Hagrid depressivo?
Cap-24
Hagrid depressivo?
O dia amanheceu claro, porém com vestígios de chuva, a luz clareava todo o dormitório de Harry e foi isso que o fez acordar. Deveria ser umas onze horas quando ele se levantou, olhou pela janela e viu no lago alguns alunos que brincavam com a lula gigante. Na floresta dava para se ver alguns testrálios que caçavam alguns pássaros, e por incrível que pareça a cabana de Hagrid não estava com a sua habitual fumaça saindo da pequena chaminé.
Harry olhou para os lados e percebeu que Rony não dormira ali, sua cama estava intacta. Neville como sempre roncava aos quatro ventos e Simas e Dino já haviam acordado, pois suas camas estavam também vazias. Ele se arrumou e desceu para tomar café, quando chegou na sala comunal encontrou Gina sentada com uma expressão de sono.
“Oi, você viu seu irmão?” perguntou Harry se sentando na cadeira ao lado da menina.
“Não! Por que?” perguntou a menina ainda dormindo.
“Ele não foi dormir ontem.” Disse o garoto se servindo de um prato de papa de aveia.
“Isso é interessante.” Disse a garota mais acordada.
“Por que é interessante?”
“Porque mais cedo ouvi a Lilá conversando com a Parvati e elas diziam que a Mione também não dormiu no dormitório.” Disse a garota colocando uma colher de aveia na boca.
“Ah! É realmente interessante.” Disse Harry rindo junto com a amiga.
“E falando neles.” Disse Gina apontando para a entrada da sala comunal.
“Bom dia gente!” disse Hermione de bom humor que vinha de mãos dadas com Rony.
“Bom dia pra vocês também.” Disse Gina que não conseguiu disfarçar o riso.
“Se entenderam?” perguntou Harry rindo junto com Gina.
“Vocês dois são uns maliciosos, não aconteceu nada dá para parar.” Disse Hermione corando.
“O que foi?” perguntou Rony com cara de bobo, como se não tivesse entendido nada.
“Nada amor, esses bobos parecem que nunca nos viram bem.” Disse a morena ao namorado. –“E vocês voltaram?” perguntou aos amigos que pararam de rir com a pergunta.
“Não, nós só voltamos a ser amigos, para poder atazanar vocês.” Disse a ruiva abraçando Harry pelo lado.
“É voltamos a ser como antes.” Disse o garoto agora pegando um copo de suco de abóbora.
“Harry você viu o Hagrid ultimamente?” perguntou Hermione agora se sentando à mesa ao lado do namorado.
“Eu não tenho falado com ele desde o começo do mês passado, mas eu o vi fazendo a decoração do dia das bruxas. Por quê?”
“Eu estou com a impressão que ele não está legal.” Disse Hermione pegando uma torrada e comendo.
“Po gue isso Bione?” perguntou Rony com a boca cheia de comida.
“Primeiro, coma de boca fechada Rony. Segundo eu o achei muito cabisbaixo quando o vi ontem, estava pensando em irmos visitá-lo hoje, já que não temos aulas e milagrosamente temos feito todos os exercícios.”
“Então vamos visitá-lo depois de irmos ver o Sírius.”
“Isso é outra coisa que devemos conversar, Lupin mandou você ir fazer outra coisa, porque possivelmente ele não vai acordar hoje, talvez só amanhã.” Disse Hermione sem se importar com a expressão que Harry fazia a cada palavra que ela dizia.
“Como se eu fosse obedecer essa ordem!” disse Harry indiguinado com o que a amiga dizia.
“Ele também disse que você falaria isso, mas não custa nada tentar.” Terminou a garota colocando um pedaço de torrada na boca.
Todos riram com o comentário final de Hermione. Depois que eles terminaram Harry, Gina, Hermione e Rony se dirigiram para a Ala hospitalar, no caminho encontraram Pirraça derrubando as armaduras de prata do corredor da Ala leste e jogando vasos nos alunos que se atreviam a passar. Gina quase foi acertada com um vaso bem na cabeça, mas Hermione destruiu o vaso antes que ele atingisse o alvo. Harry teve que se desviar de cerca de três, mas não escapou de tropeçar em uma das armaduras que estavam jogadas no chão. Apesar de eles saírem do corredor com algumas lesões eles se divertiram muito no final, demoraram mais do que esperavam para chegar à enfermaria, mas quando chegaram lá não encontraram somente Sírius deitado na cama como na noite anterior e sim Alessandra também conversando com Madame Ponfrey.
“Oi garotos!” disse a garota sorrindo quando os viu chegar, ela estava loira dessa vez, com presilhas de borboleta no cabelo solto e vestia um jeans impecável com uma jaqueta azul céu.
“Oi Alex!” respondeu Hermione indo cumprimentá-la. –“Não esperávamos te encontrar aqui!”
“É que eu quis ver pessoalmente como estava nosso hóspede. E também não esperava encontra-los aqui tão cedo.” Respondeu ela dando um abraço na garota.
“E como ele está?” perguntou Harry depois que ela o cumprimentou.
“Ele está bem, só falta agora ele acordar, mas isso depende somente dele. Quem sabe a bela adormecida só precise do beijo de seu belo príncipe.” Disse ela fazendo Harry e Hermione rirem.
“O que?” perguntou Rony com cara de bobo.
“Deve ser algo trouxa maninho.” Disse Gina tentando entender também o que se passara.
“É uma história de fantasias trouxa, onde a princesa dorme com uma maldição, mas um belo príncipe a acorda com um beijo de amor eterno.” Respondeu Hermione fazendo drama a cada palavra.
“Que coisa melosa!” disse Rony fazendo uma cara de nojo.
“Romântica, Rony. Romântica!” disse Gina à Rony.
“O que vocês planejam fazer hoje?” perguntou Alessandra ao quarteto.
“Só vamos dar uma passadinha na cabana de Hagrid e depois não sei.” Respondeu Harry.
“Então vocês gostariam de ir até Hogsmead comigo? É que eu não tenho companhia e não estou afim de ficar presa hoje nesse castelo.” Disse Alessandra com os olhos brilhando.
“Mas ninguém sai do castelo!” disse Rony inocentemente.
“Não sem minha permissão, mas como sou eu quem estou convidando.”
“Seria ótimo sair e respirar um ar.” Disse Gina dando um pontapé em Rony, que reclamou.
“Mas não é meio perigoso sairmos do castelo do jeito que está hoje?” disse Hermione dando uma olhada rápida para Harry.
“Eu não posso garantir que não vai acontecer nada, mas eu acho que todos aqui sabem se defender muito bem, ou estou enganada?” perguntou Alessandra rindo para Harry.
“Certíssima, todos aqui já passamos por coisas muito piores que passeios à Hogsmead.” Concordou Harry sorrindo de volta.
“Não custa nada ser um pouco cautelosa.” Disse Hermione.
“Mas você é de mais Mione.” Disse Rony à namorada.
“É eu sei que sou de mais.” Disse Hermione dando um selinho no namorado e fazendo todos rirem.
“Desde quando você se tornou convencida?” perguntou Rony corando.
“Sei lá, acho que essa minha convivência com você está me obrigando a ser assim, só vivo recebendo elogios que acabo me convencendo.” Disse Hermione fazendo todos rirem.
“Está bom, vamos acabar com essa conversa antes que sejamos obrigados a ver algo bem mais meloso que um simples selinho, afinal eles estão tão grudados desde que nenhum dos dois dormiram em suas respectivas camas.” Disse Gina fazendo Rony e Hermione corarem com o comentário e Harry e Alessandra rirem.
“Gina você não precisa espalhar isso para toda escola.” Falou Rony baixinho, mas todos ouviram.
“É verdade, estou fazendo da maneira errada. Tenho que falar com Fred e Jorge sobre isso!” disse Gina rindo e se esquivando da tentativa de Rony de pega-la pelo colarinho.
“Então posso contar com vocês mais tarde?”
“Claro, de que horas?” perguntou Harry.
“Às duas horas no portão, está bom?”
“Sim, eu acho.”
“Bem então eu vou indo, para deixar tudo certinho para podermos ir. Tchau.” Disse ela depois de dar um beijo na bochecha de Harry.
“Vamos também, e Harry vê se de tarde você não baba tanto!” disse Gina dando um tapinha no ombro do rapaz.
“Eu não babei... babei?” perguntou o rapaz aos amigos que seguiam Gina.
“Digamos que sim.” Respondeu Hermione se desvencilhando dos braços do namorado e indo confortar o amigo que os seguia. –“Por que você não fala logo para ela que gosta dela?”
“Eu não posso, não tenho certeza.” Respondeu o moreno sinceramente.
“Não é isso que parece, sempre que ela aparece você fica com uma carinha de esperançam que só vendo.” Disse Rony diminuindo o ritmo dos passos para ficar ao lado dos amigos.
“Vocês não entendem, eu não posso.”
“É aí que você se engana meu amigo. Nós entendemos seu lado, mas você tem que entender que não é tão complicado quanto você imagina.”
“Não? Vocês não percebem que todos a minha volta morrem? Que os mais próximos sempre sofrem por minha causa?” disse Harry elevando a voz.
“Não, Harry, não sofrem por sua causa, sofrem por causa de Voldemort. Ele sim é o culpado de tudo. Você não pode se privar de coisas essenciais por causa dele, porque é isso que ele quer.” Disse Hermione fazendo-o olhar nos seus olhos.
“Eu não me privo de coisas essenciais!”
“Ah não? E aquilo que você fez com a Gina, e o que está fazendo agora? O amor é uma coisa essencial, o próprio Dumbledore disse que o amor é o único capaz de acabar com Voldemort.” Disse Hermione, agora de seus olhos caiam duas lágrimas que ela já não conseguia segurar.
“Obrigado Mione!” disse Harry abraçando a amiga que agora chorava.
“Você tem todos nós ao seu lado cara e nem que você tentasse se privar disso a gente ia permitir.” Disse Rony dando um lenço à namorada que soltou o amigo.
“Ei vocês aí! O que vocês estão fazendo parados aí? Por que você está chorando Mione? O Rony fez alguma coisa com você?” disse a ruiva lançando um olhar fatal para o irmão.
“Não foi nada Gina, só o Harry falando aquelas besteiras que ele gosta de falar.” Respondeu a morena à amiga.
“Ah, então está entendido! Espero que tenha valido a pena você ter chorado Mione, porque essa cabeça dura... Mas acho que agora devemos realmente ir, pois daqui a pouco é hora de irmos passear.” Disse a garota esfregando as mãos.
“É verdade! É melhor irmos.” Disse Hermione segurando a mão de Rony e puxando Harry com a outra.
Eles foram andando sem pressa até a área externa do castelo. Harry ficou pensando no que Hermione dissera durante todo o percurso, e mesmo que seus amigos falassem com ele, ele não estava prestando muita atenção. ‘Será que ele gostava dela?... Ele não podia... Ela poderia se machucar, ou pior morrer e isso ele não agüentaria, mas um para sua lista...Morrer por causa dele, primeiro seu pai, sua mãe, Sírius (que deu um belo susto nele, mas agora está bem), Dumbledore. Quantos mais terão que morrer por sua causa?...Mas Hermione também estava certa, ele tinha o direito de tentar ser feliz... Não! Ele não iria conseguir ser feliz se as pessoas ao seu redor corressem o risco de se machucarem....Não é certo, ele bem enquanto seus amigos no perigo pela sua felicidade...Ele não tinha esse direito!...Mas ele também é um ser humano, tem o direito de ser feliz... Não quando isso implica na felicidade dos outros e ele não seria feliz se visse seus amigos tristes... Mas seus amigos não serão felizes se ele estiver triste... Mas ele não pode... Seu instinto de heroísmo tem que sobre sair, como a própria Hermione disse: Ele sempre procurava ser o herói, mesmo que inconscientemente... Não é assim!’
“Harry, você está bem?” perguntou Gina tirando-o de seus devaneios.
“Sim, por quê?”
“Porque já faz um tempo que venho falando com você e nada de resposta.”
“Ah, desculpa Gina é que eu estou um pouco aéreo hoje.”
“Sei? Principalmente depois da conversa de Hermione. Mione eu não sei o que você disse, mas pela primeira vez eu vejo que suas palavras realmente mexeram com o senhor Potter.”
“Não é bem assim, Gina não exagera.” Disse Rony defendendo o amigo.
“Não é não? Quantas vezes eu falo algo que vocês realmente levam a sério... tirando as anotações de história da magia.” Disse Hermione quando percebeu que Rony iria falar aquilo.
“Tem também as de poções, de transfiguração, de feitiços...Ai!” respondeu Rony, mas foi interrompido por um tapa no braço dado pela namorada.
“É verdade Hermione, não seja injusta. Nós sempre te ouvimos, não é só em História, tem também astronomia.” Disse Harry entrando na brincadeira e se esquivando para não levar um soco de Hermione.
Eles já estavam nos jardins indo em direção à cabana de Hagrid quando perceberam que a habitual fumaça na chaminé da cabana não existia, Harry se adiantou e correu para bater na porta de madeira da choupana. Ninguém atendeu. Ele bateu novamente e nem o latido de canino era ouvido, nenhum movimento era ouvido da parte de dentro da cabana. Ele chamou pelo nome de Hagrid e mais uma vez ouve silêncio. Harry não pode deixar de notar que a casa em si não era mais a mesma, as janelas que outrora eram inteiras, hoje era possível ver que algumas estavam quebradas. Os jardins da cabana também não eram mais os mesmos, se antes eram cobertos por plantações de abóboras gigantes ou algo que fosse do feitio do próprio Hagrid, era possível ver descaso com as poucas plantas que ali havia. O habitual barril que era cheio de água, estava vazio e até criara musgo.
Harry não foi o único que percebeu as mudanças, Hermione estava em silêncio procurando respostas racionais para aquele cenário. Gina olhava para os cantos como se pudesse achar Hagrid em qualquer lugar a qualquer momento. Rony olhava estarrecido para um canto da cabana. Harry olhou para Hermione e pode identificar um olhar de preocupação nela.
“Ele deve estar na floresta com o Grope!” disse Hermione com um tom de preocupação na voz, mas tentando passar tranqüilidade.
“Mas isso não justifica o estado da cabana, a não ser que ele tenha decidido morar com o Grope na floresta.” Disse Rony saindo do transe.
“É ele deve ter ido a floresta, levou até Canino!” disse Harry.
“Ele não estava proibido de entrar na floresta?” perguntou Gina aos amigos.
“E desde quando isso impediu Hagrid de fazer uma coisa, quanto mais proibido e perigoso mais provável que o Hagrid faça.” Disse Rony.
“Eu disse que ele não tava legal, eu disse. Eu deveria ter vindo falar com ele antes, se algo aconteceu com ele eu não vou me perdoar.” Disse Hermione colocando a mão na testa.
“Calma Mione, provavelmente ele está na floresta e nada aconteceu com ele, o Hagrid é um cara muito forte.” Disse Harry tentando conforta-la.
“Mas ele é muito delicado, você viu como ele ficou quando Bicuço ia ser executado, e quando a acromântula dele morreu. Ele estava muito estranho desde que voltamos, ele não nos recebeu com seu sorriso habitual. De todas as vezes que eu vi Hagrid esse ano ele evitou prolongar a conversa comigo de todas as maneiras. Sabe o que os primeiranistas estão dizendo das aulas dele?... Que são um tédio! Desde quando Hagrid deixa uma aula ser tediosa, eu só vi isso acontecer quando bicuço ia ser executado.” Disse Hermione descontrolada, algo que deixou os amigos realmente espantados.
“Hermione isso já era provável que acontecesse, você esqueceu que Dumbledore morreu? E isso foi terrível para o Hagrid, já que Dumbledore era quase um pai para ele.” Disse Gina consolando a amiga.
Harry nem pensara nisso! Dumbledore morreu e ele nem tinha ido falar com Hagrid sobre o assunto. Realmente aquilo era verdade, Hagrid com certeza estava muito triste por tudo que aconteceu. E deveria estar evitando Hermione, porque ele também não tinha ido nem procura-lo, ele sabia o quanto Hagrid era sentimental. Quando eles deixaram de fazer trato de criaturas mágicas, Hagrid ficou sem falar com eles durante um tempão e só aceitou depois que eles insistiram muito. Hagrid com certeza estava triste e uma boa parcela de culpa era dele: Harry.
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