Capítulo Único
A fic se passa na visão da Mione. Não sou lá muito fã do Harry, então ele tem a importância de um Horklump nessa fic. Pós HBP. Obrigada!! ^^
Eu te devoro - Djavan
Teus sinais me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Teu olhar não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro, te devoraria...
A qualquer preço porque te ignoro ou te conheço
quando chove ou quando faz frio
Noutro plano te devoraria tal Caetano
A Leonardo di Caprio
É um milagre... Tudo que Deus criou pensando em você
Fez a Via-Láctea, fez os dinossauros
Sem pensar em nada fez a minha vida e te deu
Sem contar os dias que me faz morrer
Sem saber de ti, jogado à solidão
Mas se quer saber se eu quero outra vida... Não... Não
Eu quero mesmo é viver, pra esperar, esperar... Devorar você
*****
“Como? Como ele consegue isso? Logo ele... Eu também sou uma maluca! Como EU consigo na verdade?”
Estavam em mais uma de suas discussões sem motivo. Agora cada vez mais constantes.
- Ronald! Você está me escutando?
- É claro que estou, Mione! Você está praticamente gritando. Quem não escutaria?
- Não estou praticamente gritando. Só estou falando em um tom ligeiramente mais alto já que você, Rony, como um legume, tem mais dificuldade em entender certas coisas.
- E que certas coisas eu tenho dificuldade de entender, Srta. Sabe Tudo? – disse Rony num tom de desafio.
- Você ainda tem coragem de me perguntar isso? – perguntou Hermione incrédula – Rony, quantas vezes mais terei que te falar que não há NADA entre o Vítor e eu?
- Mais nenhuma, Herm-on-nini - disse o ruivo não mais alto que um sussurro, imitando o sotaque de Krum.
- O que você disse?
- Nada Mione, nada...
Mas não havia porque perguntar. Ela entendera perfeitamente. Ou não...
Teus sinais me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Ela já estava farta disso. Esse ciúmes dele. Esse ciúmes ridículo dele. Por que ele não agia logo? Por que não dizia simplesmente o motivo de tudo? Por que, por Merlin, ele não confessava?
“Só tem um motivo: porque não é verdade. Porque ele não gosta de você. Porque você só passou a ser uma garota quando ele precisava. E ele nunca vai precisar de uma...”
Namorada. Era essa a palavra que ela gostaria de usar, era isso que ela gostaria de ser. A namorada de Rony Weasley.
“Eu tenho que parar de pensar nisso. Ele não quer nada comigo. Quando decidiu ter algo com Lilá, teve. Não que eu quisesse algo daquele tipo, longe de mim! Mas, coragem não faltou nele... Não teria porque ser diferente comigo nesse ponto. Ou teria?”
Ano dos N.I.E.M.s, não seria uma surpresa encontrar Hermione Granger estudando até tarde na Sala Comunal da Grifinória. O que seria uma surpresa mesmo seria Rony descendo as escadas com seus livros, afim de estudar. Ou pelo menos tentar.
- O que houve? Caiu da cama? - perguntou Hermione rindo.
- Muito engraçado, Granger. Mas eu realmente tenho que estudar.
Ela tentaria. Com ele alí não seria uma tarefa muito fácil.
- Não Rony, você realmente não presta atenção nas aulas, não é mesmo? - perguntava Hermione com um meio sorriso nos lábios.
- E me diz: por que prestaria? Na aula eu posso ficar prestando atenção em como está o tempo lá fora, pensando em como estarão as condições no próximo jogo de Quadribol. Posso ficar pensando como cada professor ficaria nas vestes da avó do Neville... Você lembra do bicho-papão dele?
- Você realmente deve estar brincando... - disse ela, mas não segurando um sorriso ao relembrar de Snape, vestindo um longo vestido verde, enfeitado com rendas e um chapéu com um urubu na ponta.
- Não estou não. É realmente engraçado... E, além de tudo isso, por que prestaria atenção nas aulas se posso ficar a noite aqui, com você, estudando?
Rony dissera isso sério, sem seu sorrisinho habitual. Ele dissera isso olhando em seus olhos, encarando-a. Com uma expressão que dizia tudo, se ela entendesse...
Teu olhar não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro, te devoraria...
“E como posso pensar que não há nada? Ou realmente não posso? Ai, Rony! Por que você faz isso? Por que me deixa tão em dúvida? Por que não esclarece tudo de uma vez?”
- Mione?
- Hum? - disse tentando tirar esses pensamentos de sua cabeça. - Que foi?
- Sou eu quem pergunto... Você ficou me olhando com uma cara meio assim.
E ela começou a rir. Rony estava fazendo uma careta particularmente horrível.
- Eu não estava te olhando assim!
- Estava sim!
- Não estava não, Rony! - disse ela num tom brincalhão de quem o reprovava.
- Sim, você está certa. Estava um pouco pior, mas eu não queria te magoar.
- Ronald!
O garoto que a tirava do sério. O garoto que conseguia irritá-la mais do que qualquer outro. O garoto por quem se apaixonara. O garoto que fazia com que ela risse com vontade, mesmo em tempos tão difíceis. O garoto que a completava. O garoto que estava bem na sua frente: Rony Weasley.
Era incrível também a rapidez que tinham de, num momento – como esse – estarem tão bem um com o outro e, quem sabe em cinco dias ou menos, estarem sem ao menos se olhar. E como isso a deixava magoada...
Eles tinham seus momentos. Assim, mesmo que da maneira mais difícil – e infantil diga-se por passagem – conheciam mais um ao outro. Assim eles viam exatamente o que deixava o outro com raiva, medo, ciúmes, etc. Também viam o que deixava cada um feliz.
Mas o que era mais interessante é que, mesmo nos momentos em que ambos pareciam se odiar, o sentimento era o mesmo dentro de Hermione. Ela até se perguntava se esse sentimento latejava mais e mais dentro dela quando estavam afastados.
“Por que? Ele é um insensível! Por que esse sentimento não morre? Ao menos diminui? Por que suporto todas as brigas te amando? Por que não consigo desistir de você? Simples! Porque é O Rony”
A qualquer preço porque te ignoro ou te conheço
quando chove ou quando faz frio
Aquele momento estava sendo perfeito. Ele brincando com ela, ela rindo dele. Os dois sozinhos na Sala Comunal. Sem se preocuparem com a hora. Desculpa de monitora ela tinha: estava apenas ajudando um amigo a estudar. Amigo... Ela ria de si própria ao pensar nele assim.
O que não havia era desculpa para continuarem como sempre foram. Tão separados se sempre estiveram ligados. Tão sozinhos se sempre souberam que formavam uma pessoa só.
“Quem te disse que ele pensa assim? Ele não pensa assim! Já teria feito algo... Ou não? Mas também, quem disse que ele não pensa assim? Talvez tenha algo que o impeça.”
Ah, se ela fosse realmente corajosa! Se ela pudesse ter certeza de que ele não se afastaria quando contasse a ele tudo o que sentia. Se ela pudesse beijá-lo agora e fingir que nada aconteceu só para ver qual seria a sua reação. Se ela fosse outra pessoa... Talvez ela pudesse fazer tudo isso. Mas nada seria feito sendo Hermione Granger, nada sairia exatamente como ela desejava se fosse com Rony Weasley. Ah, se pudesse separar dois mundos. O da realidade e o dos sonhos...
Noutro plano te devoraria tal Caetano
A Leonardo di Caprio
“Tão errado mas ao mesmo tempo tão certo.”
Ela sabia que Rony era uma pessoa completamente diferente dela, sabia que, se algum dia dissessem a ela que ela se apaixonaria absurdamente por um garoto desleixado, brincalhão, que não ligava muito para os estudos, responderia: "Ah, mas você só pode estar maluco! Assim? Minha paixão?! Humpf, vai encher o saco de outro..."
Agora ela sabia. Era por isso que ele a atraía tanto. Eram opostos. Um completava o outro. E não importavam suas qualidades e defeitos. Aquele era o Rony! E ela agradecia por um dia ter perguntado sobre Trevo na cabine dele, agradecia por dizer que seu nariz estava sujo, agradecia por quase ter a chance de ser morta por um trasgo, agradecia sobre muitas outras coisas. Agradecia principalmente ao destino por ter feito tudo tão perfeitamente para que eles estivessem um com o outro na Sala Comunal, apenas estudando.
É um milagre... Tudo que Deus criou pensando em você
Fez a Via-Láctea, fez os dinossauros
E de pensar que um dia conseguira viver sem esse ruivo...
- Vamos, Rony! Aos estudos!
- Não Mione, rir de você é bem melhor! - disse sorrindo, tentando fazer a garota desistir de estudar.
- De jeito nenhum. Mas se passarmos a rir de você, tudo bem!
Ele a olhou e riu logo em seguida.
- Você tem passado tempo demais ao lado dos Weasley... - disse tentando ficar sério.
- Não vou nem te contar o principal responsável então, ele correria sério risco de vida.
- Nossa, isso é um elogio? - disse Rony surpreso. - Eu seria realmente perigoso, não?
- Claro que não, só estou dizendo que o Weasley em questão não consegue nem deixar de tropeçar nos próprios pés, imagine se tivesse que se proteger de alguém, não é mesmo, Rony?
- Ah... Pelo menos agora sabemos quem é o Weasley em questão, não é mesmo, Hermione? - disse imitando a garota que o olhava de um modo divertido.
- Você sabe que sempre foi você...
“Eu disse isso? Eu realmente disse isso? Ai, ele não vai perceber o que eu realmente quis dizer! Não vai! Ele é lerdo, não enxerga coisas óbvias, mesmo que essas estejam na sua frente. Ele definitivamente não vai perceber!”
- Sempre fui eu? Acho que não... Queria ter sido, sempre. Mas acho que não fui.
“O que ele quis dizer com isso? Se ele entendeu o que eu disse eu preciso entender!”
- Não fui eu que te levei ao Baile de Inverno, lembra? Foi o Krum... Não, Mione, ouve. - acrescentou rapidamente vendo a expressão no rosto da garota mudar. - Eu realmente queria ir com você àquele baile. E me desculpa por ter sido um “legume insensível” por tantas coisas, mas principalmente por não ter te dado o valor que você sempre mereceu.
- Rony... eu...
- É sério, Mione. Também não pude fazer nada quando aquele Comensal te atacou no Departamento de Mistérios... Talvez você tenha acertado que o Weasley em questão não faz mais nada além de tropeçar nos próprios pés...
Hermione o olhava sem saber o que dizer. Ele realmente sentia por isso, ela via nos seus olhos...
- Rony, o que importa agora é que nós dois estamos bem agora, juntos.
- Realmente, é isso que importa.
E dizendo isso ele a abraçou como nunca o fizera.
- Obrigado por existir. - disse sussurrando no ouvido da garota.
- Não... Sou eu quem devo agradecer por você existir...
Sem pensar em nada fez a minha vida e te deu
Ela mal pensava agora, mas também, não havia realmente o que pensar. Só havia os dois e o abraço que os unia.
E de pensar que muitas vezes ela sentira raiva dele, raiva da infantilidade, raiva da grosseria, raiva de cada célula daquele garoto...
Era impossível ter raiva de alguém assim. Aquele era o Rony que quase ninguém via, que quase ninguém conhecia. Era o Rony carente, que precisava de palavras que o colocassem para cima, era o Rony que precisava de alguém que realmente gostasse dele e o aceitasse do jeito que era. Era o Rony que precisava de colo...
Hermione começou a acariciar os cabelos de Ron, estes que ainda estavam em seu ombro e que ela não queria que saíssem de lá tão cedo.
- Desculpa estar assim. Eu... Bem, quando desci para estudar já imaginava que estivesse aqui e... hum... Eu tive um sonho realmente ruim.
- Quer falar do sonho? - perguntou o mais cautelosamente que podia.
- Eu te perdia... Mas... Eu realmente não quero falar nisso, Mione...
Por Merlin, quantas vezes a garota já pensara a mesma coisa? Quantas vezes tivera sonhos dos mais engraçados até os pesadelos mais medonhos. Sonhos onde Rony começava a se tornar uma aranha gigante e engolia a todos até pesadelos com Voldemort torturando-o.
- Não peça desculpas... Se eu tivesse sua coragem também teria te abraçado ao ter sonhos ruins. - confessou. - Mas, ao invés disso, fiquei apenas com o meu medo.
Sem contar os dias que me faz morrer
Sem saber de ti, jogado à solidão
- Você diz que sou corajoso... Se fosse já teria dito e feito muitas das coisas que nunca não passam do limite do pensamento.
Com ela era a mesma coisa.
Lá estavam os dois. Sozinhos. Juntos. Mas separados...
Só o que distanciava um do outro eram seus próprios medos.
- Mione... Eu... hum... Não quero... er...
Ela agora o encarava. Tinha medo do que ele viesse a falar.
- O que você não quer?
- Não me leve a mal, por favor... Não quero que você venha a pensar em... bem... coisas...
Ele não conseguia encará-la. Olhava para os lados, para os próprios pés. Olhava para tudo, evitando assim os olhos de Hermione.
- Que tipo de coisas? - e ela percebera, tarde demais, que sua voz saíra falhada. - Fala, você sabe que eu sou sua amiga. Pode contar comigo para tudo.
Hermione não sabia, mas Rony tinha sentido muito mais que ela com essa frase. Sentido com uma simples palavra, sentido por ela ser sua amiga.
- Eu não quero... ehh... Não quero parecer egoísta...
- Como assim? - ela perguntou confusa.
- Não quero parecer que desci aqui apenas porque tive um sonho ruim. Muito menos só para estudar...
Mas se quer saber se eu quero outra vida...
“Menos ainda por você.”
E, de repente, o medo a invadiu. O medo de não poder voltar a pensar em Rony como ela sempre pensara, o medo de ter que aceitar aquela amizade – não que esta fosse pouca coisa, mas ela queria mais, muito mais. - e apenas aquela amizade. Mas, principalmente, o medo de não saber escutá-lo, entendê-lo e ser a amiga que ele tanto precisava naquela hora.
“Sempre fui uma boba por pensar que, um dia, poderíamos vir a ser... ser um casal. Algo que ele definitivamente vai me mostrar hoje, como se fosse tão simples quanto se obter a Poção do Morto-Vivo.”
Em seu rosto havia uma expressão indecifrável. Uma mistura de decepção e tristeza. Decepção por, um dia, ter pensado que Rony poderia sentir algo por ela. Decepção por pensar, hoje, que ele se sentia bem perto dela e que por isso descera. Decepção por ser o que ela era naquele instante – uma aluna excepcional para os outros, dedicada e inteligente, mas que nem ao menos conseguia separar duas coisas tão diferentes como amor e amizade. Alguém que sempre soubera todas as respostas quando fora questionada e se orgulhava disso, mas que hoje apenas fazia as perguntas. E essas a deixavam triste.
“Por que, Rony? Por que toda essa conversa, todas as palavras de afeto que foram ditas, todos os gestos? Por que você deixou que isso acontecesse se vai me dizer agora que não quer parecer egoísta por ter sido sincero e, assim, usar o tempo que eu poderia estar estudando te ouvindo, ou ainda desculpe por tudo, acho que estou te enchendo o saco com meus problemas ou, pior, Mione, eu precisava de alguém que me fizesse realmente feliz nesse momento, alguém que tirasse todo esse medo de dentro de mim, alguém que me amasse tanto que eu sentisse isso e, você sabe, somos apenas amigos.”
Ela encarava as suas mãos, as quais estavam sendo seguradas pelas de Rony.
“Tão perto... E tão longe...”
Se era isso que realmente estava prestes a acontecer ela não gostaria de se mostrar abalada ao seu amigo. Queria ser forte e ter forças para dizer: amigos são para essas coisas, Rony.
“Mas então, por que se levantar apenas por um sonho? Sim, acredito que tenha sido realmente ruim mas... foi comigo, comigo. Seria por que ele apenas perdia sua amiga, Hermione?”
Ela não conseguia organizar seus pensamentos mesmo sabendo que, o que quer que ele viesse a contar, ela deveria escutar e passar a ele a força que este sempre acreditou que a menina tivera.
- Eu desci aqui porque... Porque... Ah, Mione, eu tinha que ver se era apenas um pesadelo mesmo. Tinha que me certificar disso. Eu... Eu não conseguiria aceitar a idéia de te perder... Aceitar a idéia de não te ver todos os dias, de não poder brincar com você, de não ter alguém ralhando comigo...
Rony agora a encarava com um sorriso sincero.
- Não aceitaria ficar sem seu sorriso... Sem suas palavras... Sem seus abraços... Mione, não sou lá o cara romântico. Mas... Quando se trata de você... Eu... eu...
Ele a olhava como se esta fosse a última vez que teria a chance de vê-la. Como se, nesse olhar, tentasse resgatar tudo que Hermione tinha a lhe oferecer. Mas sempre sorrindo. Aquele sorriso.
Não... Não
- Eu... Eu não conseguiria aceitar a idéia de acordar e não te ver... De ir dormir sem ao menos ter sentido seu perfume.
Ela não tinha palavras. Nem ao menos conseguia raciocinar direito. Ela errara... Errara ao tomar todas as falsas pistas, chegando, assim, numa conclusão totalmente errada. Errada.
E se dissessem a ela, naquele momento, que errar é uma das melhores coisas que existe, ela concordaria plenamente. Mal acreditava que se orgulhava por ter errado. Afinal, Hermione Granger nunca erra. Nunca!
- Existe uma primeira vez para tudo, Mione...
“E ainda consegue entender o que eu penso, só pela minha expressão.”
- Rony... Eu...
- E eu não queria que a primeira vez que dissesse tudo que sinto a você fosse assim. - ele disse triste, cabisbaixo. Completando o que dissera antes. Não lera seus pensamentos, muito menos usara Oclumência. Estava apenas... voltando atrás?
Mas ela não entendia. Por que não poderia ser assim, afinal? Foi tudo tão perfeito, tão sincero. Por que ele estava triste agora? Será que se arrependera do que dissera? Será que, como ela, depois que dissera tudo, viu que não passava de amizade.
“Não que seja só amizade, hein, Granger. Mas será que por ele é só isso?”
Então a insegurança voltou. Todo o medo que ela perdera, perdida nas palavras dele, estava de volta. Toda a coragem que ela encontrou, encontrando finalmente a verdade daquela amizade, se foi. Como se essa verdade que ela acabara de acreditar, não passasse de mais uma ilusão, de mais uma tentativa inconsciente de não acabar chorando, sozinha num canto, por alguém que queria apenas a sua amizade.
“E só isso. Entenda!”
- Não precisa dizer nada, eu... eu sei exatamente o que você está pensando.
- Sabe mesmo, Ronald?
Eles se olhavam. Aquele olhar transmitia mais do que qualquer palavra que pudesse ser dita no momento.
Ela estava numa guerra interna: tudo que ela queria estava lutando contra a sua sensatez. Seus maiores desejos lutando com sua consciência. Era a vontade contra a realidade.
Ele, mais do que ela, se controlava. Não sabia exatamente o porquê dissera que não queria que fosse desse jeito. Não que deixasse de ser verdade, mas ela agora evitava olhá-lo, pelo que ele dissera. E ele se arrependia disso.
- Ah, Mione, você não está entendendo.
- Sim, deve ser realmente isso. Sou eu quem não entendo, não é mesmo? Sou eu quem digo uma coisa e daqui a pouco estou me contradizendo, não? Sou eu quem não tenta compreender a si mesmo antes de falar o que não se deve, concorda?
Ele a encarava. Quieto, sério. Nada parecido com o Weasley que ela conhecia, o seu Weasley.
- Responda! Não fique quieto, me olhando como se tudo que eu dissesse não fizesse sentido algum! Como se você não tivesse entendido tudo que eu quis dizer! Como se você fosse outra pessoa! Vai! Levanta! Diz o que você está pensando! Diz o que você acha disso tudo! Diz o que realmente Ronald Weasley diria!
Ele não mexia um músculo. Continuava sentado, olhando-a nos olhos. Com uma mão no queixo e a outra apoiada na poltrona, como quem analisava algo realmente raro de se ver.
- RONALD! VOCÊ... Você não é nada, NADA, do que eu pensava.
Mas era. Claro que era. Era perfeito.
Ela só não o entendia sempre, mas isso não era tão ruim assim, era? Na verdade, era até melhor. Um cheio de surpresas e mistérios que ela pagaria para vivenciar. Um com olhares e sorrisos com os mais diversos modos de interpretação. Um que ela não conhecia, e ainda outro desconhecido e mais outro. Todos amados, todos no mesmo Ronald Weasley.
E, sem perceber o que fazia, ela foi se aproximando de Rony.
- Mione... eh...hum... - começou ele muito sem graça com a proximidade repentina dos dois. - Você realmente não está entendendo. E não me interrompa dessa vez. - ele disse elevando a voz assim que a viu abrindo a boca para retrucar.
E, mais uma vez, o que quer que ele fosse dizer agora, ela deveria ser mais forte que nunca.
“Fica calma, você não quer beijá-lo, não quer! Só me aproximei por raiva, só isso. Assim fica mais fácil acertá-lo com um feitiço. Quem sabe até mesmo com um soco.”
Ela não acreditava nas coisas que pensava. Chegava a ser tão infantil que ela tinha vontade de rir. Mas se a infantilidade estava fazendo com que ela ficasse perto dele, mais perto. Era assim que ela continuaria a ficar.
- Não era assim que eu queria que tivesse acontecido, não era assim que eu queria que fosse. Eu... Eu deveria ter tido a coragem que você tanto diz que eu tenho.
Ele a olhou, na esperança de receber aquele olhar que tanto dava forças a ele. Mas ela ao menos o encarava.
- Desculpa... Eu só queria ter realmente dito que... que...
- Que...?
Então ele viu que agora ela o encarava. Aquele olhar de quem espera uma resposta, aquele olhar de mandona que ele tanto conhecia.
Ela percebeu que ela estava analisando-a mais uma vez, mas desta vez via que ele sorria ao olhá-la e, sem ao menos saber o porquê, sorriu de volta, olhando-o nos olhos.
E eles não perceberam, mas se aproximaram mais ainda. Juntos. Seus narizes se encostando, sentindo o cheiro um do outro, sentindo as respirações. Os olhos fechando instintivamente. Suas bocas se encontrando.
- Que eu te amo. - disse ele finalmente entre os beijos.
O beijo foi doce, simples. Apaixonado. Foi quente, ousado. Apaixonado. Foi único, sutil e desesperador. Apaixonado.
Eu quero mesmo é viver, pra esperar, esperar... Devorar você
- Que bom que perdemos nossos medos... Medos de sermos sinceros o bastante. - Ela disse, com sua testa colada a dele, suspirando com o a lembrança do beijo.
Ele sorriu com vergonha, assim como ela.
- Então um tira o medo do outro... Sendo o mais sincero possível, sempre. - Ele deu um beijinho rápido nela. - Só não chamaremos o tal Weasley em questão, ok? Não vale a pena nos arriscarmos tanto.
Sorrindo, ele acariciou a bochecha dela. Ela já fechara os olhos novamente, querendo mais.
E aquele fora o beijo de confirmação. O beijo que confirmava que eles realmente se amavam. O que confirmava que eles foram feitos um para o outro.
“Como? Como ele consegue isso? Logo ele... Eu também sou uma maluca! Como EU consigo na verdade?”
Ela sempre fazia essas perguntas. Ela sempre pensava em como um garoto desses havia conseguido deixá-la completamente apaixonada. Pensava que ela era uma maluca por ter deixado esse sentimento crescer ao ponto que se encontrava. Mas hoje...
Isso mudara.
Agora ela pensava: como ele consegue fazer com que eu me sinta tão fora de mim com apenas um beijo? Mas maluca ela continuava sendo... Só que desta vez se achava maluca por estar pensando enquanto Ronald Weasley estava beijando-a.
Hey gente! Poxa, essa eh a primeira fic q posto aki na Floreios e Borrões e gostaria muuuuito se vcs comentassem sobre ela! ^^
Obrigada a todos que leram!
Beijos!!
Comentários (1)
Perfeita. Essa é a única palavra que me vem em mente para descrever essa fic.
2013-09-08