O mistério do Lírio



- Lílian - corrigiu ela.
- Pra que isso agora? - perguntou ele olhando para a garota “esse olhar dele vai me atravessar”-Vai continuar se escondendo né?
- Eu já disse que não me escondo. - Lílian retrucou
- Se esconde sim. Olha, eu não quero discutir tá? - ele falou vendo que ela ia continuar negando - Eu quero te pedir desculpas por ontem. Eu não devia ter forçado a barra pro seu lado...
- Não tudo bem...eu só fiquei chateada, mas já passou. Mas tem uma coisa me incomodando... - ela disse pensativa, olhando para os sapatos “Nossa! Como eles são interessantes, né?” pensou sarcasticamente.
- Fala... - incentivou ele.
- O buquê que você me deu ontem...- ela finalmente olhou para os olhos do garoto.
- Você não gostou? - ele perguntou preocupado.
- Não! Digo, não é isso. Eu gostei, aliás eu amo os lírios - ele sorriu, aliviado - mas é que anteontem quando eu vim te procurar...
- Gente, os outros estão esperando por vocês. - falou uma voz atrás deles. Era Pedro - Eles só me fizeram uma recomendação... “se eles estiverem se beijando, volte e avise a gente” - eles riram.
- Tá Rabicho, a gente já está indo... - disse Tiago desanimado.

Lílian e os garotos desceram para o café. Estavam todos lá, inclusive Anne e Thomas, que pareciam terem se entendido, e Pollyana e Jimmy, conversando animadamente. “Tomara que ele tome alguma coragem...” pensou, sentando-se para tomar seu café. Todos demonstraram um certo interesse em conversar com ela. “Lógico, eles querem saber como foi lá em cima.” Ela olhou para o relógio “Nossa! Já são quase sete horas. Melhor ir logo para a aula de Trato de Criaturas Mágicas” ela olhou para as janelas para ver como estava o clima, mas viu algo realmente inesperado.
Um lírio branco alvo, com uma áurea prateada e transparente, estava flutuando da mesma forma que o primeiro. Ela olhou para os lados. Não era possível que ninguém havia reparado naquela flor. Não que ela chamasse atenção, mas será que tinha chances de uma coincidência ser tão coincidência assim? Mesmo se fosse, porque ele estava ali, com uma aparência tão triste? “Lírios não ficam tristes Lílian... isso é maluquice da sua cabeça!”
- Polly? - ela cochichou para a colega que estava ao seu lado. A menina olhou para ela - você já viu aquilo? - terminou apontando para a janela ainda olhando a garota.
- Aquilo o que? - perguntou Polly olhando para a janela. Ela olhou também, mas não viu sinal da flor em lugar nenhum.
- O dia vai estar péssimo hoje. Duas aluas com a sonserina, ainda por cima com esse solzão!Eu queria estar lá fora - mentiu, tentando disfarçar.
- Lílian? Você está bem? Eu nunca vi você assim... eu tenho de reclamar com o Tiago - brincou a amiga boquiaberta “também não é pra menos né? Ficar lá fora foi dose!” - Em falar em Tiago... me conta o que aconteceu...
- Não teve nada. A gente ficou calado bem uns dez minutos e no minuto “onze” o Pedro apareceu - ela explicou - Graças a Deus.
A garota ia começar a falar quando um sinal avisou que eles deveriam se dirigir às aulas. Agora ela tinha Trato de Criaturas Mágicas. Eles saíram curiosos para saber como seria a aula do dia. Depois de Herbologia, essa era a matéria que Lílian mais gostava. O que mais aborrecia e intrigava a garota, era o fato dela ter visto por duas vezes o lírio branco, mas todas as vezes que tentava mostrar a alguém ele simplesmente desaparecia. E ele sempre parecia estar triste.

-Lílian, você esta me ouvindo? - perguntou Pollyana atrás dela ‘já começou de novo...’
- Hã? - ela olhou ao redor. A maioria dos alunos já estava saindo, restou ela os marotos e as amiga - ah claro... vamos - terminou de arrumar as coisas correndo e saiu, junto com todos.

Os dias se passaram tão depressa desde esse dia, que Lílian se surpreendeu quando estava no salão fazendo seus deveres e as amigas chegaram comentando o passeio do dia seguinte.
- Passeio? - pensou alto. As garotas olharam para ela incrédulas.
- Terra chamando Lílian Evans... Acorda Lílian - Anne falou sacudindo os ombros dela - amanhã é sexta-feira! Passeio em Hogsmeade.
- Já? Nossa hoje é sexta mesmo? - as meninas riram - Sério?
- Lílian, acorda! - brigou/brincou Clarie - hoje é quinta-feira!
- Ah gente...é o Pottercite - brincou Cheer olhando para a amiga.
- Pára gente! Nossa! Como vocês estão chatas hein? Melhor eu ir dormir. - ela arrumou os livros na mochila e saiu - boa noite.
- Boa noite! - responderam as amigas.
Lilian já ia deitar, quando o primeiro lírio em cima da sua penteadeira, já seco. Ao lado dele, o buquê que Tiago tinha lhe dado. “Eles são lindos. Pena que não posso tocar nos brilhantes.” “Peraê? Quem disse que você não pode? Da próxima vez que você ver um deles você toca! Não deve ser nada de mais, né?” “É, talvez não seja nada de mais...” Ela deitou na cama e diferente dos outros dias, dormiu rapidamente.

No dia seguinte, Lílian estava menos distraída. Seu buquê estava no vaso que colocara no dia anterior. Viu, por duas vezes o lírio no salão principal, enquanto tomava café, mas achou melhor não ir tocá-lo. O mais estranho é que agora ele aparecia no meio das pessoas e elas ainda assim pareciam não vê-lo. E ainda sumia se ela tentava mostrar a alguém.
- Lílian? Posso falar com você? - era Remo. Ele a muito não lhe contava nada, e ela muito menos perguntava.
- Ah claro, mas tem de ser agora? - ela perguntou, olhando para o relógio. Na verdade ela já tinha reparado que Tiago e os outros encaravam a cena com curiosidade - é que eu to com pressa.
- Tá, tudo bem - ele disse após hesitar um pouco - até mais!

Decidiu que não terminaria o café, afinal odiava quando todos resolviam olhar para ela. Saiu dali sem dar maiores satisfações achando que estaria melhor sozinha... Ledo engano.
Lílian estava caminhando silenciosamente por um corredor rumo à sala de Transfiguração, que era a primeira aula do dia. Então de repente foi puxada para uma sala vazia, com os olhos tapados pela mão de alguém. Ela gritou. A sua varinha caiu no chão. A outra mão da pessoa foi parar em sua boca, abafando um pouco do som. A porta da sala bateu. A sala estava vazia, o que a assustou. Ela olhou para os lados a procura da sua varinha. Encontrou -a no chão, e abaixou-se para pegá-lo. Quando se levantou viu o lírio novamente.
- Isso já esta enchendo o saco! - reclamou, indo em direção ao lírio, que brilhou um pouco mais - Será que é seguro tocar? - como se em resposta, o lírio brilhou com mais intensidade - sei não... ah, mas qual seria o problema né? - o lírio brilhou ainda mais, como se isso fosse possível.

Meio receosa, ela se aproximou um pouco da flor. Já podia tocá-la, apenas precisava esticar o braço. Ela levantou o membro em direção àquela bela flor. Quando seus dedos tocaram finalmente a superfície lisa e macia de uma das pétalas, sentiu seus dedos serem envolvidos pelo brilho que emanava do lírio, e muito sono. Por mais que quisesse afastar a mão dela, não conseguia. Alguma força maior de atração a deixou ali, com os dedos numa pétala que foi escurecendo, assim como ela foi se sentindo mais e mais atraída. Até que quase cinco minutos depois dela ter entrado na sala, ela sentiu suas pernas fraquejarem e caiu, inconsciente. Pouco a pouco sentiu sua visão voltando. Olhou para o teto e deduziu que estava na ala hospitalar. Estavam todos lá, E Tiago parecia esmo muito preocupado. Ele percebeu que ela tinha acordado e foi até a cama dela, junto com os outros, que o seguiram.
- Voce está bem? - perguntou ele observando-a com atenção.
- Estou... o que aconteceu comigo?


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