LOOSE IT
- Nós estamos parando... – Harry levantou e se virou para Tonks que se levantava lentamente. – Por que estamos parando?
- Eu... – iniciou Tonks, mas para o nervosismo de Harry ela não parecia ter resposta. O ônibus estava agora parado.
- O que está havendo? – questionou Rony do fundo do veículo. Hermione observou o amigo.
- Há algo de errado? – perguntou começando a realmente ficar nervosa.
- O que foi isso? – gritou Giny uma janela atrás de Hermione. As mãos da garota estavam espalmadas no vidro embaçado e seu rosto denotava completo horror. – Vocês viram aquilo?
- O que? – perguntou Harry caminhando em direção à sua janela, já com varinha em punho. Hermione observou o garoto e pegou a sua própria varinha.
- Harry, Giny, fiquem longe das janelas. – avisou Tonks com ar urgente.
- O que você viu? – perguntou Rony caminhando em direção à irmã.
- Eu não tenho certeza, eu acho que... – começou Giny franzindo o cenho.
Hermione, que observava a menina e ouvia seu relato. Sentiu um frio percorrer-lhe a espinha ao ver pelo canto do olho um vulto parado à sua janela. Ela paralisou. A criatura estava tão próxima que longas e graves baforadas embaçavam o vidro, ao lado dela, os olhos fixos e amarelos em Hermione... Esta quase que instantaneamente, num salto gritou se afastando em seguida e esbarrando no amigo. Rony se voltou para a menina assustado e se recompondo do esbarrão:
- O que houve?! – questionou segurando a menina por um braço e ajudando-a a se levantar.
- E - eu... Eu vi um... – Tonks que observava a cena seguiu em direção à cabine do motorista.
- Está vazia... – murmurou para si mesma. Harry observou Hermione, ela tremia. O que quer que tenha visto era definitivamente ruim...
- Nós devíamos sair daqui... – sugeriu Harry com nervosismo.
- Giny pegue sua varinha. - Resmungou Tonks, que agora caminhava de janela em janela, e parecia concordar totalmente com as palavras de Harry, que se voltou para ela:
- Para onde nós vamos? – a mulher não respondeu. Harry observou a feição dela, parecia extremamente alarmada, entretanto... Não parecia surpresa, não tanto quanto eles... De modo algum, ela mais parecia... – Tonks o que está...?
- Você está certo, vamos. – mandou ela, desviando os olhos e descendo do ônibus.
- Não... – resmungou Hermione, que parecia lutar contra o tremelique das suas próprias pernas. – Lá fora... Eu vi...
- Hermione nós temos que ir! – insistiu Rony segurando a menina pelo braço e caminhando em direção à saída.
O local estava completamente deserto. Ao que parecia, o motorista haviam levado os cinco para o meio de uma floresta. Os faróis do ônibus ainda estavam acesos, e tudo que Harry conseguia ver eram árvores ao redor... Na fazia a mínima idéia de onde estavam... A única saída que ele conseguia enxergar era justamente o caminho pelo qual eles vieram...
- Nós temos que voltar... – murmurou Tonks empunhando a varinha. – Lumus. - Harry e Rony repetiram o gesto, seguidos por Hermione e Giny que vinham logo atrás.
Todos deram a volta no ônibus e pararam frente à pequena e tortuosa estradinha de terra. Não havia nada que iluminasse o caminho agora, exceto a luz de suas próprias varinhas, o que significava que a caminhada estava sendo praticamente às cegas...
- Vocês ouviram isso? – questionou Hermione pela terceira vez. A Harry aprecia que a garota estava absurdamente assustada, visto que passara os últimos quinze minutos reclamando de barulhos de galhos e passos vindos dos arredores. Não que não houvesse motivo para receio, mas...
- Ok, agora eu ouvi também. – falou Giny parecendo ainda mais assustada.
- Nós estamos perdendo o nosso tempo aqui, vamos! – insistiu Harry que havia dado meia volta para buscara as duas. Voltado sua varinha para o rosto das duas encontrou uma expressão mais pálida que a outra, em ambas, estampado um completo e tangível horror.
- O qu...? – um rosnar grave e contínuo se fez ouvir no local. Harry sentiu o sangue gelar quase que instantaneamente. Se voltando lentamente ele observou o ponto onde não só as duas, mas Rony e Tonks observavam também, absolutamente estáticos. Agora ele podia reconhecer o motivo pelo qual a menina estava tão desesperada. Um lobisomem, grande e visivelmente irritadiço jazia parado a poucos metros deles. Seu pêlo cinzento e curto estava eriçado, demonstrando que não só ele como todos os outros deveriam manter uma distância segura dele. E como a situação já não estava desagradável o suficiente, um outro animal, dessa vez negro, ladeou o primeiro rosnando ferozmente com seus dentes rangendo a mostra.
Harry sentiu uma corrente de adrenalina e confusão tomar conta dele. Havia ainda uma pontinha de esperança dentro dele que dizia para si mesmo que aquilo não passara de um grande mal entendido e que todos estariam em Hogwarts num piscar de olhos. Entretanto, se tornava óbvio que aquilo era no mínimo uma cilada... Mas por quê?
Por um breve segundo, a cena se manteve suspensa. Hermione não sabia bem se a criatura maior esperava por uma investida deles ou se ela nem ao menos tinha noção alguma do ambiente que não fosse movida por instinto assassino... O fato era que ela não ficaria ali para descobrir, e seu próximo passo deu início a uma reação em cadeia...
Eram dois... Contra cinco. Na pior das hipóteses, dois deles não conseguiriam fugir... Então aquela, apesar de desesperada, era a melhor opção que eles tinham. - raciocinou Tonks rapidamente - Tudo que tinha que fazer era assegurar o retorno de Harry e...
Hermione deu um passo para trás, e um crescente desespero tomou conta dela ao ouvir um grunhido relativamente mais alto sair da garganta de uma das criaturas. Obviamente seu movimento não saíra despercebido... E sem pensar no fato de que as chances de que fosse mais rápida eram mínimas, Hermione deu meia volta e desatou a correr se embrenhando na floresta sem olhar para trás.
Harry olhou para trás. Não havia ninguém, sinal algum, de Rony, ou Giny, Tonks, ou mesmo Granger. Ou ele ficara para trás, ou estava muito à frente deles e algo realmente sério havia acontecido... Um mal-estar subiu-lhe pela garganta a este último pensamento.
Corria o máximo que podia. Com o mínimo de sorte, já estava longe o suficiente deles...
Harry sentiu o chão sumir sob seus pés, e foi ao chão. Parou instantaneamente ao ver um desnível de pelo menos dois metros à sua frente, no qual ele quase desabaria rolando não fossem algumas raízes nas quais se segurou com o máximo de firmeza que pode.
Em silêncio, e aproveitando um segundo de alívio por haver escapado a queda, no que ele agora percebia ser algo parecido com uma ribanceira, Harry se manteve calado e respirou fundo. Os poucos segundos foram suficientes para ouvir passos, rápidos e descompassados. Harry apurou os ouvidos enquanto se levantava em silêncio e se escondia atrás de uma árvore...
Hermione corria a pelo menos cinco minutos. Sentia sua respiração cortada e pesada. Não podia parar, caso contrário... Ia morrer. Entretanto ficava cada vez mais difícil manter a mesma velocidade visto que a mata se tornava mais e mais densa. Galhos das árvores ricocheteavam em seu rosto, e ela podia sentir a face arder em pequenos e numerosos cortes.
Ouviu passos atrás de si. Rápidos, e próximos, muito próximos. Hermione empunhou a varinha e apressou-se para trás da árvore mais próxima. Seu coração estava prestes a sair pela boca quando sentiu um braço puxando o seu com força e uma mão tapando-lhe a boca.
Um grito desesperado foi abafado por uma mão que lhe tapou a boca com força. Hermione debateu-se em vão.
- Sh! Sou eu! – murmurou Harry com um tom urgente. – Calma! Hei!- Por dois segundos inteiros, o nervosismo dela era tamanho que não absorvera completamente as palavras do garoto, continuando a se debater até que ela pode ouvir uma risada feminina, que a fez estancar:
- Nós sabemos que você está aqui! – cantarolou a mulher. Hermione sentiu um esgar próximo ao seu ouvido. Potter parecia tão surpreso quanto ela com a presença de mais alguém ali. Ela não reconhecera a voz, pelo menos não de imediato. Mas, dada à forma com a qual ele se empertigara e apertara seu corpo ainda mais, ele obviamente a reconhecia.
Bellatrix... Ela estava ali. Atrás deles... O que diabos ela queria com eles? – Harry deu dois passos lentos e silenciosos para trás. Podia ouvir a voz da mulher agora ainda mais perto. A comensal, parecia estar se divertindo:
- Vamos fazer um trato Potter... – iniciou a mulher novamente com uma risada fria e cortante. – Você larga a sua varinha... E nós prometemos que não vamos machucar a sua amiguinha sangue-ruim...
- Muito. – murmurou uma segunda voz. Desta vez masculina, que Harry não reconheceu, entretanto não demorou muito para que esta também fosse identificada.
- Avery! – reclamou a mulher em tom brincalhão e venenoso. – Seja bonzinho... – pediu, com uma risada ainda maior.
Harry pode sentir o corpo da menina tremer levemente junto ao seu. Obviamente ela sabia que aquela referência era a ela. Ele não se moveu, nem se manifestou de forma alguma, ela tentava provoca-lo. Instiga-lo a sair de onde estava com relativa segurança.
Harry atentou para os comensais mais uma vez:
- Vamos! – insistiu o homem com excitação. – Nós prometemos deixa-la ir!
- Que vergonha Potter! O mesmo mau gosto do pai não? – provocou Bellatrix, com sucesso. – Sempre andando com esses sujos imundos. Como sua mãe não é?
Harry sentiu o sangue ferver. Sabia que a mulher falava aquilo de propósito, entretanto não ligava, sua raiva era tamanha agora que tudo que queria era fazer com que ela engolisse cada palavra que dizia...
Hermione sentiu a mão do garoto afrouxar. Ela o estava provocando, e havia conseguido. Fechou os olhos ao senti-lo se afastar, e respirou fundo. Não havia nada que ela pudesse fazer exceto acompanhá-lo...
- Cala a boca! – retrucou Harry com frieza. Empunhando sua varinha, voltou-a diretamente para a mulher que o identificou sorrindo:
- Avery, ele se parece com o pai! – zombou com escárnio. Harry firmou a varinha e sentiu uma presença ao seu lado: Granger.
- Mesma atitude impensada... – acrescentou Avery. – Você realmente acha que pode nos machucar com isso garoto? – Harry não precisou responder:
- Estupefaça! – gritou Harry ao primeiro feitiço que veio em sua cabeça e apontou para a mulher. Harry pode ver ao canto do olho um clarão lilás seguido de uma explosão de terra e galhos a sua frente, Granger também atacara. A confusão que se formou após o feitiço da garota foi suficiente para que escapassem.
Ao observar estrago, Harry teve de admitir que de fato a menina se mostrara mais esperta que ele, que havia se deixado levar pela raiva... Se apressando em arrastar a garota para longe dali, Harry desatou a correr novamente.
Ambos nada disseram por pelo menos dez minutos, se encarregando em concentrar as energias em simplesmente sair dali o mais rápido possível. Entretanto, para Harry parecia que quanto mais os dois corriam, mais se embrenhavam no meio da floresta...
- Espere... Pare, eu não... – pediu Hermione arfando.
- Nós temos que ir! – insistiu Harry.
- Eu sei! – exclamou a garota com a respiração entrecortada. Harry respirou fundo. Aquela não era a hora nem o lugar para se discutir! De fato, eles nem deviam estar mais ali!
Um veio prateado de luz iluminou o local onde estavam, seguido de vários outros, o luar iluminava a floresta agora a intervalos irregulares.
- Nós temos que ir! – replicou Harry com severidade, ao se lembrar de que a floresta não era exatamente segura, mesmo com a distância que haviam alcançado dos comensais... Caminhando novamente na direção em que seguiam, Harry estancou ao ouvir o grito da garota.
Fora por um momento, apenas alguns metros nos quais ele se afastara, e ele pode ver um vulto acinzentado passar velozmente atrás de si e pular em cima dela arremessando-a contra a árvore em que os dois tinham se encostado alguns segundos atrás. Foi tão rápido que quanto aquele golpe não houve muito que Harry pudesse fazer.
Hermione sentiu o choque de suas costas contra o tronco da árvore e caiu no chão logo em seguida. Sua cabeça rodava e seu corpo doía. Por um momento ela perdeu completa noção do que estava havendo.
A criatura voltou-se então para Harry que empunhou a varinha novamente estava prestes a soltar um feitiço, quando um gemido de dor chamou a atenção da criatura. Hermione tentava se levantar cambaleante....
Foi muito rápido. Numa última investida o animal prensou o corpo da menina contra a árvore cravando-lhe as garras. Como se atravessasse uma folha de papel.
Harry sentiu o coração disparar e num ato impensado gritou em direção ao animal:
- Incêndio! – uma labareda saiu de sua varinha em direção às costas do lobisomem que urrou de dor e correu assustado na direção oposta.
Por um momento, Harry chegou a pensar que ela estaria bem. Visto que a menina se manteve parada encostada a arvore com um ar levemente confuso. Entretanto, sua mão esquerda se colocou ao lado da barriga e Harry pode ver a menina ir ao chão.
Correndo em direção a garota, Harry levantou-a com urgência:
- Não... – murmurou sem saber o que fazer. Encostando a menina na árvore mais próxima Harry observou o ferimento, tirando a mão da garota levemente. Harry pode ver uma mancha negra na camisa branca iluminada pela nesga de luar que recaía sobre o local agora. Ela estava sangrando... Demais... – E - eu vou procurar ajuda... – murmurou ele fazendo menção em se levantar, mas Hermione murmurou puxando-o de volta:
- Não... Eu, não... – gaguejou em resposta. – Harry podia ouvir vozes novamente, ambos, Avery e Bellatrix se aproximavam deles, e dessa vez, provavelmente com reforços...
- Nós temos que ir então... – pediu num sussurro. – Vamos... – pondo o braço da menina sobre o ombro Harry fez esforço para se levantar. Mas assim que se firmou em pé, ela fraquejou novamente. – Não, não... Levante... Vamos... Isso, vamos...
Harry não tinha noção de quanto tempo fazia que arrastava a menina pela floresta... Podia ver algumas manchas arroxeadas no céu anunciando o dia que começava a amanhecer... Fazia o possível para fazer com que Granger se mantivesse acordada, entretanto, Harry suspeitava que ela houvesse perdido sangue demais. Sua tez agora passara de um tom pálido para um esbranquiçado alarmante.
Continuava a repetir para si mesmo e para a garota que agüentasse até que chegasse a pelo menos uma estrada qualquer, onde seria fácil pedir ajuda. Mas duvidava que ela ainda distinguisse o que ele falava...
Podia avistar um caminho estreito de terra batida agora... Uma luzinha de esperança se ascendeu novamente nele e apontou dizendo em voz baixa:
- Lá... Vê? – Só até ali... Certo? – disse ele acelerando o passo. Mas Hermione não estava em condições nenhuma de acompanhá-lo...
Harry parou respirando fundo e olhando à sua volta. Um sacolejar acompanhado de um tilintar soou fracamente. Olhando de um lado para outro da estrada, Harry não identificou nada. Uma neblina, praticamente sólida tomava conta da região agora, Harry não podia ver um palmo à frente do seu próprio nariz...
Forçando a vista mais uma vez, Harry pode distinguir fracamente um contorno grande e negro sacolejando em direção aos dois. Ele hesitou. Não havia como garantir se aquilo significava realmente uma ajuda, ou se seria outra armadilha... Hermione soltou um gemido de dor em voz baixa. Seus olhos se voltaram para a menina, e então para a sombra que se aproximava pela estrada, e novamente para Hermione...
- Hei! – exclamou ele se esforçando para chamar o máximo de atenção que podia.
Uma espécie de charrete, ou carroça, Harry não saberia dizer com firmeza, parou a menos de dois metros deles:
- Sim? – replicou uma voz grave e rouca. Que Harry supôs ser feminina. Sem muitos rodeios, visto que a senhora não parecia de muito bom humor ou disposição apressou-se em pedir ajuda:
- Por favor... Nós precisamos de ajuda... – retrucou Harry com respiração entrecortada. – a senhora, que mantinha o rosto coberto por um largo chapéu negro, levantou a aba e analisou os dois.
Seus olhos caminharam da roupa suja e amarrotada de Harry para a varinha em sua mão, que dadas as circunstancias, Harry não cogitara em esconder. E daí para o aspecto doentio de Hermione. Franzindo o cenho, a mulher olhou em volta. E após alguns segundos murmurou em tom severo e urgente:
- Suba então garoto! - e logo em seguida acrescentou. – Pelo que parece, vocês não tem muito tempo.
Harry murmurou algumas palavras a guisa de obrigado e se ocupou em fazer com que a garota subisse no “veículo”, o que por si só não foi fácil. E então os três começaram a se mover...
Só agora lhe ocorria, para onde aquela mulher estaria levando os dois... Entretanto, a preocupação se esvaiu no momento que entraram em movimento. Não fazia muita diferença mesmo. Contanto que fosse o mais distante dali possível...
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