Capitulo Unico



Por que teve que ser assim? Não é justo! Logo agora que a descobri... logo agora que eu seria feliz... por que ela não me ouviu quando a pedi para ficar em casa, em segurança? Será que sou mesmo um amaldiçoado, que nunca terá as pessoas que ama por perto? Depois de tudo o que passei na vida, depois de tudo o que fiz nesses últimos meses, dessa caçada maldita aos horcruxes, depois de vencer Voldemort! Não foi fácil... eu sabia que não seria. Mas acabar assim? Prefiro morrer a aceitar que o destino leve mais uma vida por minha culpa. Não posso aceitar essa idéia de viver sem a presença dela, sem ver nunca mais seu sorriso doce, sem sentir seu perfume, sem poder abraçá-la, beijá-la, dizer que eu a amo mais do que tudo na vida, que penso nela todo o tempo, que quase desisti de tudo para voltar e ficar com ela. Que sonhei com o dia que tudo isso teria acabado, e que eu poderia pedi-la em casamento, que poderia amá-la sem medo de que nada nem ninguém pudesse nos separar. Com o dia em que eu seguraria nosso bebê nos braços, e cantaria para ele dormir. Por quê?

Harry Potter, o Escolhido, o Menino-que-Sobreviveu, o jovem que matou o Lorde das Trevas. Nesse momento ele não era nenhum desses. Sentado em um banco no corredor do hospital bruxo St. Mungus, ele era só um homem de 19 anos. Seus cabelos negros estavam compridos, e pela sua pele clara se viam cicatrizes, marcas de sua caçada e das batalhas. Seu braço direito estava envolto em ataduras, onde ele sofrera um corte profundo. Em seus olhos verde-esmeralda não havia mais brilho. Em seu peito os únicos sentimentos existentes eram a dor e a culpa. Ao seu lado, um ruivo mais alto que ele, também de 19 anos. Havia quebrado umas costelas, mas já tinha sido atendido e estava devidamente medicado. Em seus olhos se via lágrimas, em seu rosto desespero. Estava de mãos dadas a uma morena, de cabelos volumosos e desgrenhados. Esta não estava em melhores condições que os demais. A perna havia se quebrado, e na testa um curativo tampava o corte recente. Rony e Hermione, os melhores amigos de Harry, que agora estavam namorando, faziam questão de estar ao seu lado nesse momento, mesmo ele tendo pedido para que eles fossem descansar. A batalha havia acabado há dois dias, mas uma nova batalha estava sendo travada no quarto em frente a eles.

Ele se lembrava perfeitamente da última vez que estiveram juntos.

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Era um dia quente de verão. Harry tinha feito 17 anos poucas semanas antes e o casamento de Gui e Fleur tinha acontecido no dia anterior. Eles estavam sentados à sombra de uma árvore no topo de uma colina, próxima a Toca. De onde estavam a vista era incrível. Se via um lago distante, as montanhas à frente, árvores espalhadas, pássaros voavam e cantavam. Eles estavam abraçados, apenas sentindo a paz em volta. Seus olhares se encontraram e assim ficaram, ele se perdendo naqueles olhos castanhos tão acolhedores, atraentes. Acariciou os longos cabelos ruivos da garota, que sorria. Os lábios dela chamavam os dele, e cedendo a esse pedido silencioso, ele a beijou apaixonadamente. Quanto tempo durou esse beijo? Ele não sabia dizer. Segundos, minutos, uma eternidade em suas lembranças. Ele a afastou somente o suficiente para poder olhá-la bem e guardar aquele momento na memória.

- Gina... eu...

- Eu sei. Eu vou com você. – disse ela tranqüilamente.

- Não Gina. Não vou deixar você ir comigo. Vai ser muito perigoso, e eu não sei se voltarei vivo. Não posso colocar sua vida em risco. Você vai ficar aqui, junto a sua mãe. – falou ele num tom de voz que não permitia ser contrariado.

- Não Harry. Eu vou com você. O Rony e a Mione vão, não é? Eu sei me defender tão bem quanto eles. Não vou ficar aqui sozinha sem notícias de vocês. Eu quero ajudar!

- Vai me ajudar ficando aqui. Não estou dizendo que você não sabe se defender, ou que seria um fardo nessa viagem. Pelo contrário. Eu adoraria ter sua companhia. Mas quero que isso tudo acabe e ter a certeza de que quando eu voltar, vou poder sentir o calor do seu abraço e encontrar a paz nos seus braços e a felicidade em seus beijos.

- Mas... – ela tentou argumentar novamente, e ele a impediu com outro beijo. Ele a abraçou forte, como se ela estivesse prestes a escapar e ele quisesse detê-la a qualquer custo.

- Por favor... – pediu ele, sussurrando no ouvido da ruiva.

-Eu te amo Harry. Não me deixe aqui sozinha.

- Eu também te amo Gina. E é por te amar tanto que vou te deixar aqui.

Ela ficou em silêncio. Ele a olhava com um olhar suplicante.

- Certo. Eu fico. – disse ela, levantando as mãos como quem se rende. Ele sorriu.

- E vai me prometer que quando a batalha começar a senhorita vai ficar aqui quietinha. – disse ele em tom paternal.

- Isso já é pedir demais. Não vou prometer isso. – disse ela decidida.

- Por favor meu amor!

- Sinto muito mas não vou prometer nada.

- Então me prometa que vai pensar nisso e que quando o momento chegar vai se lembrar do meu pedido.

- Certo. Mas isso não quer dizer nada.

- Ok.

O sol se punha atrás das montanhas, sinalizando o fim do dia. O céu avermelhado formava uma vista ainda mais linda. E diante dessa imagem eles se beijaram pela última vez. No dia seguinte, antes que alguém acordasse, Harry, Rony e Hermione se foram.

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Desde esse dia Harry passou a viver com um único objetivo, e nada seria capaz de fazê-lo mudar de idéia. Dois longos anos se passaram. Dois anos viajando por todo o Reino Unido. Dois anos sem ela. E o reencontro dos dois não poderia ter sido em pior lugar. Aquela cena nunca iria deixar de atormentar os sonhos dele. Foi tudo tão rápido.

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Enfim a grande batalha começou. Harry já havia destruído cinco horcruxes, sendo os que faltavam Nagini e o próprio Voldemort. O Lorde das Trevas havia atacado Hogwarts, juntamente com todos os seus comensais, os lobisomens, dementadores e alguns gigantes. Era um exército enorme. Do outro lado estavam a Ordem da fênix, os aurores do Ministério, centauros, que depois do que aconteceu a Dumbledore resolveram ajudar, e os vampiros, que apesar de serem pacíficos, quando resolviam brigar eram terríveis.

Harry e seus amigos souberam o que estava acontecendo e resolveram que esse era o melhor momento para acabar com tudo. Aparataram nos terrenos da escola e depois de muito custo Harry conseguiu matar Nagini e ficar frente-a-frente com Tom Riddle. Foi um duelo extremamente difícil. Harry havia melhorado seus ataques e suas defesas. O poder do garoto criava uma aura clara em torno de seu corpo. Mas Voldemort era um inimigo poderoso. Seus ataques por pouco não acertavam Harry e este já estava ficando cansado. Mas o cansaço não o desanimava, pelo contrario. Devido a isso ele se reerguia e voltava a atacar. E com todas as suas forças, lançou pela primeira vez a maldição da morte. E esta foi certeira no peito do adversário, que caiu. Uma fumaça verde se desprendia do corpo, que aos poucos foi se desfazendo, tornando-se cinzas por efeito da magia que trouxe este mesmo corpo de volta.

O moreno se levantou demasiado cansado. Seu braço estava banhado em sangue, resultado de um feitiço que o acertou de raspão. Seu olhar buscou no meio dos outros seus amigos, mas se surpreendeu com o que encontrou. Uma ruiva duelava com um comensal próximo a ele. No desespero de ajudá-la, lançou um feitiço no inimigo da garota, que caiu no chão imóvel. Ela olhou para ele, e um sorriso surgiu em seu rosto. Ele correu em direção a ela, e quando estava ao seu lado uma voz o chamou.

- Vejo que conseguiu Potter. Mas nada na vida é fácil. Diga adeus a sua namoradinha. Sua vida acaba aqui, hoje. – disse um homem encapuzado. O capuz caiu e Harry reconheceu seu antigo professor de Poções.

Tudo em seguida foi muito rápido. Harry estava fraco, e não foi capaz de conjurar um escudo a tempo de protegê-lo do feitiço lançado por Snape. Mas antes que esse o atingisse, alguém se pôs em sua frente, exatamente na hora em que o feitiço ia atingi-lo, acertando assim a outra pessoa. Harry viu Gina cair diante dos seus olhos. No mesmo instante a garota foi ficando pálida, seus olhos o olharam uma última vez e se fecharam. Seu corpo se contorcia de dor.

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Assim que se deu conta do que tinha acontecido, Harry pegou Gina nos braços e aparatou no St Mungus, desesperado. A respiração dela era fraca. Correu pelos corredores gritando para que alguém o atendesse. Um medibruxo já mais velho, de cabelos grisalhos, apareceu e levou Gina. Horas depois os outros Weasleys apareceram e Harry contou toda a história a eles. Assim que terminou seu relato, a porta do quarto onde Gina estava se abriu, e o medibruxo saiu com uma expressão indefinida. Chamou os pais da garota em sua sala, mas Harry impôs sua presença nessa conversa, e juntamente com o Sr e a Sra Weasley se sentou diante da mesa do medibruxo. Este começou a falar.

- Vou ser direto, pois não temos muito tempo. A filha de vocês foi atingida por um feitiço desconhecido, e se encontra agora em coma profundo. Suas energias estão se esgotando, e não há nada que possamos fazer para acordá-la. Se ela não acordar nas próximas 48 horas não haverá mais chance de sobrevivência.

Foi terrível. Os Weasleys se abraçaram e choraram, desesperados. Harry ficou em estado de choque, não conseguia dizer nem fazer nada. Somente o choro dos pais da garota eram ouvidos na sala. Despertando de seu estado, Harry falou, com a voz desesperada.

- O que eu posso fazer para ajudar?

- Receio que nada, meu jovem. Se ao menos soubéssemos o que foi que a atingiu, mas parece que foi um feitiço novo, até então desconhecido a todos aqui.

- Se eu descobrir o que foi que a atingiu vocês podem salvá-la?

- Acredito que sim. Mas precisamos saber do que se constitui o feitiço. Como foi criado e seus efeitos. Se soubermos isso teremos grande chance de acordá-la e tratar as conseqüências.

- Eu vou trazer essas informações ao senhor. Não vou permitir que Gina morra. – disse Harry se levantando e saindo da sala. Ele já sabia quem teria essa informação, mas não seria fácil obtê-la.

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Harry se viu diante do elevador no Ministério da Magia. Tinha que falar com Rufus Scringeuor urgente. Assim que disse seu nome ao secretário do ministro da magia, foi como se todas as portas se abrissem para ele. Entrou no elevador e foi para o segundo andar, onde ficava a sala do ministro.

As portas do elevador se abriram dando passagem ao jovem. Um homem grande de cabelos acinzentados em forma de juba o aguardava diante de uma sala. Ele o cumprimentou sorridente.

- Esperei por sua visita por muito tempo, meu jovem. É uma honra tê-lo aqui.

- Não tenho tempo para conversas, Scringeour. Meu tempo é curto, e preciso de um favor seu. – disse ele sério.

- No que eu puder te ajudar, eu farei.

- Ótimo então. Preciso ir a Azkaban agora e conversar com um dos presos.

- Azkaban? Posso saber por que você deseja ir lá?

- A vida de uma pessoa depende disso. Não sei como chegar até lá, então vim pedir a você.

- Veio ao lugar certo. Vou te dar uma chave de portal que o levará até lá, mas em troca...

- Faço o que você quiser em troca, mas tenho que ir rápido.

- Certo. Venha comigo. O chefe dos aurores irá te acompanhar, assim você economiza tempo. Posso saber com quem você quer falar?

- Soube que vocês conseguiram capturar quase todos os comensais hoje pela manhã e os levou para lá. Acredito que tenham capturado Snape, certo?

- Oh sim! Severus Snape! Foi um dos primeiros.

- Odeio ter que dizer isso, mas vou precisar da ajuda do Seboso.

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Harry sentiu o conhecido puxão pelo umbigo, e tudo começou a girar freneticamente. Quando conseguiu abrir os olhos novamente, estava de frente a grandes portões de ferro. As suas costas as ondas batiam violentamente na rocha. A ilha parecia não ter vida alguma. O chão era a rocha, fria e lisa. As paredes da prisão eram também da rocha, deixando tudo monocromático. O auror ao seu lado falou algo com um dos sentinelas que guardavam os portões e em seguida esse se abriu, dando passagem aos dois. Andando pelos corredores se ouviam os gemidos dos presos. Mas Harry não estava interessado nisso. Seus olhos buscavam o homem de cabelos oleosos, e o encontrou sentado no canto de uma cela.

- Acredito que esta não seja uma visita amigável. – disse Snape, com seu sarcasmo.

- É óbvio que não.

- O que você quer aqui?

- Quero saber que feitiço foi aquele que você lançou em mim. Você que o criou, certo?

- Você se refere ao feitiço que acertou a idiota da Weasley? Sim, fui em quem o criou sim. Uma bela criação, você tem que admitir. Como ela está agora? Imagino que em coma.

- Não se refira a Gina dessa forma novamente se quiser continuar vivo.

- Foi como um deja vu, não foi Potter? Novamente uma mulher se sacrifica para que você se salve. Patético.

- Gina não morreu e não vai morrer. Você vai me dizer como criou aquilo e o que ele faz.

- E por que eu faria isso?

- Se não fizer isso eu te mato.

- Me mate então. Viver aqui preso com esses dementadores sugando minhas lembranças não é como eu imagino passar o resto de meus dias.

- O que você quer? – disse Harry a contragosto. Não queria negociar com Snape, mas a vida de Gina dependia disso.

- Quero a liberdade Potter. E você vai me dá-la.

Harry hesitou. Soltar Snape não estava em seus planos. Não o homem que entregou a profecia a Voldemort e arruinou sua vida, não o homem que matou covardemente o diretor e amigo Dumbledore, não o homem que deixou Gina no estado em que estava. Mas ele não tinha escolha. Teria de ceder ao pedido desse homem, se quisesse ter sua amada em seus braços novamente.

- Certo. Assim que você me disser o que quero saber mando te soltarem.

- Errado. Me solte, e aí sim eu lhe dou o que quer.

Era perigoso, mas ele não tinha outra forma.

- Ok. Soltem-no. – ordenou ele ao auror ao seu lado. Este o olhou indeciso. – Pode deixar que eu me acerto com o Ministro.

O auror abriu a cela e Snape passou. Andando ao seu lado Harry foi saindo da prisão. Seu antigo professor estava desarmado, o que tranqüilizava Harry. Saíram pelos portões.

- Me leve até o hospital. Lá eu conto tudo o que os medibruxos quiserem saber, e depois vou-me embora.

E assim Harry fez. Voltaram com a mesma chave de portal e saíram do ministério apressados. Harry conjurou cordas que envolviam Snape e o impediam de ir para longe do garoto. Aparataram no St Mungus segundos depois e ele o levou até a sala do medibruxo que cuidava de Gina. Os outros bruxos olhavam para eles assustados e curiosos. Passaram diante da porta do quarto de Gina, e os Weasley tentaram saber o que aquilo significava, mas Harry não os deu ouvidos. Tinha pressa. Já tinha se passado um dia inteiro. Entraram na sala do medibruxo, que se assustou de ver um Comensal em sua sala. Harry fez um sinal a Snape e esse, a contragosto, começou a contar como criou o feitiço, que fazia o inimigo entrar em um estado de letargia enquanto suas energias eram sugadas, até que a pessoa entrava em coma e em seguida morria. Assim que ele falou tudo o que o medibruxo precisava saber, ordenou a Harry que o libertasse, e esse assim o fez. Segundos depois Snape desaparatou, sumindo da vista de todos para sempre.

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Agora Harry estava sentado num banco em frente ao quarto de Gina, acompanhado por Rony e Hermione. Os pais da garota estavam junto a ela no quarto e os outros irmãos tinham ido em casa descansar. O Sr Weasley disse a Harry que fosse também, já que não dormia há dias e estava fraco e abatido, mas ele não quis. Tomou uma poção revigorante e continuou sentado, esperando. Estava nas mãos dos medibruxos agora.

O medibruxo que estava cuidando de Gina, Dr Andrew, veio se aproximando com alguns frascos nas mãos. Dentro desses remédios de várias cores. Ele entrou no quarto e logo o Sr e a Sra Weasley saíram para que ele tratasse de sua filha. Ele ficou um bom tempo lá dentro, e assim que saiu veio falar com eles.

- Fizemos tudo o que podia ser feito. Agora depende dela.

Uma onda de medo se espalhou em todos os presentes. E se Gina não reagisse? E se Snape tivesse falado algo errado?

- Você quer entrar, Harry? De todos aqui você foi o único que ainda não a viu. – disse o Sr Weasley, pousando a mão no ombro de Harry. Este assentiu com a cabeça e entrou no quarto.

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O quarto era claro. Da janela a luz do sol iluminava o ambiente. Havia uma única cama, onde a jovem estava adormecida.Um único fio estava pregado ao peito dela e ligado ao lado em um aparelho, semelhante ao usado em hospitais trouxas para monitorar os batimentos cardíacos. Encostada na parede uma cadeira. Tudo branco. Harry se aproximou da cama para vê-la melhor. Seus cabelos cor de fogo contrastavam violentamente com o tom pálido da pele. Alguns arranhões eram vistos em seu rosto, mas nada sério. Era como se ela estivesse dormindo tranqüila. Ele acariciou os cabelos dela, pegou a cadeira e colocou-a encostada na cama. As mãos dela repousavam próximas ao corpo. Harry pegou uma delas e entrelaçou a sua. Aquela visão era terrível aos olhos verdes do garoto.

- Sua teimosa! Por que não ficou em casa como eu te pedi? Custava ter me obedecido só dessa vez? – falava ele a ela, mesmo sabendo que provavelmente ela não o ouvia.

- Você tinha que ser da Grifinória? Corajosa, impulsiva? Eu preferia que você fosse da Corvinal, inteligente e tranqüila.

Tu.......Tu.........Tu......... – fazia o aparelho ininterruptamente.

- Senti tanto a sua falta. Inúmeras vezes eu me vi pegando minhas coisas para voltar e te ver, mas desistia. Foram dois anos muito difíceis. Sonhava todas as noites com você. Sonhos em que eu a tinha em meus braços, e sentia seu calor. E agora? A senhorita pode me dizer como é que eu fico? – a voz dele já saia embargada pelas lágrimas que vinham aos olhos, sem que nenhuma caísse.

Tu........Tu..............Tu..............

- Acorde, meu amor! Eu preciso de você! Só ao seu lado que eu encontro a paz. Só você é capaz de acalmar meu coração. Acorde minha ruivinha! O que será de mim sem você? Tudo o que fiz foi pensando no dia em que nós dois seríamos um casal de novo. No dia em que eu a tornaria a Sra Potter. Acorde, Gina! – as lágrimas já caiam sem que ele se importasse com elas. Logo ele que quase nunca chorara. Ele abaixou a cabeça sobre a cama, beijando a mão delicada da garota.

Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Disparou o aparelho. Harry, que já sabia o que aquilo significava, desesperado, olhou para o monitor ao seu lado. Não havia mais batimentos.

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Foi tudo muito rápido para Gina. Ela viu a maldição lançada por Snape se aproximar de Harry e viu o quando ele não conseguiu conjurar um escudo para se proteger. No ímpeto, ela se jogou entre a maldição e seu amado. Não ia deixar nada acontecer com ele. Não agora, que tudo estava praticamente terminado. Não agora em que ele poderia ser feliz. Sentiu o feitiço bater em seu peito e uma dor descomunal, que a fez cair. A última coisa que viu foram os olhos verdes dele. Depois, o escuro.

E era no escuro que ela se encontrava. Não conseguia sair dali. Estaria dormindo? Tentou abrir os olhos, mas não conseguiu. Sentia-se fraca. Muito fraca. Depois sentiu algo sendo entornado dentro de sua boca. Sentiu um gosto amargo do líquido. Deve ser remédio, pensou. Silêncio. Aquilo a angustiava. Não conseguia ver nem ouvir nada. Onde estaria?

Estão sentiu paz. Uma voz rouca a chamava. De quem era essa voz? Ah, sim. É do Harry. Do MEU Harry. Ele a pedia para acordar. Estou tentando, meu amor, ela tentou dizer, mas de sua boca não saia som algum. Ele pediu novamente. Ela podia ouvir que ele chorava. Mas Harry quase não chora, pensou. Por que ele está chorando? Será que é por minha causa? Ouviu-o perguntar o que seria dele sem ela. Não vou deixá-lo, querido! Não posso deixá-lo. Sentiu-se mais forte. Tentou abrir os olhos, e dessa vez conseguiu. A claridade cegou suas vistas por alguns segundos, então começou a enxergar o lugar. Estava em um quarto de hospital, deduziu. Sentiu algo a incomodando no peito. Com a mão esquerda tateou o peito e arrancou o fio que estava preso ali.

Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Viu Harry de cabeça baixa ao seu lado, e assim que aquele som foi ouvido, o garoto levantou-se e ficou olhando um monitor ao lado.

- Não... – sussurrou ele num fio de voz.

Novamente com a mão esquerda, já que a direita estava segura na de Harry, ela tocou o ombro dele e o puxou para que a olhasse.

- Gina... – disse ele, e um sorriso se abriu em seu rosto. As lágrimas ainda caíam. Ela as secou com a ponta dos dedos.

- Oh, por Merlin Ginevra Molly Weasley! Nunca mais me de um susto desses! – disse ele abraçando-a. E assim ficaram, os dois abraçados. Gina acariciava os cabelos negros dele.

- Você está péssimo. – disse ela olhando o rosto dele próximo ao dela.

- É assim que eu fico sem você. – disse ele sorrindo.

- Vou cuidar de você.

- Acho que sou eu quem vai cuidar de você primeiro. Posso saber quem foi que deu ordens pra você se jogar na minha frente? – disse ele tentando soar irritado.

- Não podia deixar nada acontecer a você.

- Sei... eu devia estar muito irritado com você, sabia?

- Desculpa se te deixei assim. – disse ela fazendo uma carinha arrependida.

- Só tem um jeito de eu te desculpar. – disse ele olhando-a nos olhos.

- E qual é? – perguntou ela com um sorriso maroto no rosto, imaginando que ele ia pedir um beijo.

- Você aceitar o meu pedido de casamento. Aceita ser minha esposa, Sta Weasley?

- Ahn? – disse ela surpresa. Desde quando o conheceu desejou casar com o jovem amigo de seu irmão, mas agora não era sonho. Ele realmente a pediu em casamento!

- Eu sei que não é o lugar mais romântico do mundo nem o momento mais apropriado, mas é a única maneira que eu encontrei de ficar de olho em você 24 horas por dia e não deixar que nada aconteça a você novamente. E então?

- Ser sua esposa? Não sei...

Ele se levantou da cadeira e olhou fixamente para ela. Ela viu o quanto ele havia mudado. Estava mais alto, mais magro, o cabelo maior, a barba por fazer, a expressão cansada em seu rosto, as olheiras profundas. Ele já era um homem.

- Mas primeiro você vai ter que fazer essa barba. E dormir um pouco. E tomar um banho. E vestir roupas limpas. E...

- Eu faço o que você quiser. – disse ele se aproximando dela. Acariciou-lhe o rosto suavemente e roçou os lábios nos dela, fazendo um arrepio percorrer toda a sua espinha.

Não existem palavras para descrever a sensação daquele beijo. Um beijo carregado de saudade. Um beijo carregado de felicidade. Um beijo carregado de amor. Ninguém disse que seria fácil o que viria pela frente. Mas eles estavam dispostos a tudo. Porque nenhum obstáculo é capaz de deter quem está determinado. E nada é capaz de impedir o amor. Nada é fácil, mas para quem ama, nada é impossível.

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