Conversa com os Dursley



Harry Potter estava acordado no meio da noite, no seu quarto da Rua dos Alfeneiros. Dali a quinze minutos completaria dezessete anos. Na realidade, não estaria ali, se não estivesse prometido a Dumbledore que voltaria antes de seu aniversário, para selar a antiga magia que ele lançara sobre ele quando os pais morreram.
"Dumbledore."pensou Harry."Será que eu vou conseguir sem ele?"
O garoto estava pensativo. Ainda lembrava-se das Horcruxes que teria que rastrear. A falsa Horcrux, que custara a vida de Dumbledore, ainda estava com Harry. Junto com ela, o estranho bilhete anteriormente achado. As siglas R.A.B. ainda intrigavam o garoto. não conseguia pensar em ninguém que tivesse essas iniciais. Pedira ajuda a Rony e Hermione, mas ainda não obtiveram mais sucesso do que ele. Em sua cabeça ainda estava também a dúvida: Hogwarts ou Horcruxes? No início, não tencionava a idéia de retornar à escola. Mas agora, pensando melhor, achava uma boa idéia.
Então, uma corujinha pequena, do tamanho de uma bola de tênis, e sobrecarregada de pacotes, bateu em sua janela. Harry foi até ela e desamarrou a primeira carta de sua perna. Era de seu amigo Rony.

Harry,
Feliz aniversário!!
Estou mandando pelo Píchi o seu presente também. Tomara que ele não coma no caminho.
Olha, daqui a cinco dias é o casamento de Gui e Fleur. Todo mundo aqui faz questão que você venha. Lupin disse que ele e Tonks podem ir buscar você. Ah, eles também estão juntos, acredita? Vão se casar no mesmo dia que Gui e Fleur, faremos dois casamentos em um. Hermione também vêm. Manda sua resposta pelo Píchi, certo?

Rony
P.S.: A gina mandou uma carta pra você também.

Harry olhou para a coruja. Tinha uma segunda carta, com pergaminho perfumado. Visivelmente era de Gina. Abriu e leu:

Querido Harry,
Rony não queria que eu escrevesse, mas como eu prometi uma azaração pra ele caso não me deixasse mandar a minha carta, ele cdeu.
Só gostaria de lhe desejar parabéns. E dizer que o que você me disse no enterro de Dumbledore não quis dizer nada. Eu não me importo de continuar com você. Agora, se você não quiser mesmo continuar comigo, é só me falar.
Vejo você aqui em casa. Com certeza você vem para os casamentos de Gui e Fleur e Lupin e Tonks.
Te amo
Beijos,

Gina

Harry sentiu um aperto na garganta. Gina ainda não desistira da idéia de lutar com ele. Por um lado Harry achava um ato muito bonito e corajoso da parte dela. Por outro, achava perigoso, e se ela morresse por culpa dele... Harry contaria seis dos que morreram por culpa dele. Guardou as cartas com cuidado no bolso, e pegou os presentes. No embrulho de Rony tinha um suéter verde, costumeiro da sra. Weasley e um kit de doces da Dedosdemel. Gina lhe mandar uma loção que agradou-o imediatamente. Guandou os presentes, e pegou um pedacinho de pergaminho. Escreveu:

Rony,
Diga a Lupin e a Tonks que podem vir. Te vejo depois.
Harry

Enreolou o pergaminho na perna de Píchi e despachou-a. Assim que ela partiu uma linda coruja parda surgiu, com uma carta presa na perna. Era a caligrafia de Hermione Granger. Desamarrou e leu:

Harry,
Feliz Aniversário!
Rony me disse que Gui e Fleur e Lupin e Tonk irão se casar. Você vai pro casamento? Estou indo essa noite de Noitebus. Espero vê-lo logo. Tenho muitas novidades. Passei as férias na Holanda, com meus pais. Você acredita que vou ganhar um irmão? É isso mesmo, estou muito feliz!!
Estou mandando seu presente também. Dezessete anos, não?
Afetuosamente,
Mione

Harry riu ao terminar de ler. Estranhou um pouco a informalidade incomum da amiga. Depois, foi abrir o embrulho que a coruja havia trazido. Era um lindo conjunto de vestes, que o garoto deduziu que ela havia comprado na Holanda.
O relógio de Harry marcou meia-noite. Acabara de fazer dezessete anos de idade. Não precisava mais ficar com os Dursley.
Deu uma última olhada no quarto. Dificilmente estaria ali de novo. Pôs-se para fora do quarto.
No andar de baixo, para surpresa de Harry, estava o tio Válter Dursley, com trajes de dormir. Estava sentado no sofá, visivelmente incomodado com alguma coisa. Ao ver Harry, ele fitou-o por um instante e levantou-se do sofá.
- Garoto, sua tia quer falar com você. - Anunciou
- Hã, comigo? - Estranhou Harry.
- Sim, sim. Sente aqui, por favor - Disse o tio.
Harry por um minuto achou que o tio Válter pudesse ser um Comensal da Morte disfarçado, pois estava sendo cordial, educado e falando manso com ele. Mas a visível inquietação e incômdo o fizeram desistir da idéia.
Harry sentou-se e a tia Petúnia entrou na sala. Estava um pouco mais nervosa que o marido. Foi dizendo:
- Harry ("Desde quando ela me chama pelo meu nome?" pensou Harry). Harry, escute. Sei que você deixará essa casa esta noite. Sei que dificilmente nos veremos novamente. Mas preciso comunicá-lo de uma coisa.- ela fez uma pausa- Escute, à dezoito anos atrás, eu ouvi sua mãe conversando com seu pai. Ela estava grávida de você, nesta época. Parece que havia descoberto uma coisa muito importante sobre Lorde Voldemort.
Harry parou por um instante. A tia nunca falara dessa maneira com ele! O que estaria acontecendo?
- Bem, ela descobriu alguma coisa sobre as Horcruxes que ele havia criado. Você sabe o que é uma horcrux, não é? Naturalmente que sabe. Pois bem...
- Tia Petúnia -cortou Harry- Você é uma bruxa?
Tia Petúnia olhou para o chão. Estava branca.
- Não consegui ser, como sua mãe. Para ser franca, nosso pai nasceu trouxa, mas era bruxo, e nossa mãe era trouxa. Lílian era bruxa. Eu não, nasci abortada.
Harry nada falou.
- Bom, mas sei sobre o mundo de vocês. Escute, Lorde Voldemort fez sete Horcruxes...
- Sim, eu sei disso - adiantou-se Harry - Dumbledore me contou ano passado, antes de morrer.
- Dumbledore morreu? - Tia Petúnia ficou mais branca ainda.
- Morreu. Foi morto por um Comensal da Morte.
Tia Petúnia levou as mãos à boca. Mas continuou, num fio de voz:
- Bem, o que talvez você não saiba é que uma dessas Horcruxes está em Godrics Hollow.
- Godrics Hollow?
- Sim, sei disso. Ouvi Lílian falar para Tiago que tinha certeza que no terreno deles havia uma parte da alme de Lorde Voldemort.
- Bom... - Harry falou - O medalhão foi roubado, deve ter sido destruído. O diário foi destruído por mim. O anel foi destruído por Dumbledore. Não pode ser a cobra, ela está em poder de Voldemort. então pade ser a Taça de HufflePuff ou alguma coisa de Griffindor ou Ravenclaw!
- Hum, bom, tem mais. - Tia Petúnia continuou.- Harry, No túmulo de seus pais tem alguma coisa estranha. Eu ouvi, de Dumbledore, que devíamos desenterrar os corpos dos dois, pois em um dos caixões tinha alguma coisa estranha. Ninguém fez isso, de fato. Acredito que, se Dumbledore falou, deve ter seus motivos, e ...
- Por que fingiu odiar os bruxos por tanto tempo, tia? - Harry perguntou, nervoso.
- Porque... - ela hesitou- Bem, sabe... seu tio não gostava de bruxos e... eu achei que, para poder ser feliz com ele... não digoo odiar, assim, sabe.... pra veler... mas fingir...
Tio Valter ficou vermelho, mas pela primeira vez, não era de raiva. Era de constrangimento.
- Certo. - foi o que Harry achou para dizer.
- Bem, de qualquer maneira, você tem que fazer isso. - tornou tia Petúnia. - E tem mais uma coisa.
Tia Petúnia olhou para as mãos, e depois ergueu os olhos.
- Escute, sei que pode parecer meio estranho, mas... me desculpe, Harry!
- Hã?? - fez Harry, aturdido.
- É, desculpe pelo mal tratamento que você tem recebido da gente. Você não merecia, mas mesmo assim, foi tratado mal. Você pode me perdoar?
Harry por um minuto achou que estava em um sonho, e que logo acordaria. Tia Petúnia??? Pedindo desculpas?????
- Hã.... Bem, eu.... - começou Harry
- Sim, garoto, por favor- disse tio Válter, falando pela primeira vez.
- Hum... Bom, claro, claro...
Tia Petúnia deu um sorriso que harry jamais a vira dar. Não havia presunção, nem sarcasmo, nem frieza. Era caloroso, bondoso e a deixara muito mais jovem e bonita.
Em um ato que surpreendeu o garoto, a tia puxou-lhe e abraçou-lhe. Tio Valter esboçou um sorriso, assim como o da esposa. Harry mal podia acreditar no que acontecia. Ele, conversando amigavelmente com os DURSLEYS!!!!
Mas era isso mesmo, os Dursleys estavam ali, pedindo desculpas e sorrindo amavelmente para ele.
- Certo.- disse Harry. - Certo. Bem, tenho que ir agora. Eu tenho muito o q ue fazer de agora em diante.
- A propósito, garoto- disse tio Válter - Feliz Aniversário.
Harry sorriu. Tio Válter ergueu para ele um pacote. Harry abriu e viu um relógio novinho em folha. Pôs imediatamente o presente no pulso.
- Bem. Bem, já vou, então. Eu realmente preciso ir.
- Espere!
Era Duda. De pijama, ainda, e com cara indecifrável.
-Eu.... Eu também quero pedir desculpas. Eu também tratei você muito mal.
Harry sorriu e foi ao encontro do primo. Abraçou-o como nunca o fizera antes.
- Bom, agora eu já vou mesmo. Tchau pra todos vocês. Espero vê-los novamente.
Com um nó na garganta, Harry olhou para os Dursleys, sentindo-os da sua família pela primeira vez. Sim, eles eram do seu sangue. Tia Petúnia era, em particular. Era irmã de sua mãe. Seus olhos (tão diferentes do de sua irmã) para sempre ficariam na mente de Harry, especialmente no modo de como ela o olhou naquele momento. Com ternura de um parente, de uma tia.

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