Chrystine Potter
Um Outro Potter
Capítulo Quatro – Chrystine Potter
E contou. Contou tudo o que sabia. Quando terminou, Rony e Gina se entreolharam pálidos, e apenas Hermione conseguiu falar.
--- Você está nos dizendo que Ísis Okasha é na verdade Chrystine Potter, que ela é sua irmã e que vocês são meio-tenshikurôs, meio-elfos negros?
--- Você resumiu tudo, Hermione – Harry olhou para Rony e Gina. – Vocês estão bem?
--- Você está nos dizendo que é último tenshikurô homem nascido? – Rony gaguejou.
--- É – Harry franziu o cenho. – Por quê?
--- Nada, Harry – Gina sorriu. – Diz uma coisa. A Chrystine é de que escola?
--- Osíris – o garoto respondeu.
--- ‘tá brincando?! – Hermione exclamou espantada.
--- Não, não estou – Harry balançou a cabeça.
--- Isso explica o fato dela ter sido a vencedora do Torneio Mundial de Duelos. Osíris é a escola mais severa do mundo! – Hermione guinchou.
--- Seu exagero é comovente – Chrystine falou cinicamente, entrando na sala e a atravessando até uma cômoda. – A escola mais severa do mundo é Merlin’s Sons – ela remexeu em uma das gavetas e retirou pergaminho, tinta e um pincel japonês grosso. – Lá você aprende 22 línguas e só existem dois anos – Hermione olhava boquiaberta para Chrystine, que hábil e rapidamente pintava algo no pergaminho. – Eu tinha seis anos quando meu avô adotivo me mandou para lá. Eu era a melhor e mais nova aluna daquele palácio de gelo – ela pousou o pincel sobre a mesinha em que estava.
Chrys tocou o pergaminho, onde se via uma pintura sinistra. Vários homens em torno de uma mesa, onde se podia ver um outro homem deitado. Completamente despido. A garota assoviou. Uma águia apareceu voando e pousou em frente à Chrystine, que o enrolou o pergaminho e o colocou dentro de um cilindro que havia conjurado e entregou ao animal.
--- Entregue a Remo. Lembre-se de não ser visto de modo algum. E cuide-se – acrescentou e, assim que a ave saiu, voltou-se para Harry. – E eu não estudo em Osíris. Se foi o Sirius que te disse, ele só foi atualizado do que aconteceu comigo nos últimos anos agora há pouco – ouviu-se o barulho de gente saindo e se despedindo. – Eu sou professora naquela escola.
---Professora? – Harry estava realmente surpreso.
--- Sim. Eu ensino Poções, Duelos e Artes das Trevas – ela deu de ombros.
--- Você ensina Artes das Trevas? – Rony perguntou cauteloso.
--- Sim – ela olhou o ruivo. – Algum problema?
--- Não responda, Rony – Sirius entrou na sala, seguido de McGonagall e Snape. – É incrível, Chrys. Você tem o gênio da Lilly.
--- Não sei do que você está falando – Chrystine voltou-se para McGonagall. – Quando será a reunião, Minerva? Tenho uma audiência com uma equipe de arqueólogos bruxos no Cairo próxima semana.
--- Os professores se reunirão em Hogwarts este sábado às dez. Não se atrase. Uma vez que o ensino de uma de suas matérias será discutido, convém não faltar muito menos atrasar – McGonagall a olhou com severidade.
--- Eu devia ter imaginado – Christine revirou os olhos. – Então nos vemos sábado às dez. Shi-han, posso falar com você? Em particular?
--- Venha – Snape deu meia volta e saiu, seguido pela jovem.
--- É melhor eu ir, Sirius – e Minerva se voltou aos adolescentes na sala. – Devo dar parabéns aos três, principalmente à senhorita Granger, pelos excelentes N.O.M.s – ela parecia muito orgulhosa. – Nos vemos em Hogwarts.
Depois que McGonagall saiu, todos ficaram em silêncio, até que Rony perguntou:
--- Por que você disse para eu não responder, Sirius?
--- Pelo simples motivo de que você nunca daria ouvidos a ela – Sirius olhou o ruivo. – Assim como nunca daria ouvidos ao Snape se ele começasse a falar das Artes das Trevas. Por mais que a razão estivesse com eles, você nunca os escutaria. O Tiago fez a besteira de brigar com a Lilly e, no final, ela estava certa em fazer o que fez.
--- O que minha mãe fez, Sirius? – Harry olhou para o padrinho como se nunca o tivesse visto.
--- Ela pôs em você uma magia mui antiga, conhecida como Union.
--- Mas esse é um feitiço negro! – Gina exclamou, surpresa.
--- Aí é que você se engana, Gina. Union na verdade é uma magia branca. O problema é que apenas magos mais fortes, a maioria bruxos das trevas, conheciam essa magia. Eu sei disso porque em um dos diários da família Black há uma descrição dele. Como o Tiago não sabia, ele e a Lilly brigaram feio. Parecia uma competição para ver quem gritava mais alto – o animago olhou divertido para Harry – com você aos berros, chorando. A Lilly acabou expulsando o Tiago de casa, mas no final ele voltou, pedindo perdão com o rabo entre as pernas. Mas não sem passar uns dias comigo, levando bronca do Remo, enquanto eu explicava a ele sobre o Union – Sirius riu, mas logo voltou a ficar sério. – Tanto Lílian quanto Snape e Chrys (não digam ao Seboso que eu falei isso) tem razão quanto a esse negócio de magia branca e negra. Não existe nada disso, só existe a magia. Essa divisão é uma tolice. Se vocês não sabem, as Maldições Imperdoáveis foram criadas pelos fundadores de Hogwarts – os três soltaram exclamações de surpresa. – Helga Hufflepuff criou a Imperius, Rowena Rawenclaw a Cruciatus e Godric Gryffindor a Avada Kedavra.
--- ‘tá brincando, né, Sirius? – Gina perguntou descrente.
--- Não. Salazar Slytherin também criou sua própria Imperdoável, mas nem mesmo Voldemort a conhece. Quanto às outras três, Chrys as conhece como ninguém, a ponto de criar suas próprias maldições.
--- Que tipo de pessoa ela é, Sirius? – Hermione perguntou assombrada.
--- Você já ouviu falar de Vladimir Okasha, Hermione? – Sirius olhou para a garota.
--- O Você-Sabe-Quem africano? – ela franziu o cenho.
--- Existe um Voldemort africano? – Harry olhou com cara de dúvida para o padrinho.
--- Não só existe, como foi o tutor e avô adotivo da Chrys. Ela foi entregue à filha dele, Allis Okasha, que era nossa amiga nos tempos de Hogwarts. Nada mais natural do que ela ter essa afinidade com as Artes das Trevas. Além disso, tem essa amizade com o Snape, que veio não sei de onde – Sirius fez uma careta.
Quando o animago terminou de falar, a porta se abriu e todos viram um filhote de gato, tão pequeno que cabia na palma da mão. Seus olhos eram verdes e o pêlo vermelho-sangue, com várias inscrições do que parecia prata líquida ao longo do corpo. Ele entrou correndo e pulou suavemente no colo de Harry ronronando, deixando o garoto maravilhado por tão exótico felino. Gina soltou uma exclamação encantada e se ajoelhou em frente a Harry, acariciando o filhote:
--- Que linda! Como você consegue ficar nessa forma? São poucos os tenshikurôs que conseguem permanecer na forma de gato!
O bichano olhou para Gina por um momento, antes de se ver um lampejo de garras e a garota cair no chão segurando a mão. O filhote enfiou a cara na barriga de Harry, que olhava preocupado para Gina. Na mão da garota havia manchas vermelhas, únicos vestígios das garras.
--- Não precisam se preocupar. Nessa forma, os arranhões dela são inofensivos. Só coçam bastante – Sirius sorriu. – Você devia ser menos infantil, Chrys. Ou mais tolerante – acrescentou.
Chrystine voltou ao normal, ainda no colo de Harry, envolvendo o pescoço do irmão, enquanto dizia com desprezo:
--- Eu? Infantil? Quem era que estava praticamente dando pulinhos por ver um tenshikurô em forma de gato – Gina a fuzilou com o olhar, enquanto coçava a mão. - Tolerante? Desde quando eu sou tolerante com pessoas fúteis? – nova fuzilada. – Eu vim só avisar que a senhorita Lovegood chegou e que Molly está chamando para jantar – avisou, antes de sussurrar para Harry. – Posso dar uma palavrinha com você?
Diante do aceno de cabeça do irmão, Chrystine se levantou do colo de Harry e se afastou um pouco enquanto os outros saiam, Rony comentando:
---é melhor irmos logo, antes que mamãe venha brigar conosco.
Harry observou Chrystine se afastando até parar em frente à lareira. As diferenças entre os dois eram poucas. A mesma pele branca, os mesmos olhos verdes, o mesmo formato de rosto. Chrystine era mais baixa do que Harry, mas o garoto tinha esticado durante o verão. Crescera mais em dois meses do quê em dois anos. Os cabelos de Chrystine eram de um vermelho tão intenso que pareciam sangue líquido, de tão lisos e brilhantes, batendo na cintura da jovem. Ela tinha o corpo bem feito, capaz de dar asas à imaginação de um homem. Na testa, uma marca começava a aparecer. Ela falou baixo, os punhos cerrados e a cabeça abaixada:
--- Me perdoe. Mas quando vejo isso fico enojada. Tanta futilidade e confiança excessiva nos outros me fazem querer vomitar.
Harry entendeu imediatamente o que ela quis dizer. Quantas vezes não se perguntara como as pessoas tinham agido normalmente e confiado em qualquer um, mesmo Voldemort estando a solta. Ele ficou calado por um tempo e enfim falou:
--- É um costume difícil de ser abandonado, creio. Sinceramente, eu acho que você está se precipitando no julgamento deles.
--- Eu sei – Chrystine se virou e sorriu tristemente. – Eu sou um ser vivo, posso errar, não é mesmo? Mas, para mim, é difícil confiar em alguém assim, tão fácil – ela se aproximou de Harry e tocou seu rosto delicadamente. – Eu via tudo o que faziam você passar, Harry. Vi quando eles te abandonaram, te viraram as costas quando você mais precisava, pelos motivos mais fúteis – Harry fechou os olhos, vendo o quanto ela tinha razão. – Me perdoe, mas é difícil confiar nesse tipo de pessoas.
--- Tem razão, - Harry a abraçou – mas eles são meus amigos. Apesar de tudo, eles são meus amigos.
Os dois ficaram um tempo abraçados. Quando, enfim, se separaram, Chrystine riu.
--- É incrível como conseguimos nos dar tão bem, sem nunca termos nos visto antes.
--- É verdade – Harry viu que, pela primeira vez, ela sorria sem aquele toque de cinismo que lhe lembrava alguém. – Melhor irmos jantar, antes que a Sra. Weasley venha brigar conosco.
--- ‘tá bem – Chrystine revirou os olhos. – Vamos?
--- Claro.
Harry viu o gato rubro reaparecer e pular em seu colo. Leve demais para um gato. Harry caminhou para a cozinha com Chrystine nos braços, notando que tudo estava muito silencioso. Nem mesmo por causa da Sra. Black faziam tanto silêncio. Assim que cruzou a porta, a garoto pulou de seus braços. A cozinha estava completamente escura, mas, no momento seguinte, as luzes se ascenderam, revelando á todos. Os Weasleys, Hermione, Tonks, Sirius, Luna, Fleur, Hagrid e mais alguns membros da Ordem, todos em volta de uma mesa recheada de comida e com um imenso bolo no meio. Eles começaram a cantar parabéns e a cumprimentar Harry. Chrystine, que já havia voltado ao normal, se mantinha um pouco afastada. Mais tarde, deitado em sua cama, Harry sorriu, feliz. Com certeza, esse fora o seu melhor aniversário.
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Continua
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Ai, ai, ai. O Harry ta tão feliz. Todo mundo ta tão feliz. Mas por quanto tempo? Próximoo capítulo: Intrigas.
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