What I like about you
What I like about you
Gina estava sentada em um banquinho qualquer, no vasto terreno externo de Hogwarts. Estava ali havia quase uma hora. Sim, mais uma vez, em menos de três dias, estava matando aula. Na verdade, nunca mais, desde que se descobrira apaixonada por Draco Malfoy, conseguiu se concentrar em alguma coisa.
O vento brando e fresco tocava seu rosto e ela imaginava que era a mão de seu amado, tocando-lhe a face com todo amor e carinho que ela sempre sonhara em receber dele. Mas abria os olhos e deparava-se apenas com o lago, e a lula gigante que lá habitava.
Repetia esse ritual inúmeras vezes. Ouvira dizer de fontes pouco confiáveis, que Draco também estava apaixonado por ela, mas não acreditava muito. Não conseguia nem acreditar que ela estava apaixonada por ele. Como isso fora possível? Uma Weasley e um Malfoy?! Nunca!
Infelizmente ela não conseguia fazer com que esse raciocínio mudasse a escolha do seu coração. Já se perguntara inúmeras vezes o porque de tudo isso. Por que, ao invés de continuar gostando de Harry Potter, ela foi se apaixonar subitamente por Draco Malfoy?
Do outro lado do castelo, Draco Malfoy fazia-se questionamentos similares: por que logo por ela? Fora se apaixonar logo por uma Weasley. Não poderia continuar namorando a Pansy? Como seu coração podia ser tão cego e estúpido, ao ponto de fazer uma escolha tão tola e leviana como esta?
Sua razão se recusava a aceitar, mas ele precisava admitir: estava apaixonado. Sim, por Gina Weasley. Uma traidora do próprio sangue, pobre, e fascinada por artefatos trouxas.
O que seria da sua reputação agora?
Ainda assim, ele sentia que seria precipitado tomar qualquer atitude. Seria por demais arriscado. Isso era o que dizia a sua consciência. Mas afinal, quem manda em nós é o coração, e este não concordava com a consciência do garoto. O que é o amor sem algumas loucuras? O que é o amor sem alguns desafios? Sem algumas superações de diferenças?
Ainda no banquinho dos jardins, Gina sentia de olhos fechados o vento acariciando a sua pele. Era a única forma que ela conseguia parar de pensar nos problemas. Parar de pensar no que faria em relação a esse novo sentimento, para ao invés disso, apenas senti-lo.
Abriu os olhos mais uma vez, em uma tentativa de não se frustrar ao encarar a realidade. Ao invés do costumeiro lago, viu apenas algo muito escuro. Seus olhos mal conseguiam abrir, e seus silhos encostavam-se a algo incomodamente.
Passou as mãos em cima do que estava bloqueando a sua visão e sentiu, também, que era uma outra mão.
“Oi” disse Draco Malfoy. Gina gelou ao ouvir o som daquela voz, que para ela era tão doce.
“Oi” respondeu totalmente sem jeito. Era estranho estar ali com ele, mas era bom.
Draco também sentia-se estranho. Minutos atrás estava em confronto com sua própria consciência, até que enfim, decidiu seguir seu coração. Não sabia muito bem porque estava ali, mas... apenas queria estar ali, perto da garota que ele descobrira amar.
“Então, o que está fazendo?” perguntou medindo a quantidade de desdém que deveria empregar na voz. Nem muito, para não assustar, nem pouco, para não soar estranho.
“Ah... nada, eu acho” respondeu Gina, fazendo escapar um leve sorrisinho pelo canto da boca do garoto.
“Parece legal não fazer nada. Mas... acho que tenho uma idéia melhor” falou ele olhando o lago à sua frente.
“Tem?” perguntou Gina duvidando um pouco.
“Vem comigo” disse ele puxando a garota pela mão. Podia-se pensar que esse era só um gesto de gentileza, mesmo que vindo de um Malfoy para com uma Weasley fosse bem estranho, mas não foi, porque eles continuaram de mãos dadas até chegarem aos seus destinos.
Draco conduziu Gina até uma parte mais isolada da floresta, entre a orla e o lago. Ela não sabia exatamente o que ele queria dizer (ou fazer) com isso, mas sentiu-se bem, e confiou nele.
“O que acha daqui?” perguntou ele olhando a expressão da garota com muita atenção.
“É... simplesmente... maravilhoso. Na verdade, eu prefiro nem descrever. Sabe, quando descrevemos as coisas elas perdem um pouco o sentido” respondeu ela com simplicidade. Ele encantou-se ainda mais. Ela era totalmente pura, inocente. Não dissimulava, e ele considerava isso crucial.
“É o meu lugar preferido. Quando eu quero, digamos, esquecer as preocupações, eu venho aqui” explicou Draco. Os dois ficaram em silêncio, apenas olhando o lago. Nem tinham percebido, mas ainda estavam de mãos dadas. Soava tão natural, e sentiam-se tão à vontade, que nem se preocuparam com isso.
“Por que me trouxe aqui?” Gina estava ansiosa por essa resposta, mas Draco não esperava pela pergunta.
“Por que... é.... bem,... eu... achei que você fosse gostar” gaguejou em resposta.
“E realmente gosto. Mas por que eu? Por que não a Parkinson?” investigou a garota. Draco sabia que agora não teria mais jeito. Ou contava tudo de uma vez, ou iria acabar estragando aquele momento maravilhoso, junto com todas as suas esperanças de um dia criar coragem para contar à garota que ele a amava. Parecia-lhe que esse dia tinha acabado de chegar. Era hora de, enfim, criar coragem e abrir o jogo.
“Gina, eu sei que isso pode parecer estranho e,... talvez errado, mas... eu estou gostando de você. Sabe, de verdade” explicou sentindo o rosto corar.
Gina também corou. Acabara de ouvir tudo o que estivera implorando a Merlim minutos atrás. E, apesar de estar totalmente rubra, abriu um largo sorriso.
“Você está feliz?” perguntou Malfoy inseguro.
“E como não estaria? Eu também gosto de você, seu bobo.” Disse contente, tranqüilizando o garoto.
“Do que você me chamou?” ele alterara o tom de voz o bastante para causar arrepios de medo. Gina agora havia se levantado. Recuava a pequenos passos para traz, e tinha o olhar vidrado no garoto, como se temesse que ele a fosse matar.
“De... de.... de.... nada... foi só... um jeito de falar. Des... deculpe” ela respondia nervosa. Ela nem percebera, mas tinha andado tanto que agora encontrava-se encostada a uma árvore, com Draco Malfoy encurralando-a a braços fortes. Os dois ofegavam. Gina de medo, Draco de desejo. Ele não agüentou. Precisava ceder. Não era a primeira vez naquele dia, mesmo. A beijou. E, apesar de todo desejo acumulado, só a conseguiu beijar docemente, bem devagarzinho... como se fosse a última vez, apesar de ser apenas a primeira de muitas outras.
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