Nada Além de Você



11. Nada Além de Você



Sirius acordou e olhou para o lado. Bellatrix dormia calmamente no seu peito. Ele acariciou levemente seus cabelos e começou a admirá-la.

Agora ele já não via nenhum problema em admitir que estava, realmente apaixonado por Bellatrix. No inicio não havia sido fácil ter que admitir que gostava da garota que ele mais odiou na sua vida, mas agora já estava levando isso numa boa. E Bellatrix... Bellatrix era perfeita. Era impressionante como os dois se completavam, não importava se eles não concordassem em muitas coisas, mas ele se sentia outro homem quando estava com ela. era como se, antes de conhecer o lado mais “aceitável” de Bellatrix, ele tivesse sido um homem incompleto.

Agora, Sirius não via mais necessidade de sair com varias garotas ao mesmo tempo, ele não via mais necessidade em mostrar para a família que ele não concordava com nada que eles diziam. Bastava ter Bellatrix ao seu lado, com ela junto dele, ele não precisava de mais nada. Poderia viver a vida inteira, sem dinheiro, sem outras mulheres, sem mais nada, mas viveria feliz se tivesse ela ao seu lado. Ele a amava, e não importava se Bellatrix fosse, por vezes, a pessoa mais fria do mundo, porque quando estava com ele, ela era a mais doce, a mais carinhosa.

Sirius olhou novamente para aquele rosto angelical e viu que os seus olhos começavam a abrir. Sorriu para ela e lhe deu um breve beijo na testa.

- Bom dia, minha Bella adormecida. – disse o garoto divertido.
- Já está acordado há muito tempo? – perguntou a garota se aninhando ainda mais no peito do garoto.
- Faz alguns minutos. Eu estava aqui, reparando em como você fica bonita dormindo. – disse carinhosamente.
- Eu achei que você me achasse bonita sempre. – disse Bellatrix convencidamente.

Ela descansou a cabeça no peito dele enquanto ele afagava seus cabelos.

- E eu acho. Mas quando você está dormindo, fica com uma aparência tão inofensiva...
- Até parece que eu ofereço algum risco a você. – disse divertida, virando o rosto para encará-lo.
- Você oferece perigo a qualquer um que se aproxime de você. – disse ele sério.

Ela riu do que ele disse e o encarou divertidamente.

- E que tipo de perigo eu ofereço a você? O de te matar de prazer? – perguntou irônica.
- Hoje, talvez seja esse o perigo. – respondeu rindo. – mas a algum tempo atrás...você me ofereceu um grande risco. O de me apaixonar por você.
- Mas esse risco eu também corri. – disse ela sem pensar muito.
- E você se rendeu?
- Como assim?
- Você se apaixonou? – perguntou ele diretamente.

Ela deu os ombros e fingiu desdém.

- O que você acha?
- Não sei Bella, para mim você sempre vai ser uma caixinha de surpresas.
- Que bom! – respondeu ela e voltou a descansar a cabeça no peito do garoto, como se tivessem resolvido à questão.
- Não vai me responder? – perguntou, tocando o rosto da prima e a forçando a olhar para ele.

Ela o encarou cinicamente e perguntou:

- Responder o quê?
- Responder a minha pergunta. – falou perdendo um pouco a paciência. – Você se apaixonou?
- Você acha que eu vou te responder isso? – se afastou um pouco dele.
- Por que não responderia?

Ela parou por alguns instantes e pareceu não saber o que dizer. Suspirou e voltou a sorrir.

- Por que... por que eu quero continuar a ser uma caixinha de surpresas. – respondeu ironicamente.

Dizendo isso, ela se levantou e, enrolada no lençol, pegou as suas roupas, que se espalhavam pelo chão ao redor da cama. Depois de achar todas, entrou no banheiro e fechou a porta.

Depois de fechar a porta, ela apoiou as mãos na pia e se olhou no espelho.

O que ela devia ter respondido a Sirius? Ela sabia o que ele queria que ela respondesse. Aquela não era a primeira vez que ele dizia a ela que estava apaixonado, mas ele nunca havia cobrado uma resposta de Bellatrix.

Mas o que ela deveria responder a ele? A verdade? Ou deveria mentir e esconder seus sentimentos, como a ensinaram que devia fazer?

Mas o que era verdade? O que era mentira? O que ela sentia por Sirius? Estava apaixonada?

Só de pensar nisso se sentia enjoada. Bellatrix nunca havia sentido nada por nenhum outro garoto. Por que teria se apaixonado por um garoto de 16 anos? Mas Bellatrix pensou melhor e percebeu que todo o nojo, que um dia sentiu, por aquele sentimento tão idiota, havia sumido. Ela percebeu que, de alguma forma que ela não sabia explicar, esse sentimento não parecia mais tão insignificante para a vida de uma pessoa. Ao contrario, agora, parecia que ela precisava desse sentimento, parecia que sem ele, ela não seria mais a mesma pessoa.

Mas afinal, quem ela era? A Bellatrix que ela sempre foi, não se deixaria levar por algum sentimento nobre, não agiria por impulso, não faria coisas inconseqüentes (que haviam se tornado tão comuns na vida dela).

Bellatrix olhou para sua mão e viu o anel que Sirius lhe dera no mês passado. Como ela pôde deixar com que isso acontecesse? Por que ela não havia parado aquilo enquanto havia tempo? Por que ela continuou com aquela bobagem antes que se transformasse em algo tão sério e importante para ela? E, quando, o que ela sentia por ele havia passado do desejo para amor.

Não, não, ela não podia estar apaixonada. Aquilo era impossível, ela simplesmente não podia se apaixonar. Ela não podia ter simplesmente esquecido tudo o que sua família lhe disse desde que ela nascera. Eles sempre disseram que o amor deixava as pessoas mais vulneráveis, mais fracas. Eles diziam que amar era errado, diziam que um Black não amava.


Doente e fraco por causa da minha condição



Mas se o amor era tão errado, se era tão ruim, por que ela se sentia tão bem desde que começara a namorar com Sirius? Por que, quando estava com ele, se sentia a mulher mais feliz do mundo? Talvez, o amor não fosse tão ruim como sua família lhe dizia, talvez não fosse tão ruim estar apaixonada.

Sirius era diferente. Sirius era diferente de tudo que ela conhecia, ele não era fútil, frio ou mesquinho. Ele era totalmente diferente do que ela estava acostumada. Ele a tratava com delicadeza, com amor. Gostava quando ele a chamava de Bella, gostava de ser a Bella dele, embora nunca tenha gostado de ser chamado por apelidos. Mas ele a chamava de um jeito totalmente doce, carinhoso. De um jeito que ela não estava acostumada a ser chamada. Não como era como Rodolfo ou sua mãe, que a chamavam de Bella de um jeito totalmente falso. Quando Sirius a chamava ela podia ver seus olhos brilhando, quando Sirius a abraçava ela podia sentir o coração dele batendo mais forte(exatamente do mesmo jeito que o dela ficava quando o via).

Mas se o que Sirius sentia por ela era amor, como ele mesmo já havia dito, seria, o que ela sentia amor?


Este desejo, esse vício vampírico



Bellatrix estava quase admitindo a si mesma o que sentia, quando seu olhar subiu, do anel, até a marca em seu braço.

A Marca Negra.

Não podia se esquecer que ela era uma comensal da morte e que, por mais que tentasse mudar isso, Sirius estava de outro lado nessa história.

Aquele era, talvez, o único sentido em que não se completavam, o único sentido em que, de alguma forma, um não se fascinavam pela diferença do outro.

Bellatrix fechou os olhos e voltou a se olhar no espelho.

Era uma comensal da morte, era uma Black. Era Bellatrix, uma garota que sempre havia seguido as regras da família, uma garota que sempre fez tudo certo. Era Bellatrix Black, fria, calculista, fútil. E como já dissera a si mesma milhares de vezes, nascera para ser grande, para ter poder, e ninguém a impediria de conseguir o que queria.

Mas será que era isso que ela queria? Será que ela não havia mudado de idéia? Será que, depois de ter se tornado tão próxima de Sirius, ainda queria ter poder acima de tudo? Será que ter poder ainda era importante?

Mas, por mais que gostasse de Sirius, não podia largar tudo por ele, não podia desistir de tudo o que sempre acreditou por uma paixão. Mas e se isso significasse ter que deixar Sirius? Será que ela continuaria tão convicta do que queria?

Ela simplesmente não queria pensar nisso. Porque ela preferia qualquer coisa a ter que pensar em ficar longe dele. Porque as horas que eles ficavam separados(por conta das aulas), eram vazias, era como se Bellatrix existisse apenas para os momentos em que passava ao lado dele.

Bellatrix decidiu não pensar mais naquilo, pelo menos por hoje. Colocou suas roupas e voltou para o quarto.


* * *


Sirius já havia acabado de se vestir, e se sentou em uma poltrona, ao lado da cama. Depois de se sentar, olhou para a porta fechada que Bellatrix entrara.

Nunca havia imaginado que sentiria alguma coisa tão forte por alguma garota. Muito menos por Bellatrix, que antes era a sua prima mais odiada.

Mas hoje...hoje ele a amava. A amava mais do que qualquer outra coisa. A amava e não precisava de mais nada se a tivesse, mas agora, ele não pode deixar de lembrar da reação da garota ao ser cobrada de uma resposta em relação aos sentimentos dela.


Somente para ela em total submissão



Então, ele se lembrou do que tentava esquecer sempre que estava com ela. Ela era uma comensal da morte. Era duro ter que pensar que a pessoa que ele mais amava era uma seguidora do homem que ele mais odiava.

Lord Voldemort. Um homem frio e cruel. Mas um homem que Bellatrix admirava. Doía ter que pensar que ela concordava com as coisas horríveis com as pessoas, apenas por elas serem trouxas, ou por terem nascido assim.

Ele amava Bellatrix, mas não sabia quanto tempo iria agüentar ficar sem falar nada sobre a profissão da garota. E, principalmente, não sabia quanto tempo iria conseguir ficar sem fazer nada para acabar com aquilo. Já ouvira falar sobre uma organização que lutava contra os comensais, que agora estavam se tornando cada vez maiores. Até mesmo já conversara com Tiago que, depois que eles saíssem de Hogwarts, eles poderiam arrumar um jeito de entrar para essa organização. Não sabia muita coisa sobre ela, sabia apenas que Dumblendore era uma espécie de líder nela.

Olhou novamente para a porta e desejou que tivesse se envolvido com Bellatrix antes. Talvez, se eles tivessem se apaixonado antes, ela não teria se tornado uma Comensal da Morte. Tudo bem que continuasse concordando com Voldemort, desde que não tivesse se juntado a ele. Sirius pensou nos possíveis trabalhos que Bellatrix já teria feito. Já teria ela lançado uma maldição imperdoável? Já teria ela matado alguém?

Era difícil para ele imaginar que ela era, quando não estava com ele, uma pessoa tão cruel. E era mais difícil ainda, imaginar que a mulher com que ele queria passar o resto da vida, já poderia ter matado alguém. Ele preferia não ter que pensar nisso, porque sentia nojo só de pensar que Bellatrix já teria matado alguém. Aquilo era um ato tão frio, era muito mais do que odiar os trouxas, era matar, era acabar com a vida de uma pessoa sem pensar na vida que ela tinha. E doía demais pensar que a sua Bella era capaz de fazer isso.

Nesse momento, a porta se abriu e Bellatrix saiu de lá já com o uniforme da sonserina. Ela foi até a poltrona em que ele estava, parou na sua frente e disse:

- Vamos? É melhor irmos logo, daqui a pouco já vai ser bem tarde. E se algum monitor pegar a gente...

- É, vamos. – falou desanimado.
- O que houve? – perguntou passando a mão pelo rosto do moreno.
- Nada, Bella. Nada. – acariciou a mão dela que não estava no seu rosto.
- Você está com uma cara preocupada...- comentou a morena.

Bellatrix, com a mão que estava no rosto do garoto, ergueu a sua face, o obrigando a encará-la.

- É que eu fico pensando. Como vai ser quando você se formar e tiver que exercer a sua carreira de Comensal da Morte...
- Hey, - ela disse carinhosamente, se ajoelhando para ficar no mesmo nível dele. – eu achei que nós tivéssemos combinado que não iríamos pensar nisso. Pelo menos não agora.
- Eu sei, só que Bella, - ele acariciou o rosto dela, no que ela fechou os olhos, por alguns instantes. – e quando a gente tiver que pensar nisso?
- Sirius...você já sabia o que eu era quando nós nos envolvemos.

Ele suspirou e tomou fôlego para falar o que estava trancado na sua garganta.

- É, eu sabia. Mas quando nós nos envolvemos, eu nunca imaginei que eu fosse sentir alguma coisa por você. Eu nunca imaginei que fosse passar de um simples desejo físico. Eu nunca imaginei que eu fosse te amar com eu amo.


Nenhum melhor



Bellatrix o encarou e viu o que na verdade já sabia. O amava, por pior que fosse ter que admitir isso, o amava. Então, sorriu. Um sorriso doce. Um sorriso que não era visto com freqüência no seu rosto. Um sorriso que, talvez, tenha sido mostrado apenas para Sirius. E um sorriso que talvez apenas Sirius visse o quão valioso era.

- Ama mesmo? – perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
- Mais do qualquer outra coisa. – disse Sirius docemente.
- Sabe... – aproximou seu rosto do dele. – eu também te amo.

Aproximou ainda mais o rosto e o beijou. Um beijo que também foi doce e um beijo que também apenas Sirius conhecia.

E Sirius a beijou de forma tão ou mais doce. E então, pela primeira vez na vida, Bellatrix percebeu que não precisava de nada mais alem disso. Não precisava de poder ou de riquezas. Não se estivesse ao lado de Sirius. Se o tivesse ao seu lado nada mais importava, nada além de seus lábios colados nos dele, dos seus corpos grudados, das palavras doces que ele não cansava de dizer, nada, exatamente nada mais importava se estivessem juntos. Não importava se chovia ou se fazia sol, não importava a estação do ano, não importava o lugar em que eles estavam, não importava o resto do mundo. Não se estivessem juntos.

Agora, não havia mais Sirius ou Bellatrix Black. Agora eles eram apenas Sirius e Bellatrix. Agora, eram apenas um. Que o mundo se explodisse, mas não os separasse.

Bellatrix, que a essa altura já estava no colo de Sirius, parou com aquele beijo, que já não era mais tão doce, passou a mão nos cabelos de Sirius e perguntou de forma divertida:

- Como eu pude me apaixonar por você?
- Sabe como é...eu sou irresistível. – respondeu sorrindo.
- Muito irresistível. – sussurrou, antes de voltar a beijá-lo.

Se beijaram por alguns segundos, até que Sirius recuou um pouco o rosto, a olhando de forma marota.

- Que foi? – perguntou Bellatrix ao ver o sorriso dele.
- Você disse que eu sou irresistível, – ele colocou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha dela – mas você é muito mais que isso. Você é viciante.


Ninfetamina



- Viciante?- perguntou divertida.
- É, viciante. Depois que a gente experimenta uma vez, não consegue mais ficar sem.
- É assim que eu sou?

Ele parou por alguns instantes, pensativo e depois respondeu:

- É assim que eu me sinto em relação a você. – respondeu sério.

Ele aproximou o rosto do dela, roçou os lábios nos dela e sussurrou:

- Se eu ficar muito tempo sem você eu enlouqueço.

Bellatrix sorriu marotamente e Sirius a beijou.

Naquele momento estavam completos. Estavam prontos para enfrentar a família, a escola inteira se fosse preciso. Só não estavam preparados para enfrentar o que o destino, cruelmente, tinha os reservado.





(N/A):
Sem dùvida nenhuma...a atualização mais rápida da história de Nymphetamine!

Esse capítulo foi escrito há meio século atrás, e na época eu gostei dele. Mas hoje quando eu fui reler não gostei mais tanto assim xD

Mas eu espero que vocês, caros(e raros) leitores, gostem.

Beijoos,
Lisi Black

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