A Escuridão




Nada se ouvia falar a respeito da morte do diretor da ilustre casa de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A partir de sua morte, o mundo dos bruxos foi tomado por uma devastação abundante, todos tinham medo de sair às ruas, Hogwarts foi tomada por uma escuridão repentina, e os pais não permitiam que seus alunos voltassem a estudar, porém havia aqueles que preferiam que seus filhos ficassem em Hogwarts à ter de voltar para suas casas, pelo menos estariam em segurança dos professores. Harry Potter e seus amigos eram parte desses estudantes, depois de muitos acordos entre os três, Rony e Hermione conseguiram convencer o amigo de que ele não deveria sair atrás das Horcruxes restantes, pelo menos até que chegasse o momento.
O trem estava indo rumo à escola vagarosamente, mais da metade de suas cabines que antes estiveram cheias, agora estavam vagas, a movimentação que antes inundava os corredores desaparecera, e nem mesmo a mulher que vendia doces estava com seu habitual carrinho circulando por entre os estudantes eufóricos.
O dia estava escuro, a névoa também tomara conta dos dias ensolarados da época de regresso à Hogwarts, e o clima úmido deixava a aparência mais sombria. Harry Potter agora estava com dezessete anos, estava visivelmente diferente, tanto física quanto psicologicamente, as experiências pelas quais passara nos últimos meses o deixara mais maduro. Hermione estava sentada à frente do amigo, suas mãos chacoalhavam de acordo com o movimento do trem, às vezes olhava para Harry que mantinha os olhos fixos no vidro. Rony estava ao lado de Hermione, um pouco espalhado, pois crescera alguns centímetros desde o último encontro dos três, mantinha os olhos também fixos no vidro do trem que permanecia embaçado, às vezes respirava profundamente fazendo Hermione olhar para ele.
Nunca houvera um silêncio tão perturbador entre os três, todas as novidades das férias de verão foram substituídas por ruídos de trilhos.
- Vai dar tudo certo esse ano. – Harry disse depois de horas, com a voz um pouco rouca.
Hermione olhou para frente e depois de segundo em silêncio completou:
- Você fez a coisa certa em voltar Harry.
- Vocês viram a Gina? – Rony perguntou querendo mudar de assunto.
Harry e Hermione apenas balançaram a cabeça em sinal negativo. Novamente o silêncio caiu sobre eles e Harry um tanto irritado com a situação falou:
- Não adianta ficarmos fingindo que Dumbledore está vivo!
- Harry não foi sua culpa... Você sabe disso. – Hermione disse já temendo a reação dele.
- Eu deveria estar lá para ajudá-lo quando ele precisou de mim. – Harry mantinha os olhos no vidro falando com uma voz forte e decidida.
- Eu gostaria de saber o que vai acontecer agora? – Rony disse olhando para Harry, mas sem encará-lo.
- Acredite Rony, se eu soubesse já teria dito algo... – uma pausa na qual suspirou demoradamente – Só sei que eu terei de enfrentar Voldemort de uma ver por todas, e dessa vez... Dumbledore não estará lá para me ajudar.
Harry disse a última frase com um tom de que não gostaria que a conversa continuasse, então Rony e Hermione ficaram calados. O trem seguiu no mesmo ritmo por mais algumas horas a fio, até que começou a perder velocidade e os três ouviram uma buzina anunciando a chegada à estação de Hogsmead.
- Certo.... vamos lá. – Harry disse saindo da cabine seguido dos amigos.
Realmente o clima estava estranho, geralmente quando voltavam à Hogwarts a estação de Hogsmead ficava lotada, mas agora estava pouco movimentada, com poucos alunos que desciam do trem de Hogwarts. Hadrig, o famoso guarda-caças, já não esperava mais ninguém, pois os alunos do primeiro ano foram proibido por seus pais a iniciarem o ano letivo em Hogwarts.
Harry, Rony e Hermione seguiram como sempre para a carruagem mais próxima, os três continuavam em silêncio contínuo, as vezes Hermione tentava uma súbita tentativa de ingressar numa conversa, mas estava claro que nenhum dos três estava com ânimo para isso.
Ao chegarem no grande portão de ferro, Harry parou e ficou olhando para as imensas escadarias de mármore branco, e decididamente pensou, que seria impossível que as coisas voltassem a ser como antigamente, quando ele, Rony e Hermione corriam pelos arredores do castelo, imensos jardins, jogos de quadribol, enfim, tudo o que lembrava a infância que tivera naquele lugar, jamais seria o mesmo, principalmente com a ausência de Dumbledore.
Continuaram caminhando até chegarem ao salão principal, onde habituais tochas proporcionavam uma luz e calor aconchegante, excepcionalmente diferente do clima que observavam há dias. Pela primeira vez Harry sorriu ao avistar a professora McGonnagal que lhe retribuiu o sorriso, porém era claro notar sua aparência frágil e abatida, e Harry, assim como os amigos puderam perceber que ela não estava mais com a vitalidade que exibia antes, mesmo com a idade.
Hermione sentou-se no lugar que costumava todos os anos, Rony sentou-se na frente da amiga e Harry permaneceu em pé, correndo os olhos pelo salão principal. As mesas das quatro casas estavam apenas com pontilhados pretos, indicando as vestes negras da escola. Até mesmo a mesa da grifinória que sempre fora tão agitada, agora se encontrava em repleto silêncio.
O jantar transcorreu tranquilamente, Harry falava pouco sobre o que fizera nas férias, e Hermione apenas concordava com a cabeça. Rony porém não parava de encher a boca com imensas batatas assadas, Harry olhava pra ele e conseguiu sorrir, talvez quisesse esquecer tudo o que aconteceu da forma mais eficaz que conhecia, comendo.
- Acho que vou me deitar. – Hermione disse depois que nenhum dos dois manifestou qualquer sinal de alegria. – Vocês já vão?
- Ah sim. – Rony se levantou espreguiçando-se largamente, Harry logo em seguida bocejou um pouco jogando seu guardanapo na mesa e também se levantou. Os amigos foram caminhando em passos lentos pelos corredores até o quadro da mulher gorda, que permanecia no mesmo lugar desde seu primeiro ano na escola.
- Qual é a senha Mione? – Rony perguntou quando a mulher gorda abriu os olhos, sonolenta.
- Senha? – Hermione perguntou surpresa consigo mesma – Ah, acho que esquecemos de conversar com a professora Minerva. Você pegou o papel que ela entregou durante o jantar Rony?
- Eu não! É você quem sempre faz isso. – Rony advertiu-a.
- Ora essa, francamente Ronald. Será que não consegue fazer nada de útil! – Hermione retrucou, afinal ficava irritada de se esquecer de algo como “senhas”, e muito menos ser recriminada por Rony.
- Hei Neville. – Harry chamou o amigo que estava passando – Eu não sabia que você voltaria a Hogwarts.
- Na verdade minha avó não quis que eu voltasse, mas... – Neville parou por uns instantes pensativo – Preferi voltar, seria estranho ficar em casa nessa época do ano.
- Que bom. Ah propósito... você sabe a senha? – Harry perguntou tentando não dar ouvidos a Rony e Hermione,brigando.
- É “Gusarajo”. – Neville disse confiante – Perguntei pra Minerva antes de subir.
- Obrigado. – agradeceu Harry e virou-se para os amigos – Querem calar a boca! Já temos problemas demais este ano, ainda mais para ficarmos com brigas.
Os dois se entreolharam e decidiram entrar no salão comunal, Hermione subiu direto para o dormitório feminino, enquanto os garotos continuaram no salão comunal que estava parcialmente vazio. Harry ficou olhando dois alunos do terceiro ano brincando de snap explosivo. Rony iniciou uma partida de xadrez de bruxo com Neville, que até o momento não havia tido sucesso em nenhuma.
- Acho que vou dormir. – Harry se levantou caminhando até as escadas – Boa noite.
- Boa noite cara. – Rony ergueu os olhos enquanto Neville mantinha-se concentrado em suas jogadas, esperando milagrosamente ganhar do colega.
Harry subiu as escadas, passando por algumas janelas da torre por onde podia-se avistar o imenso lago negro. Ao chegar no dormitório, que também estava vazio, inclusive a cama de Simas, Harry caminhou um pouco de um lado para o outro, afinal precisava ocupar sua mente com algo para tentar esquecer o que passara, porém era praticamente impossível, ele tinha a missão de encontrar as Horcruxes restantes. Perguntas como “Onde Voldemort poderia ter proferido a maldição?” ou “Onde estariam tais objetos?” inundavam a mente dele de perguntas sem respostas, e agora o diretor não estava mais lá para ouvi-lo, nem Sirius, nem seus pais, que tanto faziam falta. Harry sentia-se sozinho. Deitou-se em sua cama olhando para o teto, e ficou refletindo sobre tudo o que vivera nos últimos anos, seus desentendimentos com os Durleys, as descobertas em Hogwarts, quando a câmara secreta foi aberta, quando conheceu seu padrinho, e ao lembrar disso sentiu um aperto enorme em seu estômago fazendo lágrimas brotarem no canto dos olhos. Lembrou-se depois do torneio tribruxo, das aulas que dera para a Armada de Dumbledore durante o quinto ano, e por fim, a última imagem que invadiu sua mente, foi a tumba branca de Dumbledore naquele dia ensolarado. Ele fechou os olhos e por instantes ficou refletindo: “As coisas nunca mais serão as mesmas”.

N/A: Olá gente. Espero que gostem dessa nova fic que estou escrevendo. E vou avisando-lhes que a minha antiga fic "A tentação de Harry" não será fechada, é que em época de vestibular fica difícil eu escrever. Espero que gostem dessa. Comentem!

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