Irreparável - A Tal Devoradora

Capítulo VI
Irreparável – A tal Devoradora

-Lumus!

A hora não era apropriada, já havia se passado horas do horário de recolher. Até mesmo o local não o era: um estreito e abafado armário de vassouras, sem luminosidade suficiente. A verdade é que até para respirar sentiam dificuldade. Porém, nada se comparava com a estranheza do grupo contido nele de maneira enigmática e provavelmente, com um pouco de malabarismo.
Dois rapazes e uma moça. Um dos rapazes tinha o cabelo loiro platinado, muito bem penteado. Os outros eram ruivos.

A garota suspirou impaciente e se mexeu tratando de encontrar um meio mais confortável de posicionar as pernas. Ron Weasley resmungou dando uma cotovelada na irmã, lhe advertindo que, naquele lugar onde tentava se esticar, era ele e somente ele quem estava.

-Não tinha um lugarzinho melhor pra esse maldito encontro, não? – Draco Malfoy indagou exasperado quando uma das vassouras o atingiu pela segunda vez. Praguejando, tratou de a empurrar com raiva para um canto. Ron nem se deu ao trabalho de encarar o “colega”.

-Vamos Ronie, não tenho toda noite – Gina bocejou.

O ruivo assentiu. – Hermione lhe falou alguma coisa?

–Ela está para além de confusa, suponho que Harry também esteja – a garota disse sorrindo levemente.

-E qual é o próximo passo? – Draco perguntou, cruzando os braços sobre o peito. – Imagino que tenha um... – acrescentou sarcasticamente, erguendo a sobrancelha.

-E você deve saber – Gina encarou seriamente o irmão. – Hermione está desconfiada. Ela não vai tirar os olhos de cima de você.

Ron sorriu abertamente, meneando de modo afirmativo a cabeça. – Já imaginava isto. Então, pus um “plano B” para correr em paralelo. Ela não vai poder me acusar de maneira tão veemente por muito tempo, no fim das contas.

Instintivamente, Gina e Draco se entreolharam desconfiados. – O que quer dizer com isso?

O sorriso de Ronald ficou ainda maior. – Amanhã, pela manhã, saberão.

Gina franziu o cenho. Mas Draco insistiu contrariado: – Que tipo de plano é esse? – a pergunta foi ignorada por Ron. E a irmã sabia, como cabeça-dura que era Ron, ele não abriria a boca.

-Ah. Gina, eu quero que me faça um favor – Ron retirou do bolso um sicle. – Quero que aposte que Harry e Hermione não ficarão juntos esse ano – a garota engasgou.

-O que?! – Gina e Draco praticamente gritaram. Aquela, afinal, era a mais pessimista apostas da “banca”, até onde sabia, ninguém havia apostado naquilo.

Rony revirou os olhos. -Ninguém elegeu essa sentença, idiotas.

-Por que será? – Gina contrapôs com cinismo.

-Hã, porque é a coisa mais estúpida que já ouvi?! – Draco arriscou cheio de seu habitual deboche.

-Por Merlin! Se virem que apesar de eu ter posto uma pequena fortuna no de “eles ficaram feliz para sempre juntos” ou coisa parecida – disse mordaz. – Mas minha irmãzinha, tão amiga de Harry e Hermione quanto eu, apostou algo insignificante, vão achar que estamos disfarçando. E correrão para mudar suas apostas, entenderam?

-São muitas suposições pro meu gosto – a bruxa resmungou, não satisfeita com a explicação, mas guardou mesmo assim a moeda consigo. Draco preferiu não retrucar, um sicle a mais ou a menos... Só queria ter retorno, era isso o que lhe importava.
**

E foi com apreensão que Gina chegou ao salão principal aquela manhã...

Rony parecia bem satisfeito consigo mesmo e isso definitivamente não a agradou. Comia feliz e glutonamente, ignorando os olhares assassinos de Hermione e sorria mais do que de costume para uma manhã nublada de domingo.
Em um dado momento, os olhos azuis do ruivo se estreitaram e brilharam enquanto olhava de esgueira para o amigo moreno que comia quase sem vontade.

-Hei Harry.

-Hm.

-Você não vai adivinhar quem encontrei ontem – olhou por cima do ombro de Harry, disfarçadamente, só para observar que Hermione parecia alheia à conversa. - Estava para te contar quando a Hermione - desta vez encarou a morena com reprovação, ela tornou a ignorá-lo. – Começou com aquela história maluca sobre eu ter culpa de não sei o quê – disse gesticulando com indiferença e virando os olhos. Mas sorriu intimamente quando viu Harry corar furiosamente e Hermione virar o rosto para o lado oposto.

Instintivamente, barreiras invisíveis foram criadas por cada um, com o intento de lhes proteger de qualquer comentário maldoso que, eles sabiam, viria de Ron a qualquer momento.
Mas, para estranheza deles, o ruivo continuou inabalável e, supostamente, alheio a proteção de cada um. Supostamente sem saber direito o porquê dela, isto é, a proteção, o escudo deles.

-Quem? – indagou o moreno por fim, sem muita curiosidade ou entusiasmo. A verdade é que o entusiasmo que faltava em Harry, encontrava-se em excesso em Ron.

-Uma lourinha, sexto ano, Corvinal, a qual convenientemente você está interessado – olhava de relance para Hermione.

Harry o encarou intrigado. – Luna?

Ron franziu o cenho. – É evidente que não – retrucou áspero. – E eu nem sabia que estava interessado na Luna...

-Era isso que eu ia lhe falar – Harry contestou confuso.

-Por Merlin, Harry, como você é desligado!

Harry se exasperou. – A única loira, sexto ano, da Corvinal que conheço é a Luna.

-Ah é mesmo? – Ron ergueu a sobrancelha. - Lizzie Mcflair lhe diz alguma coisa?

-Oh.

-Finalmente, hein, meu caro amigo torpe – zombou.

-O que tem ela? – Harry indagou, fazendo-se de desentendido.

Ron sorriu malicioso. – Lembra quando disse que a achava linda? Bom, eu meio que fui sondá-la.

-Você o que?!

Rony riu. – Se ela dependesse da sua disposição para convidá-la para sair, ela ia morgar.

Harry virou os olhos. – Isso não lhe dá o direito de se intrometer em minhas relações.

-Na falta delas, você quer dizer.

-Ron, cala a boca.

-Não se sinta ofendido. De qualquer forma, o que eu queria lhe dizer é que: Sim, ela ‘tá afim!

Harry prendeu a respiração, seu olhar recaiu sobre Hermione, a olhava de soslaio, mas ela ainda se limitava a apenas comer. – Como sabe?

-Eu perguntei.

-Ron!

-Fui discreto. E se quer saber, eu posso marcar com ela um encontro a qualquer dia da semana, para você. Ela se mostrou bem receptiva, se é que me entende. E se quiser uma dica de lugar, tem uma sala de astronomia, na ala norte que...

Ron viu Hermione morder o lábio inferior para não replicar e se comprometer mais e quase apontou para seu rosto e gargalhou, mas se contentou em lhe lançar um olhar desafiador.

Harry riu nervosamente. – Eu vou pensar, ok? – disse tratando de não observar a amiga.

Era idiota, afinal, pensar que a estava traindo não é? Quando haviam chegado à conclusão de que nenhum deles queria ter feito “aquilo” no quarto de Madame Rosmerta... Mas não o fazia sentir-se melhor.

Ron deu de ombros. – Você tem todo o tempo do mundo – “ou quase” – Estarei por aí, logo a gente se vê – contrapôs, enfiando uma torrada na boca e saindo. Gina o seguiu, ela não parecia contente.
**

-Ron, como pôde?!

-Segunda fase: ciúmes. E claro, limpar a minha barra.

-Mas Elizabeth é – Gina expirou com força. – Ela é uma devoradora de homens! - murmurou com urgência.

O rapaz deu uma risada, pousando uma das mãos sobre ombro da irmã, tratando de acalmá-la. – Irmãzinha, eu não pretendo deixar que esse caso transcorra por muito tempo, além do mais, se Lizzie, a “devoradora” – “não brinque!” Gina o estapeou. – partir o coraçãozinho do nosso amado amigo, quem estará lá para colá-lo novamente, como vem fazendo todos esses anos? Hm? Hermione Granger, obviamente.

-Eu não sei, Ron... Isso parece desajustado, até para você.

-Relaxe...

Gina não o fez.
**
(de noite, no salão comunal)

-Então, Harry? Já decidiu?

O moreno suspirou, odiava ser pressionado. Ele relanceou a vista pelo local, estavam apenas ele, Ron e Mione no salão comunal. Suspirou novamente. Hermione não parecia dar importância, Ron estava mais empolgado que ele próprio. Cedeu, por fim.

-Está bem, amanhã falarei com ela.

-Posso eu mesmo falar, se quiser – apressou-se a dizer Rony, entusiasmado.

-Não. Tudo bem. Tem certeza que ela está afim não é? – indagou num murmúrio para que apenas Ron ouvisse. Ele não sabia que se Hermione quisesse escutar, ela o faria. Porque nada poderia a impedir de o fazer.

-Ela e toda a torcida do Cannon’s.

Harry sorriu sem jeito. E Hermione... Ela planejou, pela enésima vez só naquele quarto de hora, o assassinato – de preferência, com requintes de crueldade – de Ronald Billius Weasley.
Ron ria abertamente, ele não o faria se soubesse que Hermione planejava matá-lo de maneira, hm, sádica.
A própria morena sorriu entretida em seus pensamentos e Rony estremeceu, depois de um sinistro arrepio na espinha...
**
(continua)
**

Desculpa a demora...
Espero que curtam. Logo, atualizando outras (eu acho u.ú)

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