar o sinal do fim da aula. Não andava as sós pelos corredores, tinha grudado em Rita, coisa que também não passou desapercebida para a amiga. É verdade que Rita não sabia o que havia acontecido na floresta entre ela e o professor. Ravena não contara nada, e como Belatriz havia fugido, não se ouviu nenhum comentário sobre a prisão da Comensal. Ou seja, aquela noite não existiu, e sinceramente ela esperava que assim continuasse.
Entraram no bar e fizeram o pedido, vários outros alunos também estavam ali. Sentaram-se numa mesa do canto, e aproveitando o clima descontraído do passeio, Rita resolveu fazer algumas perguntas a amiga.
- Ravie... você tem andado tão estranha ultimamente... desde aquela detenção com o Prof. Snape.- disse isso analisando cada reação da amiga, mas Ravena apenas olhava pela vidraça do bar para a neve que caía lá fora - Você tem evitado até permanecer na sala de poções por mais tempo... O que está acontecendo?
- Nada - disse Ravena displicentemente - Eu só estou me dedicando a estudar mais para o N.I.E.M.s, ou você esqueceu que quero ser uma auror? E necessito de praticamente notas máximas neles? - finalizou encarando a amiga.
- Não, não esqueci, e imaginei que fosse me dizer isso... mas Ravie, somos amigas a praticamente sete anos – Rita falou com cautela - Você sempre estudou, e também quando não estudava sempre obteve boas notas. O que eu quero dizer é que eu conheço você bem... existe algo a mais....mas se você não quiser me contar tudo bem, só não me faça parecer burra, ok?
- Rita eu a adoro, mas não há nada, sério! - a amiga apenas meneou a cabeça, e Ravena perguntou - Quer dar uma volta?
- Não, estou com frio. - e tomou um enorme gole de cerveja amanteigada - Pode ir.
Ravena saiu do bar magoada por não ter contado para a amiga o que havia realmente acontecido para ela manter tal comportamento, mas não estava pronta para contar nada a ninguém... não estava pronta para aceitar o que sentia. Ela então começou a percorrer as ruas. Precisava pensar, precisava fugir dali, virou a rua a sua esquerda e foi descendo até o final dela onde uma casa branca com um letreiro meio desgastado dizia: "Poções e Unções".
Um leve tilintar de metais soou quando Ravena entrou na loja. O seu interior era repleto de prateleiras com vários frascos contendo substâncias coloridas, todos devidamente rotulados. Alguns Ravena podia ver que eram manuseados com mais frequência, outros estavam guardados nas prateleiras mais altas, empoeiradas. Ela deu alguns passos em direção ao balcão e notou outras tantas prateleiras que estavam lotadas de vidros enormes cheios dos mais diversos ingredientes para poções, e a um canto do balcão se encontrava uma enorme balança. Ela olhava para tudo fascinada, e indo ao outro canto da loja notou que havia uma poção sendo preparada em um caldeirão pequeno. Debruçou para ver o que era, quando uma voz conhecida a paralisou por completo.
- O que dese... Stra. Brown? O que faz aqui? Esteve me seguindo novamente? - Snape falava com rispidez.
As palavras eram duras, e Ravena sabia o significado, afinal ela evitara ele um mês inteiro e não podia esperar que o tratamento por parte do professor fosse outro. Deixara ele plantado na Floresta. Será que ele sentia o mesmo que ela? Ou será que ele sentira um alívio pelo fato dela ter ficado em silêncio? Essas dúvidas passaram como um raio pela mente de Ravena, e aproximando - se do professor começou a responder...
- Eu não...
Foi interrompida pela entrada de uma senhora de meia-idade com cabelos brancos trajando umas vestes azuis celestes e um óculos redondos a frente de um par de olhos muito azuis. Parou ao lado de Snape, ela era baixa, mas de uma presença marcante. E sorrindo para Ravena disse:
- Severo pode deixar que eu atendo a moça. Ela deve ser sua aluna, não? - e olhando de Snape para Ravena, e como se ele não a respondesse, ordenou - Vá, querido, e por favor coloque a mesa, sim?
E farfalhando sua capa ele saiu sem dizer uma palavra, deixando a sós, a sra. e a moça atrás de si.
- Não deixe que meu afilhado a intimide, Srta...- e esperou que a menina se refizesse de seu estado atordoado e lhe respondesse.
- Brown. Ravena Brown. - disse meia sem jeito.
- Srta. Brown, como eu dizia, meu afilhado é assim mesmo. Desde criança era introspectivo, acho que por causa do pai - ela diminuíra a voz para dizer isso - Severo sofreu muito, eram brigas e brigas, e ele só tinha seis anos. Seu pai era trouxa e sua mãe era bruxa, acaso ele não lhe contou isso, não é ?- e sem esperar uma resposta, prosseguiu - Ele bebia e batia em sua mãe, e cá entre nós apesar de sermos grandes amigas e eu lhe encher de conselhos... Bem ela não tomava nenhuma atitude mais drástica. Snape cresceu sentindo ódio do pai. E então foi para Hogwarts e continuou praticamente tudo igual, ele nunca foi muito popular sabe?! Reservado, calado e, digo isso por seu meu afilhado, rabugento.- ela tornou a sorrir para Ravena – Apesar de Ter um grupo de amigos da Sonserina, coisa que não me agradava muito... mas fazer o que com os jovens!. Sempre foi muito sozinho o meu menino - de repente sua voz pareceu cansada. - mas você não veio aqui ouvir a história do seu professor de Poções não é mesmo? - e sorriu timidamente.
- Não ....quero dizer bem... isso explica muita coisa... na realidade eu só estava passando e... resolvi entrar e olhar a loja. Desculpe se a incomodei. – e ainda recobrando-se da torrente de informações que a madrinha de Severo despejara sobre ela, sorriu-lhe bondosamente.
- De modo algum me incomodou. Sabe... hoje em dia já não tenho o mesmo movimento aqui que tive em outras épocas.... antes de... essas coisas todas acontecerem - pareceu meio encabulada. Ravena se perguntou se ela saberia sobre o afilhado.
- Eu entendo, imagino que as pessoas evitem ao máximo sair de casa, não?
- Sim, creio que seja isso. Você deve estar no sétimo ano, não é? - e seu olhar se tornou vago - Lembro-me de minha época, era tão bom, não havia nada disso e... Alvo era meu professor... ah... sim...eu e Minerva tivemos uma pequena rusga por causa disso - e sorriu novamente - Como ela está? Soube que é uma ótima professora.... era uma ótima amiga também, pena ternos nos apaixonados pelo mesmo homem.
- A prof. McGonagall está bem, e é realmente um amor.- anuiu Ravena
- Imagino... se não gostaria de almoçar conosco ?
- Não, preciso voltar á Hogwarts. Obrigada.
- Não seja por isso. Seu professor de poções a levará em segurança, prometo. E por favor, não me diga não novamente.
Sem ter como dizer não, Ravena viu-se sentada à mesa junto com Snape e a madrinha. Ele não olhava para ela, se entretinha em tomar a sopa rapidamente. A madrinha ao contrário sorria o tempo todo. Ao terminarem, ele se levantou e subiu as escadas deixando as duas as sós novamente. E a sra. lhe perguntou enquanto retiravam a mesa.
- Já sabe que carreira vai seguir, Ravena? - e rapidamente ajuntou - Posso lhe chamar assim, não?
- Auror - e completou - Claro que pode me chamar assim, mas gostaria de saber seu nome, se não for ficar chateada - e sorriu.
- Que cabeça a minha - e estendeu a mão para ela - Louise. Louise Belair.
Nesse momento Snape entrou na cozinha, e virando-se para a Sra. Belair
- Tia Louise, tenho que ir - abraçou -a e beijou-lhe a testa afetuosamente - Quando puder virei visitá-la novamente. A sra. sabe porque tenho evitado, não é?
- Sim, meu querido, sei - e falou em tom de reprovação - mas não deixe passar mais dois anos - e sorriu afetuosamente para ele.- quero que faça um último favor, leve essa jovem com você. Não é seguro ela voltar sozinha para Hogwarts, e todos já devem ter retornado.
Ele olhou pela primeira vez para Ravena depois que ela havia chegado ali, e desviando os olhos rapidamente, ordenou.
- Vamos, então. Tenho aulas para preparar para amanhã, e não posso demorar para chegar, Srta.Brown.- e dizendo isso abriu a porta para a rua e saiu andando na frente.
- Vá, querida - falou a madrinha, dando-lhe um abraço - Gostei muito de você e espero que tome coragem de dizer que o ama. Não espere que ele o faça, apesar de que não consegue disfarçar... não para alguém experiente como eu... Sabe, Ravena... eu demorei muito a perceber o quanto amava alguém, e ficou tarde para fazer...- e sorrindo segurou-lhe as mãos entre as suas - Gostaria que ele fosse feliz. - e abriu a porta.
A tempestade de neve aumentara, e quando Ravena saiu para rua atordoada ainda com o que lhe ela dissera, percebeu que Snape estava já bem longe dali,.Correu para alcançá-lo. O trajeto de volta para Hogwarts foi silencioso, nenhum dos dois ousava falar, quando estavam quase chegando a nevasca se tornou intransponível, e tiveram que se abrigar numa antiga casa de caças a uma meia milha dos portões. Por alguns instantes Ravena achou que fosse morrer, ela olhava toda hora pela pequena janela para ver se a tempestade diminuíra, e foi num desses momentos que ele quebrou o silêncio.
-Não vai passar tão cedo, temos que aguardar - e se aproximando dela, colocou -lhe sua capa nos ombros - Do que você está com medo, Ravena?
-De nada, professor – e continuou olhando pela janela. – Estava apenas pensando que ainda tem que preparar suas aulas, não é? E isso vai atrasá-lo.
-Não me faça de tolo, srta. – lançou-lhe um olhar penetrante – Não creio que realmente se importe.
Ele agora estava em pé na sua frente, uma figura pálida vestida de preto.
Os olhos fitavam os dela como se implorassem por uma resposta. Ravena não podia mentir para si mesma, desejara aquele momento desde o dia da floresta, e fizera o possível para evitar que isso não acontecesse... mas o que fazer se o destino tramara contra ela? Devia negar-se a sentir o que estava sentindo? Diria não? Não... decididamente ela não faria isso . E levantando-se, atirou-se em seus braços e beijou-lhe longamente. Depois fitando-lhe novamente os olhos respondeu:
- Não tenho medo de você, Severo. Tenho medo do que podemos fazer um com o outro... e isso sim me importa!
E novamente tornou a beijar-lhe, os lábios, depois a fronte, e os lábios novamente, enquanto as mãos dele entrelaçavam-se nos fios dos seus cabelos.
Ao longe, apesar da intensa nevasca que caía, via-se a cabana de caça iluminada com seus vidros embaçados...
CAPITULO VIII
Depois do dia da visita a Hogsmeade, todos os outros que vieram passaram tão rápido, que os alunos não sentiram a chegada das festas natalinas.
Rita estava sentada em frente a bola de cristal, tendo Ravena ao seu lado, quando a profesora Trelawney passou por elas exalando aquele aroma costumeiro de xerez barato. Ela era a nova professora de adivinhação, e havia sido contratada recentemente por Dumbledore. As duas meninas conversavam baixinho sobre a notícia que saíra ainda aquela manhã no jornal sobre a tortura do casal de aurores Longbottom pela Comensal da Morte Bellatriz Lestrange.
-Eu os conhecia, Ravie. Eram amigos de papai. – e olhando sorrateiramente para os lados continuou – Deixaram um filho com a mesma idade do menino dos Potter, pelo menos este irá morar com a avó que é bruxa.
-Essa tal de Bellatriz Lestrange devia ser torturada também quando a encontrassem – e continuou – Praticamente estampa as páginas do jornal diariamente com seus ataques, senão a bruxos,a trouxas!
O sinal soou e as meninas deixaram a torre de astrologia.Como sempre acontecia nessa época do ano enormes flocos de neve caíam e um tapete branco e fofo estendia-se agora até por sobre a Floresta Negra. As duas amigas resolveram descer para fazerem juntas a última refeição do café da manhã daquelas duas semanas que se seguiriam.
Rita passaria o natal com os pais em Hampshire. Por duas vezes depois de seus pais falecerem, Ravena havia ido com amiga para a casa dela. Os pais de Rita a receberam muito bem, eram pessoas maravilhosas. A casa era muito confortável e possuía um jardim bem cuidado. Ela tivera também a oportunidade de conhecer os dois irmãos da amiga, na verdade eles eram exatamente iguais a Rita... só usavam calças e eram mais novos... por alguns instantes ela se perguntou se isso era bom... No natal posterior resolveu ficar em Hogwarts e no seguinte também, e quando começou a acontecer, até mesmo Rita teve que permanecer na escola. Então estava tão adaptada que não ficar ali seria como deixar sua casa para passar o natal longe da família. E especialmente esse ano, essa idéia não lhe parecia nenhum um pouco convidativa e Ravena declinou o convite dos pais de Rita.
Estavam já terminando o desjejum, quando Hagrid entrou arrastando mais um dos pinheiros que enfeitariam a sala junto com o resto da decoração natalina. Ele acenou para elas que retribuíram juntando um par sorrisos. Ravena pediu licença para a amiga, e correu até ele entregando o seu presente de Natal. Para variar, Hagrid derramou um bocado de lágrimas e abraçou Ravena com aquele seu jeito desengonçado, fazendo com que ela sumisse em seus braços.
Quando retornou á mesa onde a amiga a aguardava ouviu Rita falando:
- Ravie...- e riu - Um dia ele te esmaga, não? - e pegando o restante de suas coisas - Vamos!
Ravena que ria também do jeito como Rita se referira ao tratamento do amigo, lançou um olhar furtivo para a mesa dos professores. Seus olhos encontraram o alvo que parecia já ter descoberto sua presença há algum tempo, e nesse momento a fitava longamente. Ela sorriu e foi chamada a realidade pela voz da amiga:
- Vamos, Ravie. - e puxou a amiga pelo braço - Se não vou perder a Rede de Flu!
Elas se despediram, e Ravena pediu que a amiga transmitisse aos pais seus votos de Natal. E assim Rita partiu por entre as chamas verdes. Ela então resolveu voltar para a torre da Grifinória, pois precisava arrumar toda a bagunça que deixara acumular durante a semana. Seus livros estavam espalhados pelo dormitório e suas vestes largadas encima da cama de qualquer maneira. Tinha que arrumar tudo antes do Natal, e isso significava o dia seguinte.
Já estava subindo as escadas quando um braço a puxou para um recôncavo da parede. Ela sorria quando ele a virou, mas sua felicidade durou apenas segundos. Ao olhar para seu rosto percebeu que sua expressão era fria
- Vamos a minha sala, Srta. - e sem dar mais qualquer satisfação virou -se na direção das escadas que iam para as masmorras.
Ravena não estava entendendo nada, mas não ousou desobedecer o professor. Caminhava atrás dele lentamente enquanto a capa dele esvoaçava pelos corredores. Chegaram ao corredor que dava para a sala dele, e também para a sala comunal da Sonserina. Como muitos dos alunos passavam as festas com a família o corredor se encontrava deserto.
Pararam em frente a enorme porta de madeira escura que separava a sala do professor do corredor que estavam. Ele a abriu e continuou andando até alcançar sua mesa. Ficou em pé olhando pela janela onde podia ver os flocos de neve que continuavam caindo com mais intensidade . Ravena se aproximou e tocou-lhe os lábios com os seus. Ele retribuiu, mas logo em seguida retirou os braços da menina dali
-Pare com isso, Ravena! - desviando o olhar dela para a neve lá fora.
Ela ainda estava meio atordoada com tudo aquilo, mas não quis se aproximar novamente daquela figura que parecia mais sóbria do que nunca.
- O que está acontecendo?- ela temia o que ele pudesse dizer.
- Não podemos continuar com essa brincadeira... já basta! - seu olhar continuava perdido na noite que caía sobre a floresta.- Cometemos um erro...
- Um erro? - incrédula no que ouvia.
- Sim, Srta. Brown. Um erro.- sua voz continuava fria como a noite que agora preenchia o céu - Ou você acreditou mesmo que podia viver um conto de fadas?... Sua tola, eu não amo. Você acha que não conseguiria iludi-la sendo o que fui?
- Mas... - e o olhar dela era aturdido
- Você é tão linda... acha que não é bom ter uma jovem assim em meus braços? – e sorriu-lhe sarcástico – Foi fácil e perdeu o encanto.
Ela não conseguia responder, toda a sua mente trabalhava procurando, recordando cada momento até ali. Será que ela fora tão cega? Deixou-se envolver por uma ilusão? Não ... não ela tinha certeza que não.... mas então algo acontecera, algo que ele não queria contar, mas o que seria? Por que preferira fazer isso?
Estava agora de frente para ela, seus olhos brilhavam como se um fogo invisível o consumisse por dentro. Caminhou rapidamente para sua cadeira e sentou-se começando a revirar os papéis que estavam sobre sua mesa. Ravena teve a certeza de que ele dera a conversa por encerrada. Ravena correu até a mesa e bateu com seus pulsos fechados na superfície, ele não mexera um músculo, continuou escrevendo. Grossas lágrimas escorriam pelo rosto dela e molhavam-lhe as vestes, e quando abriu a boca para falar, suas palavras estavam impregnadas de ódio.
- Sou tão tola quanto você é mentiroso.- e alteando mais a voz - Não acredito que você tenha me usado, assim como não acredito que saiba realmente o que está fazendo... mas se quer que as coisas acabem assim... eu termino por você.
Ele continuava ignorando a sua presença.
- Eu o odeio, Severo. Odeio o dia em que veio lecionar aqui... odeio não saber por que está me magoando desse jeito.- e soluçando terminou - Odeio ter te conhecido e me apaixonado por você.
E saiu correndo da sala, alcançando as escadas que davam para a torre da Grifinória. Precisava de ar, queria fugir dali... as lágrimas continuavam rolando... e saindo pelos portões alcançou a noite lá fora.
Ravena não podia acreditar que confiara nele a tal ponto que se tornara cega. O que havia acontecido com aquela desconfiança inicial? Ele estava certo, como pode ser tão tola? Não... havia algo mais... Algo que ele não contara. Ela não se enganara. Depois de tudo que a madrinha dele tinha lhe dito... a certeza dela de que ele estava apaixonado... a maneira como ele se dirigiu a ela na cabana. Snape podia ter tido seus dias de Comensal, mas não era tão frio quanto gostaria de ser. Não era insensível como aparentava, Ravena viu o carinho dele com a sra. Belair, e sentira ela mesma o que a paixão lhe provocara. Ele não sabia lidar com esse sentimento. Será que estava fugindo como no dia da Floresta? Não, ela sentia que existia algo mais. Será que Dumbledore ficara sabendo? Mas como?
Então ela se lembrou das palavras duras que ele dissera, e seus olhos se encheram de lágrimas novamente que se precipitaram pelo seu rosto.
Naquele momento, dentro da sala fria nas masmorras, os olhos de uma figura sombria a acompanhava entre as cortinas. Quando a perdeu de vista, voltou à sua mesa, e sentou. Apoiou seu rosto nas mãos, e depois escorrego-as pelos cabelos lisos. Ele não podia fazer nada, não tinha escolha. Sabia que se contasse simplesmente o que tinha acontecido, Ravena iria permanecer ao seu lado. Isto era tudo o que ele queria, mas não deixando-a desprotegida. E de repente sentiu tanta dor que lágrimas brotaram dos seus olhos.
Ele estava sozinho novamente.
CAPÍTULO IX
A manhã de Natal desceu sobre os gramados da escola em forma de uma nevasca. Ravena acordou e resolveu não descer para o café, não sentia a menor vontade de ver ninguém. Fitou o dia através das imensas janelas do dormitório, ele definitivamente seria longo. Se jogou embaixo das cobertas novamente... e pensou " Sinto falta de vocês" pegando um porta retrato com a foto de seus pais na cabeceira de sua cama, onde quase não havia mais espaço para um alfinete... as lágrimas rolaram. Ela limpou seus olhos e fitou novamente a neve lá fora... ele nunca poderia ter feito isso... não podia... e mais lágrimas rolaram pelo rosto da menina. Suas pálpebras pesaram e ela deixou-se adormecer novamente.
Quando um pálido sol teimou em aparecer nos céus, Ravena acordou. Os olhos inchados, e percebeu que perdera também o horário do almoço. Se não se forçasse a levantar, provavelmente não participaria da Ceia e, embora ninguém a tivesse procurado ainda, ela tinha certeza que o fariam. Jogou as pernas para fora da cama e levantou-se. Olhou em volta, o dormitório estava uma bagunça, teria que arrumá-lo antes de descer. Começou pelos livros que estavam espalhados até pela cama e a cabeceira de Rita. Ravena de repente sentiu tanta falta da amiga, devia ter contado tudo para ela. Deixou seus pensamentos de lado e continuou o que estava fazendo. Depois foram as vestes, tudo devidamente bem acomodado dentro do enorme malão. Quando foi fazer sua cama, um livro caiu no chão com a contracapa aberta onde lia-se: "Ensinamento de Poções - vol. 4 "
Sentiu tanta raiva que arremessou o livro direto para dentro do malão. Trancou-o logo em seguida, principalmente para ter certeza de que essas lembranças não a pertubariam novamente. Ela desejava que fosse fácil assim, mas não era. Não era fácil esquecer seus sentimentos, assim como não ia ser fácil permanecer esses últimos seis meses na escola. Resolveu, por fim, que não adiantaria ficar o resto do dia ali. Já que tudo estava arrumado, o melhor a fazer era começar a se vestir para a Ceia de Natal.
Arrumou-se tranqüilamente, detendo-se apenas com mais rigor no penteado que iria usar. Queria estar excepcionalmente bonita, mesmo que dentro das vestes da escola. Decidiu-se então por prendê-los no alto da cabeça em um coque negligentemente desalinhado. Isso fez com que seus cachos caíssem, em profusão como cascatas, pela sua nuca. E deixava também a mostra seus lindos olhos verdes. Olhou no espelho e gostou imensamente do efeito que conseguiu. Virou-se para verificar as horas no relógio e descobriu que devia correr, caso contrário perderia o discurso do diretor.
Desceu as escadas rapidamente e entrou no Salão Principal, onde se encontravam todos os alunos que passavam o Natal na escola. Ravena constatou que as mesas das Casas estavam relativamente mais vazias que os outros anos, e dirigiu-se para a da Grifinória. O diretor já estava ali e os professores também, mas foi nesse instante que ela percebeu que o lugar do professor de poções estava vazio. Olhou para outra extremidade da mesa, mas não havia sinal dele. Estava decidida a ir até as masmorras, quando a voz de Dumbledore se fez ouvir dando início ao discurso que abriria as comemorações do Natal. Ravena não tinha como de levantar até o final do banquete.
Após um brinde também feito pelo diretor começaram a surgir em cima das mesas os vários pratos que seriam apreciados pelos alunos. Tudo estava transcorrendo bem exceto pela ausência, que ela considerava inexplicável, por parte do professor. Seguiu-se então uma quantidade imensa de pratos doces dos mais diversos tipos, e conforme foram acabando os alunos se retiraram para os seus dormitórios. Ravena resolveu dar uma volta pelos gramados, havia chegado a conclusão de que se Snape não estava sentado à mesa dos professores não estava no castelo, e isso causava nela uma inquietação. Apesar do pouco tempo na escola ela sabia que o professor só se ausentara uma vez, e por mais incrível que fosse ela estava com ele.
Seus pensamentos estavam em plena atividade quando ela chegou aos jardins e decidiu se sentar um pouco nos banquinhos ali perto. Apesar da neve ter parado de cair, e o céu estar estrelado, a noite era extremamente fria. Deixou-se ficar ali fitando as estrelas que salpicavam o céu. Passado algum tempo que estava ali fora, ela ouviu um leve farfalhar de vestes a suas costas, e virou-se na esperança de encontrar as respostas que procurava . Para sua surpresa deu de cara com uma figura alta vestida de azul, usava um chapéu em forma de cone e possuía uma enorme barba prateada. Ravena sorriu timidamente, e saudou o diretor.
- Olá ,prof. Dumbledore. Está uma bela noite, não?
- Sim, Srta. – e dirigindo-se ao banco ao lado dela – Posso?
- Claro que sim. – e completou – O sr. bem sabe o quanto lhe adoro e gosto de nossas conversas, não? A propósito desculpe-me pelo tom que usei na última conversa com o sr.
- Sim ,sei Ravena . E sim está perdoada – e dando uma leve tossida – Talvez por isso tenha tomado a liberdade de procurá-la essa noite.
- Bem.... – e ela lhe fitou os olhos azuis por trás dos óculos de meia-lua – Não creio que vá falar sobre os exames, não é mesmo?
- Sim ,você tem razão. Não é sobre os exames de N.I.E.M.s que vim lhe falar – e como sempre mantendo a calma em sua voz – Não tenho a menor dúvida que, como já lhe disse, você será uma das melhores aurores do Ministério. Não, isso no momento decididamente não me preocupa, Srta. – e levantando-se do banquinho deu alguns passos a frente – O que me preocupa no momento é ausência de meu melhor professor, Ravena.- e virando-se para ela testemunhou a surpresa em seus olhos – Por acaso sentiu a falta do professor Snape a mesa, é claro?
- Acaso notei – disse-lhe ela desviando seu olhar e abaixando-o para as mãos que se torcia nervosamente.
- Seria errado de minha parte, e me corrija caso o seja, que este fato tem relação direta com a sua ausência nas duas refeições de hoje? – ele a encarava por baixo dos oclinhos.
- Não sei do que o sr. está falando professor – suas mãos agora pareciam crispadas em volta uma da outra. - Eu não desci para o café e para o almoço por que estava arrumando minhas coisas para o reinicio das aulas.
- Ah....sei ,sei. – e ele deu alguns passos na direção de onde entrara nos jardins – Então creio que não está interessada em saber o que aconteceu para que ele não estivesse presente à mesa. Realmente me enganei. Boa Noite, Srta.
- Não ,prof. . Desculpe, sr.- e levantando-se também, caminhou na direção dele . E com a voz apreensiva, perguntou – Por favor, diga-me, o que aconteceu a Severo?
Os olhos que a fitavam sorriram e ele virou-se para ela dizendo:
-Venha, Srta. Vamos conversar num lugar mais agradável. Uma noite estrelada como essa pertence aos casais de namorados. E me parece que ambos estamos desacompanhados.....pelo menos por hora.
Ravena e o diretor caminharam pelos corredores da escola, e pararam em frente a águia de pedra que guardava a entrada para o escritório dele. Ele disse a senha, e a estátua saltou para o lado dando lugar a escada por onde subiram . A porta da sala se abriu e o ambiente quente envolveu-lhes. Infelizmente ela estava absorta nas últimas palavras que ele dissera, isto só podia significar que ele sabia , “Quem contara?” ,ela pensou ,” Severo!” , estava tão envolvida em seus pensamentos que não percebeu que o professor lhe oferecia balinhas de alcaçuz. Foi tirada de seus pensamentos quando ele lhe ofereceu mais insistentemente.
- Srta. aceita algumas balinhas? – e ele esticou um pote repleto delas na direção de Ravena.- Devo avisá-la de que são um pouco ariscas.
- Não, obrigada – ela falou com cuidado.
- Sabe, srta, creio que gostaria de me contar algo, não? – e seus profundos olhos azuis a encararam – Porém, acaso não o faça, eu lhe contarei uma história,sim?
- Sr. tenho certeza que ambos sabemos a história que vai me contar – e por alguns minutos ela ficou rubra, quase escarlate.- Só não sei como descobriu, porém se tiver me chamado aqui para que eu deixe a escola por comportamento desrespeitoso com a conduta que temos aqui, gostaria que soubesse que nunca fiz nada de errado. Nunca! Bom ....a não ser um beijo.... – ele a continuava encarando por baixo dos oclinhos meia-lua - O que eu quero dizer, sr é que...
- Acalme-se ,Ravena – e sorriu para ela – Sei que não fizeram nada de errado, e não estou aqui interpelando-a ou sequer julgando seus atos. O professor Snape me contou tudo o que aconteceu....Ou quase tudo ...não me lembro do beijo – e mais uma vez sorriu para ela complacentemente – Porém, Srta., o que me preocupa como disse lá embaixo nos jardins, é a forma como ele -deixou a escola ontem a noite. Ele falou com a Srta. antes de ir suponho?
- Sim ,professor – e seus olhos encheram de lágrimas que precipitaram pelo seu rosto – Ele me procurou dizendo que não poderíamos mais ficar juntos. Me disse coisas horrorosas, como por exemplo, nunca ter me amado e que nunca seríamos felizes . Sr. eu sei que ele estava mentindo, mas não sei por que, e isso é o que mais me aflige.
- Ravena – e dizendo isso de aproximou dela – o professor Snape sofreu uma perda muito grande ontem a noite. Logo após ser informado do que acontecera ele me procurou ,e me contou o que existia entre vocês dois e a decisão que tomara. Tentei demovê-lo da idéia de afastá-la, mas ele estava irredutível. Tinha medo que também atacassem você , disse-lhe que eu sempre a protegi e sempre o faria quando fosse necessário. – e ele lhe deu um tapinha nos ombros.- Ele não me deu ouvidos. A juventude é uma coisa maravilhosa ,pena que nunca a aproveitemos direito.
- Prof. Dumbledore , que perda ele teve ontem a noite? – as palavras saíram trêmulas da sua boca – Foi a Srta. Belair?
- Sim ,Srta. – disse-lhe ele – Você a conheceu se me recordo direito o que Severo me contou – ele sentou-se em sua cadeira – Uma pessoa muito boa ,foi minha aluna quando estudou aqui. A mãe de Severo e ela eram inseparáveis .Quando ele nasceu ,ela foi convidada para ser sua madrinha. Mas aquiete-se ela não morreu, os Comensais a atacaram e a deixaram inconsciente. O que não sabemos é a extensão dos danos causados.
- Ele está com ela ,não?
- Está ,e se me permite a intromissão ,acho que você deveria ir imediatamente para o Saint Mungus. Ele precisa da Srta. ,apesar de ter-lhe escondido o que aconteceu. Ravena ,tenho certeza de que você é a pessoa certa para ajudá-lo ,como também sei que sabe se virar muito bem sozinha.
- Mas professor e se ele.....- ela não completou sua frase.
- Srta. está tarde ,é melhor se apressar. – e ele indicou-lhe a lareira – Você irá usar minha rede pessoal de Flu . Ande minha cara ,e confie mais no seu poder de persuasão.
- Sim ,senhor.- e foi para a lareira agarrando um pouco de pó que estava numa vasilha próxima.
- A propósito ,srta., diga ao professor Snape que lhe mandei minhas recomendações. Agora vá.
- Saint Mungus – ela pronunciou arremessando o pó ao chão
Dumbledore sorria e via a menina desaparecer na lareira. Depois voltou-se a sentar em sua cadeira , e pensou “ Espero que isso resolva o problema! “ , e novamente sorriu.
CAPÍTULO X
Ravena chegou ao Sanit Mungus em frações de segundos .Andou por um corredor bem iluminado á sua frente ,ao final dele estava um balcão onde uma moça com vestes brancas e um ar eficiente atendia um casal de vestes escarlates. O homem gesticulava muito e não parecia falar uma palavra em inglês ,ao que Ravena prontamente começou a traduzir para a bruxa atrás do balcão que parecia no limiar de sua paciência. Após serem atendidos ,agradeceram muito pela ajuda e saíram na direção que a bruxa de branco havia informado. Ela então virou-se para Ravena e perguntou em que poderia ajudar-lhe ,e a menina então perguntou aonde ficava a enfermaria para pessoas atingidas pela Maldição Cruciatus .
- Quarto andar ,Srta. - disse-lhe a jovem enfermeira - Pegue o elevador no hall a sua esquerda ,por favor.
- Obrigada.
E dizendo isso seguiu para a direção indicada por ela. Em poucos minutos surgiu um hall com quatro portas douradas ,quando se ouviu um leve tilintar de campainha a porta a sua frente abriu e ela entrou. Ao chegar ao andar fez-se ouvir novamente um tilintar avisando a parada do elevador. Ravena saiu ,e a porta a sua frente indicava a entrada da enfermaria. Havia uma mesa ao canto ,mas não parecia ser utilizada. Ela começou a andar e entrou em um outro corredor com fileiras de boxes uns ao lado dos outros. Não era propriamente o que ela tinha em mente sobre um hospital de bruxos ,mas não havia dúvidas de que viera ao lugar certo.
Se pôs então a olhar cada box ,procurando aonde seria o da Srta. Belair. Olhou o primeiro onde duas senhoras dedicavam-se a uma conversa acirrada sobre agulhas de tricot .Caminhando em frente revistou o segundo onde um senhor deitado com as mãos cruzadas sobre o peito e olhos abertos parecia estar morto ,mas um leve piscar de seus olhos a fez relaxar e seguir adiante. Mais dois boxes á frente e nada ,vazios. Foi quando teve que escolher entre um corredor que seguia á esquerda e outro à direita. Decidiu-se pelo da esquerda ,mais dois boxes vazios .Sua perna começou a tremer ligeiramente quando ela dirigiu-se para o terceiro.
A cortina em volta desse box estava totalmente fechada. Ravena achou a extremidade do tecido e abriu uma pequena fresta para que pudesse ver seu interior. Havia pouca luminosidade dentro do box ,mais suficiente para que um frio percorresse sua espinha ao ver uma figura de vestes negras debruçada sobre um corpo na cama bem ao centro. Ele estava de costas para ela ,mas Ravena não precisava ver seu rosto para que tivesse a certeza que encontrara o que viera procurar . Entrou em silêncio e pé ante pé aproximou-se da cadeira onde ele se encontrava ,estava adormecido segurando entre suas mãos as da tia. A Sra. por sua vez estava decididamente num sono profundo ,os cabelos pareciam mais brancos e a tez bem pálida .Ravena tinha a impressão que podiam soar gongos que ela não despertaria ,porém sua expressão era serena.
Verificou que em cima da cabeceira havia vários frascos com algumas substâncias conhecidas e uma edição do dia anterior do " Profeta Diário ". Ela retirou sua capa verde escura e a colocou na cadeira vazia a direita da cama ,semelhante a que Snape ocupava. Se aproximou dele ,que estava com o rosto baixo apoiado na junção das mãos, e carinhosamente passou suas mãos entre os fios lisos de cabelo preto que caía sobre seu rosto ,fazendo com que pudesse ver-lhe a expressão . Estava tão serena como a da tia ,mas ao leve toque dos seus dedos ela percebeu que deixara ele a ponto de despertar. Ele segurou-lhe a mão e a afagando disse " Ravie! " , ela sorriu. Nunca o ouvira chamar-lhe assim ,mas essa mera referência ao seu nome fez com que ela revivesse todos os momentos que tinham passado juntos.
Instantes depois ele despertava ,estreitou os olhos e uma sombra de dúvida iluminou-lhe o olhar. Parecia impossível que a figura a sua frente fosse quem ele imaginava , ergueu-se assombrado.
- Srta.Brown ?! - e de repente como se desse conta da realidade da visão mudou o tom de sua voz tornando-a mordaz.- O que faz aqui ,Srta? Não me lembro de tê-la chamado.
E mais do que depressa virou-se em direção á outra extremidade do box. Ravena não se moveu, fitava-o com os olhos e sua expressão parecia cansada e triste. Desviou o olhar para a Sra. Belair ali deitada ,e perguntou-se o quanto aquilo teria sido capaz de atingi-lo. Como que a resposta dela tardasse ouve uma nova pergunta que a fez voltar a realidade.
- Vamos ,Srta., responda! - sua voz estava fria - Quem a mandou vir?
- Vim visitar uma amiga ,professor - e dirigindo-se para a cadeira que antes ele ocupara ,disse - Tenho permissão para isso ,sr. Me foi dada pelo prof. Dumbledore.
Ele estava em pé do outro lado da cama ,mas bem a sua frente. Imóvel ,com seu rosto iluminado pela fraca luz que pendia do teto. Ao encarar novamente a menina ,vislumbrou um sorriso ,um lindo sorriso infantil. E andando na direção dela , fez levantar e abraçou-a num longo aperto de seus braços.
Um beijo era tudo o que ele desejara nos últimos dois dias que estivera ali ao lado da tia. Ele a deixaria ir depois ,a colocaria a salvo dele e de todos os outros. Ela tinha que ir embora agora ,mas quem ele estava tentando enganar? Ele nunca a deixaria ir ,não de novo. E com medo de seus próprios pensamentos ,deslizou seus lábios na direção dos dela e a beijou intensamente. Ele teve a certeza de que não a deixaria partir.
Ela se afastou e olhando-o maliciosamente ,perguntou
- Severo ,você achou mesmo que conseguiria me manter longe?
- Sim - e falou tristemente para ela - Eu precisava fazer isso .Viu o que expus minha madrinha?....Eu quase não a visitava...e olhe o que aconteceu.- virando-se para o leito onde a pobre sra. estava inerte. - Eu não quero esse destino para você !
Ele sentou-se novamente na cadeira e passava as mãos nervosamente pelos cabelos lisos que já estavam em desalinho. Ela se abaixou ao lado dele e o abraçou ,como se faz com uma criança que está perdida.
- Não estou aqui por sua escolha - e encarando-o - Estou por que eu escolhi estar com você ,não me importa a quem ou o que terei que enfrentar. O que me importa é você....eu o amo. - e sorrindo timidamente ,acrescentou - Será que nunca percebeu isso ,professor? Quer queira quer não ,estamos juntos.
- Você não sabe o que está dizendo - mas a pegando nos braços novamente - Está louca ,mas eu amo essa sua loucura - e a beijou.
Ela sabia ,que nada que pudesse ser dito a levaria para longe dali ou da vida dele. Ravena estava determinada a lutar pelo que queria ,e isso significava ,Snape. Por alguns momentos deixaram-se ficar ali ,abraçados .Foi a voz da enfermeira que os trouxe a realidade do lugar onde estavam.
- Tenho que dar a poção dela ,sr. - e indo á cabeceira da doente pegou um dos fracos que lá estavam - Está na hora.
Ele assentiu e ela terminou o seu trabalho . Ao sair ela se virou para trás e em tom maternal , falou á Snape.
- Seria bom ,senhor , que fosse descansar. Não há mais nada que possa fazer aqui .Cuidaremos dela. - e dizendo isso fechou as cortinas atrás de si.
Severo estava em pé olhando a tia ,quando Ravena lhe perguntou.
- Não há nada que possa ser feito? - e olhou para a sra. Belair. - Ela vai ficar assim para sempre?
- Não há nada mais a fazer - e balançando a cabeça repetiu - Não ,mas eu ainda faço Bellatriz pagar por isso !
- Foi....foi ela que fez isso Severo? - e sua voz tremeu. - Foi mesmo Bellatriz ?
- Eu não tenho dúvidas . Ela acha que eu traí o Lord das Trevas ,mas apesar de ter deixado de ser um Comensal eu nunca delatei ninguém. Eu fui para Hogwarts com o consentimento do Lord ,ele sempre confiou no meu papel de espião ,por isso fui útil. . Você estava lá quando ela me acusou! Nunca precisei fazer isso para que Dumbledore acreditasse em mim ,nunca !
Ravena o olhou intrigada ,e ele sabia que a pergunta que ele mais temia viria ,e não teria como fugir disso. Simplesmente esperou que ela falasse ,não pretendia esconder mais nada dela
- O que você fez então para que ele nunca duvidasse da sua lealdade ?
- Na realidade ,Ravena - e ele a encarou com seus olhos negros - Fui eu quem ouviu a metade da profecia feita sobre Harry Potter. Você já ouviu falar sobre ela ,não é mesmo? Não se fala em outra coisa depois que ele desapareceu.
- Sim ,é claro.- ela estava nervosa.
- A profecia na realidade não se referia á Potter nominalmente ,mas sim á uma criança nascida numa determinada época ,e de pais que por três vezes haviam atacado o Lord das trevas . Eu como disse ,não a ouvi toda. Dumbledore me descobriu antes disso, e me colocou para fora do bar. Logo depois me procurou e tivemos uma longa conversa.
Ele tomou mais fôlego para continuar a narrativa e Ravena não se atreveu a interromper.
- Bom , eu há muito já estava descontente com as ordens do Lord das Trevas. Sua últimas missões para os outros Comensais era matar e matar ,quando ele mesmo não o fazia. A sede de poder dele não tinha limites ,confesso á você que me juntei a eles pelo poder . - e baixando os olhos continuou - Não me orgulho disso ,mas tive uma infância muito dura ....meus pais viviam brigando ,minha mãe era fraca não reagia aos insultos e outras atrocidades que ele desferia-lhe. Quando fui para Hogwarts era um bom aluno ,mas aquela turma do Potter sempre me fazia de palhaço. Decidi provar que podia ter e controlar o que quisesse com o poder .O Lord das Trevas fez isso parecer tão fácil......E eu estava cego de ódio de todos que me subestimaram.
Ravena o escutava atentamente ,seus olhos verdes pousados naquela figura negra que percorria o box de um lado para o outro. Ela queria conhecê-lo melhor que ninguém ,e tinha certeza que estava penetrando num universo pessoal de Snape que talvez nem Dumbledore tivesse conseguido.
- Eu errei ,Ravena - e olhou para ela afetuosamente.- Dumbledore me fez ver isso no dia que foi atrás de mim ,e me pediu que não revelasse a profecia ...mas eu já havia revelado a parte que ouvira. Eu então contei-lhe exatamente tudo o que escutara no bar e ele me acalmou. A parte que eu ouvira não era tão comprometedora ,mas que eu deveria escolher á quem serviria a partir daquele momento , e caso fosse a ele ,Dumbledore ,eu teria que espionar o Lord das Trevas até que ele atacasse a criança da profecia. Depois disso ,Dumbledore me deu o cargo de professor de poções em Hogwarts. Eu tenho sido os olhos de Dumbledore junto ao Lord ,e desde daquele dia do ataque aos Potter ,Bellatriz vem achando que eu os delatei e passei para o outro lado – e encarou-a – O que não deixa de ser uma verdade
- Você é o responsável pelas mortes dos Potter ? - ela estava aturdida - e por quase Voldemort ter matado Harry ?
- Não fale o nome dele assim ,só Dumbledore diz essa palavra. - e segurou-a pelos braços.- Minha querida criança., não ! – ele olhou sério para Ravena ,que odiava quando ele a chamava assim por motivos óbvios. Parecia que ele era mais velho que ela anos ,e só havia 5 anos de diferença. Snape não passava dos vinte e dois anos - Eu não o levei a matar os Potter ,e nem a marcar Harry como um igual. Foi a sua obsessão em se livrar da profecia que o fez torna-la verdadeira . Dumbledore me falou que a profecia se referia a qualquer criança cujos os pais tivessem lutado três vezes antes contra o Lord das Trevas . Poderia ter sido os Longbottons ,ou quaisquer outros pais .Havia uma guerra ,como ainda há a caça aos Comensais. Eu não tive culpa e me expus a grande perigo para provar que era digno da confiança do diretor. Ele acredita em mim. - e pegando as mãos de Ravena entre as suas ,perguntou á ela - E você , acredita? È tudo o que me importa nesse momento.
Ela o fitava com seus lindos olhos ,e depois de alguns segundos sorriu-lhe sorrateiramente .
- Sim ,professor Snape - e beijou-lhe os lábios - Mais do que nunca!!!!!!!
- Pensei que a perderia - ele acariciou os cabelos dela - Eu não podia mentir mais para você.
Ela assentiu
- Eu entendo ,e acho ótimo que pense assim - e segurando -lhe as mãos - Conte-me o resto. O que aconteceu com...Você-Sabe -Quem?
- Eu não consegui ajudar muito Dumbledore . O Lord das Trevas apesar de me considerar seu preferido , não me contou suas reais intenções em relação a profecia. Por isso não pude avisar quando ele foi atacar os Potter ,não sabia que ele tinha ido. Ele sofreu uma séria derrota ao atacar Harry . Lilian protegeu o menino com magia antiga ,e o amor dela pelo garoto o salvou da morte. Ela foi muito esperta....era uma excelente bruxa ,pena que tenha casado com Potter.
- Você gostava dela ,não? - disse-lhe ela friamente.- Só que ela escolheu o Tiago!
Ele a olhou impassível e encarando-a até deixa-la rosada ,perguntou.. - Està com ciúmes ,Srta.? - e sorriu - Tem razão ela escolheu oTiago....sorte minha !!
Ele sorriu para ela ,e então sugeriu.
- Vamos embora ,Ravie ? - ele a fitou ,e um imenso sorriso aflorou nos lábios dela - Está tarde e temos que voltar a Hogwarts.
- Sim ,mas e sua tia ? - ela olhou para a enferma - O que faremos ?
- Eu virei visita-la ....sempre ! - e inclinando-se sobre o rosto da madrinha ,beijou-lhe a testa. - Você passou no teste de aparatar ,não ?
- Sim ,mas não podemos desaparatar dentro da escola ,não é mesmo ?
- Bom , dentro ,não ,é verdade , mas nos portões sim . vamos
E um zumbido ecoou dentro da cabeça de ambos.
CAPITULO XI
Chegaram aos portões da escola quando os primeiros raios de sol começavam iluminar os gramados. Atravessaram rapidamente os gramados, e enfim alcançaram as escadas que davam para o Salão Principal. Estavam percorrendo cautelosamente os corredores para que ninguém os vissem juntos ,ele a levou diretamente para escadaria que saía em frente ao retrato da Mulher Gorda. Ali se despediram.
-Acho que se demorar-mos muito parados aqui correremos risco de sermos vistos. - disse-lhe olhando para os lados.- Quero que suba imediatamente para seu dormitório e faça o possível para parecer que não se ausentou um segundo dali ,entendeu?
-Sim ,sr. ...professor...- e sorriu maliciosamente - Farei o que disse ,mas quando nos veremos de novo ?
-Nas aulas ,Srta.Brown. - e sorriu-lhe sarcástico sussurrando ao seu ouvido - Escreverei cartas .... que tal como um admirador secreto ,está bom?
-Você vai fazer o que ?- ela o fitou incrédula
-Escrever cartas.....assim não levantamos suspeitas sobre nós . Não podemos nos aproveitar da cobertura que Dumbledore está nos dando .
-Tenho que admitir que não consigo imagina-lo escrevendo cartas amorosas, professor.....- falou-lhe maliciosamente
-Sabe – puxou-a para si quase colando seus lábios ao dela ,e sorriu - Posso ser muito romântico quando quero.....é claro - recuperou seu tom de voz autoritário - Vá ,srta. Agora.
Ravena olhou por cima dos ombros dele e certificou-se que estavam sós ,como estava no início da escadaria isto a permitiu uma visão mais favorecida dos corredores que os cercavam. Encarou ,e subitamente tocou-lhe os lábios com o seu por poucos segundos e virou-se para continuar seu caminho até a entrada da Torre da Grifinória. Ao chegar ao topo da escada virou-se e ainda teve tempo de ver Snape se perder na penumbra do corredor que dava para as Masmorras.
- Felix Fellicis - disse ela para o retrato ,que resmungou alguma coisa inaudível e se afastou para dar passagem a menina.
Ravena trocou suas roupas rapidamente para as de dormir e se enfiou embaixo dos lençóis . Estava tão cansada que adormeceu instântaneamente. Acordou duas horas depois com Rita a sacudindo e falando que estavam atrasadas para o café no Salão . Ela se trocou e desceram para comer . Enquanto desciam as escadas Ravena se deu conta de que não era para Rita ter voltado ainda das férias ,isso só deveria acontecer no final da semana.
- Rita - ela disse ofegante por que estavam correndo - O que faz aqui hoje? Não ia passar as festas com seus pais?
- Bom ,Ravie - e continuou falando apressadamente - A idéia inicial era essa ,mas papai e mamãe resolveram viajar os últimos dias das as férias com meus irmãos .Então resolvi antecipar minha volta e ficar aqui com você.
E vendo o olhar furtivo que a amiga lançara para a mesa da Lufa - Lufa ,e mais diretamente para um menino de cabelos ruivos e ar perdido , achou que Rita tinha mais motivos para estar ali do que a amizade das duas. Intimamente agradeceu a volta dela ,poderiam fazer várias coisas juntas e o tempo passaria mais rápido.
Ao sentarem-se para tomar o café ,foi a vez de Ravena fazer o mesmo ,e olhar na direção da mesa dos professores. Seus olhos pousaram na figura de um homem com vestes pretas sentada numa das extremidades dela ,e curiosamente percebeu que ele fazia um esforço enorme para se manter acordado .Instintivamente ela sorriu e percebeu que um par de olhos igualmente pretos acabava de descobrir a sua presença ,e encarou-os .Ficaram assim segundos que pareceram uma eternidade ,e Ravena foi tirada desse momento tão íntimo pela voz da amiga
- Vamos ,Ravie - e disse estendo um prato com alguma coisa em sua superfície - Coma um pedaço torta de amoras , é a sua preferida ,não é?
- Sim , é - e pegando o prato que lhe era oferecido ,sorriu - Você sabe muito bem disso ,não é a toa que é minha melhor amiga.
As festas do Natal passaram ,e os alunos regressaram á Hogwarts para mais um semestre. Para as duas meninas significava a reta final de aprendizagem ,e conseqüentemente dias e dias trancadas na biblioteca estudando em todos os horários livres. Como Ravena era uma excelente aluna em todas as matérias ,Rita sugeriu formarem um grupo de estudos com alunos do sétimo ano de todas as casas. È claro que vários alunos procuraram por elas , e de quebra ainda foram elogiadas pela prof.. McGonagall ,que achou a atitude louvável.
Os dias começaram a passar mais rapidamente do que Ravena previra .Como dava aulas na biblioteca para o grupo de estudo nos horários vagos ,não lhe sobrava muito tempo para distrações . Quando não tinha as reuniões do grupo dedicava-se aos tópicos que não eram abordados lá. Fora isso tinha todo o horário de aulas a cumprir e exercícios a fazer. Via Snape apenas nas aulas de Poções e não tinha tempo de se demorar depois da aula pois sempre tinha alguma coisa para fazer. O que mais fazia parecer estarem juntos eram as cartas que o tal admirador secreto escrevia , e que ela, depois que a amiga dormia ou então quando estava estudando sozinha, respondia.
Os dias viraram meses ,e a dedicação de Rita ao grupo de estudos, e seu desempenho pessoal também ,havia aumentado consideravelmente através de um estímulo extra. O sr. Theodore Spencer ,o rapaz ruivo da Lufa - Lufa ,que agora fazia parte do grupo. Ravena nunca vira a amiga estudar com tanto afinco ,estava obtendo mais resultados do que muitos outros que se dedicavam a mais tempo que ela. A essa altura a curiosidade de Rita sobre as cartas que Ravena recebia também havia aumentado ,e não passou-se um dia em que Ravena não ouvisse um comentário maldoso da amiga.
Um dia estavam jantando ,e Rita quase matou a amiga de susto com uma revelação.
- Ravie - disse-lhe ela baixinho - Sabe descobri quem é seu cavalheiro galanteador - e sorriu
- Como ? - perguntou Ravena como se tivesse tomado um soco na boca do estômago, e recuperando-se - Você ....sabe quem é?
- Sim - e apontou com a cabeça para a mesa da Sonserina - Está vendo aquele moreno de imensos olhos azuis sentado ali no canto ?
Ravena virou seu rosto para o lugar que a amiga indicara, já sentindo um alívio .E encontrou o que deveria ser o seu salvador ,agradeceu sinceramente a providência do destino .Isto deveria ser o suficiente para que Rita a deixasse em paz e satisfizesse sua curiosidade. Ela resolveu dar corda á amiga.
- Você tem certeza ,Rita ? - e deu-se um ar dúvida - Acho que não é ele.
- Ah....é sim ! - disse a amiga com a convicção de um Sherlock Holmes no fim de um mistério - È elementar ,minha querida. Ele não tira os olhos de você.
Ela começou a se perguntar se seria realmente bom deixar a amiga pensar que fosse o tal garoto ,tinha medo de que futuramente a magoasse ,mas no momento era o melhor a fazer. Tinha que mantê-la longe da realidade ,apesar de que tinha certeza de que se contasse a Rita que desconfiava que as cartas eram escritas pelo professor ,muito que provavelmente arrancaria da amiga muitas risadas. A imagem que os alunos faziam de Snape não lhe permitia tais rompantes amorosos.
Os dias continuavam sucedendo-se em meses ,e os dias mais quentes chegaram com o início de abril .Faltavam apenas dois meses para os exames de N.I.E.M.s ,e os alunos do sétimo ano estavam com os nervos a flor da pele. As reuniões do grupo de estudo se tornaram mais freqüentes e mais requisitadas por todos. Numa tarde quando estava saindo da biblioteca após o final de mais uma reunião ,Rita falou á amiga:
- Falei com a turma e o pessoal do grupo de estudos. Vamos aproveitar que é seu aniversário daqui as duas semanas ,e daremos uma festa na nossa Sala Comunal - e sem dar chance para que Ravena respondesse ,continuou - Vai ser legal ,estamos precisando relaxar um pouco. Você se importa?
- Não ,claro que não me importo ,Rita - e apesar da surpresa - Acho até bom.....sério.
- Eu imaginei que não se importasse - e corando um pouco ,acrescentou - Sabe....o Theo vai! Ai ...amiga ,ele é demais....
Ravena havia acabado de recolher seus pertences ,e ainda sorrindo da atitude da amiga ,resolveu não revelar o que achava de "Theo - o magnífico". Ela já tinha tido problemas com "Theo" numa carta um tanto quanto enciumada de seu admirador secreto ,e nutria uma certa aversão por Theodore Spencer. E deixando a biblioteca ,deixou também esses pensamentos para trás.
O aniversário de Ravena chegou sem que ela se desse conta .A única pista que teve foi o excesso de felicidade de Rita, que parecia contar os segundos para a festa. Quando acabaram de jantar subiram para a torre da Grifinória. As duas se arrumaram e desceram para a sala comunal ,os convidados começaram a chegar .Havia cerveja amanteigada ,bolo e sandwiches. Ravena decidiu que permaneceria pouco tempo na festa em sua homenagem .Ganhou alguns presentes dos seus colegas da Grifinória e do grupo de estudos . Rita lhe deu uma linda pena dourada com um cartão onde se lia ; " Para que você assine muitas vezes com seu nome quando for uma renomada auror. Afinal não tenho dúvidas disso. Beijos , Rita. " , Ravena a adorara.
Ela estava feliz mas sentia falta de alguém ali .Alguém com quem ela indiscutivelmente gostaria de passar seu aniversário. Nesse instante um menino louro ,de olhos pequenos ,se aproximou dela e lhe entregou um bilhete ,onde se lia :
" Srta. Brown.
Peço permissão para tira-la de sua festa de aniversário e ao mesmo tempo desculpas ,mas preciso de um favor seu . A aguardo em minha sala.
Alvo Dumbledore.
P.S.: A propósito ,Srta. a senha para passar da gárgula é " Gotas de Limão" . Até breve. "
Ravena pensou em antes de sair falar com Rita,mas ao procurá-la a viu numa conversa promissora com "Theo " ,e achou melhor sair sem ser notada. Ela passou pelo buraco na parede e alcançou o corredor no andar debaixo que iria acabar na águia. Ao chegar disse a senha e a estátua se afastou dando lugar a escada que a levaria para o escritório do diretor. Subiu as escadas e bateu para entrar.
- Entre ,Srta.Brown - uma voz firme falou por trás da porta que se abriu.
Ela entrou calmamente no ambiente cheios de quadros e outros objetos ,que era a característica do escritório de Dumbledore. E olhou para escrivaninha ao centro ,em pé ao lado dela estava um bruxo alto com barbas prateadas e vestes azuis celestes ,usava ainda um oclinhos meia-lua pendendo do nariz.
- Boa noite ,professor - disse-lhe ela - Recebi seu recado e vim o mais rápido que pude.
- Boa Noite ,Srta.- e olhando-a por cima dos óculos falou - Você foi rápida . Sente-se por favor.
Ela assentiu e sentou-se numa cadeira de espaldar alto em frente a escrivaninha de carvalho. Se sentia meio ansiosa ,mas tentou ao máximo controlar-se.
- Ravena - ele falou em tom quase paternal - Antes demais nada parabéns por alcançar sua maioridade ,Srta. E é justamente esse motivo que a traz aqui. - e encarou seus olhos verdes - Você sabe que eu e seus pais éramos muito amigos , e que senti muito sua perda. O que me leva a dizer também que talvez tenha errado em manter o que vou lhe dar agora em segredo durante esse tempo todo.- e dizendo isso dirigiu-se até onde ela estava sentada ,e retirou de dentro de uma caixa de madeira forrada com veludo azul ,uma chave dourada.
Estendeu-a na direção de Ravena, e sentou-se a seguir na sua cadeira ,dando procedimento a conversa.
- Por muitas vezes me perguntei se devia lhe dar isso antes ,mas como estava sob minha proteção aqui em Hogwarts, achei melhor guardar para o seu futuro - e analisou a expressão aturdida da menina - Ravena ,essa é a chave de um cofre em seu nome que seus pais deixaram aos meus cuidados e administração. Durante os seus três primeiros anos aqui eles trataram de garantir-lhe o máximo possível o futuro ,e ouso dizer que teriam feito até mais se tivessem tido mais tempo. Agora é meu dever passar á suas mãos a administração de seus bens . Espero que me perdoe e compreenda por não o ter feito antes ,Srta.
Ela estava feliz de que mesmo seus pais tendo morrido a alguns anos ainda ,lhe guardaram essa última surpresa. Não sabia o que realmente dizer ao professor ,sabia que sua atitude tinha sido a mais acertada.
- Obrigada ,prof. Dumbledore - e sorriu - Sempre o tive como pai e nunca duvidei um segundo de sua orientação ,e não o farei agora. Agradeço não só por ter cuidado de meus bens como por acreditar que seria uma boa bruxa.
- Não ,não me agradeça. - e levantou-se - Fiz por que também gosto muito da srta. Só que agora ,se permite ,tenho que me ausentar.
- Sim ,claro - e guardando a chave. - Eu já vou. Com sua licença ,sr.
Ravena se levantou e tomou a direção da porta ,quando já ia deixar o aposento ele a chamou de volta.
- Ah...srta. - e estendendo-lhe uma mensagem com seu lacre vermelho - Será que por favor ,ao voltar para a torre ,você poderia entregar isso ao prof. Snape? Pedi que ele viesse aqui ,mas não posso esperar. Obrigada. - e sorriu
- Sim ,posso.
E deixou o escritório do diretor em direção ás masmorras. Ela não tinha dúvidas de que ele lhe dera uma desculpa para poder vê-lo ,e mais uma vez agradeceu por existir Alvo Dumbledore. Estava quase chegando na sala de Snape ,quando uma voz atrás dela a fez estremecer.
- Srta. Brown - falava uma voz esganiçada as suas costas - O que faz aqui embaixo e a essa hora da noite ? Os alunos não tem permissão para perambular pelos corredores da escola depois das 21:00hs.
E virando-se deu de cara com o zelador da escola ,sr. Filch, e sua gata , srta. Norris .Recomposta do susto ,ela lhe mostrou a mensagem com o selo do diretor.
- Tenho por assim dizer , sr. Filch ,autorização do diretor de estar fora de minha cama. - e continuou - Ele pediu-me que entregasse isto ao prof. Snape.
- Passa-me isto para cá que eu mesmo entrego ,e volte para seu dormitório .Vamos! - ele falou em tom autoritário tentando coagi-la
- Não ,sr. - e Ravena encarou-lhe friamente - Só irei para meu dormitório após cumprir a ordem que o diretor me deu. Ou o sr, quer eu diga á ele que me impediu de dar a mensagem ? Me parece que é algo urgente e o sr. está me fazendo perder tempo.
Após algumas reclamações ele se virou para ela e falou
- Está bem. Ele já deve ter se recolhido - e apontando com o dedo para duas portas adiante da que estavam parados completou – Deve está em seus aposentos. Eu a levo ,para ter certeza de que voltará para seu dormitório ao invés de ficar vagando pelos corredores.
Ao chegarem a porta que ele apontara ,ela bateu .Uma voz fria cortou o ar ,uma voz que ela conhecia muito bem.
- Quem é? - e abrindo a pesada porta - Quem ousa me incomod.....- sua fala se perdeu ao ver Ravena em pé atrás de Filch , e recompondo-se falou - Sr. Filch o que faz em pé na minha porta a essa hora?
- Professor - e chegando para o lado para que Snape visse a menina ,completou - Essa aluna tem uma mensagem do diretor para o sr. - e fez um gesto para que ela entregasse o envelope.
Ravena deu dois passos na direção de Snape deixando Filch para trás ,e entregou o envelope á ele.
- Vamos ,então ,menina - falou Filch asperamente.- Está muito tarde para você ficar andando por aí .Vamos!
- Sr. Filch - e a voz de Snape se fez ouvir mais arrogante do que nunca.- Que eu saiba sou eu quem dou as ordens aqui .Primeiramente lerei a mensagem para ver se não é nenhuma brincadeira dos alunos da Grifinória - e mirando Ravena com repugnância - Coisa que a Srta.Brown aqui representa muito bem. - e virando-se novamente para Filch acrescentou - Pode ir ,que eu a levo.
- Mas sr – retorquiu Filch – È meu dever levá-la de volta.
- Sr. Filch ,eu lhe dei uma ordem – Snape falou despresivelmente
Eles acompanharam Filch e sua gata deixarem o corredor sobre resmungos e protestos. Ao se certificar que ninguém podia vê-los ,fez com que ela entrasse em seus aposentos.
Ravena entrou no que considerou o vestíbulo anterior ao quarto dele. Continha uma mesa pequena com duas cadeiras ,e um armário cheio de frascos com substâncias coloridas ao canto. Enquanto ele trancava a porta ela retirou a capa e colocou-a sobre a cadeira, e virando-se dera com o professor estático a sua frente. Ele a fitava com curiosidade e Ravena lembrou-se que não trocara de roupa ,estava ainda com um vestido verde-água que caía –lhe reto ,realçando sua silhueta. Ela sorriu e falou tirando ele do estado de alienação em que se encontrava.
- Severo – e sem conseguir ainda conter o riso – Não vai me convidar a sentar? – e seguindo o seu olhar ,disse - Creio que sempre me vira com as roupas da escola, não é?
-Não ,Srta.- refazendo-se totalmente de seu estado anterior – Acho que agora me dei conta que você nunca foi uma menina.- e sorriu de si mesmo.
E puxando a cadeira para trás ,fez com que ela se acomodasse nela ,e retirou a capa de Ravena colocando-a pendurada no espaldar da sua cadeira para que pudesse sentar em frente a ela.
- Dumbledore é louco de mandá-la aqui – e segurou as mãos dela entre as suas.- Escapou do Filch por um triz. Agora deixe-me ver o que ele escreveu nessa mensagem. – e fez o gesto de abrir o lacre do envelope que ela lhe entregara.
- Parece que ele disse algo sobre não poder ficar para esperar sua visita hoje.
- Mas não lembro de ele ter me chamado em seu escritório hoje a noite.- e puxou a mensagem de dentro do envelope
“ Boa Noite, professor.
Creio que a essa hora já tenha entendido o porque lhe enviei essa mensagem. Espero não ter sido descortês ,mas por ser um velho conto com a compreensão dos jovens ,nesses pequenos deslizes da idade.
Ass.: Alvo Dumbledore
E sorrindo ele passou a mensagem para que ela pudesse ler.
- Parece-me que não há dúvidas que foi proposital esse nosso encontro – e levantou-se indo em direção ao quarto contíguo – Venha vou lhe mostrar o resto dos meus aposentos.
Ravena levantou-se também e o seguiu .O quarto era um pouco maior do que o vestíbulo ,havia uma cama enorme no meio com duas mesas de cabeceira a cada lado . A frente uma poltrona mais surrada e uma estante ao fundo ,perto das janelas ,repleta de livros. O ambiente era mais aconchegante que a sala das Masmorras.
- Bom ...- disse-lhe ele a fitando – Conheceu meu refúgio ,mas não acho bom que se demore aqui. – e sorriu – Não é decididamente o lugar mais adequado á uma aluna vir visitar seu professor ,principalmente sendo ela da Grifinória.
- Você tem razão – ela o fitou e andou até ele ,falando ao a seu ouvido baixinho– Posso levar-lhe para um mal caminho.
Ele a tomou nos braços e lhe deu um longo beijo ,queria fazer isso desde o momento que a vira em sua porta ao lado de Filch. E depois afastando-a de si ,declarou.
- Acho melhor irmos – e passou a mão pelos cabelos lisos
Ravena concordou e foi para o vestíbulo colocar sua capa ,não podia andar pelos corredores aquela hora ,e vestida daquele jeito. Enquanto isso Snape pegara encima da cabeceira uma caixinha aveludada verde e saiu em direção aonde ela estava.
- Srta. Brown. – e apesar de sorrir ao dizer isso ,tentou parecer solene ao proferir o restante das palavras – Gostaria de lhe dar isso pelo seu aniversário.
Ela abriu a caixa de veludo e seu rosto ficou iluminado.
- È lindo ,Severo – e pulando no pescoço dele ,beijou-lhe os lábios – Lindo mesmo! – e olhando melhor o anel acrescentou – Espere.....isso é um.........
- Anel de noivado......sim ,era de minha mãe – ele assentiu sorrindo acanhado– È assim que fazem os trouxas ,não? – e colocando – o no dedo de Ravena prosseguiu – Aceita ,srta. Brown ,ser minha esposa?
- Sim - apesar de surpresa e mirando o anel em seu dedo novamente - Mas é claro que sim ,seu bobo!
E se beijaram novamente. Ele então vestiu sua capa e abriu a porta para o corredor dizendo:
- Já que está tudo resolvido vamos embora. – e saiu para corredor – Está muito tarde.
E foram em direção da Torre da Grifinória.
CAPITULO XII
Depois daquela noite e da festa do seu aniversário ,Ravena se entregou mais ainda aos estudos. As reuniões do grupo se tornaram diárias ,faltavam agora menos de um mês para os exames de N.I.E.M.s .Ela continuava recebendo cartas pelo correio matinal do seu " admirador secreto" ,e teve que enfrentar um inquérito por parte de Rita sobre o anel que estava em seu dedo. Em relação a esse último assunto ,porém Ravena podia se vangloriar de ter se saído muito bem .Havia explicado á amiga que Dumbledore a tinha chamado em seu escritório no seu aniversário para dar uma jóia de família que seus pais tinham deixado com ele junto com a chave do cofre de GRINGOTES. Aparentemente Rita recebeu a justificativa geral sem nenhuma contra argumentação.
Assim os dias continuaram passando rápido , faltava apenas uma semana. Os alunos do último não falavam em outra coisa ,e a proximidade dos exames fez com que cada conversa só girasse em torno disso . Ravena estava sentada no jardim com um livro aberto no colo ,quando Rita entrou correndo com o rosto rubro.
- O que foi Rita? - disse a amiga - Aconteceu algo ?
- Acabei de saber que teremos outra pessoa para aplicar amanhã as provas de Poções - disse Rita.
- Como ? - Ravena parecia atordoada - Por que?
- Eu estava no corredor quando vi a prof. Mc.Gonagall e o prof.Snape conversando.- ela fez uma pausa para respirar - Ele dizia que era inevitável que ele se ausentasse amanhã pois a madrinha estavas ás portas da morte.- e refletindo - Esse é um termo antiquado ,não?
Ravena fechou o livro ,jogou na mochila e deixou Rita falando sozinha .Percorreu o caminho até as Masmorras e bateu a porta da sala de Snape. Ouviu um murmúrio lá dentro e em seguida uma ordem
- Entre !
- Professor ,eu gostaria de......- e percebeu que havia mais alguém na sala ,virando-se falou - Boa Tarde ,prof. Dumbledore .Desculpe-me ,sr. Eu volto mais tarde.- e girou nos calcanhares para sair, quando foi interrompida,
- Eu já estava de saída ,Ravena - e piscou-lhe o olho - Acredito que o professor queira lhe falar algo. Com licença.
E deixou os dois a sós. Ravena se aproximou dele e abraçando -o perguntou
- O que aconteceu á sua madrinha ? - e angustiada continuou - Ela está...morta?
- Não ,Ravena - e abraçando-a também - Porém fui informado pela enfermeira do Saint Mungus que ela não deverá passar dessa noite. Tenho que ir para lá ,Dumbledore já se certificou da veracidade do estado dela e veio até aqui me falar.
Ele a soltou e recomeçou a arrumar suas coisas enquanto continuava explicando
- O próprio Dumbledore aplicará amanhã as provas por mim - e voltando-se para ela - Você vai me prometer que não se preocupará com mais nada além dos exames. Você me promete ?
- Sim ,mas......- e andava atrás dele de um lado para o outro da sala - e o nosso casamento?
Ele parou e a fitou sorrindo , depois voltou ao que estava fazendo , e respondeu
- Acha que estou fugindo? - e com malícia - Não acredito que eu consiga ir muito longe com uma auror no me encalço. - e fechando o armário que acabara de organizar.- Infelizmente ,srta.Brown ,tenho que lhe informar que esse anel não sará mais do seu dedo. Não , no que depender de mim.
E beijando-a ardentemente se despediu dizendo.
- Espere por mim aqui em Hogwarts ,ouviu mocinha? - e dando-lhe um último beijo - E não ouse me desobedecer.
Entrou na lareira a sua frente e sumiu nas chamas .
Ravena deitou-se cedo naquela noite ,precisava estar em forma no dia seguinte. Eles teriam uma série de exames discursivos e outros tantos práticos. E afinal ela ansiara por esse momento mais que tudo ,estava a um passo de sua carreira . E também prometera a Severo que passaria. Ele contava com ela ,e ela só precisava fazer aquilo que sabia fazer....tirar boas notas ,e pensando nisso adormeceu.
Acordou no dia seguinte renovada ,estava preocupada com Snape ,sim ,mas precisava se concentrar para poder passar nos exames. assim romperia a última barreira que os impedia de ficarem juntos. Foi com esse espírito que fez cada prova . E no final do dia estava exausta. E adormeceu rapidamente outra vez.
Um lindo dia entrou pelas cortinas do dormitório fazendo com que ela e Ellien pulassem para fora da cama .Desceram para o café ,e Ravena pode constatar que Severo ainda não havia voltado . Olhou então para Dumbledore que meneou a cabeça para ela e piscou-lhe o olho. Ela não sabia exatamente o que o diretor queria dizer-lhe ,mas sua resposta entrou sob asas na hora do correio matinal. Uma carta foi deixada em frente a ela ,e Ellien para sua felicidade havia ido falar com " Theo". Ela abriu com o coração aos pulos.
" Minha Querida,
Sei que corro um grande risco ao mandar-lhe tal carta ,mas você deve estar aflita sem notícias minhas ,não é?
Minha tia está muito mal ,e não há mais nada que se possa fazer . Não há também mais nenhuma esperança de melhoras. Porém sei que irá compreender que terei que ficar aqui o tempo necessário. Voltarei tão logo possa.
Soube que foi admirável nos exames...nosso “padrinho” me contou. Aliás ,seria uma boa idéia convidá-lo não? Não vejo melhor escolha já que teremos que nos casar em segredo.
Penso em você todas as horas e todos os dias.
Saudades ,
Severo. "
Ravena olhou para os lados e certificando-se de que ninguém a vira ,guardou a carta nos bolso das vestes. O resto do dia transcorreu bem. A noite antes de se deitar releu a carta e a beijou colocando embaixo do travesseiro.
O dia do resultado dos exames estava chegando e ela não havia tido mais notícias dele ,mas tinha certeza que se acontecesse algo saberia no mesmo instante. Rita tinha ficado os últimos dias grudada em "Theo - o magnífico " e ela soube que algo mais estava acontecendo entre os dois ,mas não se sentia no direito de perguntar nada á amiga. Afinal não contara nada sobre ela e Snape.
No dia seguinte acordou com o coração aos pulos ,dentro de poucas horas saberia suas notas. Notou que Rita já havia descido ,e isso só podia significar que dormira demais. Se arrumou correndo e dirigiu-se para o Salão Principal ,sentou-se ao lado da amiga e percebeu que o lugar dele ainda estava vazio. Comeu muito pouco ,suas entranhas pareciam mais vivas que nunca. Após o café se dirigiram em fila para a sala do diretor de suas casas. Ela estava em pé do lado de fora quando Rita saiu radiante da sala e abraçou chorando
- Obrigada ,Ravie - e abraçou-a de novo - Se não fosse por você eu não passaria .Obrigada mesmo! - e dirigindo-se para o corredor que levava á torre ,voltou-se para Ravena e disse - Ia me esquecendo ,McGonagall pediu que entrasse .
Ravena bateu na porta e a voz fina da professora se fez ouvir do outro lado.
- Entre.
- Oh...Bom dia ,srta.Brown. - e sorrindo para ela passou-lhe o envelope que continha suas notas. - Creio que poderá ver que não tirou uma nota inferior a Excede Expectativas ,srta.- e acrescentando rapidamente - Fico muito feliz por você Ravena.
Ela olhou o conteúdo do envelope e um enorme sorriso aflorou em seus lábios.
- Eu consegui ,professora - e levantando-se abanou o papel e disse novamente - Consegui !
A professora sorria para ela ,enquanto ela dava a volta na mesa e ia abraçá-la .
- Obrigada ,prof . - e com olhos cheios de lágrimas as duas se abraçaram novamente - Obrigada por me ensinar e pela paciência comigo.
- Ora deixe de bobagens.- e enxugou rapidamente suas lágrimas e sentou-se - Esse é o nosso dever. E você foi uma aluna excepcional ,Ravena. Agora vá ,o prof. Dumbledore quer vê-la.
- Sim - e também enxugando sua lágrimas - estou indo.
Foi para porta e quando ia sair ,lembrou-se que não tinha a senha da gárgula. E virou-se para perguntar á professora
- Professora ,qual é a senha de hoje?
- Não ,minha querida. Não precisará de senha hoje. - e fungando um pouco o nariz - O diretor está nas Masmorras entregando as notas dos alunos da Sonserina.
Ravena saiu ,e não percebeu que ao falar as últimas palavras a professora lhe lançou um olhar furtivo. Assim que chegou ao corredor ,contornou o Salão Principal e entrou no seguinte que levava direto ás Masmorras . No caminho foi pensando quantas vezes já fizera isso ,e como seria estranho entrar naquela sala sem Snape lá. Chegou diante da porta e bateu.
- Entre - e a voz de Dumbledore encheu a sala.
- Oi ,professor - e dirigiu-se até escrivaninha que outrora Snape estivera sentado - O sr me chamou?
- Sim ,Ravena - e esticando-lhe um envelope com um selo azul que ela não lembrava de ter visto antes - Isto é uma convocação do Ministério da Magia para que faça os testes de auror ,srta.
Os olhos dela brilhavam ,abriu rapidamente o envelope e leu o que estava escrito. Dumbledore a fitava por cima dos oclinhos de meia-lua.
- Obrigada ,professor - e ela o encarou - por tudo!
- Bom ,srta.Brown. Fico muito feliz pela srta. , mas - fez uma pausa - ainda tenho um último pedido a lhe fazer. E gostaria muito que aceitasse o convite pessoal de pertencer a Ordem da Fênix. A srta .aceita?
- Claro, sem dúvidas. - e antes que ele se despedisse Ravena resolveu lhe fazer um convite - Professor , eu e Severo gostaríamos muito que o sr. fosse padrinho de nosso casamento.- e encarando-o ,continuou – Gostaríamos também de que fosse o fiel de nosso segredo ,pois teremos que casar escondido. O sr. aceita?
- Srta. terei o imenso prazer em sê-lo - e ainda sorrindo para ela - Quando será ,srta.?
- Mês que vem ..
- Bom .....estarei lá - e virando-se para porta - Agora se me der licença ,preciso ir.
Ravena se dirigiu para porta também ,mas ele a impediu.
- Não ,srta. - e abrindo a porta disse - Fique. Há alguém chegando que terá uma enorme alegria em lhe ver.
Ela assentiu e ficou ali sentada na cadeira perto da escrivaninha. Depois de alguns minutos levantou-se e foi até as janelas. Estava olhando os jardins quando um estalo na lareira fez com que ela se virasse , a tempo de ver Snape saindo das chamas.
Ele largou a pequena valise no chão e abraçou-a .
- Ela se foi ,Ravie - e abaixou os olhos.
- Sinto muito ,meu amor - ela levantou-lhe o rosto.- Mesmo. Eu gostava muito dela.
- Eu sei. - e recobrando seu autocontrole – Não quero mais falar disso. Soube que passou nos exames. Parabéns ,srta.
- Sim - e ela sorriu - E já fui chamada á me apresentar no Ministério da Magia daqui a duas semanas. Farei os testes para auror .Dumbledore acabou de me entregar a carta. Não é maravilhoso?
- Claro que é - e lançando-lhe um olhar malicioso - Só que isso apressa nosso casamento para semana que vem. Você se importa?
- Não acho até que foi providencial - e retribui-lhe o sorriso - Só existe um problema ,convidei Dumbledore para padrinho como combinamos ,mas disse que casaríamos daqui a um mês.
- Bom ,então não há problemas - e pegando-a nos braços - Dumbledore será padrinho mais cedo.
Eles ficaram ali rindo enquanto ele a rodava no meio da sala vazia. E depois se entregaram a um longo beijo e por fim ele disse
- Sabe ,sra.Snape. - e a beijando de novo - Eu a amo!
O dia seguinte foi o encerramento das atividades da escola. Ravena se despediu de Rita ,que prometeu escrever-lhe sempre. Dumbledore havia dito á Ravena que Snape a acompanharia até Hogsmeade no dia seguinte. O trem partiu cedo levando os alunos ,e Ravena e Snape seguiram para o pequeno vilarejo perto da escola.
Não encontraram dificuldades nenhuma em alugarem uma pequena casa numa rua perto da Dedosdemel. O lugar era lindo ,a casa era simples. Bem típica de um casal novo. Ele a deixou bem instalada e falou que Dumbledore destacara alguns membros da Ordem para ficarem de guarda. Ele precisava resolver alguns problemas em relação aos bens da tia e deixar tudo ajeitado em Hogwarts. Voltaria tão logo tivesse posto tudo em ordem.
A segunda amanheceu com um lindo céu de primavera. Para que não houvesse desconfiança ,eles fizeram um casamento trouxa numa igreja nos subúrbios de Londres. Snape e Dumbledore pareciam incomodados com os ternos que vestiam ,o que fez Ravena sorrir ao entrar na igreja . Ela estava com um vestido branco de cetim com a saia bordada de fios de prata que deixava os tornozelos e os sapatos a mostra. A coroa era de flores do campo e lhe prendia parte dos cachos no alto cabeça enquanto os outros caíam em desalinho sobre os ombros. Os dois a olharam ,e Severo tinha que concordar que nunca a vira tão linda.
O padre rezou a missa tranqüilamente . Foi muito rápido pois não havia mais ninguém a não ser os três ,acabando a cerimônia ela passara a se chamar Ravena Brown Snape. Era em muito tempo o dia mais feliz da vida dos dois. Dumbledore os acompanhou até Hogsmeade e pediu desculpas por não poder se demorar mais , assuntos urgentes em Hogwarts . Despediu-se do casal e partiu para a escola.
Eles transpuseram o portão do jardim e Snape tomou a mulher nos braços .Enquanto Ravena entrelaçava seus braços ao redor do pescoço dele ,o professor abriu e tomou o caminho das escadas. O sol baixo no horizonte e um céu alaranjado serviram de fundo para o casal.
CAPITULO XIII
Durante todo o período de férias de Hogwarts ,Snape ficara em Hogsmead com Ravena. Em contrapartida os quatro meses seguintes só a veria nos finais de semana. Dumbledore deixara membros da Ordem tomando conta da casa ,além de contarem com a proteção do feitiço Fidellius. Só o diretor sabia exatamente a localização da casa e do casamento dos dois. Com isso a vida de Ravena seguia praticamente um curso normal.
Tinha passado nos testes para auror e estava completando o curso ,dentro de dois meses estaria atuando no Ministério. Continuavam acontecendo muitos ataques a bruxos e trouxas , e nas últimas semanas a Ordem tinha sofrido uma perda. Ravena soube disso por Severo ,ela ainda não tivera sua primeira reunião com os outros membros. Sabia que Dumbledore deveria estar esperando que começasse atuar efetivamente na seção de Aurores.
Para sua surpresa sua efetivação ocorreu duas semanas depois desses fatos. Seu talento era tanto que em dois meses já era conhecida na seção por sua persistência em esquadrinhar cada centímetro de uma pista que levasse a prisão dos seguidores de Voldemort. È verdade que não os prendia ,geralmente deixavam alguém com mais experiência em campo fazer o trabalho ,mas decididamente tornara-se imprescindível para que as prisões fossem feitas. Ela era o elo ,e seu nome já estava conhecido em todo o Ministério por sua brilhante ação.
Chegara uma noite cansada de tanto trabalho ,e imensamente feliz por ter conseguido encontrar o rastro de Bellatriz. Amanhã iria esmiuça-lo .Jogou sua pasta em cima da mesa da sala e afundou no sofá. Ouviu a porta no segundo andar bater.
- Severo ? - perguntou se levantando e dirigindo-se á escada - È você?
- Sim - uma voz falou as suas costas
Ela virou-se e viu os olhos negros do marido á sua frente. E beijando-lhe ,sorriu
- Odeio quando faz isso!
Ele apenas sorriu e puxou-a para o sofá.
- Sente-se ,Ravie. - e ficando novamente sério - Dumbledore pediu que eu lhe avisasse sobre a reunião da Ordem terça á noite.
- Ok. Está bem - e virando-se para pegar sua pasta - Terei que sair do ministério mais cedo ,só isso.- e trazendo a pasta para seu colo falou - Quero mostrar-lhe algo. Acho que você ficará muito feliz ,sabe. Eu......
- Preste atenção ,Ravena - tinha assumido uma postura dura. - Ele tenciona mandá-la em uma missão ,apesar de todos os meus protestos .Ele esteve com você no Ministério hoje não foi?
- Sim - ela se levantou indo em direção á cozinha e apanhando sobre a mesinha uma maçã ,certos hábitos trouxas Ravena não perdera , e voltou para sala.
- Você quer se sentar ,por favor? - ele estava a ponto de perder a razão
- Sim - e arrancando um pedaço da maçã ,sorriu-lhe - Você quer saber o que eu disse á ele para que convocasse essa reunião ,não é mesmo?
- Seria muito pedir que contasse ? - agora estava sarcástico.
- Sim e não - e zombando dele - Você sabe que as informações do Ministério são confidenciais
Ele perdeu a paciência e levantando-se do sofá ,começou a andar pela sala ,enquanto Ravena esticava suas pernas sobre o lugar que ele estivera sentado.
- Você não se importa ,não é ? - vociferou para ela - Está brincando de pique não é mesmo?
- Não , Severo - e levantando-se do sofá ,encarou-o - Levo meu trabalho muito a sério. E já que quer tanto saber ,encontrei o rastro de Bellatriz.
A cor sumiu do rosto dele ,ele sabia que isso era uma questão pessoal para ela ,assim como o era também para ele. Porém ele tinha mais medo do que Bella pudesse fazer á Ravena do qualquer outra coisa do mundo.
- Você não vai aceitar ir atrás dela ,vai ? - disse ele temeroso
- Já o fiz - e começou a subir as escadas ,deixando -o falando sozinho.
Ele subiu rapidamente atrás dela .Ela começara a trocar de roupa estava em frente ao espelho ,e pode ver ele escancarando a porta com raiva.
- Você não vai nessa missão ,entendeu? - e se aproximando dela ,virou-a para si - Não vai.
- Sim ,vou. - e fitando-lhe os olhos - Eu preciso ir ,ninguém fará isso melhor que eu. Não vou deixar mais essa louca solta . Poderemos viver em paz .
- Eu não viverei em paz se você morrer - e sentou-se na beirada da cama e abaixou a cabeça passando as mãos pelos cabelos lisos
- Eu não vou morrer ,Severo - e ajoelhou-se em frente a ele - Pretendo voltar e fazer com que me ature até a velhice ,entendeu?
Snape a encarou, seus olhos eram de um verde profundo. Ele a abraçou e beijou ,e afastando-a de si falou
- Tenho que voltar á Hogwarts , preciso fazer um serviço para Dumbledore esse fim de semana - e voltando-se para porta saiu
Ravena desceu atrás dele correndo e gritando
- Espere . Eu preciso lhe contar uma coisa - estava acabando de colocar o pullover - Deixe eu pegar minha pasta
- Não posso esperar ,Ravie - e dando-lhe um beijo de despedida - Eu a amo ....muito!
Ela revolvia a pasta a procura de alguma coisa ,e pegou um papel meio amassado de dentro dela.
- Eu também o amo. - e dando-lhe o papel - Leia-o por favor ,assim que tiver tempo.
- Esta bém - e colocou-o dentro de suas vestes - Estarei aqui terça para busca-la.
E ganhou o frio da noite ,sumindo dentro da escuridão.
O fim de semana passou rapidamente ,e a terça chegou com uma densa neblina e lá pelas 20:00 hs .Snape chegou com mais dois membros da Ordem ,entrou e perguntou se Ravena estava pronta. Ela assentiu ,e perguntou-lhe
- Severo antes de sair me responda - e segurando-o pelo braço - Você leu o papel que lhe dei?
- Não ,querida - e passando as mãos por dentro da capa - Acho que deixei em Hogwarts. Era muito importante?
- Não - e vestindo a capa - Talvez não.
Ele a beijou e saíram para a densa neblina que se tornava pior a cada segundo. Ravena não saberia precisar aonde estavam ,ou se quer a direção que pegaram. Mas já havia algum tempo que voavam nas suas vassouras ,nunca foi uma sensação boa ,ela preferiria mil vezes aparatar. Infelizmente a sede da Ordem era bem escondida e cercada de feitiços ,como Hogwarts ,o que impedia muitas maneiras de locomoção.
Chegaram por fim a uma casa velha no que Ravena julgava ser os arredores de Londres . Desceram das vassouras e se percorreram uma viela que ela até onde pudera perceber tinha outras tantas casas iguais. Num determinado momento , o homem alto que ia na frente com cabelos cor de fogo desapareceu entre duas delas. Ravena seguia Snape e atrás dela vinha o outro membro que era mais corpulento ,e também entraram na mesma passagem.
Ela notou que estavam em uma casa que devia ser iguais as outras, mas não por que vira a casa por fora ,ela se encontrava dentro dela. Estava numa sala mal iluminada onde havia um sofá surrado e duas poltronas pouco confiáveis .uma mesa entre eles e uma enorme lareira a frente que parecia ter perdido o uso a anos. Snape estava falando algo ao homem ruivo que os acompanhara até ali ,deveria ter a mesma idade dele ,e tinha um olhar perdido. E virou-se para Ravena
- É um prazer tê-la aqui ,srta. Brown - ele sorriu.- Meu nome é Arthur Weasley
- O prazer é todo meu - respondeu ela ,tinha esquecido que seu sobrenome ainda era Brown para os outros bruxos.
Foram interrompidos pela entrada na sala de uma mulher baixa ,que devia ter seus 25 anos também ,ou um pouco menos talvez ,cabelos tão ruivos quanto os do sr. Weasley e um pouco mais corpulenta que ele. Ela sorriu e disse rapidamente.
- Vamos , Arthur. Srta.Brown é um imenso prazer conhecê-la - e continuando a falar apressadamente - Venha ,Severo .Todos já estão lá dentro. Moody .Lupin .....Dumbledore só estava esperando vocês chegarem.- e dizendo isso sumiu pela porta de onde viera ,seguida pelo sr. Weasley e o homem corpulento.
Snape voltou-se para ela e antes que pudesse fazer o mesmo ,sentiu a mão dele fechar sobre seu braço.
- Espere - e puxando-a para si - Ravie ,você tem certeza de que quer fazer isso ?
- Sim ,querido - e dando -lhe um beijo - Por nós e pelos que perdemos.
- Eu entendo - e fitando-a - Mas tenho muito medo de perdê-la. Bellatriz não é fácil de se deixar apanhar.....Ela caçou os Longbottons e torturou-os até enlouquecerem.....
Ravena posou-lhe os dedos nos lábios dele e o fez silenciar
- Esqueceu que agora eu sou uma Snape - e sorriu-lhe maternalmente - Eu vou voltar para você nem que seja a última coisa que eu faça em vida.
E dirigindo-se á porta onde os outros tinham desaparecido ,virou-se para ele e disse baixinho
- Eu acho que deveria achar aquele papel que te dei ,e lê-lo na minha ausência......Talvez você descubra que tenho mais de um motivo para voltar sã e salva - e riu voltando-se para porta - Você não vem?
- Sim ,vou - respondeu ele pensando ainda nas palavras da esposa - Vá na frente ,aqui não somos casados.
E ela desapareceu pela porta em frente a ele.
Ravena entrou numa sala do mesmo tamanho que a outra aonde havia uma mesa pesada de madeira com umas oito cadeiras em volta . Numa delas estava sentado Athur , ao lado dele a moça de cabelos cor de fogo, e Ravena diria que pelo modo como se olhavam eram no mínimo namorados. A frente dela estava um homem mais velho com cabelos castanhos claros compridos e anelados ,uma expressão severa e um olhar frio , e o rosto coberto de cicatrizes. Ravena já o vira na escola falando com Dumbledore e a prof McGongall, porém não conseguia lembrar seu nome..Ao lado deste estava um homem magro ,de cabelos castanhos porém lisos e curtos ,uma expressão cansada e olheiras profundas ,parecia que passara noites sem dormir. Ravena achou que ele tinha feições muito bonitas ,mas seu olhar era terrivelmente triste. Ainda haviam mais quatro pessoas ali ,mas ela não teve tempo de analisá-las. Uma voz que ela conhecia rompeu o silêncio da sala , e Dumbledore entrou pela porta atrás dela junto com Severo. Ela só teve tempo de virar -se .
- Boa noite .srs. - e cruzando suas mãozinhas sobre a imensa barba prateada continuou - Creio que já conhecem ,pelo menos de nome ,a jovem aqui ao meu lado - e dizendo isso alguns assentiram - Esta é Ravena Brown. – e virando-se para Ravena disse – Deixe-me que apresente-os : Emelina Vance , Dídalo Diggle , Elifas Dodge ,Remo Lupin , Alastor Moody , Estúrgio Podmore ,que ajudou o prof.Severo Snape a trazê-la em segurança ,Molly e Arthur Weasley.
Todos a cumprimentaram com a cabeça ,ao que Ravena retribuiu . E Dumbledore retornou a reunião.
- Tendo feitas as devidas apresentações ,passemos as considerações dessa missão.
Severo tinha passado por trás da esposa e agora estava ao seu lado com os braços cruzados sobre o peito .Parecia um cão de guarda protegendo seu dono. Assumira como sempre uma expressão taciturna. Ravena olhava todos á mesa enquanto Dumbledore descrevia o plano a ser adotado naquela missão. Todos prestavam atenção á suas palavras ,menos o homem com cabelos castanhos compridos que a analisava profundamente , o qual Ravena sabia agora se tratar do famoso auror do Ministério ,Alastor Moody. Mesmo assim ela resolveu desviar-lhe o olhar pois este parecia disposto a vasculhar sua alma ,e começou a prestar atenção no que Dumbledore dizia ,apesar de já ter discutido a missão com ele no Ministério.
- .....Sendo a srta. Brown aqui presente, uma já renomada auror e tendo ela preciosas informações a respeito do paradeiro de Bellatriz Lestrange e de seu marido. - e pigarreou - Acredito que deva ir nessa missão ,porém apesar dela ser extremamente eficiente e ao meu ver bem preparada para o que vai enfrentar ,irei mandar com ela o sr. Alastor Moody ,também aqui presente .
E o homem de cabelos castanhos se ajeitou na cadeira passando a prestar mais atenção no que o diretor dizia.
- Alguém gostaria de fazer alguma consideração a respeito dessa missão ? - perguntou Dumbledore á todos.
- Professor , permita-me - e Snape tomou a palavra - Eu gostaria de ir no lugar Alastor ,acho que posso ser útil a srta. ,já que fui um Comensal da Morte.
Ravena o fitou assustada.
- Infelizmente ,Severo - e Dumbledore o encarou - Não posso permitir que se arrisque. Bellatriz o conhece muito bem e poderia colocar em risco a missão e a srta. Brown.
Ravena sabia que essas últimas palavras do professor tinham atingido em cheio o marido ,mas não podia fazer nada. Ela sentiu ele se aproximar e sua mão escorregar para dentro das vestes. Segundos depois ele segurava a mão dela de tal maneira que ninguém que estava na sala os visse. Nesse momento o homem de cicatrizes no rosto se levantou ,e caminhou em direção á eles.
- Bom ,Dumbledore - e sorrindo continuou - Estou ao seu dispor. Principalmente para colocar Bella em Azkaban ,e se ainda terei o privilégio de trabalhar com essa moça tão bonita e inteligente...- e deu de ombros - Tanto melhor! - e soltou uma risada
- Obrigado ,Alastor - e assentiu para o homem em pé - Fico feliz que pense assim.
Ravena olhava para o homem em pé e o analisava atentamente .Aquele era Alastor Moody ,o auror mais conhecido do Ministério ,era quase uma lenda .Se Azkaban estava ficando cheia devia-se em grande parte pela atuação dele ,mas ela nunca tivera o privilégio de encontrá-lo no Ministério. Ele estava sempre em missões e nunca a procurara para informar nada.
A reunião havia sido encerrada. Todos estavam se levantando o rapaz de cabelos lisos e olheiras profundas se aproximou de Ravena e apertou-lhe a mão dizendo
- Srta. seja bem vinda a Ordem - e sorrindo amavelmente continuou - Desejo-lhe boa sorte na missão com Moody. Acho que não poderia estar em melhores mãos. A propósito meu nome é Lupin . Remo Lupin.
- Sr. Lupin agradeço imensamente a gentileza - e sorrindo para ele - Tenho certeza que teremos sorte . A pista é realmente muito boa.
- Sabe ,srta. - e ele fitou seus olhos verdes - Você me lembra muito uma amiga que tive ,o mesmo brilho nos olhos.- e saiu pela porta.
Depois o Sr. Weasley veio lhe desejar boa sorte e logo atrás dele estava a moça de cabelos ruivos . Antes que Ravena pudesse falar algo , a moça a abraçou e despejou uma torrente de palavras.
- Espero que você tenha muito sorte ,querida - e fitando-a acrescentou- Eu e Arthur teremos muito prazer em recebê-la em nossa casa quando voltar - e sorriu - Admiro sua coragem - e apertando a mão de Ravena - Meu nome como já sabe é Molly. Molly Weasley. Gosta de crianças srta.?
- Sim , ....- Ravena apesar de pega de surpresa pela pergunta não teve tempo de responder ,pois a sra. Weasley recomeçara a falar.
- .....temos sete filhos , Arthur e eu – gesticulando muito com as mãos - Gui ,Carlinhos , Percy ,Fred e Jorge ,que são gêmeos , Rony e a caçula que tem apenas um ano ,Gina.
- Ah......deve ser ótimo ter uma família grande ,não!? - ainda atordoada com os nomes de todos os Weasley
- Oh....sim ,é – e Molly sorria –lhe maternalmente – Boa Sorte ! – e dizendo isso afastou-se com Arthur.
Dumbledore foi em sua direção ,e levou-a para um canto da sala entre as paredes.
- Vocês partem amanhã para a Irlanda - e fitando-a por cima dos oclinhos meia-lua - Tem alguma coisa que queira me contar ,srta.?
- Quero lhe pedir um favor ,professor - e ela o encarou com uma firmeza imensa - Prometa-me que não me impedirá de ir nessa missão seja o que for que eu lhe conte.
- Srta. isto é extremamente incomum ,mas não tenho escolha - e fitando-a - Você tem as informações e a capacidade necessária para que essa missão dê certo. Sim eu prometo ,Srta.
- Professor ,eu estou grávida - e sorrindo para ele ternamente - Porém ambos sabemos que se Severo souber agora não me deixará ir. Eu vou de qualquer jeito ,preciso achá-la antes que ela o faça. Ela já veio atrás dele uma vez ,ela matou a madrinha dele e meus pais .....E virá atrás de mim e do meu filho.- e encarando o professor - Eu a pego antes disso.
- Está bem ,Srta. - ele pegou as mãos dela junto das suas - Não vou impedir que vá ,como prometi ,mas não posso impedir que um pai saiba que terá um filho ,srta. Devo alerta-lhe do perigo que corre em esconder isso ,terá que contar á ele ,Ravena.
- Entreguei-lhe uma carta ontem - e virando-se para onde Snape conversava com outro membro da Ordem ,encontrou o olhar triste do marido e desviou o seu para Dumbledore - Ele ainda não a leu. Caso ele não o faça até amanhã ,peço que lhe conte.
- Esta bem ,Ravena - e indo em direção a porta - Farei o que me pede ,apesar de não concordar. È melhor ir se deitar saíra cedo amanhã
Ele despediu-se de todos e saiu. Todos outros se retiraram . Snape se despediu friamente dela ,e saíra também . Ela não tivera nem tempo de se despedir direito do marido. Moody também deu boa noite e subiu as escadas. Ela olhou a sua volta e resolveu seguir o conselho de Dumbledore. Subiu as escadas e entrou no quarto a esquerda .Tinha pouca mobília ,apenas uma cama ,uma mesinha , aonde estava depositada sua valise , e uma cômoda ao canto . Estava em pé se arrumando para dormir ,quando ouviu a maçaneta da porta girar. Com um sorriso ela viu Snape entrar pela porta e a pegar nos braços dizendo.
- Eu não poderia deixá-la partir sem me despedir - e sorriu maliciosamente para esposa.
Ravena enlaçou seu pescoço e se entregaram a um longo beijo.
CAPÍTULO XIV
Quando os primeiros raios de um sol pálido inundaram o quarto onde Ravena estava ,encontraram a sozinha .Deitada de bruços na cama ,ela ergueu seu corpo fazendo um enorme esforço para ajustar o foco de sua visão. Colocou uma das mãos por sobre os olhos afetados com a claridade ,e olhou para o travesseiro ao lado do seu onde ela sabia ter estado repousada a cabeça do marido na noite anterior. Apesar da ausência dele ,ali se encontravam uma rosa vermelha e um bilhete. Ela sentou preguiçosamente na cama e começou a ler as pequenas linhas escritas no papel.
“ Minha querida
Tenho certeza de que quando estiveres lendo estas palavras já estarei longe mas quero que saibas que estarei com você no pensamento e no coração.
Eu já a esperei por muito tempo ,e cheguei a pensar que nunca a encontraria , e agora não suporto a idéia de perdê-la.
Tome muito cuidado e não se esqueça que me prometeste voltar.
Com amor ,Severo "
As lágrimas escorreram pelo seu rosto. Por alguns segundos ficou parada ali segurando o bilhete entre as mãos. Ela mais do que ninguém sabia o quanto eram verdadeiras essas palavras e o quanto custara a ele admiti-las para si próprio. Ninguém que o conhecesse superficialmente o acharia capaz de amar. Respirou fundo, e por fim pôs-se de pé .Ajeitou os cabelos e trocou de roupa descendo as escadas em direção a sala.
Ao entrar no aposento deparou com Alastor andando de um lado para o outro , carregava objetos de uma pilha em cima da mesa de centro para um malão ao canto. E sem voltar seu rosto para ela ,ou interromper o que fazia ,falou.
- Eu já ia lhe chamar - e continuando seu vai-vem - Estou ajeitando as últimas coisas para a nossa partida. è melhor que faça o mesmo para não nos atrasarmos. E com um resmungo colocou o que pareciam ser os últimos objetos no malão e o trancou. Empunhou sua varinha na direção dele e ordenou - Reduccio! - e malão virou um bauzinho.
"È..", pensou Ravena ,"....mágica faz maravilhas !" ,e perguntou ao bruxo.
- Então? - e olhava-o serenamente - Podemos ir ?
- Você só vai levar esta valise ,Srta. Brown? - e indicou com a varinha ainda em punho o pequeno objeto nas mãos dela.
- Sim - foi em direção a porta e voltando-se para ele ,sorriu - Acho que o sr já está prevenido por nós dois, não? - e dizendo isso girou nos calcanhares ,abriu a porta e ganhou a rua.
Alastor a seguiu ainda meio atordoado . Chegaram até o beco onde na noite anterior ela descera com Snape e Estúrgio . Certificaram-se que estavam sozinhos e aparataram. Em poucos segundos estavam nas movimentadas ruas da capital da Irlanda. As pessoas passavam e esbarravam neles como se fossem invisíveis. O buzinar de carros e a intensa neblina fazia parecer que não tinham saído da Inglaterra ,Ravena lembrou seus tempos no mundo dos trouxas . Moody começou a andar ,atravessaram várias ruas e contornaram dois quarteirões até que pararam em frente a um prédio de tijolinhos aparente e com a fachada corroída pelo tempo. Alastor fez um gesto para que Ravena passasse á sua frente , e ela então subiu os degraus até a porta de entrada.
Entrando na pequena recepção ela notou que havia pouca mobília ali ,apenas duas poltronas com uma mesinha ao canto e em frente a porta de entrada um balcão onde um rapaz de uniformes azuis colocava diversas correspondências nos escaninhos de seus respectivos quartos. Como se não tivesse percebido a presença dos novos hóspedes ,Ravena se aproximou do balcão e fez soar a sineta as costas dele. Recompondo-se do susto ,o rapaz virou-se para eles e ajeitando o colarinho do uniforme ,perguntou.
- Bom dia! Gostariam de um quarto ,pois não? - e sorriu mecanicamente
Moody que estava atrás de Ravena passou-lhe a frente e respondeu ao rapaz impedindo que ela falasse qualquer coisa.
- Sim ,um quarto com duas camas.- e percebendo a expressão do menino - Casal - e sorrindo meio sem graça - em início de carreira.
O rapaz assentiu ,virou-se na direção dos escaninhos e pegou uma chave que entregou na mão de Moody.
- Quarto 112 - disse-lhe friamente
Eles já iam se retirara quando rapaz perguntou em nome de quem deveria registrar o quarto. E Ravena respondeu sorridente
- Sr. e Sra. Brown. - e virando-se subiu as escadas atrás de Alastor.
O quarto era no final do corredor . Alastor abriu a porta e entrou direto para o quarto. Ravena deteu-se no vestíbulo ,onde deixou sua valise sobre uma mesa que possuía duas cadeiras. Ao entrar na peça contígua que era o quarto notou os papéis de paredes amarelados de onde ainda se destinguia um desenho de flores e duas camas de solteiro com uma mesinha de cabeceira as separando. As cortinas da janelas estavam surradas e estas davam de frente para a rua movimentada onde tinham aparatado.. Ravena espreitou a rua e sentiu um clima tenso entre as pessoas que circulavam lá embaixo apressadas. Decididamente não estavam na Inglaterra.
Moody estava a um canto fazendo o malão retornar a seu tamanho original , e ela sentou-se na cama.
- Bom ,Alastor - e olhando para o malão de onde ele começara a tirar seus objetos para fora ,falou - Já estamos instalados e precisamos agora traçar nosso raio de ação - e levantando-se foi até o vestíbulo onde pegou sua valise e retirou alguns pergaminhos dela , e voltando para o quarto continuou de onde havia parado - Acho que devemos começar por esse subúrbio a sudoeste .- e estendendo um deles sobre a cama, mostrou um ponto no mapa da cidade - Aqui ,exatamente perdemos o rastro dos Lestrange ,e pelo o que pude apurar não houve outros acontecimentos fora de uma raio de 5 Km desta área . Acho que isso nos leva a concluir que eles não se deslocaram dali - Moody a olhava com atenção - E creio também que já deva ter notado o clima de tensão que está instalado nas ruas. Um clima bem propício a atuação dos Comensais sem serem percebidos. Os bairros cristãos se concentram mais nessa área e ouso dizer que é infelizmente as regiões de conflito.- e enrolando o pergaminho novamente perguntou - Alguma dúvida?
- Não srta. Brown.- e terminando de ajeitar suas coisas falou sem olha-la - Dumbledore tinha razão voce é muito eficiente ,e tê-la na Ordem nos dá uma boa vantagem. E agora aconselho a descansar um pouco ,sairemos ao cair da noite.
Ravena acatou de bom grado o conselho de Alastor ,estava terrivelmente cansada .Desejava realmente relaxar um pouco ,tudo em que conseguia pensar nas últimas horas era capturar os Lestrange e a reação se Severo ao ler o envelope que lhe dera. Mesmo assim seu corpo cedeu ao cansaço e ela adormeceu.
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Bem longe dali um vulto se erguia em frente a lareira de de uma sala de estar bem decorada . Havia um sofá ao centro do aposento com duas imensas poltronas , todos revestidos de chenille na cor mostarda ,e compondo o ambiente com o conjunto de estofados havia uma mesinha ao centro e um abajour de pé entre ao canto do sofá As paredes em tom marfim serviam de fundo para dois quadros de paisagens e um enorme brasão em cima da lareira. E finalmente sob o chão de madeira em frente a lareira se estendia um lindo tapete persa ,em cima do qual Severo lia um pedaço de papel recém tirado de um envelope amassado ,que estava displiscentemente jogado na mesa de centro.
A luz na sala era pouca e as chamas da lareira iluminavam seu rosto. Os cabelos caíam em desalinho por cima dos olhos abaixados para o papel. Ao terminar a leitura um imenso sorriso aflorou em seus lábios ,ele amassou o papel e atirou as chamas crepitantes da lareira. Subiu ao andar de cima e entrou no quarto ,onde havia uma cama de madeira maciça em estilo vitoriano ,uma cômoda da mesma madeira ao canto um par de cadeiras revestidas de brocado perto da janela ,que estava aberta e permitia que uma brisa entrasse no quarto. Em frente a cama e pendurado na parede forrada de um tecido adamascado havia o retrato de uma mulher com os cabelos cacheados soltos caindo em cascatas pelos ombros ,os olhos extremamente verdes e um sorrido encantador aflorava de seus lábios. Completando a cena do retrato havia um lindo jardim e a dama trajava um vestido de chifon num salmão que lhe realçava a silhueta ,e compunha lindamente com a paisagem campestre . Se Ravena estivesse ali não pareceria mais real que seu retrato na parede ,e diante dele estava Snape em pé fitando -a apaixonadamente.
E puxando para ali uma das cadeiras perto da janela ,sentou-se em frente ao retrato . Ficou algum tempo ali sentindo o perfume e a presença dela , e por fim perguntou ao retrato já que não havia mais ninguém envolta.
- Ravie ,por que não me contou ? - e ela continuava sorrindo para ele do quadro - Como fui tolo ...... eu não devia tê-la deixado ir !
E dizendo isso deixou o quarto ,desceu as escadas e saiu para o frio da noite.
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Quando o crepúsculo começou a se anunciar ,Ravena acordou. Alastor parecia não ter se mexido desde que ela adormecera .E olhando mais atentamente verificou, que ao contrário dela ,ele já estava pronto para sair .Ela então pôs-se de pé e se arrumou em poucos minutos ,e colocando a capa falou-lhe .
- Estou pronta , vamos! - ela terminou de amarrar o nó da capa
- A srta manda - e pegando seu sobretudo - Damas á frente ,por favor ...
E abrindo a porta para que Ravena passasse ,saiu atrás dela. Desceram as escadas e alcançaram as ruas em segundos. Como queriam passar desapercebidos ,não usaram nenhum tipo de magia para chegar ao bairro que ela citara. Por isso demoraram um pouco mais de tempo do que esperavam .Entraram por várias ruas e atravessaram outras tantas ,até finalmente atingirem seu destino . Era um bairro aparentemente residencial ,andaram mais alguns quarteirões . Olharam algumas casas, e ao dobrarem mais uma esquina avistaram um vulto envolto uma capa preta. Não havia muita distância entre eles e o lugar aonde o vulto estava em pé ,então eles se aproximaram devagar ,mas o vulto pareceu ter percebido que estavam ali e aumentou o ritmo de seus passos . Ravena e Alastor fizeram o mesmo , ele na frente e ela atrás ,as varinhas seguras embaixo das vestes. Não me mais que segundos levou para que Alastor disparasse atrás do homem que já se via por baixo do capuz, eles corriam mas Moody levava vantagem. Ravena começou a correr também ,mas um "crack" ás suas costas a fez interromper sua caçada. Ela virou-se enquanto uma gargalhada estridente enchia a noite ....
Em frente á ela ,com um olhar diabólico ,estava Bellatriz Lestrange. Ambas sacaram suas varinhas ,e se mediram palmo a palmo. Andaram descrevendo um círculo ,cada músculo de seus corpos retesados ,uma fina chuva começou a cair sobre elas. Bellatriz rompeu o silêncio novamente.
- Então ,minha cara ,nos encontramos outra vez! - e olhando para os lados com se procurasse alguém completou - è uma pena que o professor de poções não esteja com você - e sorriu debilmente
Ravena a analisava ,os cabelos compridos estavam escorridos pelos rosto ,e sua feições embora ainda bonitas, apresentavam cansaço.
- Vamos ,srta.Brown - e parando de andar - Vamos brincar de duelo - e gargalhando jogou sua cabeça para trás - Sabe , adorarei matar a protótipo de auror que você está se tornando. - e assumindo um tom sério continuou - Já ajudou a mandar alguns amigos para Azkaban , e isto tem que parar.......
- Isto vai parar ,Bella..... - e Ravena falou pela primeira vez - ...quando eu colocá-la lá junto com eles!
- Como se atreve a me chamar de Bella? - e sorriu sarcasticamente para ela - Só meus amigos me chamam assim .Ah.....eu me esqueci! Você é amiguinha de Snape....será que ele sabe que está grávida dele ,meu bem ?
Ravena tomou um susto ,sentiu o ar faltar-lhe aos pulmões. Seu pulso acelerou e uma profusão de pensamentos encheu a sua mente " Como ela podia saber?".....recuperando seu autocontrole falou
- Não é verdade! - a chuva agora se intensificara e encharcava as vestes das duas.
- Entendo que queira negar ,mas nosso pessoal no Ministério é muito bem informado...e bom ....juntando dois mais dois...posso dizer ...que sim - e a encarou séria - Decididamente está mentindo ,porém no momento isso é irrelevante ....Você irá morrer e tudo o mais também! Aliás tenho certeza que quando o Lord das Trevas retornar ,porque eu sei que ele não está morto ,irá me recompensar por acabar definitivamente com os traidores - e sorrindo ordenou - Crucius!
Ravena só teve tempo de desviar e um raio verde passou raspando suas vestes na altura da cabeça.
- Expelliarmus! - gritou Ravena jogando para longe a varinha de Bella. E enquanto essa se virava para pegar a varinha de volta ,ela já desferia outro feitiço - Impedimenta! - Bella se desviou e um feixe branco de luz rasgou a noite.
E correndo na direção da varinha com Ravena ao seu encalço gritou
- Accio Varinha! - e a mesma veio voando até a mão dela ,que já virava para Ravena ordenando - Imperius!
Perto dali Alastor havia imobilizado Rodolpho Lestrange que jazia no chão a sua frente. Ao ver vários feixes de luz serem lançados atrás de si cortando a escuridão da noite ,lançou um encantamento sobre o comensal ao chão ,e voltou para onde havia deixado Ravena. Já estava quase chegando quando distinguiu as duas ao longe duelando ,resolveu contornar o quarteirão ,pois ganharia a vantagem do elemento surpresa. Sairia as costas de Bellatriz ,virou correndo a esquina.
Quando entrou na rua onde elas estavam viu Ravena ser atingida em cheio no peito com um feixe de luz verde ,e cair para trás .No mesmo momento empunhou a varinha ,e sem dar tempo á Bellatriz de se virar ordenou :
- Estupefaça! - e a viu cair de joelhos a sua frente.
Correu para onde Ravena havia caído ,e se ajoelhou ao lado da moça .Afastou-lhe os cabelos do rosto , e pode ver que ainda respirava fracamente. E erguendo mais uma vez a varinha conjurou um patrono que saiu como um feixe prateado e atravessou a noite. A chuva continuava caindo sobre eles e mentalmente ele desejou que desse tempo de salvar a jovem caída ali.
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Severo tinha acabado de preparar suas aulas quando ouviu uma batida na porta de sua sala .
- Entre - ele falou no tom habitual.
- Professor Snape - Filch estava a sua frente com a srta. Norris nos braços - O diretor deseja vê-lo ,senhor.
- Sim ,sr. Filch - e arrumando os papéis - Irei em seguida .
E o zelador saiu arrastando seus pés pelos chãos . Snape se levantou guardou alguns livros no armário e saiu da sala em direção ao escritório de Dumbledore. Em poucos segundos penetrou ma atmosfera quente do aposento .Dentro estavam apenas Dumbledore e a professora Mc. Gonagall ,e com a sua chegada ele pediu que a professora se retira-se. Ela se levantou e passando por Snape tentou dar-lhe um sorriso que se perdeu no vazio.
- Severo - e Dumbledore saiu de trás de sua mesa ,e veio na direção do professor. Havia uma expressão de cansaço em seu rosto ,e seus olhos, profundamente azuis, encararam Snape por cima dos oclinhos de meia-lua - Sempre confiei em você e Ravena também. Ela me confiou um segredo que acho que agora talvez você já saiba , o que dificultará muito o que tenho para lhe dizer. - Snape ia falar ,mas um gesto do diretor fez com que se calasse - Primeiro tenho que lhe dizer que Ravena conseguiu prender Bellatriz. Tanto ela como o marido já estão em Azkaban ,Moody os levou. - e aí ele fez uma pausa , tentando escolher as palavras que iria usar ,e continuou
- Nós velhos já passamos por muita coisa na vida ,nossa estrada foi longa rodeada de perigos e muitas vezes fomos vencidos por eles .- e olhando fixamente o professor em pé a sua frente continuou - Por causa disso tivemos que recomeçar ,reestruturar e seguir adiante. Não é da natureza humana deixar-se abater ,contudo não devia caber aos jovens carregar fardos ás vezes pesados demais para um só homem.- e ficou em silêncio ,um silêncio que fez o professor sentir sua pulsação aumentar - Eu deixei Ravena carregar um fardo pesado demais ,e vou carrega-lo também. Quero lhe pedir desculpas Severo pela dor que vou lhe causar ,mas infelizmente Ravena está morta.
O impacto daquelas palavras causou dor á ambos. Os olhos de Dumbledore se encheram de lágrimas ,mas não ousaram cair. Por outro lado Snape estava impassível ,seus olhos vidrados como se olhasse além do que via , suas mãos crisparam como se uma dor latejante lhe consumisse as entranhas ,e sua respiração se tornou ofegante. Ele levantou e sem parecer prestar atenção ao diretor ,saiu pela porta do escritório deixando-a escada atrás de si.
Um vulto negro percorreu os corredores da escola e saiu para a noite chuvosa. Atravessou os portões e em pouco tempo chegou ao vilarejo ali perto. Estava ensopado ,entrou pela porta e subiu as escadas em direção ao quarto. E lá chegando caiu de joelhos em frente ao retrato da parede ,e então chorou . Chorou como uma criança abandonada ,sentindo um frio que lhe invadia a alma . E gritou cortando o silêncio da noite com uma faca ,a mesma que arrancara tudo de bom que ele teve na vida ,a mesma que o apunhalara agora . E levantando seus olhos vermelhos para o retrato viu os ternos olhos verdes de Ravena caírem sobre ele como a última brisa quente do verão. Ela não voltaria para criarem a sua família ,uma coisa que ele nunca tinha tido na vida.
CAPÍTULO XV
Uma moça de 19 anos com lindos cabelos cacheados estava deitada na cama do Hospital Saint Mungus , ao lado está um homem alto de longas barbas prateadas e oclinhos meia-lua. Fazia três meses que Dumbledore a visitava na esperança de que recobrasse a consciência. O box só podia ser visitado por ele ou pela enfermeira ,havia ordens expressas do Ministério . A criança estava bem ,não sofrera nada. Na última vez que fora visita-la seu quadro melhorara um pouco e havia grande expectativa de reabilitação.
Foi numa manhã de verão que ele fora chamado com urgência ao Hospital ,que encontrou Ravena com seu lindos olhos verdes fitando-o ao entrar no box onde estava.
- Professor - e abriu-lhe um sorriso - O que aconteceu? Bellatriz está presa? Severo? Ele está bem ?
- Acalme-se .srta. Você sofreu um ataque muito forte - deu lhe uma palmadinha na mãos - Teve muita sorte você e o bebê.
- Eu sei ,sr. - sorrindo-lhe como sempre fazia - Porém a enfermeira me garantiu que terei alta amanhã .Quero tanto ver Severo . Professor ,conte-me ,ela foi presa?
- Sim , Bellatriz está em Azkaban junto com o marido. Você e Alastor fizeram um ótimo trabalho. - e encarando-a seriamente nos olhos disse - Quanto a Snape ,infelizmente srta. , temo que no momento não vá poder realizar seu desejo..
- Como professor? - sua cabeça zunia.
- Sabemos ,srta. , que Voldemort não está realmente morto - e andando pelo box prosseguiu - Bellatriz sabia de sua gravidez .Não sabia do casamento ,mas sabia da descêndencia de Severo . Infelizmente não podemos arriscar. Eu tive que dizer a Severo que estava morta ,Ravena. - os olhos de Ravena marejaram e lágrimas rolaram por seu rosto. Bellatriz apesar de estar na prisão mas conseguira matar-lhe. Um flash de sua vida passou diante de seus olhos ,seus pais ,Severo ,sua carreira......tudo se fora como um vendaval. Ela tentou se controlar e perguntou para ele. - O que vou fazer agora? - e seus olhos encontraram o do professor
- Será forte ,srta. Terá sua filha e até que saibamos onde realmente ele está ,e não poderá procurara Severo ,entendeu? - e sorriu –lhe paternalmente – Não sabemos se ele confia ainda em Severo e há ainda outros Comensais á solta. Você vai cuidar de Harry Potter para mim ,está tudo ajeitado. Será meus olhos durante o tempo que for necessário.
E surpresa encarou Dumbledore , era uma missão curiosa e que pelo visto duraria algum tempo.
- Professor ,terei que viver como trouxa novamente ,não? – estava confusa – Se não me engano ele foi levado para casa de uma tia? Quanto tempo durará isso ,sr?
- Quanto tempo eu não sei dizer ,mas haverá outra batalha srta.. – e pigarreando completou - E pior do que essa ,será definitiva ,por isso precisamos nos poupar agora ,entende? . Sinto ter que fazer isso ,precisarei de Snape quando Voldemort voltar ,assim como vou precisar de você ,Ravena.
Ela assentiu ,sabia que ele estava certo e sabia que corria perigo .Se Snape soubesse que ela estava viva e a criança também ,sabia que ele não pouparia esforços em defendê-las . Isto significava assumir definitivamente sua posição ao lado de Dumbledore. Severo contara a profecia ,ela sabia que Harry teria que enfrentar Voldemort já que ele continuava vivo ,e sabia também que o Lord das Trevas não perdoa os desertores. Seriam caçados que nem Lílian e Tiago , e Dumbledore não poderia protegê-los precisava cuidar de Harry. Não havia escolha.
-Diga-me o que fazer. – e baixando seus olhos - Eu farei o que me pedir. Confio no sr e sei o que vai acontecer....- e levantando os olhos verdes e encarando-o terminou - ...então devemos ser práticos
Dumbledore sentou-se na cadeira ao lado da cama onde Ravena estava ,e segurando suas mãos entre as dele ,explicou-lhe o que queria .
Ravena deixou o Saint Mungus no dia seguinte a visita de Dumbledore , e instalou-se na sua nova residência na Rua dos Alfeneiros . Era uma casa modesta e o dinheiro que ainda possuía no banco deixado por seus pais iria ajuda-la agora. Ela nunca pensou que fosse precisar do dinheiro ,mas dada as suas novas condições deu graças á Deus de não ter se desfeito totalmente dele .Havia ainda uma considerável quantia e uma casa no lago ,mas o resto todo ela tinha doado para caridade.
Depois de alguns dias que já estava devidamente instalada ,resolveu dar uma volta pelas redondezas. E passando pelo número 4 viu uma criança de dois anos sentada a frente da casa comendo uma boa quantidade de terra ,não parecia ter ninguém por perto .Entrou no jardim e retirou-lhe o delicioso entreterimento das mãos .Pegou no colo ,apesar da barriga quase a impedir de tais estripulias ,e viu a cicatriz em sua testa. Harry era uma criança muito bonita e simpática ,tinha os olhos verdes e uns poucos cabelos pretos pendiam rebeldemente da cabeça.
Ravena brincava distraidamente com ele quando uma mulher saiu pela porta da frente e tomou-lhe a criança das mãos.
- O que pensa que está fazendo com ele ? – disse a mulher magra com cara de cavalo ,e tendo uma outra criança um pouco mais velha e rechonchuda que lhe puxava o vestido tentando se equilibrar.
- Na realidade estava tirando sua distração preferida se suas mãosinhas – e sorriu para Harry enquanto mexia nas mãos dele ,e ele parecendo entender as segurava com força.
A mulher fitou-lhe o rosto e depois a analisou por completo detendo-se na barriga. E parecendo satisfeita com o que vira mudou um pouco o tom de voz.
- Crianças ,não é mesmo?! – e sacudindo um pouco Harry – Nunca sabem o que vão fazer.
- È verdade – e querendo conquistar-lhe um pouco a confiança, Ravena disse – Os dois são seus filhos? Sou nova por aqui ,acabei de mudar e estou tentando me adaptar a vida nova.- e sorrindo dela para Harry ,que continuava entretido com suas mãos, completou – Perdi meu marido recentemente e terei que educa-la sozinha – e alisou a barriga por cima da bata.
- Que coisa triste - e parecendo lembrar das outras perguntas que Ravena fez – Não este aqui é meu sobrinho, minha irmã e meu cunhado morreram quando ele tinha um ano - e passou –lhe Harry pegando a outra criança no colo ,e apertando-a carinhosamente contra seu peito – Este aqui é meu Dudinha ,não é lindo?! Não que tomar um chá?
Ravena aceitou e entrou no número 4 da Rua dos Alfeneiros com Harry Potter no seu colo. A tia de Harry se chamava Petúnia , e o tio , que era uma cara bonachão e deixava clara a sua aversão ao menino ,chamava-se Válter. Eram uma típica família inglesa com todas as suas desconfianças com estranhos um pouco mais acirradas ,e logicamente Ravena sabia o motivo . Só que essa foi uma barreira que ela conseguira transpor facilmente desde aquele dia.
Toda vez que podia ,e não querendo levantar suspeitas pelo seu interesse por Harry ,ela visitava os Dursley. Os dias viraram meses e aos dezesseis dias de março nasceu Anne. Era uma linda menininha de cabelos negros ,tinhas as feições da mãe ,mas definitivamente puxara os olhos do pai. A sra. Dursley foi visitar Ravena na maternidade ,e sendo essa a única visita que ela recebeu. Dois dias depois estavam confortavelmente instaladas em casa .Naquela noite as luzes da Rua dos Alfeneiros baixaram ,e um vulto alto envolto em vestes azuis turquesa entrou no número 15 .
Anne dormia profundamente enquanto Ravena lia um livro sentada a cabeceira da menina . A não ser pela pequena luminária a um canto do quarto lindamente decorado em tons de rosa ,e repleto de todos os tipos de objetos de bebê ,não havia mais nenhuma luz na casa. Em poucos segundos a porta do quarto se abriu dando passagem ao bruxo alto de barbas prateadas e olhar tranquilo e profundamente azuis.
- Boa Noite ,Ravena – e sorrindo para ela – Vejo que há um pequeno tesouro bem aqui – e dirigiu-se ao berço onde a menina deitada de bruços chupava os dedos – È linda ,não? Infelizmente não pude vir mais cedo.
- Eu sabia que viria – e levantou-se da cadeira ,abraçou – o .As lágrimas escorreram de seu rosto. – Queria tanto que ele a visse......
- Eu sei ,minha querida – e passando-lhe as mãos pelos cabelos – Eu sei!
-Tenho visto Harry – disse-lhe mudando de assunto e dirigindo-se para sala – Aquela família é medonha, professor – e chegando a sala indicou-lhe uma poltrona para sentar. - Eles definitivamente não amam Harry , tenho tanta pena dele.
- Imagino que assim seja – e conjurando dois cálices e um garrafa de Hidromel continuou – Mas infelizmente é necessário ,coloquei uma proteção extra na casa ao deixa-lo lá. E ambos sabemos que ele precisa ficar em segurança.
Ravena assentiu e pegou um dos cálices que lhe era oferecido. E fitando-o demoradamente perguntou-lhe.
- Como ele está professor? – ela tremia ao dizer isso.
- Aceitando ,Ravena.....aceitando – e sorveu mais um pouco da bebida – Você sabe que não é fácil. E sabendo da natureza de Severo ,não é difícil deduzir que se tornou uma pessoa muito mais dura e intransigente .- e pondo-se de pé disse-lhe – Tenho que ir ,srta. Passarei outro dia para ver nossa pequena Anne.
- Está bem ,professor – e tentando manter-lhe o sorriso – Será um prazer recebê-lo a qualquer hora.
- Obrigada mais uma vez ,srta. – e pigarreando falou – Só mais uma coisa ,temo que deverá agora manter uma certa distância dos Durlsey. Não sabemos que poderes a pequena Anne terá , e sendo assim poderá chamar atenção sobre vocês. Acompanhe Harry de longe ,será melhor por hora.
E dizendo isso ganhou a escuridão da rua e perdeu-se na noite. Durante os longos nove anos que se seguiram ,Dumbledore não perdeu um aniversário de Anne ,e não havia um mês no qual não viesse visitá-las .Anne cresceu como uma menina normal ,freqüentou uma escola trouxas, e quando fazia alguma coisa inusitada Ravena tratava de explicar-lhe o que era. Anne sabia que era bruxa ,e que um dia Tio Dumbie a levaria para estudar em Hogwarts ,mas isso era um segredo dos três. Ela não podia contar a ninguém ,mas havia um menino na rua com cabelos rebeldes e olhos verdes ,e uma cicatriz na testa o qual Anne já vira fazer algumas coisas estranhas também. Ravena não quis chamar a atenção para o fato para que não houvessem mais perguntas. Harry sempre que passava pela porta do número 15 acenava para Anne. Ele também apesar dos maltratos dos Dursley crescera sem muitos problemas ,não havia até aquele momento nenhuma interferência do mundo bruxo na vida do menino. E Ravena se sentiu satisfeita consigo mesma.
Ravena recebeu uma correspondência de Dumbledore numa manhã ensolarada ,dizendo que estava mandando Hagrid buscar Harry . Os Dursley aparentemente não deixaram o menino receber a carta de Hogwarts. Nenhuma das enviadas através das corujas chegou as mãos de Harry Potter. Petúnia havia comentado que Válter estava com alergia a corujas ,e Ravena interiormente riu-se disso. Ela não ia mais á casa dos Dursley mas algumas vezes a sra . Dursley a visitava levando Duda . Harry ficava em casa ,trancado ,na realidade tinha medo do que o menino pudesse fazer.. E foi assim que Ravena viu Harry partir da Rua dos Alfeneiros para Hogwarts.
Anne começou a ansiar pelo dia que iria aprender a lidar com todas aquelas coisas que sabia fazer . Tinha um dom admirável para poções ,e um gênio terrível também. Ao contrário da filha ,Ravena temia que Snape a reconhece-se . E quanto mais se aproximava esse dia mais ela evitava o assunto ,só não pode impedir que ele chegasse.
Aquela altura infelizmente ,não havia lugar mais seguro para Anne a não ser Hogwarts. Voldemort já havia aparecido duas vezes ,uma delas colocando em perigo a vida da menina dos Weasley. O coração de Ravena ficou aos pulos quando Dumbledore lhe contou isso. Havia recomeçado ,era o início da batalha que ele afirmara que iria acontecer a nove anos atrás. Pediu para que Ravena redobrasse sua atenção ,e despediu-se dizendo á Anne que em breve estariam juntos em Hogwarts.
A manhã chuvosa de agosto chegou e com ela a carta de Hogwarts. Anne estava entusiamada com tudo .Para não correr riscos Ravena havia feito os pedidos dos livros através do correio bruxo e seriam entregues á ela na Escola. O sr. Olivaras havia ido pessoalmente a mando de Dumbledore na casa delas na noite anterior. Anne estava devidamente paramentada para o primeiro ano de escola.
Chegou o dia da partida . O Expresso para Hogwarts sairia da plataforma 9 e ¾
ás onze horas impreterivelmente. Ravena ajoelhou ao lado da filha ,e arrumou a gola do casaco da menina. Anne a abraçou longamente e disse
- Não fique triste . Dumbledore cuidará de mim.- e sorrindo para mãe com seus longos cabelos lisos pretos e os olhos profundamente pretos também ,acrescentou jovialmente – Ele prometeu !
-Eu sei ,Querida – dando-lhe um beijo na testa – Eu sei - e limpando as lágrimas dos seus olhos disse – Agora vá!
E Anne entrou no trem que a levaria para o pai. Era isso que após nove anos Ravena estava fazendo . Ela estava mandando para ele a própria filha , ao menos tinha certeza de que lá ela estaria segura. Anne acenava da janela do vapor para a mãe que estava envolta numa capa verde -escura .A beleza de Ravena continuava imutável, seus belos cabelos cacheados caíam- lhe pelos ombros apesar do capuz ,e seus olhos verdes fitavam a filha partir.
Estava feito ,ela havia entregue a filha á Severo ,e esperava que ele fosse mais complacente com ela do que costumava ser com seus alunos atualmente. E em meio a fumaça deixada pelo trem na estação ,Ravena se dirigiu para casa.
CAPÍTULO XVI
Como todo o início de ano em Hogwarts ,cada aluno novo em sua vez ,sentava no banquinho de três pernas com o Chapéu Selector sobre suas cabeças. Casa definida ,era só partir em direção a mesa correspondente. A vez da filha de Ravena chegou e Mcgonagall tendo o Chapéu na mão disse
-- Anne Parker - e procurou por uma menina .
Dumbledore a fitava de seu lugar ao centro da grande mesa dos professores , e piscou-lhe o olho antes que ela se sentasse. Anne ajeitou-se no banquinho ,enquanto o chapéu era posto por sobre seus cabelos negros. Não demorou muito para que ele proferisse em alto e bom som.
- Sonserina! - sem hesitar.
Anne encarou o professor de novo ,que assentiu e sorriu-lhe com bondade. Ela levantou-se e dirigiu-se á mesa de sua casa. Ao seu lado estava uma menina com cabelos loiros presos por um arco ,olhos castanhos ,e que quando Anne sentou apressou-se logo em dar -lhe boas vindas . O nome dela era Mary Taylor ,segundos depois já estavam conversando. Assim que terminou o banquete ,o Monitor Chefe da Sonserina reuniu os alunos novos ,como era de costume , e levou-os para conhecer as Masmorras onde ficava a sala comunal e os dormitórios da Casa. Anne e Mary estavam bem atrás do monitor ,percorreram os corredores e por fim chegaram ao seu destino. As masmorras era um lugar frio como Anne já previra ,porém a jovem estava anciosa demais com tudo que acontecia para sentir isso.
Após serem ditas certas regras que deviam ser cumpridas pelos alunos ,as duas se dirigiram para o dormitório. Anne desembrulhou os livros ,separou os do dia seguinte e guardou o restante na mala. Pouco tempo depois apesar de toda a excitação que experimentavam ,cederam ao sono.
Um pálido sol entrava pelas janelas do dormitório quando as duas acordaram. Reuniram tudo o que necessitariam para as aulas daquele dia e colocaram dentro das mochilas ,indo logo em seguida para o Salão Principal a fim de tomarem o café da manhã. Vários alunos de sua casa já estavam ali ,Anne se deteve a olhar um menino loiro de cabelos oleosos cercado de outros dois mais truculentos ,já o havia visto no dia anterior e não tinha tido uma boa impressão. Lembrou então do que a mãe lhe falara a respeito das casas de Hogwarts. Segundo ela a Casa de Sonserina produzira muito dos bruxos das Trevas , e apesar de não se incomodar por ter sido escolhida para frequenta-la ,sabia perfeitamente que tipo de pessoa poderia estar prestes a encontrar ali. Mary vendo para onde a amiga olhava falou baixinho
- Você sabe quem é ? - e com a resposta negativa de cabeça de Anne continuou - O nome dele è Draco Malfoy ,e os dois "nerds" ao lado são Crabbe e Goyle.- e servindo-se de uma fatia de torta de maçã ,prosseguiu - Papai e mamãe estudaram com o pai dele aqui , e disseram que o filho seguira a risca o pai .Meus pais ,Anne apesar de serem da Sonserina nunca compartilharam dessa idéia sobre os sangue-ruins. Você entende o que quero dizer ,não é?
- Sim ,Mary.- e ainda olhando para Draco – Minha mãe sempre me falou que a maioria dos bruxos ruins vinham dessa casa ,agora eu a entendo. – e voltando-se para a amiga completou – Meu pai foi da Sonserina também ,pena que morreu antes de eu nascer. Era um bruxo bom ,sabe.....Dumbledore e minha mãe me contaram.
A lembrança do pai que Anne tinha foram feitas a partir de todas as histórias que Dumbledore e Ravena contaram para ela. Apesar de não ter comentado com Mary ,ela sabia que o pai tinha sido um Comensal ,e sinceramente aprendera que isso o tornava mais digno de sua admiração . Deixando seus pensamentos de lado foi para sua primeira aula do dia ,Feitiços .
O professor Filtwick era um homem baixinho ,com uma cara engraçada ,e uma cabelo que mais parecia uma peruca . Ele era também diretor da Corvinal , e as duas acabaram por gostar muito da aula que tiveram. Anne se saiu muito bem para seu primeiro dia ,havia produzido o feitiço na primeira tentativa. A manhã passou relativamente rápido ,depois da aula de Feitiços segui-se a de Transformação com a prof. McGonagall, na qual também teve um bom desempenho.
Entraram no Salão Principal para o almoço ,e a tarde teriam Poções. Esta era aula pela qual Anne ansiava desde que soubera que fazia parte da grade do primeiro ano.
O céu lá fora se tornara cinzento anunciando que não demoraria a chover ,e as duas meninas partiram em direção ás Masmorras.
A sala de Poções era fria com o resto das Masmorras ,mas Anne não teve tempo de sentir isso ,seu coração estava a ponto de explodir de felicidade ,iria ter sua primeira aula da matéria que mais gostava . Mary estava sentada ao seu lado nas primeiras mesas ,quando numa lufada de vento passou ao lado delas.
Snape entrara com sua capa esvoaçando ao mesmo tempo que fechava todas as janelas da sala. E virando-se para turma ,encarou Anne por alguns segundos ,ela desviou-lhe o olhar ,e ele prosseguiu dando uma série de avisos sobre suas restrições em sala de aula. Terminado isso foi ao quadro e escreveu um nome que Anne sabia ser o ingrediente de uma poção para fazer com que quem a bebesse falasse a verdade , e voltando-se novamente para a classe perguntou se alguém sabia que poção se faria com aquele elemento. A mão dela se ergueu no ar ,e surpreso ele lhe deu a palavra.
- È usado para fazer Veritaserum ,sr.- com o coração aos pulos. Apesar de Snape parecer-lhe muito arrogante alguma coisa nele fazia com que Anne não tivesse medo do professor.
- Sim ,srta. Está certa.- e virando-se mais para onde a menina estava encarou-a novamente. Desta vez parecia vasculhar-lhe a alma – E será que poderia dizer nos aonde encontra-lo e se é o único ingrediente dessa poção ,srta?
Em resposta a pergunta dele ,Anne fez uma longa explicação sobre a poção ,até mesmo quanto tempo demorava para ficar pronta. Parecendo satisfeito com o que ela dissera creditou dez pontos á Sonserina. Ele continuou a aula e as perguntas ,no final Anne tinha respondido quase todas e creditado muitos pontos para sua casa . O sinal tocou e enquanto ela arrumava suas coisas para deixar a sala ,viu o professor se aproximar da mesa onde estava.
- Srta Anne Parker ,não é? – ele a fitava com curiosidade.
-Sim ,professor . – Anne respondeu sem o menor constrangimento e continuando a fazer o que começara.
- Parece que andou estudando bem a matéria? – e posou seus olhos pretos sobre a menina.
- Digamos que sim ,professor. – e sem temer que estivesse sendo impertinente acrescentou – Também sou boa em Feitiços. – havia acabado de guardar seu material , encarou-lhe e perguntou – Deseja saber mais alguma coisa? Será que posso ir ,sr.?
-Sim ...- as palavras saíram de sua boca sem que percebesse.
E ficou ali parado onde Anne o deixara, fitando–a deixar a sala. Havia qualquer coisa naquela menina que o pertubara ,ela lembrava alguém que ele conhecera a doze anos. E a lembrança de Ravena inundou-lhe a mente. Seus cabelos cacheados ,os olhos profundamente verdes e o sorriso que ela sempre lhe dava quando ele achava que tudo estava perdido. Ele caminhou até as janelas e abrindo-as lembrou-se da detenção que ela cumprira ali ao lado dele. Fechou os olhos e a voz dela encheu o ambiente em volta. Aquela lembrança era pertubadora ,e saindo do seus pensamentos deixou a sala em direção ao salão Principal.
Houve muita agitação na escola ,por causa da fuga de Sirius Black ,os Dementadores estavam guardando Hogwarts por causa disso. Anne avisou á mãe que Harry havia sofrido um pequeno ataque dos dementadores durante uma partida de Quadribol . E que Snape andava meio estranho ,não com ela ,mas com os outros alunos. Anne parecia ter escapado dessa sina. Contou também que algumas vezes ele substituía o prof. de Defesa Contra a Arte das Trevas ,Remo Lupin.
Ravena ao receber a mensagem da filha ficou apreensiva com o fato de Harry ter sido atacado ,e feliz por Lupin está ensinado em Hogwarts. O vira apenas uma vez na sede da Ordem ,mas tivera uma ótima impressão ao seu respeito . E ao contrário da filha sabia exatamente porque Severo não faria nada contra ela mesmo que quisesse.
Perto do fim das aulas Dumbledore fez-lhe uma visita explicando exatamente o que havia acontecido ,e que ficara provado que Sirius Black era inocente. Ele não havia delatado o esconderijo dos Potter. Acabou falando sobre o problema do prof. Lupin ,que infelizmente deixaria a escola por causa disso. O primeiro ano de Anne em Hogwarts terminou sem maiores problemas e ela obteve excelentes notas em todas as matérias.
Anne veio para casa e contou com detalhes para mãe como haviam sido cada dia de cada aula. Ela estava entusiasmada com tudo. Ravena então informou a filha que nessas férias teriam uma programação diferente, iriam assistir a final da Copa Mundial de Quadribol. Dumbledore dera-lhe os ingressos. Anne contou os segundos até o momento do jogo entre a Irlanda e a Bulgária . Ravena aceitou os convites por causa da filha, nunca gostara muito de Quadribol , e estava apreensiva de aparecer depois de tantos anos no mundo bruxo.
Chegado o grande dia da final elas se dirigiram para a chave de portal indicada no convite ,e em pouco tempo estavam num acampamento onde bruxos e bruxas andavam de um lado para outro. Havia barracas de vários tipos e tamanhos ,elas se aproximaram de uma e entraram . Dentro ,a barraca possuía o dobro do tamanho que aparentava por fora . Ravena e Anne colocaram suas mochilas sobre uma mesa ,e algum tempo depois foram para o estádio onde iria começar a partida. Se acomodaram e , a grande final teve seu início depois da apresentação de cada equipe. Eram vários uh....ah.....durante todo o tempo do jogo. No final apesar da grande demonstração de Vítor Krum ,o apanhador Búlgaro , a Irlanda ganhou o jogo.
Ravena e Anne voltaram para sua barraca . Anne fazia um resumo de como a partida havia sido empolgante , e como Krum era um grande apanhador ,quando Ravena começou a ouvir gritos e explosões .Ela foi até a entrada da barraca e vendo uma multidão que corria para todos os lados ,ordenou na mesma hora que Anne pegasse a sua varinha e saíram da barraca. Ravena puxava a filha pelo braço correndo em direção á floresta a sua frente ,ela olhava para trás a todo instante ,e viu as pessoas encapuzadas com máscaras que estavam espalhando terror. Elas alcançaram as árvores mais próximas e continuaram entrando mais profundamente na floresta ,até que Ravena pediu que Anne parasse . Ficaram escondidas durante um tempo ,as varinhas empunhadas ,viram Harry ,Rony e Hermione numa clareira ali perto ,e logo depois a Marca Negra surgiu no céu.
Anne se aproximou da mãe que continuava olhando para onde as outras crianças estavam e a abraçou. De repente ouviu-se vários “cracks” e vários aurores e outros membros do Ministério surgiram de todos os lados. Foram na direção de Harry e dos amigos ,e Ravena pode reconhecer Arthur Weasley e Bartolomeu Crouch entre eles. Vendo que os meninos estavam em segurança dirigiu-se com Anne para a chave de portal mais próxima. Enquanto andavam Anne perguntou á mãe:
- Quem eram mamãe aqueles encapuzados lá trás? – e antes que a mãe lhe respondesse ,acrescentou – E aquilo no céu?
- Eram Comensais da Morte ,Anne – e olhando da filha para a o céu ,completou apontando com sua varinha – E aquilo é marca de Voldemort.
- Mãe ,não pode ser......Será que ele voltou?- disse a menina com receio na voz
- Não sei ,querida ,mas desejo que você vá para Hogwarts o mais rápido possível - segurando-lhe as mãos – Lá você estará segura.
Dois dias depois Anne partiu ,o coração de Ravena se aquietou apenas um pouco. Pelo menos lá Anne estaria segura ,mas ela se perguntava se Severo saberia se o Lord das Trevas estava de volta. Nunca vira a marca no braço dele tomar vida ,mais sabia que isso aconteceria caso ele voltasse. Ela não estaria lá para ajudá-lo e essa impotência causava-lhe pânico. Por fim decidiu aguardar as notícias de Dumbledore e Anne.
A primeira que chegou foi a de Anne dizendo que o Ministério se recusava a acreditar na possibilidade da volta de Você – sabe – Quem ,e que em breve haveria um torneio na escola chamado Torneio Tribruxo . E isto já estava causando um certo alvoroço entre os alunos.
A Segunda coisa a acontecer foi uma visita de Dumbledore pouco antes do natal com uma nova missão da Ordem. Ela teria que procurar Sirius Black e mantê-lo a salvo do Ministério ,que continuava atrás dele .Disse também que começaria a reunir novamente os membros da Ordem e procuraria um lugar para a sede.
Ravena não encontrou problemas em descobrir o esconderijo de Black ,sempre fizera isso em seu trabalho no Ministério . Ravena o achou ao sul da Inglaterra . Apesar de estar magro e abatido, ela pode perceber que Sirius era um homem muito bonito , os cabelos compridos caíam lhe pelos ombros e a barba estava por fazer ,mesmo assim seu ar era jovial ,principalmente quando ajeitava os cabelos jogando a cabeça displicentemente para trás. Ele se assustou com o fato de Dumbledore tê-la mandado ,mas em contrapartida achou bom que ele reunisse a Ordem novamente. Ela começou a visita-lo constantemente e mantê-lo informado ,porém um mês depois do primeiro encontro ,visitou Sirius com uma edição do Profeta Diário nas mãos ,onde se lia “ Tragédia Adolescente” ,o título da matéria que falava sobre a participação de Harry Potter no Torneio Tribruxo ,e surpeendemente havia sido escrita por ninguém menos que a melhor amiga de Ravena em Hogwarts ,Rita Skeeter. È verdade que não se falavam a mais de 12anos ,e Ravena ficou intimamente feliz por isso ,não gostava da abordagem feita pela amiga ,e seria duro repreênde-la.
Black parecia louco depois de ler a matéria ,e queria falar com Harry de qualquer jeito. Ravena conseguiu evitar momentâneamente a situação ,prometendo que iria apurar o que pudesse sobre o assunto. Quando voltou na semana seguinte Black já havia falado com Potter .E este jurara que não colocara seu nome no Cálice ,Ravena por sua vez comentou que Dumbledore acreditava que outra pessoa tivesse feito isso . Ela lhe perguntou se sabia sobre os sonhos de Harry ,ao que ele respondeu que sim ,mas não achava-os tão importantes. Ravena disse que Dumbledore achava que eram.
Harry já havia passado por duas tarefas quando Ravena o procurou novamente, ele estava convencido de que Karkaroff estava por de trás de tudo. Ela tentou convencê-lo de que não ,pois ele havia colaborado com o Ministério entregando vários nomes de Comensais , e com tristeza lembrou que Severo fora citado no julgamento dele . Sirius disse-lhe que uma vez Comensal ,sempre Comensal. Ravena não concordava com isso. Ela estava quase indo embora quando ele perguntou.
-Ravena - e sorrindo-lhe encantadoramente falou – Como foi parar na Ordem? Você disse que foi Dumbledore que a chamou ,não foi?
-Sim - e sentando –se ao seu lado continuou – È uma longa história quer ouvir?
-Bom ,acho que não vamos a lugar nenhum - e sorriu novamente – e não temos compromissos.
Ravena contou-lhe toda a sua história ,desde de que fora para Hogwarts ,até conhecer Snape e a caçada a Bellatrix. Quando terminou a narrativa Sirius a fitava com um ar surpreso.
- Nunca achei que o Ranhoso pudesse amar alguém – e jogou a cabeça para trás arrumando os cabelos. - Sabe ,eu e Tiago vivíamos perseguindo-o .
- Eu sei - e encarando-o – Severo me contou. Inclusive que mandou ele á casa dos gritos certa noite em que Lupin havia se transformado. Tiago o salvou ,não foi?
-Sim , éramos moleques . Não me orgulho disso – e fitando-a - Deve ter sido duro criar Anne sozinha ,não é? – cutucava a fogueira que acendera com um graveto fitando as chamas.
- Acho que o pior é mentir para minha filha ,Sirius – e lágrimas escorreram de seus olhos. – Ela não irá me perdoar quando souber...- e soluçando - ....nem ele.
- Ela terá que compreender – e enxugando as lágrimas dela com os dedos – E se ele a ama mesmo vai compreender o que você fez .- e levantando-se falou – Ravena acabei de lembrar da casa dos meus pais.
- O que ? – disse-lhe ela sem entender o que ele estava querendo dizer
- Dumbledore pode colocar a sede da Ordem lá . – e com os olhos brilhando completou – È repleto de encantamentos para não permitir a entrada de qualquer um.
-Sirius isso é ótimo – e erguendo-se também falou – Vou para casa imediatamente e depois irei a Hogwarts falar com Dumbledore.
- Você não acha que estará se arriscando demais? – foi a vez dele a encarar firmemente – Pode encontrar Severo.
- Não terei como fugir quando a Ordem começar a se reunir ,terei? – e colocando a capa – O dia que Dumbledore falou a onze anos atrás está chegando ,Sirius ,e eu preciso acertar as contas com o meu passado. Se Voldemort voltar ,Severo vai ter que continuar com seu papel para poder ajudar a Ordem e Harry.- e abaixando seus olhos – Eu não posso deixá-lo ir sem saber que estou viva e Anne também.
- Você tem razão – e segurando –lhe as mãos entre as suas falou – Vá e me traga notícias logo.
Ravena aparatou na porta de sua casa .Entrou foi até seu quarto e colocou uma veste em tom vermelho , que contrastava com o verde de seus olhos e a cor de seus cabelos. Olhou-se no espelho ,ajeitou alguns cachos e colocou a capa de mesma cor por cima das vestes. Desceu as escadas apressadamente ,foi até o armário no canto da sala de jantar e retirou um pequeno pote. Dirigiu-se até a lareira e pegando um punhado de pó do pote ,entrou nela e atirou o pó ao chão dizendo:
- Hogwarts!
CAPÍTULO XVII
Ravena apareceu na lareira dentro do escritório de Dumbledore. O diretor estava de costas para ela retirando longos fios prateados da cabeça e os depositando em uma bacia de pedra a sua frente . Ela deu alguns passos na direção dele pensando que não lhe notara a presença ,estava entretido na Penseira. Retirou o capuz que cobria seu rosto e parou atrás dele. E para a sua surpresa ele falou
- Boa Noite ,srta.- e retirando mais um fio prateado e mexendo com a varinha no conteúdo da Penseira ,continuou - Eu sabia que estava a caminho . Devo acreditar que é algo urgente ,não?
- Sim ,professor. - e controlando a emoção de estar ali de volta prosseguiu - Black teve a idéia de colocarmos a sede da Ordem na casa dos pais dele que está desocupada no momento ,e já possui alguns feitiços guardando-a. O que o sr. acha?
- Acho que se arriscou demais vindo até aqui ,srta. - e finalmente virando-se para ela disse - Ainda não era a hora de se expor. Estamos ,srta. , pelo que imagino ,e tenho certeza que não estou errado , a um passo da volta de Lord Voldemort. Creia-me devia ter esperado um pouco mais, apesar de ser inevitável o que vai acontecer .
- Já que a volta dele é eminente precisamos nos reagrupar ,somos poucos e tivemos muitas baixas. Teremos tempo de convocar mais gente ,sr. Não quero mais ficar escondida ,principalmente depois do que vi na Copa Mundial de Quadribol .Sou mais útil agindo - e fitando-o com seus olhos verdes - E professor ,ninguém sabe que estou aqui.
Uma batida na porta a fez empalidecer ,ela recuou um pouco e colocou o seu capuz virando-se de costas para a porta. Dumbledore a olhou e indo até sua mesa falou -lhe .
- Como lhe disse ,srta. - e sentando-se calmamente em sua cadeira ,prosseguiu - Você precipitou alguns acontecimentos ,mas estou ao seu lado e tenho tanto ou mais culpa do que você. Está pronta para enfrentá-los?
- Sim.... - ela balbulciou .
Dumbledore falou com sua voz calma
- Entre ,professor.
Snape entrou na sala ,a capa esvoaçando atrás dele , e parou em frente a mesa do diretor . Dumbledore o encarou por cima dos oclinhos meia -lua e esperou que ele falasse
- Prof.Dumbledore. Quero lhe falar sobre as baixas cada vez maiores de ingredientes para poção Polissuco dos meus estoq.....- e parou de repente olhando fixamente para um canto da sala , e voltando-se para o diretor prosseguiu - Desculpe-me volto em outra hora.
A resposta a sua frase veio ,não de Dumbledore , mas da figura em pé que agora se movia em sua direção.
- Não ,por favor ,fique. - e caminhando para o lado mais iluminado ,onde ele estava - Preciso falar-lhe
Ele ficou aturdido ,paralisado ,conhecia aquela voz. O vulto agora estava a poucos passos dele . A luz começou a ilumina-lhe a barra da capa vermelha , e aos poucos evidenciou-lhe a silhueta feminina, e por fim o capuz de onde cachos de cabelos pediam pela laterais. Ravena então baixou o capuz ,o rosto iluminado pela fraca luz da sala não diminuía em nada a sua beleza. Severo pode lhe ver os olhos verdes que brilhavam intensamente , e tomado de cólera gritou ;
- Mas o que significa isso?!!!! - seus olhos pretos marejaram e iam de Ravena para Dumbledore - È alguma brincadeira ,diretor?
Dumbledore levantou de sua cadeira e andou na direção dos dois.
- Temo que não ,Severo - e encarando-o - Peço apenas que me deixe explicar o que fiz e porque fiz.
E passou a contar-lhe tudo o que acontecera. Depois de algum tempo Dumbledore terminou sua narrativa.
- Talvez ,Severo ,você fique com ódio de mim ......não o culpo - e pigarreando foi em direção a porta de seu escritório - Peço apenas ,que reflita com atenção , sobre tudo o que aconteceu . Bellatriz atacou Ravena ,não só porque ela a achou ,mas porque estava grávida de você. Existiam , como você bem sabe ,e ainda existem ,vários Comensais soltos que com a simples menção de que você tenha descendência com uma bruxa pertencente ao Ministério e a Ordem ,não lhe dariam mais o dom da dúvida. Eu as protegi o tempo necessário até a menina aprendesse a dominar a magia, e não fosse uma presa fácil .Agora que Lord Voldemort está prestes a voltar toda ajuda será bem vinda..... Espero que me perdoe , e perdoe Ravena também. Vou deixá-los a sós.
E dizendo isso saiu pela porta. Ravena estava parada ao lado de Snape ,a cabeça baixa ,e os cabelos caindo em desalinho sobre o rosto. Snape ao contrário a olhava procurando forças, e tentando controlar sua ira , para falar. Ela então levantou seus olhos ,e ele a encarou.
- Severo – ela não se mexeu , apenas tentou conter todos os sentimentos que vinham á tona e ,lhe disse em tom suave – Não havia escolha. Não sei como Bellatriz ficou sabendo de minha gravidez, que eu saiba o resultado do exame só foi entregue a mim ,e eu só o revelei para Dumbledore ,no dia em que ele me procurou no Ministério para falar sobre a mis..... – e as palavras morreram em sua boca ,o ar parecia pesado demais para ser engolido ,mesmo assim ela suspirou e continuou – Enquanto fosse um segredo nosso ,tudo estava bem ,mas eu não sabia se outros tiveram acesso á essa informação . E caso eu voltasse , e isso acontecesse ,você tomaria definitivamente seu lugar ao lado de Dumbledore.....Voldemort não o perdoaria e nos caçaria tanto ou mais do que aos Potter . – Ravena o fitou ,sua expressão era de revolta ,seus olhos pretos brilhavam como se ele assimilasse cada palavra do que ela lhe dizia ,e prosseguiu – Nem você e nem eu conseguiríamos protegê–la dele . Dumbledore tem que proteger Harry ,e para que Voldemort seja derrotado você terá que está ao lado dele.........mesmo que eu não goste dessa idéia – a última frase saiu entrecortada de soluços ,e ela abaixou seus olhos enquanto sua lágrimas escorriam.
Snape se aproximou dela ,e com a voz ríspida e fria derramou toda a sua raiva e ressentimento sobre ela . Ravena sabia que não tinha o direito de intervir no que ele dizia ,imaginava todo o sofrimento que ela lhe causara .E sendo assim continuou com seus olhos baixos ,apenas ouvindo a torrente de palavras que lhe eram ditas
-Você tem noção de tudo o que senti durante onze anos? Todas as noites em que fui aquela maldita casa olhar seu retrato? – ele rosnou - Quantas e quantas vezes reli o pergaminho que você me deixou contando da sua gravidez? – ele agora andava rodeando-a ,e vociferava – O que pensei ,o que senti ,quando Dumbledore me disse que estava morta?
Ravena não ousava levantar seus olhos ,sabia que ele a encarava cheio de ódio ,e ver isso em seus olhos doía-lhe mais do que suas palavras . E como se ele quisesse que ela o olhasse ,a agarrou pelos ombros e a sacudiu duas vezes seguidas dizendo
- Eu morri naquele noite .....- e ainda fora de si – Você penetrou minhas defesas como nunca deixei ninguém fazer . Nunca fiz por nenhuma outra mulher o que eu fiz por você. Ouso dizer que nunca me permiti amar ,isso era coisa para fracos....eu preferia o poder.....e aí eu a conheci – ele pareceu voltar á si e a soltou – Uma linda aluna do sétimo ano ,cheia de si ,mas mesmo assim adorável. Desde que a vi pela primeira vez eu tinha certeza que algo aconteceria . Cheguei a pensar ,pela sua impertinência ,que fosse realmente seguir sua ameaça e me caçar . – ele segurou o rosto dela com uma das mãos - Então eu percebi que estava envolvido ,e você fez parecer tudo tão fácil.......amar você foi fácil demais. Eu simplesmente não medi esforços para tê-la ,era mais forte do que eu .....eu perdi o controle que sempre tive sobre meus sentimentos ..minhas emoções...- e encarando-a ,falou ferozmente - E para que? Você não confiou em mim ,não me contou que esperava um filho meu !!!
- Eu lhe dei o exame ,achei que fosse ler! – ela havia se soltado de suas mãos e andou pelo escritório
- De fato li ,mas depois de você ter ido – e passou as mãos pelos cabelos desalinhados – Você teve medo que eu a impedisse de ir ,não é?
-Sim – e encarou-o outra vez ,seus olhos verdes marejados - Você me deixaria partir?
- Não . Claro que não !
Ravena andou até onde ele estava de pé ,Snape evitou fitá-la . E reunindo suas últimas forças ,ela falou
- Você tem motivos de sobra para não me perdoar – e torcendo suas mão como sempre fazia ,continuou – Eu o amo ,e não houve um dia em que não pensasse em largar tudo e correr para os seus braços ,mas eu não estava mais sozinha. Eu tinha que pensar sensatamente ,pela nossa filha.
- Severo - e lágrimas desciam-lhe pelos olhos - Você tem uma aluna muito aplicada em poções no segundo ano da Sonserina ,não é mesmo?
Ele a encarou , e andou na direção da mesa de Dumbledore numa atitude intempestiva . Ravena estremeceu , e quando ia falar ele a impediu.
- Anne - e com os braços apoiados na mesa balançou a cabeça abaixando-a .Os cabelos escorreram para o rosto. - Ela não sabe ,não é ?
- Não. - Ravena não ousou se mexer - Ela pensa que você está morto.
- Quantas mortes ! - e levantou a cabeça , seu tom era sarcástico - Poderia ter evitado algumas ....Perdôo o que Dumbledore fez ,mas porque veio agora a mim quando ele está para voltar? Para expor Anne ?
- Não - e indo até perto dele falou - Uma coisa é você criar sua filha longe de tudo e de todos ,outra é mantê-la perto do pai todos os dias e ela não poder desfrutar disso - e com as lágrimas molhando-lhe as vestes ,continuou - Anne tem verdadeira adoração por você. Ela não é mais uma criança , já domina a magia que há dentro dela. Ensinei-lhe muita coisa ,e se tiver que lutar poderá fazê-lo. Eu protegi nossa filha esse tempo todo ,se fosse só eu ,não me esconderia. Você não entende?
Ravena estava parada atrás dele , o rosto oculto pelas mãos .Ele se aproximou dela ,suas mãos tocando -lhe os cabelos ,descendo até onde estavam as dela. Inclinou sua cabeça na direção do rosto de Ravena , retirou as mãos dela do rosto e a fez olhar em seus olhos . As lágrimas ainda escorriam pelo rosto ,e ele as secou com os dedos. Então descendo mais seu rosto encontrou os lábios da esposa. E de um beijo terno passaram a um beijo apaixonado. As mãos dele penetravam nos cabelos de Ravena com se quisessem prendê-los para sempre. Queria impedir que ela fugisse ,enquanto ela enlaçava pelo pescoço com a mesma intensidade . Longos beijos se sucederam . Até que depois deixaram-se ficar ali ,abraçados. Então ,Ravena quebrou o silêncio.
- Você me perdoa ,Severo? - e olhando -o nos olhos
- Como posso não perdoa-la ,Ravie.? - ainda afagando seus cabelos com suas mãos - Eu a amo ! Nunca a esqueci um segundo nesses anos todos, mas não sei se Anne fará o mesmo. Ela tem um gênio muito parecido com o meu - e ele sorriu ,coisa que a muito não fazia.
- È eu sei ........convivi com ela durante onze anos me fazendo lembrar a todo tempo você em pequenos gestos que fazia - e retribui-lhe o sorriso por trás das lágrimas
- Ravie , escute , não podemos contar nada á ela até que termine o ano - e a soltou , encarando-a - Não vamos expô-la até saber o que querem realmente com Potter. Precisamos saber quem colocou o nome dele no Cálice .Estamos perto disso com o fim da competição depois de amanhã ,e logo em seguida o ano letivo terminará. Fará o que peço ,não?
- Está bem ,eu estou de acordo .Porém eu e Anne teremos que ir para a casa de Sirius caso Dumbledore aceite a oferta de usar a casa de seus pais como a sede da Ordem - e fitando-o - Seria mais seguro.
- Black ? - e com raiva continuou - Sirius Black ? Você o conhece? Andou se encontrando com ele?
- Claro! Dumbledore me pediu que o deixasse informado sobre o que estava acontecendo desde o ataque na Copa Mundial de Quadribol . Ele até ficou contente de saber dos detalhes. - disse ela maliciosamente. Ravena se sentiu feliz de ver que ele ainda sentia ciúmes dela depois de tantos anos.
- Você esteve com ele mais de uma vez? Dumbledore não podia tê-la mandado ,ele sabe que Black e eu nunca nos demos bem.- e pensando no que ela falara disse - Você estava na Copa com Anne?
- Sim ,estive muitas vezes com Sírius . E sinceramente ,Severo ,não vou me meter nas suas briguinhas de adolescente. Fui cumprir uma ordem de Dumbledore. - e olhando para ele - Eu e Anne fomos a Copa ,e ela ficou assustada com os Comensais e com a Marca Negra . A propósito ,Severo ,ela ardeu?
- O tempo todo - e puxando Ravena para si falou baixo - Não gostei de você ver Sirius ...
- Eu sei - e desvencilhando-se de seus braços falou - Tenho que ir ,preciso aguardar as ordens de Dumbledore para levá-las a Black - e dizendo isso virou-se na direção da lareira
- Não vai a lugar nenhum , sra.Snape. Não depois de todos esses anos! - e puxando-lhe pelo braço beijou-lhe novamente - Essa noite vou levá-la para casa.
E dizendo isso entraram na lareira e em poucos minutos estavam na sala da casa deles em Hogsmeade .O coração de Ravena acelerou ,ela olhou cada canto do andar térreo estava tudo como lembrava ter deixado. Subiu as escadas e entrou no quarto ,tudo exatamente igual ,exceto pela cadeira em frente ao seu retrato. Pensou quantas vezes ele não fora ali chorar sua ausência ,e afastou esses pensamentos de sua cabeça. Olhou para porta e Snape estava em pé no beiral . Ele entrou ,puxou a esposa pela cintura e se entregaram a um longo beijo. E então fitando-a nos olhos falou
- Eu nunca mais a deixarei ir! - e beijando-a de novo , e de novo......
As luzes se apagaram e a noite se fez presente em toda Hogsmeade.
CAPÍTULO XVIII
Ravena acordou com os primeiros raios de sol que inundavam o quarto. Olhou para o lado e como se já esperasse não encontrou ninguém ,apenas a cama desarrumada. Snape devia ter saído ainda de madrugada para estar em Hogwarts ainda cedo. Espreguiçou ,abraçou o travesseiro ao seu lado e fitou o quarto em sua volta. Quanto tempo havia passado ,mas ele preservara tudo como ela deixou. Ravena duvidou que depois de saber de sua morte ele tivesse dormido alguma vez ali antes. E suspirando levantou-se ,ajeitou seus cabelos em um cóque desalinhado e desceu as escadas.
Verificou para sua surpresa que ele deixara a mesa do café posta .E sentando displicentemente em uma cadeira ,pegou um pedaço de pergaminho apoiado no bule.
" Minha Querida,
Infelizmente mais uma vez tive que deixa-la antes do que queria.
Espero , no entanto , que você não esteja de partida quando ler esse papel . Caso contrário terei que ir atrás de você e trazê-la de volta ,o que nos faria perder mais tempo do que já perdemos.
Com amor ,
Snape. "
Ravena sorriu e levou o pergaminho aos lábios depositando-lhe um beijo. Colocou-o de lado ,e virando a xícara para cima ,encheu-a de chá.
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Perto dali , Dumbledore havia chamado Snape á sua a sala .E nesse exato momento ele se encontrava em pé diante do Diretor.
- Mandou me chamar ,professor? - e observou o rosto de Dumbledore.
- Sim ,professor .- respondeu com a calma de sempre - Irei aceitar a oferta de Sirius. Farei da casa dos pais dele a sede da Ordem.
- Mas ,sr.... não acha que ... - e foi impedido por Dumbledore que o respondera
- Não . Já tomei minha decisão ,Severo. - e encarando-o ,continuou - Chamei-o aqui porque gostaria de saber ,se me permitir ,é claro. Gostaria de saber se contaram a Anne alguma coisa . Entre você e Ravena eu tenho certeza que está tudo bem - e continuou encarando-o por cima dos oclinhos de meia-lua - Aliás mandei-a avisar a Sirius de minha decisão essa manhã.
- Mandou-a á Black ? - e sentindo ódio em suas veias ,rebateu - Não havia outro membro da Ordem á quem pudesse confiar essa tarefa?
- Não ,no momento não.- e fitando-o admirado com sua reação - Ravena conhece muito bem o lugar onde ele está ,não podia me arriscar. Você concorda ,não é professor? Não vai deixar seus sentimentos interferir em sua conduta , você sabe muito bem á quem isto serviria ,Severo. Apesar se saber que você é um excelente oclumente.- e indo em direção a sua mesa ,sentou-se e concluiu - E quanto a Anne?
- Decidimos só falar-lhe a verdade depois que o torneio terminar - e virando-se para onde estava Dumbledore - Diretor o sr. sabe muito bem que ele está para regressar .A marca está cada vez mais nítida como há muito tempo não a via. E nós acreditamos que ele vá fazer isso a qualquer instante ,e talvez usando esse torneio e Potter. - olhando pensativo para o professor ,completou - Contudo saberemos a verdade amanhã ,e ela não terá que esperar muito mais tempo.
- Foi uma decisão prudente.- e olhando-o seriamente - Esperemos até amanhã ,e temo seriamente que não nos restará mais dúvidas.
- Se me permite ,professor .- e indo na direção da porta - Preciso dar minhas aulas.
- Sim ,vá - e baixou os olhos para mesa e alguns papéis.
Snape assentiu com a cabeça e saiu em direção á sua sala nas Masmorras. Entrou na sala esvoaçando sua capa como sempre .Ao virar-se para turma deteu-se demoradamente na menina a sua frente .Tinha cabelos pretos liso iguais aos dele e os olhos também , e pensou consigo " Como eu não reparei isso antes ?". Anne o fitou com uma expressão de dúvida e sorriu-lhe ,e como se divagasse ainda em seus pensamentos " O sorriso é definitivamente o de Ravie." E virando-se abruptamente para o quadro começou a escrever.
O restante das aulas transcorreram normalmente apesar da ansiedade dos alunos. Mary e Anne estavam na biblioteca estudando ,quando Mary virou-se para amiga e perguntou:
- Anne - e fitando a amiga - Porque o prof. Snape a olhou daquele modo hoje na sala de aula ?
- Sinceramente Mary ,não sei - e continuou escrevendo no pergaminho a sua frente - Ele parecia estranho ,nunca o vi assim.
- Anne ,ele sempre foi estranho - e fazendo uma careta continuou - Ele me dá arrepios !
- Você acredita demais nos seus olhos ,sabia? - e encarou a amiga - Gosto dele ,ele não causa frio na espinha.
- Começo a achar que você tem gostos estranhos também - e sorriu para a amiga
Anne retribuiu o sorriso . Arrumaram suas coisas e devolveram os livros pegos. Em poucos minutos desciam as escadas em direção ao Salão Principal para o jantar. Sentaram-se á mesa da Sonserina ,e Anne percebeu a falta do professor ao lado dos outros . Deu uma cotovelada em Mary e disse baixinho.
- Aí está sua resposta - e apontou com a cabeça o lugar onde Snape deveria estar sentado - Ele estava nervoso com algum compromisso amoroso. Não estava me vendo ,estava pensando nela.
As duas começaram a rir ,mas Anne parou assim que Malfoy sentou-se em frente á elas. E abaixando a cabeça ,virou-se para Mary e falou aos sussurros .
- Draco me dá medo - e completou - Não gosto dele.
Mary assentiu e começaram a se servir da galinha a sua frente.
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Ravena havia ido ver Sirius e informa-lhe da decisão de Dumbledore. Black partiu imediatamente para a casa dos seus pais levando Bicuço, o hipogrifo ,com ele. Ela aproveitou para contar-lhe sua conversa com Severo , e que voltara a morar na sua antiga casa em Hogsmeade. Avisou -lhe também que no dia seguinte seria a final do Torneio Tribruxo. Se despediram com a certeza de que em breve iriam se ver ,e partiram em direções diferentes antes do anoitecer.
Ravena aparatou na porta de casa quando o crepúsculo deixava o horizonte ,e para sua surpresa a figura alta de Snape encontrava-se em pé no meio da sala . Ela entrou e ele se virou na sua direção , em num tom ríspido falou
- Achei que a encontraria em casa. - e aproximando-se dela - Estava com Black até agora?
- Sim ,fui a mando de Dumbledore - e ficou impassível - Ele não lhe disse?
- Disse ,claro que disse - e segurando -a pelos ombros - Precisava demorar tanto?
Ela desvencilhou-se de suas mãos e encarando-o desafiante ,respondeu
- Demorei o tempo que julguei necessário para passar-lhe as instruções que me foram confiadas - e sorrindo virou-se de costas para ele, indo na direção das escadas .
Ele foi na direção dela e a puxou pelo braço fazendo-a virar ,e impedindo-a de dar mais um passo e subir as escadas a sua frente. E com os lábios quase colados nos dela ,sussurou
- Demorou demais - e dizendo isso arrancou-lhe um beijo.
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O dia seguinte chegou com uma chuva fina que se dissipou rapidamente deixando apenas o céu nublado .Os alunos foram em direção a uma arquibancada erguida no campo de Quadribol e ao lado de um enorme Labirinto ,que seria a última tarefa dos Quatro Campeões .Anne estava eufórica e sentada ao lado de Mary ,as duas tinham o nome de Harry escrito nas bochecha e agitavam lencinhos. Os quatro surgiram com Dumbledore ao lado ,e houve então a explicação da tarefa. Houve um tiro de canhão e foi dada partida. Harry e Cedrico Diggory ,o outro aluno de Hogwarts escolhido pelo Cálice ,entraram na frente, Ninguém pôde precisar quanto tempo passou entre a entrada deles e a saída de Harry agarrado ao corpo de Cedrico.
Anne viu quando Dumbledore aproximou-se de Harry ,e a rapidez com que Snape e a Prof. McGonagall fizeram o mesmo. Todos começaram a silenciar os gritos proferidos nos primeiros instantes. Um grito de horror saiu da fileira atrás de Anne ,enquanto um homem desesperado saía em direção ao centro do campo . Os alunos olhavam para aceno com um misto de horror e incredibilidade. Harry havia sido afastado dali por Moody ,o professor de Defesa contra a Arte das Trevas. Anne não gostava muito dele ,apesar de sua mãe ter trabalhado com ele e ficado contente por saber de sua contratação.
Os alunos foram retirados ordenadamente pelos diretores de suas respectivas casa do campo e levados para o Castelo. Anne e toda a turma da Sonserina seguiu Snape. Assim que acomodaram os alunos no salão Principal ,Snape e McGonagall se retiraram. Ficando apenas os outros professores tomando conta dos alunos e claro ,Filtch também.
Algumas horas depois Dumbledore e todos os professores, exceto Snape , se reuniram no Salão Principal .Ele pediu silêncio á todos, e explicou aos alunos como Cedrico morrera. Fora assassinado por Lord Voldemort ,e contrariando o pedido do Ministério da Magia ,ele ,Dumbledore ,afirmava que Voldemort voltara . E que os tempos se tornariam difíceis de hoje em diante.
Anne sentiu um arrepio e lembrou das palavras da mãe ,então era verdade , Voldemort não havia morrido. E ela teve medo que seu mundo começasse a ruir.
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Duas horas depois que Cedrico morrera ,Ravena viu o marido aparatar em sua casa . Estava com pressa e mais abatido do que antes ,ele a abraçou dizendo.
- Harry está bem ,mas um menino foi morto hoje na última tarefa ,Ravie - e fitando-a nos olhos - O Lord das Trevas voltou utilizando-se de Potter.
- Isso significa ..... - e lancou-lhe um olhar angustiado
- Que eu terei que me juntar á ele - e beijando-a ternamente completou - Sabíamos que isso aconteceria .Não conte nada ainda a Anne ,ela estará mais a salvo sem saber. E qualquer coisa vá para o Largo Grimauld ,entendeu?!
- Não! - e agarrando-se a ele - Não quero que vá - e suas lágrimas molhavam as vestes de Snape
Ele a envolveu ternamente em seus braços ,ficaram assim algum tempo .Então ele beijou-lhe a testa e em seguida os lábios . Dirigiu-se para a porta ,Ravena se encontrava em pé no mesmo lugar com os olhos cravados em suas costas e os olhos marejados ,e falou fazendo com que ele parasse e olhasse para ela mais uma vez.
- E se ele não aceitar suas desculpas ? - a lágrima escorreu.
- Ele irá aceitar. - e abrindo a porta saiu para a noite
CAPÍTULO XIX
Pouco tempo depois ,Snape ,trajando as vestes de Comensal da Morte ,estava em pé no meio de um quarto onde havia um tapete em estado adiantado de uso . A sua frente a lareira acesa lançava uma pálida luz sobre a figura vestindo uma longa capa negra e tendo o capuz cobrindo-lhe a face .A única parte a mostra eram as mãos terrívelmente magras com a pele mais branca que um crânio ,que se apoiava no braço da poltrona já amarelada pelo tempo. Ele não se aproximou da poltrona ,se limitou apenas a se anunciar.
- Boa noite ,Milorde . – e sem demonstrar qualquer sentimento – Vim assim que pude. Peço desculpas por não ter sido mais cedo.
A figura de capuz levantou-se e veio em sua direção como se flutuasse. Snape não desviou o olhar ,e quando o capuz foi retirado de sua cabeça ,ele pode ver-lhe melhor as feições . Os olhos eram grandes e vermelhos ,o nariz chato como o das cobras e fendas no lugar de narinas. E era magro como as mãos que estavam a mostra. Lord Voldemort havia voltado. Ele circundou Severo, e parou em frente a ele novamente. Encarando-o com suas pupilas dilatadas falou.
- Por que o atraso ,Severo? – e com a voz fria continuou ,seu olhar vasculhava- lhe a mente – Acaso não acreditou na volta do seu sr.?
-Não ,Milorde – sem nenhum tremor ou alteração na voz prosseguiu – Como todos seus fiéis seguidores ,sabia que seu retorno estava próximo. Apenas achei prudente esperar mais um pouco e vir por ordem de Dumbledore.
Os dois se mediam ,assim como seus poderes mentais pareciam ter encontrado no outro uma barreira intransponível .Voldemort jogou a cabeça para trás ,alisando-a com as mãos finas ,e soltando uma gargalhada ,esganiçou.
- Dumbledore – e gargalhou novamente – O velho bruxo acha que você ,meu fiel Comensal ,ainda faz papel de espião? – e tornando a voz séria – Confesso que fiquei tentado acreditar em sua traição . Houveram muitas histórias.....você sabe disso ,não?
- Posso lhe informar cada passo que dei desde que me colocou em Hogwarts ,Milorde. – e sem demonstrar qualquer expressão – Creio que será muito útil tudo que presenciei nesses últimos treze anos lá .Eu tenho desempenhado meu papel fielmente esperando o retorno do Lord das Trevas .Não fazia sentido me êxpor por questão de horas .e desperdiçar tudo o que construi e que irá ajudar-lhe muito a triunfar sobre o menino Potter.
Os olhos vermelhos de Voldemort continuavam encarando-o ,procurando por uma brecha em seus pensamentos. Virou de costas para ele e voltou para a poltrona ,sentou-se.
E com um tom de voz maléfico ordenou.
- Venha ,Severo . Quero que me prove a veracidade de suas palavras – enquanto ele se aproximava ,com sua voz sarcástica continuou - O que tem de valioso para mim já que desempenhou tão bem o papel de braço direito de Dumbledore por tantos anos?- e sorrindo mordazmente – Se não me convencer .....não serei indulgente. Entendeu?
-Sim ,sr - Snape continuava impassível ,e não demonstrou nenhuma emoção na voz ,quando começou a fazer-lhe um relatório.
A manhã estava quente ,e Ravena foi esperar Anne na Estação. A menina estava de volta depois de mais um ano em Hogwarts ,e tal como ela previra cheia de acontecimentos para contar. O mais triste era a morte de Cedrico Diggory ,Ravena conhecia o pai dele pois trabalhava no Ministério já na época em que ela começara sua carreira como auror. Deixou então que Anne lhe contasse tudo no caminho para casa ,apesar de saber a verdade sobre os fatos e até algo mais.
A menina finalizou sua narrativa já na porta de casa e Ravena resolveu então contar-lhe a dimensão que aquela fatalidade provocaria de agora em diante. E principalmente o que estariam para enfrentar . Anne em momento nenhum se assustou com o que ouviu ,muito pelo contrário ,a raiva que tinha do Lord das Trevas era única ,afinal ele matara seu pai.
- Anne ,querida , há mais uma coisa que quero lhe dizer – e olhou a filha afetuosamente – Infelizmente iremos deixar essa casa. Iremos para Hogsmeade.
- Hogsmeade ,mamãe? – e com um olhar confuso – Está me dizendo que iremos para sua antiga casa? A casa onde morou antes de eu nascer?
- Sim. – e abraçando-a – Não há porque ficarmos mais aqui. Harry está seguro ao lado de Dumbledore , e nós temos que nos precavermos também. A casa é cheia de feitiços protetores e lá estaremos mais seguras do que em qualquer outro lugar.
- Está bem ,mamãe – e dando de ombros ,falou – Eu não me incomodo ,nunca senti que aqui fosse meu lugar. A sra. sempre soube disso ,mas você nunca quis voltar ,lembra?
- È verdade ,mas agora é diferente – sorriu-lhe – Precisamos voltar. Tenho certeza que vai adorar ,preparei seu quarto ontem. Ficou lindo!
- Quer dizer que já esteve lá? – ficou ansiosa – Quando vamos?
- Sim estive – e acalmando a filha – E vamos hoje mesmo ,não podemos nos arriscar. Já arrumei tudo que levaremos. Estou só esperando um velho amigo que irá nos levar até lá.
- Quem mamãe?
- Você verá ,querida.- e dando-lhe um tapinha no rosto terminou – Suba e se troque ,sim?!
Pouco tempo depois ,soou uma batida na porta e Ravena abriu diante dela estava um homem magro ,com os cabelos em desalinho e uma expressão calma e distante .Ao lado se encontrava uma jovem com os cabelos vermelhos e um ar rebelde . Ravena convidou-os a entrar , ele a fitou admirado.
- Srta. Brown – disse Lupin – Fiquei tão feliz quando Dumbledore nos revelou que na realidade você não tinha morrido – e dando-lhe um sorriso bondoso continuou – Sabe ,na época ficamos todos chocados com a notícia. Alegro-me em vê-la e em saber que contaremos com você do nosso lado. Desculpe não apresentei-lhe – e virando-se para a jovem – Essa é Tonks.
- Ninphadora Tonks – assentiu a jovem que olhava curiosa para o aposento ao seu redor.
- Muito prazer – e Ravena sorriu-lhe indulgentemente , e virando-se para Lupin disse-lhe – Temo que ainda terá uma surpresa ,Sr.Lupin.
- Remo – e sorrindo para ela – Me chame de Remo. Sirius já fme falou sobre o tempo que passaram juntos quando ele estava escondido , e com certeza deve ter contado sobre nossas aventuras e desventuras.
- Sim ,é claro.- e virando-se ao ouvir os passos na escada ,anunciou – Remo ,essa é minha filha ,Anne . Creio que já se conhecem ,não?
Anne havia surgido na sala com seus cabelos negros e lisos balançando ,e olhar fixo nas duas figuras paradas ao lado da mãe. Uma ela reconheceu como seu antigo professor de Desefa contra a Arte das Trevas ,Remo Lupin ,mas a jovem exótica ao seu lado decididamente nunca a vira.
- Boa tarde ,professor.- e sorriu-lhe
- Boa tarde ,srta. Parker - e virando-se para Ravena - Eu não sabia que Anne era sua filha ,era uma das minhas melhores alunas. Parker deve ser o sobrenome do pai ,não?
- Sim ,era nome de meu pai – assentiu Anne.
- Vamos ,então ?! – falou Tonks
Todos concordaram e partiram então para Hogsmead . A viagem foi feita em segurança e em pouco tempo estavam à porta da casa de Ravena. Lupin e Tonks se despediram ,Anne havia ficado mais para trás e conversado com Tonks ,acabara gostando da auror.
Ravena e Anne então entraram na casa. A casa era um pouco maior do que a Anne morara com a mãe ,mas no entanto a menina a achou mais aconchegante ,e subiu as escadas correndo para ver seu quarto. Abrindo a Segunda porta do corredor ,como a mãe lhe dissera ,deparar com um lindo quarto todo em tons de rosa. Lindas nuvens brancas trocavam de lugar no teto ,uma cama branca ao centro e um armário da mesma cor na parede oposta , a cada lado da cama uma mesinha de cabeceira e na parede oposta a porta da entrada havia uma janela com cortinas rosa claro.
Anne estava maravilhada , e quando a mãe falou atrás dela ,chegou a tomar um susto.
- Gostou ?! – perguntou Ravena
- Sim ,mamãe . Muito – disse recuperando-se do susto – Obrigada.
- Sempre sonhei em fazer um quarto assim para você aqui – e abraçou a menina – Agora , arrume suas coisas ,mocinha. Eu vou descer e preparar o jantar ,certo?
- Está bem ,mãe – e ela lhe sorriu – Mas devo demorar um pouco ,são muitas caixas.
Ravena desceu as escadas em direção á cozinha ,e começou a preparar a refeição de ambas ,apesar de ser bruxa ,havia cozinhado tanto tempo sem feitiços que preferia não fazê-los agora também. Já estava com quase tudo pronto ,quando um leve farfalhar de tecido as suas costas a fez virar. Snape estava em pé diante dela e depositou-lhe um dedo aos lábios ,fazendo um gesto para que ela se cala-se . Tomou-a em seus braços e a beijou. E falando baixinho para que Anne não os ouvisse
-Eu não disse que voltaria?! – e lançou-lhe um olhar sarcástico – Por que trouxe Anne? Não combinamos de contar-lhe depois?
- Sim ,Severo – e olhando na direção da porta – Dumbledore achou melhor virmos para cá logo ,por causa da proteção do Fidellius .E pediu a Lupin e Tonks nos fazer escolta . Diga-me como foi lá?
- Como eu previra – e beijando-a de novo – Dumbledore pensou rápido. Terei que me ausentar muitas vezes ,Ravie. E infelizmente não acho seguro contarmos nada para Anne no momento. O que nos obrigará a sermos mais cautelosos ainda. Entendeu?
-Sim ,mas tenho medo do que Voldemort possa fazer. – os olhos dela o fitaram – E se ele descobrir ?
- Ele não descobrirá nada – e sorriu-lhe – Confie em mim.
- Eu confio – e abraçando-o – Só que o amo mais ainda.
Ouviu-se um barulho na escada e Anne entrou pela porta da cozinha. A menina estacou no beiral , a cena era um tanto irreal e procurou alguma palavra para dizer
- Boa N-noite ,prof.Snape – e sem entender muito bem o que aquilo significava ,dirigiu-se até a mãe que dispunha os pratos na mesa.
- Anne o prof. Snape veio a mando de Dumbledore para saber se estamos bem acomodadas – e terminou o que fazia ,continuando – Você sabe que ele pertence a Ordem ,assim como o prof.Lupin.
- Sim ,mamãe. - e sentou-se na cadeira mais próxima. – Espero que goste da comida de minha mãe. Apesar de não usar magia ela cozinha muito bem. O sr .vai jantar conosco ,não é? – e seus olhos pretos caíram sobre ele , detidamente.
Snape parecia ter levado um soco no estômago ,estava terrivelmente pálido. Jamais pensara encontrar a filha assim ,como um total estranho. Seu olhar penetrava os pequenos olhos pretos de Anne ,detiveram-se em seus cabelos lisos que caíam –lhe pelos ombros como os dele. Ela era tão linda quanto Ravena ,ele não podia negar. Ansiara por aquele momento desde que soubera da verdade ,mas não estava preparado para sentir o que sentia.
- Srta. Parker – disse-lhe ele – Vim apenas para ver como estavam ,preciso voltar à Hogwarts.
- Ah...professor – e sorriu-lhe – È uma pena.
Ele girou nos calcanhares e saiu em direção a sala ,Ravena seguiu-lhe ,e quando já estava perto da porta ela lhe perguntou.
- Não o verei mais hoje ,não é? – e seu sorriso parecia o de uma criança.
- Não ,preciso ver urgentemente Dumbledore – e beijando-a – Amanhã virei ,mas só depois que Anne dormir . Quero evitar quaisquer perguntas dela ,está bem?
Ela assentiu com a cabeça e Snape sumiu na noite. Depois dessa noite ,houveram muitas outras em que eles não se viram. Apesar de Anne ter voltado para Hogwarts ,as horas que tinham juntos , diminuíram . Ravena estava apreensiva , e Dumbledore acabou por mandá-la ,após o ataque ao sr. Weasley ,atrás de um bruxo chamado Slughorn. Ele queria que ela descobrisse seu rastro ,pois o pobre bruxo vivia se escondendo com medo dos Comensais que também estavam ao seu encalço. Principalmente depois da fuga em massa dos Comensais de Azkaban ,e entre eles Bellatriz Lestrange
Severo não queria que ela fosse ,mas Ravena se recusou a ficar parada em casa .As reuniões da Ordem haviam recomeçado , e o perigo era eminente. Por muitas noites dormira na sede ,o que provocara enormes rompantes de raiva por parte Snape. Ele não suportava a idéia de que ela e Sirius dividissem o mesmo teto ,mas concordava que era o lugar mais seguro para esposa ficar ,em vez de sair desacompanhada para Hogsmead
Ravena soube por meio de Sirius , que os sonhos que Harry tinha com Lord Voldemort continuaram ,mesmo depois visão do ataque ao sr. Weasley. Este ,por sua vez ,já se recuperara por completo. Severo ficara de ensinar Oclumência para Harry ,mas as aulas iam de mal a pior. Ravena sabia que ele não estava feliz com sua nova tarefa ,mas tinha também a certeza de que se empenharia o máximo em cumpri-la ,principalmente pela dívida que sentia ter em relação a Tiago. Não havia ninguém melhor para fazê-lo ,pois ele dominava essa arte como poucos.
Cada dia que passava Sirius estava mais apreensivo. Dolores Umbridge se tornara Alta Inquisidora de Hogwarts ,fazia o que queria com o apoio do Ministério .Na realidade Fudge tinha medo de Dumbledore lhe usurpasse o cargo ,e se recusava a acreditar na volta de Voldemort. Durante uma época do ano Dumbledore teve que se ausentar de Hogwarts ,por conta do excesso de poder dado á Umbridge.
As coisas se tornaram difíceis ,e numa noite Snape entrou em contato com Ravena dizendo que Harry e outros meninos haviam ido para a sede do Ministério . Harry havia tido um sonho ,igual aqueles que estava acostumado a ter ,com o padrinho. E tendo invadido o escritório de Umbridge ,e usando a sua lareira para saber se Sirius estava no Largo Grimauld ,obteve a resposta de Monstro , o elfo doméstico da família Balck ,de que o padrinho não estava em casa. Ravena teria que convocar os membros da Ordem e ir direto para o Ministério .Sirius não aceitou ficar Largo Grimauld enquanto Harry corria perigo por sua causa . Decidiu ir junto com Ravena para o Ministério ,mesmo sob os protestos dela.
Quando chegaram lá não havia mais dúvidas de que Harry e os outros tinham sido atraídos para uma armadilha. Era no Ministério que estava escondida a Profecia que Voldemort queria ,Harry não sabia .As crianças apesar de duelarem bem ,já estavam em desvantagem . Os Comensais eram em maior número , e Lucius os liderava. Ravena não tardou a reconhecer Belatriz ,mas essa infelizmente duelava com Sirius. Nesse momento um Comensal grande e louro começou a atacar Ravena ,e ela empunhou sua varinha .
- Cruc...
- Impedimenta – gritou Ravena
- Petr...
- Expelliarmus – disse ela novamente ,lançando-lhe a varinha longe – Estupore!
O grandão caiu desacordado enquanto ela se virava ,e corria na direção de Black que era atirado nesse momento por Belatiz para dentro de um véu. Ouviu-se um grito . Bellatriz ,saiu correndo com Harry atrás . Ravena tomou a mesma direção dos dois ,mas foi impedida por Malfoy que se colocou a sua frente .
-Srta.Brown ,é um prazer – e fez um reverência – Expelliarmus! – e Ravena foi jogada para trás com varinha e tudo
Lucius veio em sua direção com varinha em punho e gritou ,seus olhos cintilando
- Cruc..
- Impedimenta - e Ravena se levantara impedindo o feitiço – Estupore!
O feitiço passara acima da cabeça de Lucius ,ele virou-se rapidamente e ia lançar-lhe de novo uma Cruciattus ,quando um feixe de luz verde atingiu-lhe em cheio o peito fazendo –o cair ao chão . Ravena levantou os olhos e lá estava Moody com sua varinha apontada para o corpo do Comensal, mas uma vez ele a salvara . Os outros membros da Ordem continuavam lutando com os outros Comensais . Enquanto isso Ravena e Moody se precipitaram para o saguão atrás de Harry e Bellatriz ,mas ao chegarem encontraram Dumbledore em pé junto a Harry.
Voldemort havia tentado se apossar da profecia usando Harry ,já que ele próprio não poderia entrar no Ministério ,porém ela havia se perdido ao cair e quebrar no momento do embate entre as crianças e os Comensais. Lucius foi preso junto com outros . Sirius havia desaparecido ao cair contra o véu misterioso , e Ravena estava com mais ódio ainda de Bellatriz. Ela escapara junto com Voldemort.
Severo visitou Ravena naquela noite mesmo . O medo que estava do que podia ter acontecido a esposa , o deixara apreensivo. Ele tinha certeza de que ela fora para o Ministério com os outros e sabia que Bellatriz estaria lá. Quando a viu entrar pela porta com seus lindos cachos de cabelo caindo-lhe por sobre as vestes rasgadas ,sentiu um alívio enorme. E beijou-a longamente antes de qualquer pergunta. Logo depois ele explicou tudo o que acontecera, inclusive a morte de Sirius . O que não pareceu abalá-lo ,contudo ela percebeu que seus olhos procuravam por alguma emoção dela em relação ao que acontecera a Black.
Quando acordou na manhã seguinte , pela primeira vez ,depois de muito tempo ,encontrou Severo deitado ao seu lado. E vendo o sono profundo dele ,Ravena deixou-se ficar ali admirando sua feição serena ,e se pensou “ Não teremos tantos momentos assim depois de ontem “ e fitando-o mais demoradamente “ Você terá que ir para longe de mim “ ......e lágrimas lhe escorreram pelo rosto.
CAPÍTULO XX
Anne viera para casa como sempre ,e no início de setembro retornou para Hogwarts. Durante todas as férias de Anne ,Snape não aparecera. Ravena recebera notícias suas através de Dumbledore ,pois o Ministério estava investigando todas as mensagens enviadas por corujas. Apesar de Rufo Scrimgeour ter substituído Cornélio Fudge ,as precauções redobraram. Scrimgeour fora um excelente auror e acreditava na volta de Voldemort ,principalmente depois do que ocorreu no final do ano dentro do Ministério. Fudge não teve escolha senão deixar o cargo ,havia eitervido em Hogwarts e acusado Dumbledore de fomentar receio e temor na comunidade bruxa sem provas ,porém com os últimos acontecimentos não restavam mais dúvidas de quem sempre estivera certo. A comunidade bruxa exigiu medidas imediatas.
Vários incidentes vinham ocorrendo tanto no mundo bruxo quanto no dos trouxas ,a situação estava ficando fora de controle. O ministério chegou a editar uma cartilha com instruções para a prevenção à ataques dos Comensais. Não havia com negar que uma batalha maior estava a beira de acontecer.
Ravena estava sentada na sala em frente da lareira ,a angústia de não estar dentro de qualquer operação em andamento a deixava louca. Ela já achara Slughorn , e Dumbledore foi falar com o bruxo pessoalmente ,ou seja sua tarefa terminara. A Ordem ficara sem sua sede com a morte de Sirius ,aparentemente a casa iria para o parente mais próximo de Black ,Bellatriz Lestrange. A simples menção desse nome fazia o sangue de suas veias ferver ,logo ela que havia matado o próprio primo , e acima disso era uma Comensal. Ravena deteve-se atentamente nas chamas que crepitavam, e pensou no que Dumbledore dissera na sua última visita a ela. Haviam encontrado o testamento de Sirius deixando tudo para Harry ,se sua autenticidade fosse confirmada por Monstro ,a Ordem teria novamente sua sede. Afinal além de todas as proteções que os pais de Black colocaram na casa ,Dumbledore também a protegera. Enquanto esse impasse não fosse resolvido ,se reuniriam na Toca ,a casa dos Weasley.
Esses pensamentos não a deixavam. A noite chegou e com ela uma fina nevasca ,Ravena tinha adormecido no sofá . A chamas da lareira iluminavam seu rosto sereno ,enquanto isso uma figura vestida de negro a fitava com seus olhos extremamente pretos. Ela se mexeu e acabou acordando .Seus olhos focaram a figura pálida a sua frente e ela se levantou. Ele a abraçou e fê-la sentar novamente no sofá.
-Ravie ,precisamos conversar - sua voz era séria ,e ele parecia pesar cada palavra que usava - Estive com Bellatriz e Narcisa há duas semanas ,as duas vieram me procurar na casa em que estava com Rabicho. Você soube o que estive fazendo nesse tempo ,não é? Sei que Dumbledore deve tê-la explicado.- e como se tomasse coragem para falar-lhe continuou - Foi também a mando dele que fiz o que fiz. Quero que você entenda isso ,existem muitas coisas envolvidas. E outras coisas que terei que fazer ,mas por hora essa é inevitável que você saiba .
Os olhos de Ravena o encaravam ,ela não ousou interrompê-lo .Fosse o que fosse Bellatriz estava envolvida e isso era o bastante para ela temer o que ele estava para contar-lhe. Ele levantou e andou pela sala e apoiou os braços no espaldar da poltrona ao lado sofá onde Ravena estava sentada.
- Preciso que você mais do que nunca confie em mim. – e encarando-a disse – Você não poderá contar isso a ninguém, está me entendendo ?
-Severo ,você está me assustando .- suas mãos se contorciam como sempre – Se não podia me contar era melhor não ter começado .
- Não – e dizendo isso prosseguiu – Estou nos colocando em perigo ,mas não posso ir sem que você saiba de nada.
- Não tenho medo do perigo ,ou não teria voltado – e fitou-o
- Ravena ,algumas coisas aconteceram desde aquela noite em que houve o combate entre a Ordem e os Comensais dentro do Ministério .O Lord das Trevas está com o firme propósito de matar Dumbledore. Está irritado com a falha que Lucius cometeu em sua tarefa , e também há o fato de ter se deixado apanhar com outros comensais e ser trancafiado em Azkaban. Isto desagradou-o profundamente – seus olhos procuravam pelos dela ,Ravena não se moveu – Com isso ele resolveu enviar Draco para essa tarefa , afim de testá-lo.
- Ele fez isso com uma criança? – a revolta brilhava em seus olhos – Não gosto de Narcisa e nem tampouco de Lucius ,mas mandar uma criança fazer o papel de um adulto? – e levantando-se impaciente ficou de frente para ele – Ele o marcou ,não? Draco substitui Lucius ,não foi? Responda ,Severo ,Draco é um Comensal.....Imagino “titia “ Bellatriz com seu sorriso perverso ,porém satisfeita por ele poder servir a Voldemort. Essa mulher é insana!
- Sim ,Ravie – e tentando manter a calma – Ele agora é um Comensal e eu fiz o Voto Perpétuo com Narcisa jurando protegê-lo ,e finalizar sua tarefa caso ele não o faça.
Ravena o olhava aturdida ,ela não conseguia acreditar nos seus ouvidos. Ela sacudiu a cabeça negativamente e se afastou dele ,os longos cabelos cacheados caindo-lhe sobre o rosto. Por sua vez ele não deu um passo em direção á ela ,continuava em pé apoiado nas costas da poltrona ,apenas fitando-a . Ela o encarou e mantendo a distância entre os dois ,falou.
-Você fez um Voto Perpétuo para defender Draco? – mesmo repetindo a frase não conseguia acreditar no que dizia – Severo , Dumbledore pediu-o para fazer isso?
-Não exatamente. Dumbledore não quer que Draco se transforme num criminoso – e olhando para ela – O menino está claramente tentando impedir que a mãe sofra ,está confuso e não teve escolha.
- Imagino que Narcisa tenha sido muito persuasiva? – disse-lhe ela maliciosamente , encarou- o
- Não é momento para atitudes infantis ,Ravena – e a olhou seriamente – Se Draco não terminar sua tarefa ,terei que matar Dumbledore.
- Qual é o plano de Dumbledore?
- Não há planos ,Ravie – e aproximou-se dela e segurou-a pelos ombros ,mantendo-a com olhar fixo nos dele – Dumbledore sabe que vai morrer de uma forma ou de outra. Não há nada que se possa fazer ,por isso me pediu para cuidar de Draco e impedir que ele se transforme verdadeiramente em um Comensal. Você entendeu o passo adiante não é? Eu provarei que ainda sou o mais fiel dos Comensais do Lord das Trevas. Não haverá mais dúvidas em relação a isso ,Dumbledore irá me colocar definitivamente ao lado dele.
- Não! – e os olhos dela se encheram de lágrimas – Não ! .....Chega!............. Porque? – e agarrando-lhe as vestes – Porque temos que viver assim? E Anne? Quem se preocupa com ela?
- Eu ! – e segurando-a pelos pulsos – Mesmo ao lado dele eu estarei protegendo-as .Será que não vê que enquanto ele não for destruído teremos que nos esconder? Ouça ,Dumbledore sabe o que está fazendo ,e será a única maneira de ajudar Harry. Você sempre soube que essa hora chegaria ,falou isso para mim ,não lembra?
- Sim ,mas não dessa forma! Não quero perdê-lo. – e ainda com lágrimas nos olhos - Já abri mão de você uma vez ,não farei isso uma segunda. Por isso não me peça para aceitar o que vocês dois tramaram!
Eles ficaram em silêncio ele a fitou , e beijou-lhe os lábios .Ela o abraçou , sua vontade era de não deixá-lo mais partir ,mas o som da sua voz arranco-a de seus pensamentos.
- Estou esperando que uma pessoa chegue – e olhou na direção da lareira – Espero que Dumbledore não se atrase.
- Ele virá aqui?
- Não ,mandará Anne por algumas horas – e sorriu-lhe
Dizendo isso houve um estalido na lareira e Anne surgiu na frente de ambos.
-Oi ,mamãe - disse-lhe a menina – Dumbledore me disse que ......- e suas palavras morreram ao ver o antigo professor de Poções em pé ao lado de Ravena.
- Boa Noite ,professor – e retirou o resto de fuligem de suas vestes com as mãos – O que está acontecendo? Dumbledore disse que queria me ver? – e desviou o olhar de Snape para Ravena .
- Sente-se Anne – ordenou a mãe.
A menina obedeceu e sentou-se no sofá de frente para os dois ,e com uma expressão de surpresa ,ficou ali esperando uma explicação que não tardou a vir na voz do professor.
- Primeiro srta. Parker ,quem pediu que viesse fui eu – e seus olhos se encontraram com os dela – Você não conheceu seu pai ,não é mesmo ,srta.?
- Não – o olhar dela ia de um para outro ,estava preocupada.
- Alguma vez quis conhecê-lo ,Anne?
- Desculpe –me professor ,mas isso é uma coisa particular ,e...- ela notou -que sem querer fora dura demais ,e temeu a avalanche de palavras por parte professor.
- Não ,Anne ,não é uma coisa particular – e olho-a fixamente – Não , quando eu sou seu pai.
Anne corria os olhos aturdidamente de um para outro ,posou-os sobre a mãe como se implorasse que ela lhe dissesse que era um sonho.
- Por favor ,Anne - e encarou-a – Acalme –se ,eu irei lhe contar toda a história , apesar de saber que Ravie lhe contou algumas partes . Quero que ouça com atenção ,entendeu?
- Sim ,sr. – e grossas lágrimas escorriam pelos seu rosto
Snape contou-lhe todos os detalhes de tudo o que acontecera até aquele momento. Ravena então se aproximou da filha e ajoelhando-se no chão ,pegou-lhe as mãos entre as suas.
- Perdoe-me ,querida ,mas era a coisa mais sensata a fazer – e passando seus dedos pelos olhos da menina enxugando algumas lágrimas continuou – Eu não podia expô-la ,não quando ainda era uma criança ,não sabia se defender. Eu sofri muito ,mas cada vez que olho para você acho que fiz o que era certo.
Anne levantou-se foi até onde Severo estava em pé e abraçou-o .Apesar de surpreso com a atitude de Anne ,os braços da menina entrelaçados em sua cintura, fez com que ele se sentisse impotente . Não ousou recuar ,muito pelo contrário ,abaixou-se e ficou na mesma altura que ela ,abraçando-a também.
Foram pouco tempo que ficaram ali ,os três juntos. Anne tinha que voltar logo, e Ravena deu as últimas recomendações á filha . apesar de um pouco confusa ,Anne sentia-se feliz. Despediu-se de Snape e de Ravena dando-lhes um beijo em cada. E foi-se como viera pelas chamas crepitantes da lareira.
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Apesar de tudo estar transcorrendo bem ,Ravena se perguntava aonde se
metera Dumbledore ,havia uns três meses que ele não a visitava .Severo passava-lhe algumas informações quando ia ver-lhe ,o que estava acontecendo com menos frequência ainda ,e outras sabia através das reuniões da Ordem . Porém para ela Dumbledore sempre fora uma pessoa especial ,e não se conformava com a idéia de sua morte ,ainda mais sob tais condições.
As festas de fim de ano chegaram ,Anne e Snape foram para casa. Seria a primeira vez que passariam alguma festa juntos. Ravena pediu a Dumbledore que viesse ,mesmo que fosse depois do banquete da escola ,mas ele não apareceu.
Nos primeiros dias de fevereiro ,a noite estava relativamente quente ,ela saiu das labaredas da lareira para o conforto do escritório do diretor.
-Boa Noite ,srta. – disse-lhe com voz calma
- Boa Noite ,professor – e fitando-o reparou-lhe a expressão cansada do rosto ,estava bem abatido. E quando reparou-lhe melhor viu a mão murcha ,sem vida. – O que aconteceu a sua mão?
- Nada demais. Há coisas mais importantes em jogo do que a mão de um velho.- e encarando-a por detrás de seus oclinhos disse. – Sei que Severo já lhe contou tudo , e imagino que seja por isso que tenha vindo.
- Professor ,não posso dizer que estou feliz com a tarefa que impôs ao meu marido – e continuou com cautela – Porém acredito que o sacrifício valha a pena para deter Voldemort ,caso contrário não iremos sobreviver. No entanto ,não aceito a sua morte!
- Ravena , há muitas coisas que não se tem como evitar – e colocando a mão murcha sobre a mesa, prosseguiu em um tom quase paternal – Fui avisado dessa fatalidade através das cartas da prof.Trelawney , e tomei minha decisão. Se Draco não o fizer ,virá outro para fazer .Não quero aquele menino metido nisso. È jovem demais e está confuso O pai está preso, e a mãe e ele ameaçados caso ele não se saia bem .
- Por que não chama Draco ,e propõe escondê-lo e a Narcisa também?
- Por que srta. ,estarei expondo-o e a Severo também. Voldemort é um grande Legimiliens ,e não abriria mão de usar esse poder contra Draco. Não ,minha querida ,o fluxo das coisas tem que ser exatamente esse. Harry precisará de Severo aonde ele estará ,ao lado do Lord das Trevas, como seu mais fiel Comensal. È a única maneira de detê-lo.
- Desculpe-me ,professor ,mas está mandando meu marido para morte também – e baixando seus olhos falou – Se Voldemort desconfiar de algo ,ele estará morto. Não há algo que possa fazer para evitar isso? Como seguiremos sem o sr? O que será da Ordem?
- Ravena , em primeiro lugar não haverá mais lugares tão seguros ,Voldemort caçará um a um . A Ordem existe porque há a necessidade de combater Voldemort e seus seguidores , e minha morte não acabará com isso. Terão que se unir mais ainda ,e ajudar Harry em sua busca. – e olhando dentro de seus olhos verdes perguntou – Srta. sabe o que são Horcruxes?
- Sim ,sr. – e desconfiada falou – Voldemort dividiu sua alma?
- Sim ,srta – e olhando-a fixamente – e temo que várias vezes. Sete ao todo ,uma ainda habita o seu corpo . Outra Harry teve o prazer de destruí-la no segundo ano , O Diário de Tom Riddle.
- Eu lembro que o sr. comentou que Lucius ,muito provavelmente ,o havia introduzido na escola através de Gina Weasley ,não foi isso?
- Exatamente. Ainda nos restam quatro ,uma tive a oportunidade de recuperá-la e destruí-la no final do ano passado. E que infelizmente me causou esse problema físico ,e se não fosse a interferência de Severo provavelmente o dano seria maior....oh ,sim bem maior.
Acredito que a cobra que acompanha Voldemort também seja uma, lembre-se que Harry viu o ataque de Arthur através dos olhos dela.- e continuou - Tenho a localização de mais uma e em breve partirei com Harry para destruí-la. Infelizmente creio que será essa minha última aventura .
Ravena o olhava com misto de sofrimento e admiração. E indo até o professor abraçou-lhe.
- O sr. sempre foi como um pai para mim ,sabe disso – suas lágrimas escorreram – Eu não vou desapontá-lo. Não deixarei Harry sozinho ,mesmo que não possa me mostrar por causa de Anne eu vou ajudá-lo. Foi esse um dos motivos que fez com que me escondesse esse tempo todo ,não foi? – e fitou-o – O sr. me disse que eu e Severo seríamos muito importantes para a batalha que estava por vir.
- Severo é um grande bruxo ,Ravena.- e pegou-lhe as mãos – Um grande bruxo ,eu não poderia escolher outra pessoa para me substituir e proteger Harry ,tampouco estando ele ao lado do inimigo. Numa posição em que ninguém estará após a minha morte ,ele terá a total confiança de Voldemort.
- E- Eu entendo – sua voz falseou .
- Precisa ser forte ,srta. – e dando-lhe uma palmadinha nas mãos - Não será só Harry que irá precisar de sua ajuda ,terá que proteger Anne também.
Ela assentiu com menear de cabeça ,seus cabelos escorreram para frente de seu rosto .Ela os afastou com as mãos e seus olhos encontraram os do professor ,pelo que ela sentia seria a última vez. Seus cílios ainda estavam úmidos o que realçava mais ainda o verde de seus olhos. O diretor levantou-se e dirigiu-se á ela ,e abraçando-a falou .
- Creio que esta será nossa última conversa durante algum tempo. – e sorrindo-lhe - Agora vá ,srta.
- Está bem - e enxugou as últimas lágrimas que caíram.
Entrou na lareira e sumiu nas chamas vendo a imagem de Dumbledore sumir ante as fumaças. Ravena nunca mais veria o diretor .Quase no final do ano letivo ,Severo apareceu em Hogsmeade . Ele estava abatido ,sabia que Draco estava conseguindo colocar em prática sua idéia ,e ambos sabiam que isso culminaria com a morte do diretor. Snape teve uma noite agitada , e antes de sair na manhã seguinte falou para Ravena.
- Nunca se esqueça de que a amo! – e beijando-a profundamente como se fosse uma despedida – Eu a amo mais que tudo! . Diga isso á Anne por mim ,se eu não puder fazê-lo. Não a deixe acreditar no que dirão de mim.
- Nunca duvidei disso! Você e Anne me mantiveram viva. – passando sua mão no rosto dele – Não deixarei que nada se coloque entre vocês dois.
Snape beijou-a novamente ,e saiu pela porta . Olhou para trás como se quisesse guardar aquela imagem na lembrança. Ravena estava em pé com um vestido azul ,os cabelos cacheados balançavam com a brisa da manhã ,seus olhos o fitavam da mesma forma e em seus lábios havia um leve sorriso. A angústia de não saber se a veria de novo atormentava-lhe a alma.
Ravena recebeu naquela noite uma mensagem de Dumbledore ,que fosse montar guarda em Hogwarts junto com os outros membros da Ordem. Ele teria que se ausentar e temia pela escola ficar sem proteção. Ela teve a certeza de que a hora chegara ,e teria que estar lá para presenciar o que estava para acontecer. Decididamente não estava preparada para ver Snape matar Dumbledore ,mas não tinha escolha. Ela prometeu ao diretor fazer o que ele pedisse. Se esse era seu último desejo ,deveria ter suas razões . Pelo menos estaria ao lado de Anne ,e protegeria a filha.
Chegou a Hogwarts juntamente com Lupin ,Tonks e Gui ,o filho mais velho dos Weasley. Minerva os recebeu e pediu que patrulhassem os corredores . Tudo parecia tranqüilo .Todas as passagens para fora da escola estavam vigiadas . Os encantamentos foram redobrados. Ao fazerem mais uma ronda .encontraram os Comensais da Morte minutos depois ,a caminho da Torre de Astronomia. E o confronto começou ,vários feixes de luzes cortaram o ar de um lado para o outro do corredor . Uma maldição da morte atingiu o Comensal chamado Gibbon ,e por pouco não atingiu Lupin também. Malfoy passou por eles e se dirigiu para torre . Greyback ,um lobisomem ,atacou Gui ferozmente.
Ravena lutava com um Comensal loiro mais alto do que ela ,o mesmo que a atacara no Ministério. As crianças surgiram ,Rony ,Hermione ,Gina , Neville e uma outra menina que Ravena não conhecia ,começaram a lutar também. Outros Comensais correram para acompanhar Draco ,mas um deles bloqueou a escada depois que passou com algum feitiço . Neville avançou até a escada e foi atirado no ar.
Foi então que ela viu Snape andando na direção deles ,e o viu atravessar a barreira mágica como se não existisse. Lupin tentou seguir-lhe mas foi arremessado para trás igual a Neville. O coração de Ravena acelerou ,e ela teve que desviar de um feitiço do loiro grandão . Ele acertou o teto fazendo com que metade dele cedesse e desobstruindo a escada ,desfazendo o feitiço.Todos os que estavam em pé avançaram para a escada .
Nesse momento Snape surgiu com o menino ,e empurrou-lhe para que andasse .Ravena recomeçou a lutar com os comensais que vieram atrás ,viu apenas o marido olhar de relance para ela e sumir no corredor. Ela viu Harry passar atrás de Snape e se livrou da Comensal que a atacava. Passou pelos corredores ao encalço dos dois ,ao mesmo tempo que desejava que Anne estivesse em sua cama.
Eles ganharam os gramados .Harry estava a uma boa dianteira dela com Snape mais a frente. E atrás vinham dois comensais ,a mesma que ela acabara de deixar lá encima e o grandão. Passaram pela cabana de Hagrid que lutava com um outro Comensal ,e os feitiços ricocheteavam em seu corpo . E olhando por cima dos ombros Ravena pode ver quando a casa dele foi incendiada. Ela continuou sua corrida a comensal tentava lhe atingir ,ela desviava e jogava-lhe feitiços ,já estavam margeando a floresta quando ela viu o rosto de Severo. Harry o atacou com uma Crucius ,mas ele a impediu. Ele atacou de novo e mas uma vez, Snape os bloqueou. Nesse momento Ravena foi atingida no peito por um feitiço estupore que a deixou fora de combate.
Quando acordou estava na área hospitalar com Anne ao seu lado. E quando Ravena abriu os olhos viu que a filha estava com olhos inchados de tanto chorar. A menina a abraçou. , entre os soluços ela disse .
-Dumbledore está morto ,mamãe – e mais lágrimas caíram – Morto!
-Eu sei meu bem! – Ravena não podia estar se sentindo pior
-Você veio porque ele pediu ,não foi? – e ainda soluçando completou – Ajudar a Ordem ,não ?
-Sim ,Anne – e procurando o olhar da filha falou – O que mais sabe?
Anne abaixou seus olhos e mais lágrimas caíram. Ravena a puxou para si.e abraçou -a . Enquanto Anne sussurava em seu ouvido “ Ele não fez isso ,não é? Meu pai não matou Dumbledore.” Ravena a afastou e levanto o rosto da filha pelo queixo ,falou em tom baixo.
-Sim ,Anne –e pegou as mãos da filha entre as suas – Ele fez. Minha princesa ,não vou admitir que pense mal de seu pai ,se ele o fez quero que tenha a certeza de que foi um pedido do próprio Dumbledore. È tudo o que precisa saber no momento. Está me entendo?
- Mãe , isso não muda nada
- Não ,Anne – e encarando-a – Isso muda tudo. Foi uma ordem de Dumbledore . Por favor , querida, acredite em mim. Ele me fez jurar que diria que a ama .
Ravena abraçou a filha e levantou-se . Olhou mais adiante e uma mulher com cabelos vermelhos estava ao lado de uma cama .Ela pediu á Anne que a esperasse ali e caminhou até a cama. E ao chegar perto disse.
- Molly?
- Ravena - e tentou dar-lhe um sorriso – Vi quando a trouxeram ,mas .....-e ela lançou um olhar ao rapaz que estava deitado com bandagens no rosto. – Esse é meu filho mais velho ,Gui. Ele foi atacado por Greyback ,não sabemos ainda qual será a extensão dos danos ,mas com certeza ficará com cicatrizes – e assoando o nariz completou – Você já sabe que Dumbledore está morto?
- Sim ,Molly – e apontando com a cabeça na direção de Anne – Minha filha me falou. – e encarando-a disse – Greyback não o atacou como lobisomem acredito que as seqüelas não serão tão graves ,se houverem . Tenha força ,Molly ,essa batalha está só começando.- e dando-lhe um abraço completou – Se precisar de mim sabe onde me encontrar ,não é? Vou procurar a prof. McGonagall.
- Sim ,querida ,vá . Obrigada pela gentileza – e enxugando os olhos – Ela está no escritório de Dumbledore ,esperando o Ministro. – e como se falasse para si – Não acredito que Snape tenha feito isso.
Ravena já estava ao lado de Anne quando as palavras a atingiram em cheio. Ela se apoiou na filha , o sangue sumiu de seus lábios . E retomando seu autocontrole ,disse para Anne ,baixinho.
-Termos que nos acostumar a ouvir isso – e suspirando concluiu- Mesmo não sendo a verdade. Vamos .
- Eu vou voltar para o dormitório e ficar com Mary – seu olhar estava triste – Não quero entrar no escritório dele agora.
Ravena concordou e enquanto Anne se dirigia para as masmorras ,Ravena foi na direção do escritório de Dumbledore. A simples passagem pelo corredor provocou nela uma profusão de lágrimas. Todos estavam lá exceto as crianças. Ficou decidido que o funeral seria feito no dia seguinte e depois disso os alunos seriam mandados de volta para casa. A única decisão que ainda não tinha sido tomada era se Hogwarts reabriria no ano seguinte. Ravena olhou as paredes e viu o retrato do diretor dormindo na moldura , nesse momento teve a certeza de que ele não estava mais ali.
O funeral foi feito pela manhã. Um lindo túmulo branco estava rodeado de cadeiras para que todos pudessem acompanhar . Os sereianos , que viviam no lago ,vieram prestar-lhe sua última homenagem ,assim como os outros animais mágicos que habitavam a Floresta Negra . Dumbledore era admirado e querido por muitos. E com a autorização do Ministério da magia permaneceria para sempre em Hogwarts. Seria o primeiro e único diretor da escola a ser enterrado em suas terras . Anne e Ravena estavam sentadas lado a lado. E quando a cerimônia acabou , se despediram de todos . Ravena disse a McGonagall que manteria contato pois tinha que completar o último desejo de Dumbledore ,e terminou dizendo.
- Não se esqueça professora. – e encarou-a – Harry tem que voltar a última vez para a casa dos tios. Fique tranqüila ,Minerva ,eu irei ajudá-lo.
McGonagall assentiu e foi em direção as outras pessoas que esperavam sua atenção. Lupin parou ao seu lado ,ainda meio aturdido com os fatos ,perguntou-lhe .
-Teremos que nos reorganizar depois de tudo que aconteceu – e meio desconcertado – Como faremos isso?
- Vamos voltar para o Largo Grimauld e ajudar Harry no que ele precisar – e encarando-o – A Ordem foi criada por Dumbledore para derrotar Voldemort e seus seguidores ,e é exatamente o que faremos.
- Vou começar a reunir todos – e como se tomado de uma nova energia – Entro em contato com você.
- Faça isso – e sorrindo-lhe – Mas primeiro temos o casamento de Gui. Você vai ,não? Molly acabou de me convidar.
- Sim – e olhou para Tonks.
- Nos veremos lá – e pegando a mão de Anne – Estarei no Largo Grimauld se precisar de mim.
Mãe e filha foram na direção de Hogsmeade .E Anne não evitou a pergunta que queria ter feito a algum tempo.
- A Ordem irá atrás de meu pai ,não é? – a menina a fitava com seus olhos pretos.
- Eu não vou deixar que ninguém faça isso ,Anne . Temos outros Comensais com quem acertar velhas contas . E é claro Voldemort – e olhando para Anne completou – Seu pai é um grande bruxo. Um grande bruxo ! Ele ficará bem.
CAPÍTULO XXI
Snape estava de volta a sala onde havia tido o primeiro encontro com o Lord das Trevas após o seu retorno. Tudo permanecia igual ,exceto pelo fato que segurava em suas mãos Draco Malfoy ,e tinha a sua frente não só o Lord como também Bellatriz com seu sorriso sarcástico ,e Narcisa com os olhos lacrimosos.
Ele soltou Malfoy , que caiu de joelhos no chão ,e ajeitou sua capa jogando seus cabelos para fora do rosto. Os outros Comensais surgiram logo em seguida junto com Greyback ,circundando os dois. Snape então fez o anúncio.
- Milorde ,está feito – encarou Narcisa que havia parado de chorar e desviou o olhar para Voldemort ,sem sequer se importar com a presença de Bellatriz - Dumbledore está morto.
O que ouviu-se em seguida foi uma gargalhada histérica e fria cortando o ar . Voldemort avançou na direção de Draco ,com os olhos brilhando de satisfação e disse.
- Parece que me enganei a seu respeito – e fez um gesto para que ele se levanta-se – Foi muito mais bem sucedido que seu pai no Ministério. Meus parabéns ,Draco.
- Não foi ele quem matou o velhote – disse Aminco – Foi Snape , se ele não interferisse provavelmente o Draquinho aqui não teria tido coragem.
Narcisa parecia a beira de uma crise de nervos ,por sua vez Bellatriz não se mexeu e o sorriso desapareceu de seu rosto . Draco abaixou os olhos enquanto o semblante de Voldemort endurecia. Na sala só ouvia os soluços de Narcisa que chorava compulsivamente .
-Isso é verdade ,Draco? – e Voldemort o encarou ,seus olhos agora brilhavam de raiva - Quer dizer que é tão fraco quanto seu pai ? – e puxando o menino pelos cabelos, fez com que ele olhasse dentro de seus olhos .
Segundos depois ele o soltava deixando-o novamente prostado de joelhos aos seus pés. Snape calmamente se adiantou dos demais ,seu rosto mantinha-se impassível e com a voz fria falou .
- Milorde ,se me permite dizer acho que foi Draco que tornou possível a entrada de todos aqui em Hogwarts – e mantendo-se frio – Não fosse por ele a missão não teria se realizado.
- Sei que fez o Voto Perpétuo com Narcisa para protegê-lo caso acontecesse algo de errado ,Severo – e desviou os olhos do menino para ele – O que pretendia com isso ?
- Nada ,Milorde – seus olhos pretos permaneciam tão frios quantos suas palavras – Fiz o voto porque o Lord das Trevas já havia me confidenciado sua intenção em me mandar executar a missão caso Draco falhasse – e continuou – Nesse caso eu não só estaria atendendo a um pedido de Narcisa ,como também realizando o seu desejo ,Milorde. A oportunidade que Draco nos ofereceu era única ,desperdiçá-la não nos ajudaria em nada.
Voldemort o analisou por alguns segundos ,os outros Comensais ali reunidos a sua volta não ousavam respirar . Aguardavam a decisão do Lord das Trevas para caírem como abutres sob o derrotado. Narcisa tinha desfalecido a algum tempo ,e Bellatriz a escorou já que não restava-lhe outra alternativa . Ele parou em frente a Snape e disse.
- Agiu bem ,Severo .Como sempre demonstra ser o mais fiel de meus Comensais. – e voltando-se para Draco – Creio que o que lhe falte , Draco ,seja a determinação e sensatez que Severo tem. Deveria ter aprendido mais com seu professor ao invés de seguir seu pai. – e dando um sorriso malicioso ao menino ,foi em direção a Bellatriz – Contudo estou disposto a dar-lhe uma segunda chance ,já que Severo nos lembrou ,muito apropriadamente , que foi competente em colocar a todos no castelo. Deixarei sua tia com o encargo de treiná-lo.
E virando-se para Bellatriz ,falou em tom ameaçador ...
-Não falhe ,minha cara. – e lançou um olhar de desprezo para a figura pálida de Narcisa ao seu lado . – Ou não serei tão indulgente na próxima vez.
Voldemort olhou na direção de Snape e dos demais , sentou-se na poltrona surrada ,dizendo.
- Podem ir ,quero falar a sós com Severo - esperou que todos saíssem e encarando Snape – Fez um ótimo trabalho Severo.
- Obrigado ,Milorde - respondeu-lhe Snape.
- Como não pode mais voltar á Hogwarts ,chegou a hora de assumir seu lugar ao meu lado – sentenciou em tom frio.
Severo baixou os olhos ,fazendo uma breve reverência com a cabeça.
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O casamento de Gui e Fleur deu-se dali a um mês ,apesar de uma cerimônia simples foi muito bonita. Nâo haviam muitos convidados ,infelizmente aquela altura qualquer evento significativo poderia ser alvo dos Comensais .Era verdade que A Toca estava repleta de membros da Ordem ,mas um ataque não seria o melhor dos presentes de casamento. Fleur sempre fora muito bonita e um toque etéreo parecia envolvê-la ,e Gui apesar de algumas cicatrizes estava radiante. Não havia dúvidas de que seriam felizes ,talvez tivessem que esperar o fim da batalha ,mas seriam felizes.
Anne estava ao lado de Ravena ,quando resolveu se levantar e ir na direção do grupo formado por Harry ,Rony ,Hermione ,Gina e os gêmeos .Ravena assentiu e ficou ali sentada á mesa bebericando uma taça de vinho .Remo e Tonks vieram em sua direção ,e do outro lado da sala , Moody também fez o mesmo. Quando os três chegaram puxaram as cadeiras em volta e se sentaram . Foi Moody quem falou primeiro.
- Então ,Ravena - e seu olho mágico parou fixou-a - Como estão os preparativos para a instalação da Ordem no Largo Grimauld ?
- Não ,há preparativos ,Alastor - e sorriu-lhe colocando o copo sobre a mesa - Já estamos instalados. Precisamos marcar a reunião ,não podemos perder mais tempo.
- Ravie - falou Lupin - Você não acha arriscado ,nos reunirmos justamente na casa dos Black com Bellatriz solta?
- Remo , a casa é de Harry - encarou-o - Dumbledore a protegeu com inúmeros feitiços, e Harry concordou em ficarmos lá .Não temos tempo de procurar uma nova sede ,e nem tampouco há entre nós alguém que possa resguardá-la tão bem quanto ele o fez. Concordam?
Houve um silêncio pesado ,todos se ajeitaram nas cadeiras com a simples lembrança do bruxo. e Tonks com seu jeito despachado disse
- Não temos outra escolha ,Ravena está certa .- e segurando as mãos de Lupin entre as suas - Tô dentro.
- E vocês senhores? - Ravena olhava de um para outro - Arthur e Molly já concordaram ,assim como Carlinhos ,Gui ,Fleur , Harry ,Hermione ,Rony ,Gina ,Anne ,Luna e Neville. Ah...ia me esquecendo ,e mais uns quatro aurores do Ministério ,tive uma longa conversa com eles semana passada depois que visitei Scrimgeour. Harry foi comigo.
- Vejo que não perdeu tempo .Conte comigo - e Moody a fitou - Caçar Comensais é meu Hobby , e você sempre foi muito boa em encontrará -los. Não sei se metade sabe á quem devem sua prisão ,srta.Brown
Ravena o encarou e sorriu em assentimento. Ela sabia que fazia esse serviço como poucos ,ou porque não dizer quase ninguém. Por causa de sua pouca experiência ela ficava nos bastidores ,e até preferia . Naquela época ,com todos se escondendo por causa do sumiço de seu mestre ,era necessário uma captura imediata . E os mais experientes eram mais indicados ,ela só participou efetivamente de uma prisão , Bellatriz Lestrange. O que mudou sua vida radicalmente.
- Você recrutou as crianças ,Ravie ? - Lupin a olhou assustado
- Não são mais crianças ,Remo. Já atingiram a maioridade ,ou se esqueceu disso? - ela piscou-lhe o olho - Exceto Gina e Anne ,mas elas tem o consentimento dos pais. Reunião quarta á noite?
- Ok - respondeu Tonks
- Não olhe para mim ,eu concordo - falou Moody
- E quanto a Snape ? - perguntou Lupin
Ravena sentiu um frio percorrer-lhe a espinha e suas pernas tremeram ,por sorte estava sentada. Ela lançou-lhe uma olhar firme e falou em seguida
- Discutiremos na reunião. Conto com você ,Remo.- e levantou-se - Até lá.
Lupin assentiu com a cabeça e colocou as mãos nos bolsos da calça .Ravena saiu em direção a filha ,que conversava animada com o grupo. Tonks enlaçou seu braço no de Remo ,e Alastor se pôs de pé dizendo.
- È uma grande mulher - e fitando Ravena andar com seu vestido rosa esvoaçante e os cabelos soltos caindo-lhe pelos ombros nus ,disse - Não há como negar . Linda ,inteligente e astuta ,dobra um homem....se dobra! Por isso Dumbledore colocou-a frente da Ordem. Sortudo o homem que ativer ao seu lado....ou azarado!
Os três se entreolharam e puseram-se a rir.
A reunião de quarta começou logo após a chegada de todos ás 21:00hs no Largo Grimauld. Todos inclusive o grupo formado por Harry e seus amigos ,e também a professora McGonagall e Hagrid. Ravena nunca a vira tão abatida ,seus olhos estavam fundos e seu rosto muito enrugado. Lupin e Moody estavam em pé ao lado de Ravena ,e Anne ficou junto dos jovens. Ela então olhou todos e começou a falar.
- Não creio que precisemos de apresentações ,todos se conhecem e sabem exatamente porque estamos aqui. Dumbledore me pediu que reunisse a Ordem e continuasse a combater Lord Voldemort e seus seguidores. Sei que muito de vocês podem não gostar de agir sob a ordem de uma mulher ,mas também sei que não contestarão uma escolha dele. Não ouso ser tão poderosa quanto Dumbeldore ,contudo estou determinada a ajudar Harry a derrotar Voldemort. Caso algum de vocês queira desistir devo informar que o momento já chegou e... já passou - ela percorreu os rostos ali presente com o olhar ,e apesar do olhares de espanto e surpresa , ninguém protestou.
Lupin olhou para Moody ,e este lhe falou baixinho.
- Não disse?! - e riu-se - Grande homem o Dumbledore !
Ravena ouviu e lançou-lhe um olhar fulminante.
- Como terei que me ausentar muitas vezes em função da missão particular que assumi junto com Harry - e lançou-lhe um olhar penetrante ao que ele respondeu com um aceno de cabeça - E não podemos perder nossa coesão ,Alastor e Remo estarão aqui e passarão as informações e instruções. Alguma pergunta?
- Ravena , precisamos achar Snape! - falou Diggle
- Sim ,iremos achá-lo - e com um autocontrole supremo continuou - Porém não será uma tarefa fácil. Não tenho dúvidas de que ele ocupe agora a posição de braço direito de Voldemort. - e todos prenderam a respiração quando ela pronunciou esse nome ,só Dumbledore fazia-o . E mesmo sabendo disso ela não deixou por menos - Pegaremos Snape quando chegarmos a Voldemort.
- Srta.Brown , sendo assim ,qual será nossa primeira tarefa? - diise Arthur
- Vamos caçar cada um ,antes que eles o façam primeiro - e continuou - Acho que ainda contamos com o elemento surpresa. Eles acham que estamos fragilizados com a morte de Dumbledore ,provaremos que não. E ainda respondendo a sua pergunta ,Arthur, será uma ação muito bem orquestrada. Os ataques serão feitos todos ao mesmo tempo , entenderam? Receberão seus dossiês em dois dias ,cada um tem uma tarefa a cumprir. E sinceramente ,srs., tenho certeza que conseguiremos. Algo mais?
Como se não restassem mais dúvidas Ravena terminou a reunião dizendo
- Agradeço por confiarem em mim ,e espero-os aqui quarta que vem. - e como se todos tivessem se retirando concluiu - Por favor tomem muito cuidado ,estarão sozinhos nessa primeira missão ,mas vou precisar de todos juntos nas outras. Esse é apenas o começo
Todos começaram a se retirar e Ravena recebeu vários cumprimentos . Os primeiros foram de Molly e Arthur .
- Ravena você esteve ótima ,querida - e Molly lhe sorria - Dumbledore escolheu muito bem - e deu-lhe um tapinha no rosto.
- Srta .Brown é um enorme prazer que esteja a frente da Ordem - e Arthur apertou-lhe a mão
- Obrigada aos dois . Apesar de nervosa ,estou feliz por estar aqui - e retribui-lhe o aperto de mão
Logo em seguida Lupin se aproximou com Tonks
- Obrigado pela confiança ,e você sabe que pode contar comigo sempre - e Lupin sorriu-lhe
- Ravie ,você foi 10!! - disse Tonks
Em seguida Moody veio até ela e com seu jeito meio rude
- Uma grande mulher ,srta.- e tossiu - Disse isso á Lupin ontem .Não esperava menos de você - e saiu dando-lhe um tapinha nos ombros.
Todos já tinham saído , e Harry e outros haviam subido para discutir algo , quando McGonagall se aproximou dela
- Srta.Brown ? Teria um minuto para mim? -e os olhos da professora encontraram os dela
- Claro ,professora - e puxando a cadeira a sua frente ,sentou-se
- Ravena , sei porque Dumbledore a escolheu - e fitando a ex-aluna nos olhos prosseguiu - Você tem ótimas qualidades e mostrou-as hoje aqui ,nunca duvidei disso . Contudo me pergunto se irá atrás realmente do homem responsável pela morte dele, Severo Snape?
- Professora ,eu acho que respondi isso agora pouco ,não ?- ela estava pálida
- Sim ,respondeu para os outros - e o olhar de McGonagall endureceu - Você vai entregar o pai de sua filha ,srta?
Ravena abriu e fechou a boca várias vezes ,sua mente rodou num turbilhão. E mais pálida do que antes ,falou á professora.
- Peço que confie em mim ,Minerva - e a encarou com seus olhos verdes - Já que me pergunta isso devo avisá-la que sei de coisas sobre a morte de Dumbledore que você nem sonha. No momento certo a sra. irá saber ,por enquanto não julgue apenas o que vê. Os olhos traem a alma.
- Você parece Dumbledore falando.- e se empertigando na cadeira falou - Você confia em Snape mesmo depois do que ele fez?
- Sim ,professora. Eu confio no meu marido.- e dizendo isso pois fim a conversa.
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A noite Ravena estava em seu quarto quando uma batida na porta a fez sobressaltar. Já era tarde e Anne estava dormindo no quarto ao lado ,e acreditava que Harry também no seu quarto. E virando-se para porta disse
- Entre !
Harry estava em pé na porta com os cabelos espetados ,como sempre .
- Posso entrar ,Ravena? - e meio sem jeito concluiu - Gostaria de lhe perguntar algumas coisas .
Ela fez que sim com a cabeça e bateu de leve com a mão no colchão ao seu lado ,dizendo
- Sente-se ,Harry - e sorrindo-lhe bondosamente - Precisamos conversar.
Ele obedeceu ,caminhou até a cama e se sentou ao lado dela. A cicatriz em forma de raio mais nítida por causa da incidência da luz sobre ela.
- Harry ,já conversamos sobre as Hocruxes que iremos procurar e traçamos nosso plano de ação. Amanhã iremos apenas eu e você ,seus amigos estarão envolvidos em outra coisa que eu lhes pedi - e usando de calma explicou - Preciso que você confie em mim, Harry.
- Por que está me dizendo isso? - ele a encarou
- Porque veremos uma pessoa amanhã que irá nos indicar o caminho para o que estamos procurando e....- ela suspirou voltando seu olhar para ele - Tenho certeza que você não a aprovará
- Poderia ser mais clara ? - disse-lhe com ríspidez
- Iremos ver Snape ,Potter.- e ela o fitou adivinhando-lhe a reação.
- Se eu ver Snape ,eu o mato ,srta.Brown !- e cheio de ódio , pôs-se de pé
- Você não vai matar ninguém ,Harry - e olhando -o duramente ordenou - Sente-se !
Harry fez o que ela pedira ,mas sua expressão continuava tensa . Ravena levantou-se andou pelo quarto ,e dirigindo-se á ele falou
- Vou-lhe contar porque Dumbledore morreu e não quero que me interrompa ,ouviu?
E dizendo isso contou á ele toda a entrevista que teve com Dumbledore e a explicação dele para o ocorrido. Contou-lhe também sobre o pedido para ajudá-lo e reunir a Ordem. Ao final encarou-o e disse
- Agora pode falar ,Harry - disse Ravena.
- Ravena ,eu estava lá - e com os olhos úmidos por se lembrar da cena - Eu vi ele implorar pela vida e Snape matá-lo. Ali diante dos meus olhos!
- Você viu o que tinha que ver ,meu querido - e dando-lhe um sorriso maternal - Dumbledore tinha que ser convincente .Ele não implorou pela vida ,ele ordenou que Severo o matasse. Você tem que aceitar os fatos ,Harry. - e baixando seus olhos para o chão - Snape estará ao lado de Voldemort quando chegar a hora e terá acesso a informações sobre as horcruxes. Confie em mim.
- Posso confiar em você ,mas nele ,não ! - ele a encarou com seus olhos verdes iguais aos dela - Como pode confiar tanto nele?
- Por que Severo Snape é meu marido ,Harry - e devolvendo-lhe o olhar - E pai de Anne.
Os dois ficaram em silêncio.
O dia amanheceu chuvoso ,e assim que Harry desceu para o café encontrou Anne e Ravena já acordadas .Havia mais alguém na cozinha ,e como ele adivinhara , entre as duas estava figura do professor de poções. Os três se viraram ,e as duas mulheres o cumprimentaram primeiro.
-Bom dia ,Harry! – soou em uníssono.
-Bom dia ,Potter – disse-lhe Snape encarando-o
Ele não respondeu Snape ,e virando-se para Ravena e Anne falou
- Bom dia .- e sentou-se meio mal - humorado na mesa.
Todos sentaram-se á mesa e começaram a se servir . Harry só conhecia uma pessoa que ele considerava cozinhar melhor que Ravena ,a sra .Weasley. Logo depois Anne ajudou a mãe a tirara a mesa e Harry pode reparar o quanto ela era parecida com Snape. Os mesmo olhos ,o mesmo cabelo preto e liso que caíam pelos ombros ,mas ela possuía toda a beleza e graciosidade da mãe . Seu olhar não tinha a frieza que tanta vezes ele experimentara com o professor ,ao contrário seu sorriso aquecia qualquer ambiente. Harry foi tirado de seus pensamentos pela voz fria de Snape .
- Ravie ,Anne ,sentem-se – ordenou .
Quando Ravena se sentou ao seu lado ,ele pegou as mãos dela entre as suas. Definitivamente essa não era a postura que Harry esperava por parte do professor ,não acreditaria naquela demonstração de afeto ,senão a visse com os próprios olhos.
- Potter ,como já disse a Ravena e Anne ,descobri aonde o Lord das Trevas escondeu a taça de Hunfflepuff , contendo uma de suas horcruxes – e encarando-o ,levantou-se – Está num farol abandonado em uma ilha a oeste da Inglaterra – e colocando em cima da mesa um pergaminho –---Trouxe a exata localização da ilha ,aqui – apontou para um ponto no mapa – Bom ,é claro que deve estar cercado de todo o tipo de proteção ,inclusive magia negra – e falou maliciosamente - Espero ,Potter ,que tenha aprendido com Dumbledore a não subestimar o Lord.
- Não diga o nome dele – e vociferou para Snape – Você o matou !
- Sinceramente ,Potter – e arqueou as sombrancelhas – Não pretendo discutir minhas ordens com você.- e virou-se para Ravena
- Isso não muda o fato – os olhos verdes de Harry brilharam – Você é um assassino .....
Snape virou-se novamente para Harry ,tendo sua varinha nas mãos apontada na direção dele ,e avançou . Ravena se levantou e colocou-se na frente do menino .Instintivamente ele baixou a varinha ,enquanto Anne olhava estupefada para ambos.
- Vocês dois não conseguem ter uma atitude madura ? – disse Anne – Se é assim que pretendem lutar,acho melhor entregarmos os pontos !
Tanto Harry como Snape baixaram os olhos e Ravena tomou a palavra.
- Bom ,não preciso dizer que Anne tem razão ,não é? – olhando-os com ar de reprovação.- Era tudo o que precisavámos ! – acalmou-se e recomeçou a falar – Bom ,Severo eu vou com Harry e Anne para lá.
- Não há outro membro da Ordem para ir? – ele levantou seus olhos encontrando os da esposa – Não a quero metida nisso.
- Se eu tivesse feito tudo o que você queria – e sorriu-lhe – Não estaríamos casados . Eu prometi a Dumbledore ,e até onde sabemos essa pode ser a última horcrux .Não vou deixar Harry ir sozinho.
- Tenho que ir – e tomando Ravena em seus braços falou baixinho – Eu a amo! E Tenha muito cuidado, muito mesmo.
Dirigiu-se à Anne e deu-lhe um beijo na testa. E virando-se para Potter.
- Boa sorte ,Potter – e crispou os lábios.
Saiu da cozinha com Ravena , deixando Anne e Harry sentados á mesa
CAPÍTULO XXII
O vento soprava forte ,eles já escalavam o rochedo a algum tempo . Lá embaixo o mar batia de encontro as pedras. Ravena ia na frente ,enquanto Harry e Anne a seguiam . Podiam ver dali uma construção erguida sobre o outro lado do rochedo ,faltava muito pouco para alcançarem o platô aonde a horcrux estava. A luminosidade diminuía a medida que se anunciava o crepúsculo.
Ravena alcançou o platô e ajudou Harry e Anne. Haviam chegado a entrada do farol .Os três empunharam suas varinhas e Harry tomou a frente de Ravena entrando primeiro. A porta do farol estava podre e não ofereceu quase ou nenhuma resistência .Eles entram na construção e logo viram a escada nada confiável surgir a sua frente . Harry virou-se para as duas e disse
- Vou na frente - e começou a subir ,pisando com cuidado nos degraus - Cuidado, esses degraus devem estar tão podres quanto aquela porta
As duas assentiram ,e começaram a subir a imensa escada em forma de caracol .Entre uns deslizes e outros ,conseguiram chegar na estrutura aonde deveria ter existido o farol. Havia apenas uma estrutura de pedra com uma fenda no meio. O sol já não iluminava mais aquele lado do rochedo e Harry e Anne falaram juntos
- Lumus!
As pontas de suas varinhas se iluminaram ,jogando uma pálida luz no ambiente em volta. Ravena se aproximou de uma fenda e a iluminou com sua varinha .Uma luz forte e alaranjada encheu todo o lugar como se o farol tivesse sido aceso. Harry e Anne se aproximaram dela e olharam para fenda
- Está aqui - disse Ravena - Anne segura minha varinha.- e entregando-a para a filha ,virou-se para Harry e disse - Vou pegá-la , mas se algo acontecer quero que os dois não interfiram ,certo?
Eles assentiram .Harry já tinha passado por isso duas vezes e tinha visto a mão murcha de Dumbledore. Sabia exatamente o que poderia esperar ,puxou Anne um pouco para trás. E antes de colocar sua mão na pequena fenda ,Ravena deu um último aviso.
- Haja o que houver ,eu tenho que puxá-la - e continuou - Harry se eu conseguir trazê-la a superfície da fenda ,destrua-a ,entendeu ? Não se importem comigo.
E dizendo isso puxou as mangas das vestes e começou a descer a mão pela fenda. A luz alaranjada a envolveu e pareceu puxá-la cada vez mais. Ravena estava debruçada sobre a fenda quando Harry pode ver-lhe o semblante de dor e seus lábios mexerem freneticamente conjurando algum feitiço. Anne olhou para fenda e vendo -a transbordar de sangue ,deu um grito de horror. Harry abraçou a menina que escondeu o rosto em seu ombro . Aos poucos Ravena foi retirando a mão da fenda e trazendo algo brilhante seguro entre os dedos. A luz laranja se dissipou ficando só a luz de suas varinhas. Ravena escorregou para o chão frio ,enquanto Anne e Harry podiam ver a taça em sua mão. Apesar de todo o sangue que havia visto, Anne constatou que o braço e a mão da mãe estavam sem nenhum corte . Harry olhou para Ravena ,estava muito pálida ,e ele percebeu que apesar de não haver cortes ,ela realmente perdera aquele sangue todo.
- Vamos ,Harry - disse Ravena com a respiração fraca. - Destrua-a
Harry apontou sua varinha para taça e um fio de luz verde a estraçalhou em mil pedaços. Anne e Harry ergueram Ravena , e desceram escorando-a um de cada lado. Já tinham saído da construção ,quando uma gargalhada a suas costas os fizeram parar ,não podiam ver quem é ,mas ouviam os passos ,não demoraria a alcançá-los. Ravena sentiu um arrepio, conhecia muito bem aquela gargalhada. Ainda estava muito fraca ,e segurando-os pelos ombros falou aos dois baixinho
- Vão - Harry e Anne a olharam - Eu disse Harry para ir . Agora !
E empurrou os dois para a beira do rochedo.
- Vamos , aparatem - e virando-se para onde vinham os passos - Eu vou deter Bellatriz ,vão!
Harry e Anne sumiram de suas vistas. Ravena estava desarmada ,esquecera a varinha com Anne. Os passos cessaram e em frente a ela estava Bellatriz Lestrange.
O mesmo sorriso demente , a mesma expressão de sarcasmo no rosto e a varinha empunhada em sua direção. Atrás dela estava havia um outro vulto negro ,ela se aproximou de onde Ravena estava.
- Veja só ,Aleto. – sorriu maliciosamente ,e virou-se para o vulto - Se não é a srta. Brown. – e voltou-se para Ravena – Da última vez que nos encontramos você e seu amiguinho ,Moody ,me enviaram para Azkaban. Vamos ver como será agora .... Crucius! – e um facho de luz verde saiu de sua varinha.
Ravena estava em pé bem aonde Anne e Harry haviam aparatado. Os cabelos cacheados ao vento ,as vestes rasgadas e muito fraca. A única coisa que viu foi o raio vindo em sua direção e ela tombando no chão .Sentiu seu corpo contrair e uma dor infinita invadir-lhe a alma. Bellatriz se aproximou e apontando a varinha novamente para ela , abaixou-se ao seu lado e sussurrou ao seu ouvido.
- Aonde está a taça?
- Você chegou tarde demais ! – sorriu-lhe ironicamente – Eu a destrui !
- Então vou ter que te levar para o Lord das Trevas – e devolveu-lhe o sorriso – È uma pena que esteja desarmada ,sabe ? Poderia durar uns 5 minutos. – e falando mais alto , ordenou puxando-a pelas vestes – Vamos !
Aleto veio até elas enquanto Bellatriz a amordaçava com laços mágicos . Segundos depois ,Ravena sentiu a desconfortável sensação de aparatar.
Quando abriu seus olhos estava caída de joelhos no chão frio ,seus pulsos doíam. Sua visão começou a clarear e ela pode ver que se encontrava em um aposento onde havia uma poltrona surrada e uma lareira acesa. Ravena viu ,então ,um vulto envolto em uma capa se levantar da poltrona e caminhar até ela.
Estava sem capuz ,e quando chegou bem próxima ela pode ver-lhe a feições . Os olhos vermelhos , a pele muito branca , narinas em forma de fendas ,e mãos longas e magras. Ravena não teve dúvidas que estava diante de Voldemort. Houve uma barulho de passos , e mais algumas pessoas entraram na sala. Quando passaram por ela e se colocaram atrás de Voldemort ,ela pode ver Bellatriz com seu sorriso sarcástico olhando-a ,ao seu lado um homem baixo e troncudo que Ravena achava ser Rabicho . E em pé ao seu lado estava o motivo de sua angústia , envolto em sua capa preta e com o rosto pálido , ela pode ver Severo Snape. Ravena desviou os olhos do marido até o chão. Podia sentir que ele a fitava demoradamente.
Voldemort andou vagarosamente em sua volta ,e com sua varinha apontada para Ravena ,parou em frente a ela.
- Ravena Brown – ele fez uma mesura – Sinto-me extremamente honrado de conhecê-la . Sabe ,você é uma lenda. Colocou mais da metade de meus Comensais em Azkaban .- e andou na direção de Bellatriz e Snape – Não posso lhe subestimar ,você foi o cérebro por trás de tudo. Dumbledore a ensinou muito bem ,e devo dizer que a natureza a favoreceu com muito mais que isso. – e fitando-a ,ordenou – Fique de pé.
E com dificuldade Ravena conseguiu levantar-se . Ajeitou os cabelos que cobriam-lhe o colo nu ,suas vestes tinham se rasgado . Ela o encarou com seus olhos verdes. Evitou desviá-los para Severo ,tinha medo de trair o marido. Nesse momento ,Voldemort veio em sua direção.
- Linda ! – e passando sua mão nos cabelos dela - Tudo o que um homem poderia desejar em uma mulher.....beleza ,inteligência e uma admirável dose de coragem – e maliciosamente disse – Sinto-me tentado a me apaixonar.
- Sinto desapontá-lo , Milorde – Ravena falou pela primeira vez - Sou indigna de merecer tanta honra de sua parte – e sendo tão maliciosa quanto ,ele completou - Meus pais eram trouxas ,e soube que não tem apreço por este tipo de gente .Acho que não iria querer uma esposa de sangue – ruim ,estou certa?
- Encantadora ,simplesmente encantadora ,até o fim – ele continuava girando em volta dela ,analisou-a demoradamente – Poucas pessoas teriam a coragem de se dirigir á mim dessa forma. Vamos ,continue – e fez um gesto para que ela falasse – Estou quase abrindo um precedente a seu favor . Talvez devesse considerar a idéia de me casar ,a velhice solitária é deveras chata – e parou segurando o queixo de Ravena em sua mão – Vou pensar com carinho no assunto .minha cara.
Ravena sentiu seu coração disparar ,sabia que Severo devia estar tão apreensivo quanto ela . Ele não poderia fazer nada ,caso contrário denunciaria sua posição , enfim estava impotente. Evitou olhar na direção do marido mais uma vez. E sentiu que Voldemort a puxava para si ,uma onda de repulsa percorreu-lhe o corpo , e ela teve a certeza de que iria desmaiar. Tentou dominar todos os seus temores.
- Apesar de estar fraca sabe fechar a mente muito bem ,Ravena – e deu-lhe mais um de seus sorrisos maliciosos ,encostou seu rosto cadavérico ao lado do dela ,e fazendo um gesto no ar - Imagine nossos filhos ,é claro puxariam a beleza da mãe ,mas a inteligência de ambos. – e olhando para ela – È realmente tentador...... o que me lembra que meu fiel Comensal aqui já teve um flerte com a srta . na época da escola ,não? – e andou até Snape - È uma pena que a criança não tenha resistido ....– e encarou-os , indo de um para outro , esperando suas reações – Ah.....me desculpe ...... Severo nunca soube disso não é? – e sorriu para ela - Você foi muito má......gosto disso.....devia tê-la encontrado antes de Dumbledore.
Ravena não teve como não olhar para Severo ,e para sua surpresa ele manteve-se impassível ante ao que Voldemort lhe dizia.
- Milorde , foi uma fraqueza humana – e lançando um olhar desprezível para Ravena - Nunca tive a intenção de manter qualquer tipo de relacionamento com esta mulher. A simples idéia de um filho é inaceitável , levando em conta sua natureza trouxa ,e o fato de que foi um ato desprovido de qualquer sentimento.
- Eu não o culpo ,Severo – e encarou-o aparentemente satisfeito com o que ouvira – Ela viraria a cabeça de qualquer homem. Agora ,leve-a daqui. – e virando para Ravena – Peço que me desculpe ,mas tenho que me ausentar ,continuaremos nossa conversa mais tarde – disse em tom ameaçador.
Bellatriz e Voldemort saíram deixando Rabicho e Snape com Ravena . Snape cochichou algo com Rabicho ,e este saiu apressadamente. Ele foi até ela ,e com um toque de sua varinha desfez os nós que prendiam seu pulso . Voltou-se para porta por onde todos saíram e certificou-se que estavam a sós . Ravena o encarou e foi a última coisa que viu ,desmaiou nos braços do marido.
Quando voltou a si estava deitada num sofá bolorento ,a luz do ambiente era fraca , e a sala decididamente tinha ficado menor do que a que via em suas lembranças . Ela se sentou e verificou que a casa onde estava era menor que a outra ,viu uma luz no fim do corredor e se sentindo bem melhor caminhou até lá.
Entrou no aposento e viu Severo em pé em frente a uma lareira Ele virou-se na direção dela ,e dando alguns passos , a puxou para si . Não mais que frações de segundo passaram ,até que ambos estivessem envolvidos em um apaixonado beijo. O que se seguiu depois foram mais abraços e beijos sucessivos e angustiados. Ravena então o encarou e ele recomeçou a beija-la. Ficaram entregues á esse devaneio algum tempo até que Snape perguntou-lhe.
- Onde estão Harry e Anne ? – e fitando-a – Sei que conseguiram destruir a Horcrux.
-Eles estão bem ,mandei- os para casa – e sorrindo-lhe – E sim conseguimos destrui-la ,apesar da magia negra que a envolvia. Sorte eu ter tido um professor como você
-Temos que sair daqui . Rabicho viu que deixei você num dos quartos da casa ,e ele irá busca-la lá quando o Lord chegar. – e com um sorriso maroto completou – Com um pouco de sorte você não estará lá . Rabicho me viu saindo sozinho ,ou seja ,ele será culpado de deixa-la escapar. A propósito onde está sua varinha?
- Com Anne – e explicou – Deixei com ela para que eu pudesse ter acesso ao local aonde estava a taça. Se estivesse com ela ,Bellatriz não teria me pego e eu não teria que aturar as sandices de Voldemort.
- Tive vontade de matá -lo quando tocou em você – e beijou-lhe as mãos – Vamos ,vou levá-la antes que eu perca minha cabeça.
E saíram para a noite fria.
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Quando Ravena entrou no Largo Grimauld só pode ver um par de braços correndo em sua direção . Anne estava com o rosto coberto de lágrimas ,e abraçou a mãe assim que seus pés atravessaram o portal da sala . E sem esperar que Ravena falasse qualquer coisa , a encheu de perguntas.
- Aonde você esteve ,mamãe ? Você deixou sua varinha comigo . – e encarando-a com seus olhos pretos – Harry e eu estávamos preocupados . Aquela gargalhada rompendo a noite e a sra. nos mandando sair dali....foi assustador.
- Tentei fazê-la se acalmar ,srta.Brown – e Harry lançou-lhe um sorriso – Mas sua filha não quis me ouvir . Era Bellatriz lá no rochedo ,não era?
Ravena sabia a questão sobre Bellatriz era uma coisa delicada tanto para ela quanto para Harry , afinal fora Bella que matara Sirius atirando ele sob o véu no Ministério a dois anos atrás.
- Sim , Harry ,era Bellatriz – e fitou os dois – Estive com Voldemort ,e se não fosse Severo acho que não escaparia – e sentou-se na cadeira – Aquele homem é tão louco quanto ela ,fiz muito bem em tira-los do rochedo naquele momento.
- Ele sabe que destruímos sua horcrux , Ravena? – disse Harry
- Sim ,pelo menos essa ,sim. – e falou calmamente – Foi por isso que Bella estava lá ,e por isso fui levada á sua presença . Assim que Voldemort se retirou com Bella e me deixou aos cuidados de Severo ,ele me trouxa para cá . – e torcendo as mãos como sempre fazia quando ficava nervosa – Tenho medo que o plano de Severo não dê certo , e ele seja desmascarado por Voldemort .
Anne abraçou a mãe e Harry apenas meneou a cabeça em assentimento. Logo em seguida ele perguntou á Ravena:
- O que pediu para Gina ,Rony e Mione fazerem? – seus olhos verdes a fitaram.
- Bom pedi que entregassem os dossiês que preparei para os membros da Ordem. – sorriu maternalmente para ele – Tive medo do que podíamos encontrar lá e ,assim como vocês dois ,eles iriam querer ir . E eu estava certa , estivemos expostos a um grande perigo ,Harry.- e vendo o olhar do menino ,falou - Por que não vão até a Toca ? Com certeza eles já devem ter voltado .
Anne e Harry se entreolharam sorrindo e subiram as escadas para pegarem suas capas. Não demorou muito para a sra. Weasley receber os três na sala de sua casa .
- Ravena ! – e vendo os meninos – Harry ,Anne, subam ,eles estão lá em cima - e como se hesitassem ela ordenou – Vão ! – e voltou-se sorrindo para Ravena – Como estão as coisas ,minha querida ?
- Bem ,Molly – e sorriu para a sra .Weasley – Só não posso me demorar hoje ,tenho muita coisa á fazer com a entrega dos dossiês .Precisamos que isso dê certo para enfraquecer Voldemort. Posso deixá–los um pouco aqui ?
- Claro ! – e Molly lhe sorriu afetuosamente – Sabe que quando não se vêem um dia ficam desesperados. Não quer ficar para jantar ? Lupin ,Tonks e Moody vão estar aqui.
-Obrigada ,Molly. Gostaria de descansar um pouco – colocou a capuz sobre a cabeça – Como estão Fleur e Gui ?
- Felizes ,Ravie . – e fitou-a com curiosidade – Acho que você devia arrumar um namorado . È muito bonita ,jovem....
- .....e inteligente. Sabe ,Molly ,isso tem me causado problemas sérios.- e riu para a amiga que devolveu-lhe o sorriso sem entender nada – Prefiro ficar como estou . Poderia pedir para um deles acompanhar Harry e Anne até o Largo? – e foi em direção a porta para aparatar.
- Fique tranqüila – e dando-lhe um aceno com as mãos ,disse – Adeus.
Ravena aparatou no Largo Grimauld ,certificou-se que não estava sendo seguida e entrou na casa. Subiu ao seu quarto e com a sensação de dever cumprido atirou-se de roupa e tudo na cama. Dormiu por vária horas ,quando acordou verificou que as crianças ainda não haviam chegado. Tomou uma ducha e desceu as escadas em direção a cozinha ,a fim de preparar algo para comer.
Estava tão entretida com o que fazia que não percebeu que um vulto negro que entrou pela porta da cozinha. Minutos depois um par de mãos fortes a puxavam pela cintura e ela se virou sorrindo e reclamando por ter se assustado .
- A próxima vez ,professor ,que fizer isso ,eu juro que..........- e não pode completar a frase porque seus lábios ficaram presos aos dele.
- ......vai me amar por muito tempo – e sem largá-la deu-lhe um sorriso infantil – Aonde está Anne?
- Está com Harry – e fitou-o dando-lhe um beijo rápido – Na casa de Molly . Eles precisavam se distrair um pouco.
- Minha filha está com Potter !? – e levantou as sobrancelhas.
- Sinceramente ,Severo ,não acredito que esteja tendo essa reação! – e ela lhe lançou um olhar penetrante.
A conversa deles foi interrompida com a entrada de Lupin e Harry machucados ,o primeiro mais que o segundo ,as roupas rasgadas e as varinhas em punho. Ravena e Severo foram até eles e os fizeram sentar ,e com muita dificuldade Harry falou:
- Eles pegaram Anne ,Ravena. – e com seus olhos verdes fitando os dela – Não tivemos a mínima chance.
- Quem pegou minha filha ,Potter ? – disse Snape em tom ríspido.
- Seus amiguinhos Comensais - zombou o menino.
- È bom dobrar sua língua quando fala comigo ,seu fedelho.- e rosnou ele entre os dentes.
- Parem os dois ,já! – a ordem veio de Ravena que estava debruçada sobre os ferimentos de Lupin tentando estancá-los com a varinha , e obtendo sucesso – Quando foi isso ?
- Assim que saímos da Toca e desaparatamos no início da rua – disse Lupin entre seus braços e tentando focar a figura de Severo –O que ele faz aqui ,Ravie?
- Não é da sua conta , prof . Lupin - respondeu-lhe sarcasticamente Snape.
- Remo ,ele é meu marido e pai de Anne – disse –lhe afetuosamente Ravena – È uma longa história ,desculpe-me se não contei antes . E antes que queira denunciá-lo pela morte de Dumbledore ,vou lhe contar o que aconteceu ,como fiz a Harry . Está bem ?
Lupin escutou toda a narrativa de Ravena , enquanto Snape andava de um lado para outro da cozinha sem prestar-lhes atenção . Parecia totalmente absorvido por seus pensamentos. Depois que Ravena acabou ,foi a vez de Lupin falar :
- Não consigo acreditar que ele tenha agido desse modo . – e fitando-a – Não sou ninguém para julgar as atitudes de Dumbledore ,mas confio nele e em você . – e virando-se para Snape ,perguntou – O que pretende fazer?
- Resgatá-la é claro ! – e falou com malícia – Parece óbvio. Ou pretende que deixe minha filha nas mãos daqueles fanáticos ? Qual deles a pegou ?
- Aminco ,Aleto e o grandão louro – disse Harry
Severo foi na direção de Ravena ,e passando as suas mãos pelos cabelos dela ,disse.
- Eu vou trazê-la de volta . – e tomando seu rosto entre as mãos – Eu prometo .
-Tome cuidado – disse-lhe ela enquanto grossas lágrimas rolavam pelo rosto –Tenho medo que saibam quem ela é e o que significa para você .
- Não me importo com isso – e enxugou as lágrimas da esposa com as pontas dos dedos .
- Mas eu me importo – e dando-lhe um sorriso pálido – Eu o quero de volta . Você me entendeu ,Severo?
- Farei o que puder – e deu-lhe um beijo de despedida – Adeus .Eu lhe dou notícias - e virou-se para Lupin e Harry – Fiquem com ela.
E saiu com sua capa esvoaçando para a escuridão da noite.
CAPÍTULO XXIII
As horas que se seguiram pareciam intermináveis e angustiantes. Lupin andava de uma lado para o outro da cozinha ,Ravena estava com os olhos vidrados em algum ponto o infinito ,e Harry estava com o rosto enterrado entre os braços apoiados na mesa. Foram arrancados de seus estados por um rumor forte de vários passos vindo em direção ao aposento. Pouco tempo depois viram entrar pela porta quatro rostos sorridentes que mudaram de expressão ante aquela visão.
Rony ,Hermione ,Gina e Tonks estacaram no beiral da porta juntamente e tentavam assimilar a cena . Foi Rony quem falou primeiro
-Que cara são essas ? Morreu alguém? - seu olhar percorria todos detendo-se demoradamente em Harry .
Como aparentemente ninguém ali conseguisse falar ,Hermione se adiantou lançando um olhar repreensivo em direção a Rony e sentou ao lado de Ravena . Gina fez o mesmo e Tonks foi até onde Lupin estava parado em pé.
- Vocês vão nos contar o que aconteceu aqui ? - e olhando em volta acrescentou - Aonde está Anne ?
Lupin e Harry se entreolharam ,e como se percebessem que Ravena não teria condições de fazê-lo ,iniciaram a narrativa dos acontecimentos . Não esquecendo de acrescentar a nova versão dos fatos sobre a morte de Dumbledore pelo prof. Snape. Demorou algum tempo até que todos digerissem todas as informações ,mas foi novamente Rony que quebrou o silêncio.
- Vamos lá ,pessoal .Vocês não acham que apesar de Anne ser sua filha ,Snape vai arriscar seu pescoço ,não é? - e nem bem tinha acabado de pronunciar aquelas palavras, encontrou o olhar de Hermione fuzilando-o.
- O que vamos fazer Harry? - e encarando o amigo - Não podemos ficar aqui parados.
- Srta.Granger. agradeço sua preocupação com minha filha ,sei que são amigas ,mas eu confio no meu marido.- e a voz suave de contralto de Ravena se fez ouvir no ambiente.
- Você tem certeza de quer esperar ,Ravie ? - disse Lupin - Poderíamos contatar a Ordem
- Eu acho que Ravena está certa ,Remo - e Tonks falou - Não sabemos aonde ela está , e se está com Voldemort ,teremos que nos organizar muito bem para retirá-la de lá. Tenho que admitir que precisamos que Snape volte com o que apurou.
Todos concordaram ,menos Rony que parecia contrafeito depois do olhar que Hermione lhe lançara. Não precisaram esperar muito tempo para que suas perguntas fossem respondidas. Snape entrou pela porta cerca de duas horas depois. Ravena colocou-se de pé e correu na direção dele com os olhos cheios de lágrimas e abraçando-o
- Como está Anne ?- e encarou-o - Você a viu ,Severo ?
- Ela está bem , Ravie - e beijando-lhe - Estive até agora com ela ,mas vim trazer um recado para Potter.
E deu-se conta de que vários pares de olhos os encaravam estupefados com a cena que asssistiam. Snape percebeu que decididamente não inspirava sentimentos românticos em nenhum dos presentes ali , a exceção da esposa. E correndo o olhar pela sala ,voltou ao seu normal.
- O que significa isso ?- e com seu tom peculiarmente arrogante - Uma reunião de escola ?
- Viu ,eu não disse ?- sussurrou Rony ao ouvido de Mione que estava em pé ao seu lado - Ele não mudou nada.
- Não foi o que vimos a pouco - disse-lhe ela igualmente baixo - Não me parecia uma reação convencional que Snape teria ,não é mesmo ? - Rony assentiu com a cabeça e ficaram em silêncio antes que o antigo professor de poções explodisse novamente.
- Diga ,Severo ,qual o recado que tem para Harry ? - disse Lupin
Harry estava em pé ao lado de Gina , e Ravena tinha ido em sua direção colocando-se também ao seu lado . Encarou o marido e falou com voz controlada
- O que Voldemort quer com Harry ?
- Bom ,ele acha que o sr. Potter aqui tem algum tipo de relacionamento com min.......Anne - e encarou Harry com seus olhos pretos - Devo admitir que senti um certo alívio ante as desconfianças do Lord das Trevas. Felizmente ele não sabe quem Anne é ,mas exige um encontro com Harry para libertá-la. Sozinho.
Todos os olhares da sala caíram sobre Harry , enquanto ele olhava de Ravena para Snape e depois para Lupin.
- Harry não pode ir sozinho - disse prontamente Hermione.
- Agradeceria se não se intrometesse mais ,srta.Granger - Snape falou ironicamente - Acredito que nenhum de nós aqui esteja querendo oferecer Potter como um prêmio.- e virando-se para Lupin e Ravena continuou - Vocês tem que contatar a Ordem ,e chamar a todos . Inclusive o pessoal do Ministério . Se quisermos derrotá-lo tem que ser agora ,Harry já fez o que tinha que fazer e não há mais porque evitarmos esse confronto.- voltou-se para Harry - Você está pronto Potter?
- Sim ,senhor - disse Harry surpreendentemente ,e dirigindo-se á Ravena - Ainda há Nagine ,tenho que liquidá-la também ,antes de atacá-lo .
- Daremos um jeito nisso ,Potter - disse Snape - Organizem tudo ,não esqueçam do Ministério ,ou nossa investida não será bem sucedida - e virando-se para Potter - Amanhã a noite no cemitério ,você irá sozinho ,entendeu? Os outros esperarão o sinal para entrar em ação.
Severo foi até Ravena e sussurou-lhe no ouvido para que ninguém os ouvisse .
- Fique tranqüila - e dando-lhe um beijo de despedida - Não deixarei nada de mal acontecer á Anne . Preciso te pedir uma coisa ,colocando o Ministério em ação e você não tem escolha ,é quase certo que me prendam pela morte de Dumbledore......se eu sobreviver - os olhos de Ravena se encheram de lágrimas e ele os enxugou ,descendo os dedos até sua boca para que ela não falasse - Só há uma maneira de provar minha inocência procure a prof . Trelawney , entendeu? - Ravena assentiu com a cabeça e abraçou - o.
Ficaram alguns minutos assim ,então Snape retirou-lhe os braços que estavam em volta de seu pescoço dizendo
-Tenho que ir - e deu-lhe um sorriso quase infantil - Adeus !
E saiu da cozinha em direção á porta ,farfalhando sua longa capa preta. Todos ficaram em silêncio ante ao que havia sido dito ali. E Ravena acabou quebrando -o
-Temos que chamar a todos ,eu vou ao Ministério falar com Scrimgeour - e voltou-se para Lupin - Reúna a Ordem , quero todos aqui quando eu voltar.
E pegando sua capa ,saiu para noite fria.
Harry entrou sozinho no cemitério onde havia confrontado Voldemort pela primeira vez durante o TorneioTribruxo. Passou pela estátua aonde havia ficado preso e destinguiu uma forma em pé a sua frente envolta numa capa . Perto de seus pés estava um corpo caído ,Harry avançou com a varinha em punho. Quando estava já bem próximo ,pode ver que o corpo caído era o de Anne , ele abaixou ao seu lado e viu que a respiração dela era fraca . Levantou e caminhou em direção a Voldemort. Viu quando a enorme cobra se enroscou na estátua depois de passar pelos pés de seu amo.
Voldemort retirou o capuz e virou-se para Harry, soltando uma enorme gargalhada. Ele pode ver então a mesma expressão que vira a três anos atrás ,o mesmo olhos vermelhos ,o mesmo nariz com fendas ,e expressão cadavérica de seu rosto. Sem baixar a varinha ele viu Voldemort se aproximar lentamente.
- Harry Potter ,nos encontramos de novo.- e dando uma nova gargalhada histérica - Pena que dessa vez eu terei de matá-lo.- e voltando com a varinha apontada para o corpo de Anne - Talvez eu devesse matá-la primeiro ...O que acha Potter ?
- Deixe-a fora disso ! – ameaçou Harry com a varinha apontada na direção dele.
- Ora ,ora..........é uma atitude louvável a sua – e deu-lhe um sorriso sarcástico – Porém creio que esteja em desvantagem no momento – erguendo a varinha para o céu ,fez um movimento e a Marca Negra apareceu.
Em frações de segundo a roda de Comensais se formou em volta de Voldemort . Harry percebeu que muitos dos lugares vazios daquela noite doTorneio estavam agora preenchidos. E viu quando a figura encapuzada de Snape apareceu a direita de Voldemort . Se encararam por segundos , Harry percebeu um leve brilho de satisfação cruzar os olhos do professor.
- Meus fiéis Comensais ,essa noite marcará o início de uma nova ordem no Mundo – e circundou Harry e Anne ,que continuava inconsciente –O menino que sobreviveu , assim como todas as mentiras alimentadas por ele , deixarão de existir – e virando-se para Harry ,ordenou – CRUCIUS!
Harry caiu de joelhos se contorcendo ,sentiu a dor percorre-lhe cada parte do corpo e da alma , e depois cessar.
- Vamos ,levante-se – e deu novamente uma gargalhada – Ainda nem começamos a brincar , Harry......... IMPERIUS !
- EXPELLIARMUS ! – gritou Harry , e como aconteceu na outra noite suas varinhas ficaram presas uma na outra.
Vários feixes verdes e vermelhos saíram de ambas varinhas ,que começaram a vibrar como uma descarga elétrica estivessem mantendo-as assim. Um fino feixe de luz ligava as duas varinhas ,nem verde ,nem vermelho ,mas um dourado intenso. Então ele e Voldemort foram erguidos no ar ,e se afastaram do grupo . Vários outros feixes dourados saíram de suas varinhas formando um arco sobre os dois , e foram se entrecruzando até formarem uma teia impenetrável.
No mesmo instante em que isso acontecia vários estampidos foram ouvidos em todos os cantos do cemitério .Feixes de luzes coloridas começaram a cortar a escuridão da noite , a Ordem e o Ministério entravam em ação. Foram gritos de maldições e feitiços conjurados pelos dois lados. Ravena emergiu da escuridão seguida por Lupin , Moody , Tonks e as crianças . Foi na direção aonde Severo estava em pé se desviando do ataque de um auror do Ministério. Assim que ele a viu cair sobre o corpo da filha ,ordenou ..
- Ande ,Ravie. Ela está bem .......Mate a cobra – ele desviou de mais um feixe verde – Harry não suportará muito tempo.
Ela se virou ,apontou a varinha em direção a Nagine ,que percebendo seu movimento ,avançou em direção a seu algoz . Ravena então gritou – AVADA KEDAVRA !
Um feixe de luz acertou a cobra ,fazendo –a tombar ao chão. Enquanto isso um grito soou na noite .Voldemort soltara um grito lancinante acima de suas cabeças . Bellatriz a encarou avançando em sua direção.
- Não vai a lugar algum ,srta.Brown – e dando sua gargalhada maléfica –Temos conta a acertar......CRUCIUS !.
- IMPEDIMENTA! – e Ravena devolveu-lhe o olhar – Essa noite eu a matarei , Bella...... -EXPELLIARMUS !
Enquanto isso Severo se livrava de seu atacante e saía na direção de Harry. Gritos de dor foram ouvidos e várias cabeças surgiram da ponta da varinha de Voldemort e circundaram -os . Sua varinha começou a tremer ,ele percebeu que não iria agüentar por mais tempo e ordenou a Snape.
- Mate-o! Agora !
- Snape levantou sua varinha em direção ao arco , e gritou..
- AVADA KEDAVRA! – e um feixe verde de luz partiu da ponta de sua varinha acertando Voldemort em cheio .
O que aconteceu a seguir foi um baque surdo do corpo de Harry colidindo com o chão ,e feixes de luzes que saíam por todos os lados do corpo de Voldemort ,que continuava suspenso no ar . Segundos depois não havia mais sinal do Lord das Trevas. Severo abaixou –se ao lado de Harry e perguntou ao menino.
- Você está bem ,Potter ? - e pela primeira vez Harry pode ver uma sombra de preocupação passar pelos os olhos do professor.
- Sim ,estou bem – e encarando-o – Acabou ,não ,professor ?
- Sim ,Potter. – e concluiu – Voldemort está morto.
Ele se levantou e viu Ravena duelando com Bellatriz , foi em direção a elas ,mas nesse momento Rufo Scrimgeour apontou para seu rosto a varinha e sentenciou .
-Severo Snape você está preso pela morte do diretor de Hogwarts ,Alvo Dumbledore.
Ravena acabara de acertar Bellatriz com a Maldição da Morte ,e seu corpo rolou para o chão . Ela saiu ao encontro de Rufo e Snape . Scrimgeour estava atando-lhe as mãos com laços mágicos ,quando Ravena se aproximou e colocou suas mãos sobre o rosto do marido. Ele a fitou demoradamente e disse :
- Anne está apenas induzida ao sono .Você sabe o contra-feitiço para isso – deu-lhe um sorriso pálido – Dê-lhe um beijo por mim.
- Eu não vou deixá-lo preso – e seus olhos verdes marejaram – Já encontrei Sibila , ela irá depôr .
Severo deu-lhe um rápido beijo e foi levado pelos aurores do Ministério junto com os outros Comensais .Harry se aproximou dela ,assim como Lupin ,e Hermione. Ravena deu-lhes um sorriso sem graça , foi até a filha ,e começou a conjurar o contra-feitiço . Anne abriu os olhos e abraçou a mãe. Aquele momento pertencia somente as duas.
O dia do julgamento de Snape chegou ,e com ele muitas outras prisões e mortes de Comensais e simpatizantes de Voldemort que haviam fugido. Draco estava preso junto com Lucius , e ambos iriam a julgamento logo após a audiência de Severo.
Anne e Ravena foram ao Ministério acompanhadas de Moody e Lupin . Tonks ,os meninos e, o sr e a sra. Weasley , os encontrariam lá. Harry teria que depôr pois assistira o assassinato. Eles atravessaram o salão de entrada ,desceram pelo elevador e percorreram os corredores até a sala do tribunal. Os outros já estavam ali ,menos Harry que como testemunha tinha que ficar numa sala a parte. Anne , Ravena , Moody e Lupin tomaram seus lugares. Scrimgeour tomou seu lugar para presidir a sessão e deu por aberto o julgamento.
Snape foi trazido e colocado no centro da sala com as mãos amarradas . Ele levantou seus olhos percorrendo as fileiras de cadeiras até encontrar os olhos de Ravena. Ficaram assim durante um tempo ,e ela pode ver que o marido estava abatido e mais magro. Ela apertou as mãos de Anne entre as suas e um frio inundou-lhe a alma . A voz de Rufo Scrimgeour anunciou o início da sessão com uma rápida explanação da acusação ,e fez entrar as testemunhas.
Seguiu-se uma longa rotina de depoimentos ,que pareciam intermináveis. Severo ficou impassível o tempo todo. Até que um membro do Ministério anunciou a entrada de Sibila Trelawney ,os olhos de Ravena a encararam e os de Snape também. Um cheiro de xerez barato inundou o ambiente ,e ela olhou Scrimgeour através de seus óculos de lentes grossas.
-Srta. Trelawney está sob juramento ,então devo advertir –lhe que não será tolerada qualquer tentativa de obstrução da verdade por essa corte – e encarando-a - Fui claro?
- Sim .sr – ela olhou para Snape.
- A srta conhece o acusado ?
- Sim Excelência. Foi meu colega em Hogwarts , ocupava o cargo de professor de poções.
- Sabia que ele é acusado de matar o diretor da instituição na qual a srta. trabalha ,Alvo Dumbledore ?
- Sim ,sr.
- Srta. Trelawney , o réu alega que cumpria ordens de Dumbledore ao matá-lo naquela noite .A srta. tem conhecimento de algo que comprovasse essa afirmação,e possivelmente pudesse inocentá-lo?
Um silêncio mortal caiu sobre a sala ,parecia que os batimentos das pessoas ali presente deixaram de existir. Ravena encarou Severo ,ele continuava com o olhar frio e distante . Ela olhou a professora que se ajeitou na cadeira e recomeçou a falar.
- Sim .sr. - e olhando todos a sua volta ,deteve-se na figura de Ravena e sorriu-lhe – Severo Snape estava sob juramento naquela noite , Alvo e ele fizeram um Voto Perpétuo.
Uma seqüencia de oohs e aahs foram ouvidos de todos os lados da sala ,e um murmurinho ameaçou impedir o desenrolar da sessão. Scrimgeour ordenou levando a varinha ao pescoço.
- Silêncio! – e virou-se para Sibila – A srta tem certeza do que diz ?
- Claro que tenho – e encarou-o – Eu fui a avalista.
- Está com sua varinha ,srta ?
- Sim.
- Poderia emprestá-la á esse tribunal ,a fim de que se comprove o que diz? - e os olhos do Ministro estudaram sua reação.
- Certamente – e retirou a varinha das vestes dando-a ao auror ao seu lado.
- Poderia nos contar ,enquanto fazemos o teste necessário ,como isso se deu?
- Bom – ela encarou Severo que retribui-lhe com um olhar penetrante – Fui eu quem fiz a profecia sobre a queda de Voldemort através do filho de um desafeto seu. Havia me encontrado com Dumbledore no Cabeça de Javali para uma entrevista a fim de tentar uma vaga como professora e contei-lhe sobre a profecia.
- Vamos ,continue ,srta.- disse Scrimgeour.
- Numa certa altura da conversa ,Dumbledore percebeu que alguém nos escutava , e ao abrir a porta demos de cara com o prof.Snape aqui presente - e fitou-o – Logicamente ele deu uma desculpa qualquer e se retirou . Alguns dias depois ,já estava lecionando em Hogwarts ,quando fui chamada á sala do diretor . Para minha surpresa Snape estava em pé em frente a Dumbledore .Alvo então me pediu que pegasse minha varinha ,ao que eu prontamente atendi .Eles uniram suas mãos direitas ,e eu coloquei aponta de minha varinha sobre as mãos deles. Dumbledore só perguntou a Severo se ele sempre seguiria suas ordens ,fossem quais fossem as circunstâncias e enquanto ele vivesse. Isso é tudo.....Preciso descrever o que acontece quando de faz o Voto Perpétuo ?
- Ao quebrá-lo a pessoa morre. – completou Scrimgeour – Há algo mais ?
-Sim.- ela pigarreou - Foi na minha frente também que ele pediu que Severo o matasse
- Como srta.?
- Isso mesmo. – e se endireitou mais uma vez na cadeira – Eu previ a morte de Dumbledore e contei á ele. Apesar de achar que ele não deu muita importância para a morte em si , ele chamou Snape e o fez prometer que se Draco não o matasse ,Snape o faria. – e olhando Snape que continuava imóvel – È tudo ,sr.
O auror trouxe a varinha de volta e sussurrou qualquer coisa ao ouvido de Scrimgeour ,ele assentiu. Levantou-se ,andou até a prof. Trelawney , e devolveu-lhe a varinha . Voltou-se para seu lugar ,sentou e encarando Snape ,proferiu em alto e bom tom.
- O réu aqui acusado ,Severo Prince Snape ,é inocente de todas as acusações que foram-lhe impostas. Esse é o veredicto final desse tribunal.- dizendo isso empunhou a varinha e soltou as amarras do pulso de Snape.
Ravena levantou-se e correu pelas fileiras de cadeiras ,descendo até onde Severo estava . Anne veio atrás mas foi parada pelos amigos que abraçaram e felicitavam. Ravena se aproximou , pela primeira vez Snape não se importou com os olhares a sua volta, e ele a puxou para si dando-lhe um beijo apaixonado. Enquanto isso ela passava a mãos pelos seus cabelos como se quisesse arrancá-los. Ficaram presos um ao outro pelos lábios ,pela alma ,por seus corpos. Eles fitaram Anne de longe e foram em sua direção.
- Vamos para casa ,querida? – e dando um sorriso á todos, deixaram o tribunal.
FIM
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