Capítulo XII



Capítulo XII

Não posso acreditar que ficarei incomunicável por dois dias inteiros. Timidamente um sorriso se forma em meus lábios. Dois dias! Era um sonho. Já não agüentava mais telefonemas e telefonemas a qualquer hora do dia como se minha vida estivesse acoplada ao hospital...
Não me arrependo de ter escolhido esta profissão, sinto-me completamente realizada nela. Mas é que aqui, muitas vezes, perco grande parte de minha vida pessoal. E este tempo, não posso repor.

Sim. Não vou negar que é um grande alivio saber que não serei interrompida no que quer que esteja fazendo na copa.
Já perdi a conta de quantas vezes desisti de programas que havia planejado há semanas para estar no hospital, cuidando de um paciente que dera entrada na mesma madrugada em que planejara uma viagem.

A minha mala já está organizada - E, por Deus, nunca foi tão complicado escolher roupas e acessórios para uma viagem como desta vez – então estou apenas esperando Harry Potter.

O interfone tocou. - Sim?

-Srta. Granger. Desculpe-me o horário, mas tem aqui um homem... Ele disse que-

-Deixe-o entrar.

-Hã, Ok, Srta. Granger.

Dois minutos depois a campainha tocou. – Boa noite! – Harry disse me oferecendo um belo sorriso. – Estou vendo que está pronta – falou beijando levemente minha face.

-Sim. Estava apenas esperando você – retruquei deixando-o entrar. – Imaginei que desta vez utilizasse um modo mais “trouxa”.

-Como sempre perspicaz – contrapôs. – Imaginei que seria completamente estranho se a dona deste apartamento desaparecesse no ar, como num passe de mágica. Você não acha? – indagou em motejo. – Onde está sua mala? Estão nos esperando.

-Aqui – respondi ao encontro dela, a pegando. – Agora podemos ir.

Harry assentiu e quando eu o alcancei, retirou a mala de minhas mãos. – Deixe-me ajudá-la.

-Não é-

-Eu sei que não é necessário. Faço questão, entretanto.

-Está bem, então - assim que chegamos na entrada o porteiro me abordou. – Sim, irei fazer uma curta viagem. Se alguém vier me procurar, peça para ligar para meu celular, Ok? – Harry me olhou de lado. De fato nunca tive um prazer tão grande em dizer esta frase... Porque, simplesmente, qualquer que seja o ser que me procure não irá me encontrar por dois dias inteiros.

-Entendido. – Desejando boa noite àquele senhor, nós saímos.

-Hermione?

-Diga.

-Você esqueceu do-

Eu sorri. – Não Harry, não esqueci que estarei incomunicável por esses dias, mas tinha que tirar esse peso da consciência – o homem ao meu lado sorriu, virando os olhos. – Então o que faremos agora?

Harry retirou calmamente algo do bolso, me lançando um olhar maroto. – Agora isso – retrucou apertando o que tinha na mão esquerda.

Franzi a testa em confusão, nada havia acontecido. Então o moreno se dirigiu para os carros estacionados um pouco mais adiante de onde estávamos. – Harry...? – foi quando entendi. Ele se dirigiu a um carro em particular, um com o porta-malas aberto, depositou minha mala ali e o fechou.

Harry sorriu da minha confusão e abriu a porta para mim. – Acomode-se srta. Granger.

-Olá Mione! – Gina falou animadamente, as minhas costas.

-Como vai, Gina – perguntei ao colocar o cinto de segurança. – Neville.

-Olá Hermione – o homem não me pareceu tão animado assim.

Assim que Harry deu a partida, perguntei em tom baixo: – Onde está Beatriz, ela não viria?

Ele me olhou rapidamente. – Sim. Ela viria, mas falemos disso depois – respondeu baixo. – Alguém quer escutar música? – ele perguntou olhando o retrovisor.

-Não faça perguntas difíceis, Potter – Gina replicou ironicamente. – O que você tem de bom por aqui?
**

-Mas você vai deixá-lo aqui? – Neville indagou enquanto Harry abria o porta-malas.

Estávamos já distante da cidade, num lugar deserto que não tinha noção alguma de onde ficava.

-O que tem demais? – Harry replicou por sua vez, tirando apenas minha mala do carro.

-E se tentarem furtá-lo?

Harry ergueu a sobrancelha – Duvido muito que um trouxa possa roubar o que não consegue ver – disse e, para meu espanto, o carro sumiu, assim que ele apertou a “coisa” que tinha na mão. Por que ainda me surpreendo com bruxos?

Balançando a cabeça negativamente me voltei para Harry. – Onde estão as suas malas?

-Ah. Já estão lá – pisquei. – E se não se importar, mandarei a sua agora mesmo – assenti. Pegando sua varinha, Harry fez sumir minhas malas.

-Você tem certeza que mandou para o lugar certo? – Gina perguntou zombeteira.

-Bom, eu acho que sim – Harry contrapôs no mesmo tom. Olhei para os dois incrédula.

-É brincadeira, Mione – a ruiva disse rindo-se. – Não se preocupe, sua mala está onde deveria estar – completou segurando meu ombro.

Eu realmente espero que sim. – Estão prontos? – Harry perguntou, quando estávamos em volta do que parecia ser uma barra de ferro enferrujada. – No três, Ok? Um, Dois, TRÊS! – e assim nos seguramos na barra.

Aquela sensação de ser sugada me atingiu novamente. Havia esquecido como era péssimo utilizar uma chave de portal. Então, alguns segundos depois, Harry pediu para que soltássemos o ferro. Eu o fiz.
E de repente eu estava caindo e caindo... E caindo mais... Meu Deus, tenho a impressão que estarei morta antes de cair no chão e se isso não acontecer... Bom, eu morrerei da queda...
Onde estão os outros em momentos como esse? Está tudo tão escuro que não consigo enxergar nada, então fechei os olhos esperando a dor, que eu tinha certeza, viria logo. Mas nada aconteceu.

Abri meus olhos por fim e, para meu horror, estava muito bem segura, sendo observada por Gina e Neville que sorriam brejeiros. – Achei que você talvez pudesse ter perdido a prática... – Harry disse com um sorriso, me pondo no chão. – Acho que estive certo nesta suposição. – “Talvez,” pensei “Eu tenha atingido em tempo recorde a escala de um a cem do vermelho”.

Por um momento desejei ter me espatifado no chão ou quem sabe estar morta...
Harry passou a andar, juntamente com Neville. Então fui ao encontro de Gina, que me esperava, ainda sorrindo.

-O que foi? – indaguei desconfortável quando ela me olhou de lado, mordendo o lábio inferior, certamente prendendo o riso.

-Você tinha quer ver sua cara quando saiu do colo do Harry. Atingiu vários tons de vermelho tão rapidamente! – e explodiu em risadinhas. – Foi hilariante!

Batendo levemente meu corpo no dela, sorri sem jeito. – Ok. Fui ridícula.

-Não... – Gina se retratou secando os olhos. – Não. Achei até bonitinho, sabe?

-Você não tem jeito Gina – retruquei entrando logo em seguida na barraca onde os rapazes, segundos antes também haviam entrado.
**

-Finalmente senhores! Por um momento achamos que não viriam mais – Fred e Jorge disseram em uníssono, e pra variar, causticamente.

Mas eu não lhes dei atenção. Havia esquecido o quanto são impressionantes as criações mágicas... Estava, agora, dentro de uma casa bem aconchegante.

-Parece maravilhada – Harry disse, surgindo ao meu lado.

-Estou. Havia esquecido a grandiosidade das coisas mágicas.

-Você ainda não viu nada – retrucou piscando para mim. – Bom. Temos três quartos. O de lá de cima, eu reservei para as senhoritas, é uma suíte – falou entregando-me uma chave. - Fred e Jorge, vocês podem ficar com o quarto próximo à cozinha – disse jogando-lhes a chave. - Neville, espero que não se importe de dividir um quarto comigo. E, se serve de consolo, - ele sorriu. – Eu não ronco.

-Sem problema.

Então todos se dirigiram a seus quartos, para organizá-los.
**

-E então Harry – disse bebendo um pouco do café que me oferecera e sentando-me a mesa. – Onde está a Beatriz?

-Bom... Parece-me que Beatriz finalmente entendeu as pretensões de Gina – disse assim que percebeu que só nós dois estávamos na cozinha. – Ela quis tomar satisfações com Neville. Ele lhe disse que não sabia do que ela estava falando. Ela insistiu, - Harry suspirou como se conhecesse bem histórias como essa. - Neville disse-lhe exaustivamente que entre ele e Gina só havia amizade. Uma linda amizade colorida. Devo acrescentar... – ri, balançando negativamente a cabeça. – Brincadeira. Realmente só há ou havia, não sei dizer... Uma amizade entre eles.

-E então?

-Como você pode imaginar, ela não acreditou em uma palavra dele, disse que não iria mais para copa de quadribol alguma e pediu um tempo para pensar...

-Eu disse a ele que quem dá tempo é relógio – Gina falou. Quando olhei para trás, ela estava encostada à porta. – Mas Neville não me ouviu... E agora está na maior dor de cotovelo... Culpando-se ainda mais – disse virando os olhos. – Como se realmente gostasse da Beatriz – murmurou cruzando os braços, com um ar completamente entediado. Harry e eu nos entreolhamos de sobrancelhas erguidas. – Está lá, agora no quarto, se culpando por ter vindo à copa... – continuou, sem se importar com os olhares que lhe lançávamos.

-Bom. Creio que conseguirá ajudá-lo...

Gina nos olhou. – Talvez – ela sorriu levemente. – É. Talvez eu possa ajudá-lo.
*
(continua)
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Obrigada pelos comentários! Espero que curtam e que comentem (sobre) este novo capítulo.

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