Capítulo único



- Então, Harry? – perguntou Rony, repentinamente, enquanto movia um peão. – Não vai chamar a Cho pro baile este ano? - O tom sarcástico podia ser facilmente percebido na voz do ruivo.

Era uma tarde de inverno. A neve formava uma camada de meio metro do lado de fora do castelo. Os poucos alunos que se atreviam a deixa-lo brincavam de guerra de bola de neve. Este não era o caso de Harry, Rony e Hermione, que, junto com mais da metade da Grifinória, se encontravam no Salão Comunal.

Hermione estava rodeada de livros e mergulhada nos deveres, enquanto os garotos jogavam xadrez de bruxo. A caçula Weasley, observava calada da poltrona ao lado da de Rony, apenas contorcendo o rosto entre uma jogada e outra, entre um comentário e outro.

- Acho que não. – respondeu Harry, calmo de mais diante da provocação, ao mesmo tempo que um de seus cavalos massacrava um bispo de Rony. – E você, vai convidar outra veela ou não deixar como ultimo recurso?

A pena que se movia velozmente despencou da mão de Hermione quando ela arregalou os olhos e corou furiosamente, encarando Harry. Rony tinha as orelhas da mesma cor que os cabelos e a boca entre aberta. Harry mantinha um sorriso irônico no rosto, encarando os dois amigos corados. Diante daquela cena, Gina não pode se conter e começou a gargalhar alto, chamando atenção de algumas pessoas em volta.

- E você, Gina? – perguntou Harry, de repente. – Vai com o Neville, de novo?

- Por piedade aos meus pés, não. – respondeu, ainda rindo. – Ainda não sei com quem eu vou, na verdade.

Harry não falou nada, apenas sorriu para ela e voltou a encarar os amigos. Gina retribuiu o sorriso, parando de rir.

Rony e Hermione continuavam em estado de choque, após a ousadia do amigo. O silencio que caiu sobre eles foi extremamente constrangedor. Gina suspirou e, lentamente, foi deixando-se cair sobre a poltrona vermelha. Deitou a cabeça sobre ela e encarou a lareira que queimava incessantemente, sem ao menos vê-la de verdade.

- Eu sei com quem eu quero ir, Harry. – murmurou em um fio de voz, apenas para ela mesma ouvir. – Pena que ele não percebe isto.

Deixando a cabeça cair para o lado, Gina percebeu que Hermione não estava mais presente. Provavelmente fora dormir. Harry e Rony continuaram a partida, onde, pela primeira vez, Harry ganhava. Rony balançou a cabeça negativamente e murmurou algo que Gina não pode ouvir, mas que provavelmente era muito engraçado, já que Harry gargalhou gostosamente.

A perda de Sirius foi algo realmente muito ruim para ele. Mas parece que, após isso, ele cresceu. Por algum tempo, ele apenas se fechou, se isolou do mundo. Não respondeu nenhuma carta de Rony ou Mione durante toda as férias. Porem, quando encontraram-no na estação, ele voltara a ser o velho Harry. O Harry de antes da morte de Cedrico, o Harry sorridente, o Harry alegre, aventureiro e que não seguia as regras.

Gina levantou-se cuidadosamente da poltrona, sem chamar atenção dos garotos. Caminhou até a escada do dormitório feminino e começou a subi-la. No meio do caminho virou-se novamente para ele. Olhou o tristemente, sabendo que nunca iria o ter como algo mais do que um amigo. Voltou a subir as escadas, sumindo pela porta do dormitório das quintanistas.

...

Sentiu algo fofo cair pesadamente sobre seu rosto. Empurro-o com a mão sem abrir os olhos, sentindo a claridade afeta-los. Virou para o outro lado para fugir da luz, e tentou voltar a dormir, mas novamente algo fofo o atingiu.

Harry bufou e empurrou mais uma vez o travesseiro que estava em cima de seu rosto. Jogou-o para longe de si, provavelmente derrubando-o da cama para o chão. Abriu os olhos e levou o braço até o rosto para protege-los da claridade que entrava pela janela do dormitório.

- Que droga, Rony! – resmungou, levantando e esfregando os olhos. – Me deixa dormir! Hoje é sábado, oras!

Abriu os olhos, vendo o dormitório extremamente embaçado. Esticou o braço até a mesa de cabeceira e colocou seus óculos, fazendo tudo entrar em foco. Olhou ao redor, ainda um pouco tonto. O dormitório estava vazio, a não ser por ele e Rony.

- Onde está todo mundo tão cedo? – a voz de Harry saiu abafada, graças ao bocejo reprimido por sua mão, que tapou sua boca.

- Cedo? – a face de Rony era divertida, mostrando que o amigo acordara de bom humor. – Harry, que horas você acha que são? Já passa das dez, cara!

Harry olhou Rony e confuso. Não estava acostumado a acordar tão tarde. Fazendo algum esforçou, lembrou-se o porque de não ter despertado mais cedo. Na noite passada, ficara acordado até muito tarde, pois não conseguia dormir. Resmungou alguma coisa sem sentido e levantou-se, procurando por uma roupa.

- Então, cara, me diz. – Harry estava acabando de colocar uma camisa e já se encaminhava para a porta, com Rony em seus calcanhares. – Porque, mesmo não sendo cedo, você tá me acordando no sábado?

- Mione. – resmungou o ruivo. Ele deu de ombros e girou os olhos com impaciência. – Ela mandou eu vir te acordar. Disse que não era bom você dormir até tão tarde, você pode acostumar.

Harry riu e começou a descer as escadas, encarando o salão comunal. Não estava muito cheio. A neve estava mais fraca e, por isso, muitos alunos armavam uma guerra de bolas de neve do lado de fora do castelo.

- Vamos logo tomar café, estou faminto! – exclamou Rony, ao se aproximarem de Hermione.

- Novidade. – murmurou ela. Harry percebeu que Rony não havia ouvido, e agradeceu por isso. – Bom dia, Harry!

Hermione sorriu e Harry retribuiu com um sorriso e um aceno de cabeça. Os três seguiram para o salão principal, depois de mais uma suplica de Rony.

Assim como o salão comunal, o salão principal não estava nada cheio. Apenas alguns poucos alunos atrasados, como eles, ainda tomavam café aquela hora. O trio seguiu diretamente até a mesa da grifinória, reparando que só haviam três pessoas na mesa. Um segundanista loiro, que Harry sabia se chamar Kevin, uma primeiranista de olhos muito azuis chamada Sally e uma ruiva, muito conhecida por eles.

- Bom dia, Gina. – disse Hermione, sorrindo. Harry sorriu marotamente para a garota e sentou-se a seu lado, obrigando Rony e Hermione a sentarem-se lado a lado. A garota percebeu o que Harry estava fazendo, pois retribuiu-lhe o sorriso.

- Bom dia, maninha. – disse Rony, sem perceber o que os amigos faziam e sentando-se ao lado da garota, sem se importar.

- Oi. – disse Gina. Ela encarou eles um por um. – Porque a demora? Estou aqui, sozinha, esperando vocês a meia hora.

- Nem olha pra mim, foi o Harry que atrasou dessa vez, Gina! – defendeu-se, Rony, antes mesmo de ser acusado. Harry sentiu Gina encara-lo e sorriu sem graça.

O trio começou sua refeição, enquanto Gina observava. Obviamente já havia comido mais cedo. Harry pegou-se observando a garota, que encarava o céu mágico distraída. Ao perceber o que fazia, o garoto olhou para Rony e Hermione, notando que eles não haviam percebido. Suspirou aliviado e voltou a sua refeição. Mas algo tirou-lhe atenção., mais um vez. Um pio alto invadiu o salão e uma coruja parda voou até eles, despejando um pergaminho amassado no prato de Hermione.

Harry olhou para a amiga que olhava interrogativamente para a carta, mostrando que ela não esperava por esta. Percebeu que Rony estava inquieto e corou levemente quando a amiga pegou a carta.

- Que estranho, não tem remetente. – Hermione encarava a carta com duvida nos olhos.

- Melhor não abrir. – disse Gina, ao lado de Harry. Este concordou com a cabeça, ainda encarando Rony, que estava estranhamente inquieto e ansioso. – Você não sabe o que pode ser.

Ignorando completamente os amigos, Hermione desenrolou o pergaminho, lentamente. Harry arregalou os olhos, com um certo medo do que poderia acontecer. Sentiu algo quente e delicado em sua mão, que estava apoiada no banco. Olhou para ela e reparou que uma Gina apreensiva havia acabado de pressionar sua mão sobre a dele. Percebeu que ela estava com medo e não havia sequer percebido o que fez. Harry encarou aquela cena por alguns segundos, até que a garota percebeu o que havia feito. Gina mirou Harry com os olhos arregalados em espanto e corou furiosamente. Puxou rapidamente sua mão e virou sua cabeça, voltando a encarar Hermione.

Harry fez o mesmo, também muito corado, e percebeu que Hermione acabava de abrir a carta. Não havia acontecido nada. Era apenas uma carta comum. Harry viu os olhos da garota percorrerem a carta. Quanto mais os olhos castanhos da garota desciam pela carta, mais corada ela ficava e mais inquieto Rony se mostrava.

- Erm.. – resmungou o ruivo, levantando-se repentinamente. – Eu... eu tenho que fazer uma coisa.

Harry percebeu que Rony apertou alguma coisa, que parecia um pergaminho, mais para dentro do bolso de sua jeans. Ele olhou para Hermione, que sorriu estranhamente para ele, enquanto este corava, e saiu do salão principal, quase correndo.

- O que aconteceu com ele? – perguntou Gina, com o super-cilho levantado.

- Vou saber? – perguntou Hermione, rápido de mais. – Você conhece seu irmão. – continuou, mais calma.

Gina encarou Harry, que assim com ela estava com uma expressão de duvida. O garoto deu de ombros e negou silenciosamente.

- Então, Hermione? – perguntou Harry, encarando a amiga. – De quem era a carta?

A reação de Hermione foi totalmente inesperada. Ela corou e arregalou os olhos. Agarrou a carta que estava solta em cima da mesa e apertou-a em sua mão.

- Ah, nada! – exclamou, quase gritando. – Era... era dos meus pais. É, dos meus pais.

Harry encarou a amiga que parecia desesperada. Deu de ombros e ignorou. Não importava-o o que tinha na carta, apesar de ser muito estranho.

- E o que eles queriam? – perguntou Gina, sem esconder que não acreditava na história da garota.

- Ah, você sabe, o de sempre. – respondeu, encarando tudo, menos os dois. “O de sempre”? O que era o de sempre? Assim como Harry fizera a pouco, Gina deu de ombros e se levantou.

- Vou indo, até mais.

Harry viu ela se distanciar, até sumir pela entrada do salão. Encarou o caminho que ela passou por alguns instantes, antes de virar para a única restante da mesa da grifinória, alem dele mesmo. Hermione o encarava com uma expressão de duvida, como ele mesmo fizera com ela a pouco.

- Você gosta dela, não? – perguntou, naturalmente. Harry arregalou os olhos e não responde por um tempo.

- Claro que sim. – respondeu naturalmente, depois de um tempo pensando em como fugir desta. – Assim como gosto de você, do Rony, do Neville...

- Ok, Harry. Faça como quiser. Eu vou indo, tchau. – Hermione deixou o Salão um pouco irritada pelo descaso de Harry. Harry sabia que ela não se importava se ela não contasse para ela sobre seus sentimentos, mas sim por ele ter feito ela de boba.

O garoto riu divertido e levantou-se da mesa, agora vazia. Saiu para o ar frio dos jardins e ficou observando os alunos que brincavam sem se cansar. Sorriu para eles. Apesar de uma guerra estar armada do lado de fora dos muros do castelo eles se divertiam. Era isso que todos deveriam fazer, até ele.

...

- Não acredito que ela veio. – murmurou Gina, entre dentes.

- Não acredito que ela trouxe a amiguinha dedo-duro. – disse Rony, um pouco mais alto que a irmã, mas de uma maneira que só ele, Harry, Hermione e Gina ouvissem.

Harry murmurou algo que Gina não conseguiu ouvir e virou-se de costas para a recém chegada. Cho acabava de entrar pela porta da Sala Precisa, onde Harry convocara uma reunião da AD.

- Esqueçam ela. – disse Hermione, virando-se para ajudar o Harry, que arrumava as almofadas. Gina olhou para Cho por cima dos ombros. Ela conversava alegremente com Marieta. Girou os olhos e virou-se para frente.

- O que eu não aguento é essa pose de princesa dela. – Harry olhou-a de uma maneira estranha. Gina não conseguia o que ele queria dizer com aquele olhar que lançou-lhe, mas de certo modo soube que ele a apoiava. Sorriu para ele de forma gentil. Harry voltou a olhar para as almofadas, mas Gina podia jurar que vira um sorriso no canto de seus lábios.

Gina ouviu a porta bater e virou-se para ver quem era. Dino acabava de entrar e bater a porta atrás de si. Gina pode ver pelo canto dos olhos que Harry também encarava o grifinório. A garota mirou-o, vendo um brilho estranho em seus olhos, que estavam opacos naquele momento.

- Aconteceu alguma coisa, Harry? – o garoto virou-se para ela, assustado. Harry negou rapidamente com a cabeça.

- Não, nada! – disse alto, se atropelando nas palavras. Gina olhou-o assustada. – Acho melhor eu falar de uma vez com eles.

- Ah, Harry, pela ultima vez, não faz isso. – disse Hermione, atrás do garoto.

- Hermione, nós já conversamos sobre isso. – a voz de Harry saiu mais autoritária que o normal. Gina percebeu que não era sua intenção. – Desculpa, Mione, mas não precisamos mais da AD.

- Tá, eu sei. – a garota sentou-se em uma das almofadas, ao lado da que Gina sentava.

Gina pode ver que Harry estava um pouco nervoso quando anunciou que não iria continuar com a AD, pois agora a professora de Defesa Contra as Artes das Trevas dava aulas corretamente. Como eles previram, houve alguns protestos contra a decisão de Harry.

- Porque você não continua com a AD? Mesmo que nós tenhamos aulas melhores de Defesa Contra as Artes das Trevas, é sempre bom ter um complemento. – a voz de Cho penetrou nos ouvidos de Gina. A garota sentiu o sangue ferver ao ouvir a voz dela.

- Será que é preciso repetir que não precisamos de nenhum complemento, tendo aulas com a professora Melissa, Chang? – Gina sentiu todos os olhares sobre si. Continuou a olhar para frente, sem encarar nenhum dos presentes, muito menos Cho.

- Acho que ninguém pediu a sua opinião, Weasley. – Cho respondeu no mesmo tom que Gina usara. A ruiva preparava-se para responder a altura, mas alguém a interrompeu.

- E eu acho que ninguém pediu a sua. – a voz de Harry soou firme e autoritária. Gina encarou-o e pode ouvir Hermione segurando-se para não rir. Virou-se para trás e encarou Cho, que estava com a uma expressão muito desgostosa.

- Pensando bem, não preciso das suas aulas ridículas para sobreviver. – disse Cho, levantando-se e andando em direção a porta, com Marieta ao seu lado.

- Que grande perda tivemos hoje. – disse Rony, sarcástico. – Uma dedo-duro e uma Chorona.

Cho bateu a porta atrás de si ao mesmo tempo que as gargalhadas explodiam dentro da sala precisa. Gina, ainda rindo, olhou para Harry. Ele encarava a porta por onde Cho havia saído com um sorriso indecifrável e um olhar divertido. Gina não sabia o porque da repentina mudança de comportamento de Harry, talvez nunca soubesse, mas com certeza fora uma das melhores coisas que o rapaz já fizera.

...

- Quando vai ser o próximo passeio a Hogsmead mesmo? – a voz do ruivo soou pelo salão quase vazio. Hermione levantou os olhos do dever de Poções para olhar o amigo que estava sentado na poltrona a sua frente, encarando o teto.

- Uma semana antes do baile. Sábado que vem. – disse, voltando a olhar seu dever e corando levemente. – Você já fez o dever de poções? – Hermione pode sentir os olhos de Rony sobre si, mesmo que não estivesse olhando para ele. Era segunda-feira e eles tinham a tarde livre de aulas. Hermione havia aproveitado para adiantar o dever de poções, que era pra quinta. Harry, assim como Gina, não estavam presentes no salão, onde poucos grifinórios se encontravam. Hermione sabia que Gina estava na aula de Herbologia, em conjunto com os quintanistas da corvinal. Já Harry, sumira outra vez.

- Não. – disse o ruivo. Hermione levantou os olhos para encara-lo e viu que ele voltara a olhar para o teto. – Eu faço depois. Sobre o que é mesmo?

- Rony! – Hermione bateu a mão sobre a mesa, largando a pena que estava segurando. – Eu não acredito que você nem sabe sobre o que é a redação!

- E porque deveria? – perguntou, fazendo pouco caso. A garota mirou-o com os olhos cerrados. – Só você presta atenção no que o seboso fala.

- É mentira. – disse, controlando-se. – A Gina presta atenção. E o Harry também.

- O Harry não presta atenção, - disse Rony, mirando-a. – e da pra parar de por eles no meio de nossas discussões.

Hermione sorriu. Olhou divertida para o ruivo a sua frente, mordendo o lábio inferior.

- Alem de ciúme do Vitor, agora você tem ciúmes do Harry também? – as orelhas de Rony ficaram mais vermelhas que seus cabelos. Eles desviou o olhar e voltou a encarar o teto.

- Eu não tenho ciúmes deles. – disse serio, para logo depois um sorriso aparecer no canto de seus lábios. – E porque eu teria?

Aquilo foi como um tapa para Hermione. Depois do convite que eles lhe fizera, podia jurar que estava acontecendo alguma coisa entre eles, mas pelo jeito se enganara.

- Não sei. – a voz de Hermione saiu baixa e seria. Recuperou a pena caída e voltou ao seu dever. Sentiu que Rony voltava a encara-la. Com o canto dos olhos pode ver que ele sorria vitorioso. – Você sabe onde o Harry está? – Hermione fez questão de frisar o nome do amigo. Pode ver que o sorriso sumiu do rosto de Rony, que voltou a ficar serio.

- Não. – Hermione voltou a encara-lo e viu que ele estava carrancudo. Era ela que sorria vitoriosa agora. – Parece que o nosso amiguinho tem mais um segredo.

- Inclua este na lista de segredos de Harry Potter. – disse Hermione, pensativa. Harry estava muito estranho desde que Sirius morreu, mas nada comparado com sua repentina mudança de comportamento. – Em falar em segredos, onde o Sr esteve ontem, Ronald? – Hermione voltou a encara-lo a tempo de ver que ele estava inquieto.

- Eu.. – disse, como se procurasse um resposta. – Eu estava no dormitório, oras!

- Mentira, - disse Hermione. – eu fui até lá te procurar.

- Eu devo ter saído na hora que você foi até lá. – disse Rony, um pouco nervoso. – Mas, afinal, para que você foi me procurar.

Agora era Hermione que estava sem respostas. Não tinha porque ter ido procurar Rony. Foi apenas por ir mesmo, sem nenhum motivo em especial.

- Ah, por nada. – disse por fim, voltando os olhos para o dever.

- Eu sei porque você foi até lá. – a voz do ruivo era divertida. – Você não aguentou ficar tanto tempo longe de mim, e foi me ver. Não foi isso.

Hermione girou os olhos e sentiu Rony descer da poltrona até seu lado.

- Ah, claro. – disse irônica. – Na verdade, eu fui ver se o Harry ou o Vitor estavam lá.

Rony começou a rir. Hermione sorriu e começou a rir também. Parece que, ao menos uma vez na vida, suas discussões acabaram em risos.

...

Harry estava sentado embaixo de um árvore observando o movimento de alunos. O sexto ano da Grifinória e da Sonserina estava com a tarde livre, pois a professora McGonagall não pode dar aulas. Harry não estava nem um pouco afim de ouvir Hermione pegando no seu pé para fazer dever, por isso preferiu ficar do lado de fora do castelo, mesmo que não fosse fazer algo mais interessante do que adiantar deveres.

Deixou a cabeça cair para trás, encostando-a no tronco da árvore. Respirou fundo e fechou os olhos. Algumas cenas começaram a surgir em sua frente. Cenas que ele queria esquecer, ou pelo menos esconde-las bem fundo em sua mente. Cenas de Sirius caindo no Arco, sua cara de choque ao receber o feitiço bem sucedido de Bellatrix. Abriu rapidamente os olhos e desencostou-se da árvore, como se estivesse acordando de um pesadelo.

Depois de tanto tempo, não havia esquecido de tudo. Nunca iria esquecer, na realidade. Superar sim, esquecer nunca. Lembrou-se do motivo que o fez abrir-se e voltar a sorrir. Sorriu bobamente ao lembra-se. Apesar de tudo, aquele era um ótimo motivo para sorrir.

- Me solta, sua cobra. – uma voz feminina conhecida despertou-o de seus pensamentos. Elas vinham da direção das estufas.

- Porque, Weasley? – disse a voz arrastada de Malfoy. Harry levantou-se. Procurando de onde exatamente vinham as vozes. – Sei que você quer isso.

A cerca de quatro metros de onde estava, perto da masmorra numero três, pode ver Malfoy abraçando Gina a força. Harry sentiu seu sangue ferver e colocou as mãos no bolso, a procura de sua varinha. Sacou-a rapidamente, apontando-a para o sonserino, que não estava cercado por seus capangas, pela primeira vez.

- Larga ela, Malfoy. – a voz de Harry soou fria. Draco afastou-se um pouco Gina, sem deixa-la sair de perto de si, e encarou-o com um olhar divertido, nem um pouco adequado para a situação. – Eu disse pra larga-la.

Malfoy riu sem alegria e ameaçou a pegar sua varinha. Gina, percebendo seu movimento, pegou rapidamente sua varinha, já que Malfoy estava mais preocupado com Harry.

- Nem pense nisso. – a caçula Weasley estava com sua varinha apontada para Draco, em uma posição muito comprometedora. Afastou-se aos poucos do garoto, que largara-a totalmente quando ela apontou a varinha para ele. Juntou-se a Harry, à alguns metros do sonserino, ainda com a varinha apontada para ele.

- O que está acontecendo aqui? – uma voz fria e sem alegria penetrou os ouvidos de Harry. Virou-se rapidamente para o dono dela, fazendo uma careta inconsciente ao ver quem era. Snape estava parado, à alguns metros dos três, com uma cara de poucos amigos. Harry sabia que dessa vez não tinha nem como se explicar. Ele e Gina estavam em posição de ataque contra Malfoy, sem um motivo aparente. Suspirou fundo e guardou a varinha. – Vocês dois, - o mestre de poções aproximou-se ameaçadoramente, apontando o dedo para os dois grifinórios. – detenção. Na sexta-feira antes do sábado do baile, as dezoito horas na estufa numero três. Soube que a prof.ª Sprout está precisando de ajuda com umas plantas.

Harry lançou um olhar ameaçador a Malfoy, antes de virar-se e puxar Gina pelo braço, afastando-se dali. Os dois seguiram lado a lado até o castelo. O silencio entre eles era constrangedor. Harry nem queria pensar o que Malfoy teria feito com Gina se ele não tivesse interrompido. Preferiu não pensar nisso.

- Obrigada. – a voz de Gina interrompeu seus pensamentos. – Não sei o que teria acontecido se você não tivesse aparecido.

Harry sorriu, perguntando-se se Gina podia ler pensamentos. Não respondeu nada. Apenas fitou a Weasley caçula à seu lado, sorrindo.

...

- Dá pra acreditar? – a voz de Gina soou em seus ouvidos, fazendo a mesma pergunta que repetira umas cinco vezes.

- Eu vou fingir que não sei o que isso quer dizer e perguntar o que você quer que eu pergunte. – a voz de Harry soou divertida. Gina bateu de leve no braço do garoto. – Dá pra acreditar no que, Gina?

- Eu ainda não acredito, que depois de cinco anos enrolando aqueles dois finalmente se acertaram.

Harry sorriu. Ainda era difícil de acreditar que os dois melhores amigos se acertaram e assumiram um namoro, depois de tanto tempo. Ele não sabia ao certo o que acontecera entre os dois, pois ambos estavam encabulados demais para explicar-lhe.

Harry e Gina estavam no Salão Comunal. Eram os únicos por lá, pois todos os alunos do terceiro ano para cima haviam ido para Hogsmead e os menores estavam nos jardins cobertos de neve. Ambos foram proibidos pela professor McGonnagal de ir à hogsmead. Aparentemente Snape havia contado-lhe sobre o incidente com Malfoy, e esta foi a detenção dela. Harry estava sentado em uma poltrona, em frente a lareira, lendo um livro sobre os novos modelos de vassoura. Gina estava deitada no sofá ao seu lado, aparentemente fazendo nada alem de resmungar a cada cinco minutos que não acreditava no namoro do irmão e de Mione.

- Harry, porque você me ajudou aquele dia com o Malfoy? – a garota perguntou repentinamente. Não era a pergunta que Harry escutara nos últimos quarenta minuto. Estranhou a pergunta da garota, achando que a resposta seria muito obvia, mas não foi. Não sabia o que responder a garota. Engasgou-se várias vezes antes de conseguir pronunciar alguma palavra.

- Eu.. Eu não podia deixar ele te atacar, podia? – disse, depois de algum tempo tentando proferir uma frase.

- Mesmo se arriscando daquele jeito? – perguntou a caçula Weasley, de um modo casual.

- E você não faria o mesmo por seus irmãos, Mione ou até mesmo eu? – Harry surpreendeu-se com sua resposta. Não por ela inteira, mas sim por seu final. Gina também estranhara, pois levantara a cabeça para encara-lo.

- Claro que sim, Harry. – disse, demonstrando um pouco de nervosismo. – Você tem razão.

Harry sorriu para a garota e voltou a ler seu livro. Encarava-o firmemente, mas não o via de verdade. Pensava no que Gina pergunta, e no que ele respondera. Não sabia ao certo porque pensava tanto naquilo, afinal, não tinha nada de mais, tinha?


- Harry, posso lhe fazer uma pergunta? – o garoto abaixou o livro e a encarou. Afirmou com a cabeça, esperando pela pergunta. – Porque você mudou?

Harry olho-a de uma maneira estranha. Sabia o que ela queria dizer com aquilo, apesar de preferir não responder. Encarou-a de uma maneira interrogativa, fingindo não entender a pergunta.

- Não que eu prefira você do outro jeito, mas você mudou muito. Está tão alegre e feliz. – disse a garota, sorrindo. – Só queria saber porque você mudou. De repente eu possa fazer a mesma coisa.

A voz da garota era risonha. Harry riu, mas no fundo desejava que ela “fizesse a mesma coisa”. Gina sorriu para ele. O garoto deu de ombros.

- Não sei. – disse, simplesmente. – Acho que só mudei mesmo.

Gina ainda sorria. Harry fez o mesmo. Os dois ficaram se encarando, apenas sorrindo, por alguns segundos que pareceram uma eternidade para Harry. Gina desviou o olhar, um pouco corada.

- Então, já convidou alguém para o baile? – perguntou ao à caso, como se fosse a primeira coisa que vinha a sua cabeça.

- Não. – disse Harry, no mesmo tom que a garota, voltando a por o livro entre os dois. – E você, já aceitou algum convite? Ou está esperando pelo príncipe encantado?

Harry falou a ultima frase de modo risonho e divertido, mas Gina pareceu não entender isso. De cara, ela corou. Depois começou a abrir e fechar a boca, a procura de uma resposta, que aparentemente não vinha. Decididamente, ela estava nervosa.

- Cl... Claro que não, Harry. Que isso, de onde você tirou uma coisa dessas? Por..

- Calma, Gina! – disse ele, cortando-a. Ela falou tudo muito rápido, engasgando-se e atropelando as próprias palavras. – Era só uma brincadeira. – completou, sorrindo. – Se você está esperando pelo seu príncipe, eu não tenho nada a ver com isso.

Harry ria e Gina o encarava estranhamente. Sentiu algo bater contra seu rosto, e ao abrir os olhos viu que a garota havia jogado uma almofada em sua cara.

- Eu sei que você estava só brincando. – disse calmamente. – Eu também estava.

Gina sorria inocentemente. Harry sabia que ela estava mentindo, mas não queria brigar.

- Não sabe nem mentir. – disse sorrindo e tacando-lhe a almofada de volta.

...

A janela entreaberta batia levemente por causa do vento. Uma fina camada de neve cobria o chão do lado de fora do castelo. Apesar do vento fraco, o frio estava congelante. A maioria dos alunos estava nos jardins, fazendo guerras ou apenas vendo a neve fina e fraca cair. Os poucos que não estavam do lado de fora, vagavam pelo castelo sem rumo, ou namoravam escondido em alguma sala vazia.

Era domingo. Hermione estava sentada no Salão Comunal, que estava vazio. Não havia ninguém ali alem dela, e isso chegava a ser assustador. Queria que Rony entrasse pelo quadro da mulher gorda, mas ele não aparecia. Estava começando a ficar preocupada. Pegou o pequeno pingente de prata e rodou entre os dedos. Sorriu ao lembra-se quem lhe dera aquela corrente, e o que pedira ao lhe entregar. Rony explicara porque havia sumido a umas duas semanas atrás. Estava comprando a corrente.

Saiu bruscamente de seus devaneios ao ouvir o quadro da mulher gorda abrir-se. O garoto que ela esperava entrou pelo buraco aberto e sorriu ao vê-la. Hermione retribui o sorriso ao seu namorado. Namorado, era tão bom e estranho chamá-lo assim. Lembrou da carta que havia escrito. Virou-se para a mesa, atrás de si, e pegou, guardando-a nas vestes.

- O que era aquilo? – perguntou Rony, aproximando-se de Hermione. A garota sabia que ele se referia a carta, mas fez-se de desentendida. Rony continuou. – O que você pegou ali na mesa e guardou?

Hermione buscou por uma desculpa, não querendo brigar com Rony. Mas não tinha porque mentir, não fizera nada de errado. Mas ele era tão ciumento..

- Uma carta.

- De quem? – perguntou Rony, com a sobrancelha erguida.

- Pra quem. – corrigiu Hermione, tentando ganhar tempo.

- Pra quem? – repetiu Rony, em forma de pergunta.

- Pro Krum. – disse baixo, sem que Rony pudesse ouvir. Não costumava chamá-lo assim, mas nunca iria chamá-lo tão informalmente na frente de Rony.

- Quem?

- Pro Krum. – disse a garota, um pouco mais alto.

- O que? – perguntou Rony, um pouco mais alto que o normal. – Tá brincando, não é?

- Porque? – perguntou Hermione, no mesmo tom que ele. – Qual o problema de eu ter amigos?

- Nenhum, mas ele não é seu amigo! Você sabe muito bem que ele gosta de você. – a voz de Rony estava cada vez mais alta, e aos poucos ia se transformando em berros.

- Mas eu o considero um amigo. Não me interessa o que ele me considera. – Hermione começara a berrar também.

- Mas pra mim interessa! Você é minha namorada! – Rony fez questão de frisar o “minha”.

- E só por isso eu tenho que deixar de ter meus amigos?

- Então deixa eu ver a carta. – Rony disse aquilo como se encerrasse a discussão. Hermione sentiu uma enorme raiva percorre-la.

- Você só pode estar brincando, não é?

- Não. Algum problema? – o tom cínico na voz de Rony não combinava com ele. Hermione sentiu os olhos incharem e uma lagrima marcar seu rosto.

- Pois bem. – disse baixo. Outra lagrima percorreu seu rosto. Não era fácil dizer o que iria dizer. Não queria dizer aquilo. – Se você não confia em mim, é melhor a gente acabar tudo.

Com o rosto manchando pelas lagrimas, Hermione deu as contas para o garoto e subiu para o dormitório feminino. Rony olhava-a com tristeza nos olhos, enquanto ela subia, deixando-o para trás.

...

- Tá fazendo o que sozinha? – Gina ouviu uma voz conhecida atrás de si. Virou-se e encarou o par de olhos verdes pelo qual sempre fora apaixonada.

- Nada. – respondeu normalmente. – Só olhando o lago.

Gina sentiu Harry se aproximar e sentar à seu lado. Não nevava aquela tarde. Hogwarts estava em peso ao lado de fora do castelo. A maioria fazendo guerras de neve, mas alguns, como ela, estavam apenas sentados olhando o lago ou conversando.

- E você, que faz aqui?

- Não queria ficar sozinho. – disse casualmente. – Rony e Hermione estão no Salão Comunal.

Gina fez apenas um barulho nasal. Ninguém falou nada por um longo tempo. Gina encarava o lago congelado. No inverno ele ficava mais bonito do que o normal. Virava um grande espelho, como Gina gostava de chamar no segundo ano. Sorriu sozinha ao lembrar-se do passado.

- Então, o príncipe encantado apareceu? – a voz de Harry parecia um disfarçado tom casual. Gina não entendeu, mas sorriu.

- Na verdade não, mas mesmo assim fiquei com o sapo. – riu com sua piada não muito engraçada. Harry a encarava sem entender. – O Colin me convidou ontem.

- E você aceitou. – a voz de Harry parecia esconder um desespero. Gina não ligou, achou que era impressão sua.

- Aceitei. – Gina viu Harry se levantar rápido. Seu rosto estava vermelho e ele aparentava estar com raiva. Não entendia o porque daquilo tudo. – Harry, você está b...?

- Não, não estou.

- O que acon...

- Nada, me deixa em paz. – cortou-a mais uma vez, virando as costas para ela. Gina sentiu seu rosto ficar vermelho.

- Ótimo! – disse alto. – Que agir como criança, problema seu!

- A única criança aqui é você! – atacou-a sem nenhum motivo. Gina fechou os olhos, tentando se controlar. Sentiu alguma coisa quente escorrer pelo seu rosto, contatando que era uma lagrima. Passou brutamente ao lado dele e seguiu para o castelo, com mais lagrimas se formando em seus olhos.

...

Aquela fora uma das semanas mais duras de sua vida. Sabia que a briga que tivera com Gina fora ridícula e sem motivo algum. Ela não tinha culpa alguma se ele era um incompetente e não conseguia convida-la para o baile. O fato de Rony e Hermione também não estarem se falando só piorou a semana. Ambos disputavam a atenção do garoto, tentando provar que ele era mais amigo de um do que do outro.

A questão era que sexta-feira chegara, e com ela a detenção de Snape. Harry caminhava pelos corredores em direção a saída do castelo, para ir até as estufas. Sua expressão demonstrava que ele não estava nem um pouco a vontade. Mas o problema do garoto não era para onde ia, e sim com quem. Suspirou fundo e empurrou a porta que dava lugar aos jardins cheios de neve.

- Ele acha mesmo que eu vou cumprir detenção nessas condições? – Harry empurrou mais um pouco a porta, dando-lhe o direito de ver a criatura ruiva que reclamava alto. Apressou o passo e passou ao lado de Gina, sem olha-a.

Seu pé afundou assim que deu o primeiro passo nos jardins, onde de baixo da branca neve havia um macia grama. A neve estava mais alta do que ele esperava. Sentiu sua calça molhar um pouco, graças a neve. Continuou andando, com um pouco de dificuldade. Ouviu Gina bufar, pouco atrás de si. Queria virar-se e ajudar ela, mas não podia. Não depois do que fizera.

Depois de uma longa e difícil caminhada, Harry alcançou a estufa três. Empurrou a porta e adentrou a estufa quente. Tirou as luvas ao mesmo tempo em que a professora Sprout se aproximava.

- O que faz aqui? – perguntou ela, espantada. Harry ouviu a porta bater mais uma vez. Gina acabara de entrar.

- Mas com essa neve? – disse a professora, arregalando os olhos de uma forma que parecia um sapo. Harry segurou-se para não rir. – Snape.

A voz da professora indicava que ela não era muito fã do professor. Harry afirmou com a cabeça e ela suspirou.

- Voltem, crianças. – disse docemente. – Voltem antes que a tempestade piore. Se Snape perguntar digo que vocês cumpriram a detenção.

Harry sorriu e dirigiu-se a porta. Passou por Gina, onde se atreveu a olha-la. A garota estava mirando-o no exato momento que ele olhou-a. Seus olhares se cruzaram por um segundo, logo depois ambos desviaram.

- Obrigado, professora. – disse Harry, gentilmente. Abriu a porta e saiu para a nevasca, que piorava cada vez mais. Ainda conseguia ver o castelo e, levando isso como um bom sinal, seguiu até ele.

Após alguns minutos caminhando em direção ao castelo, que parecia sumir cada vez mais, Harry parou subitamente. Se ele, que saiu primeiro, não estava conseguindo enxergar direito o castelo, imagina Gina?

- Gina! – gritou Harry, a plenos pulmões. – Gina!

Harry apurava os ouvidos, mas nada. Gina não respondia, ou ele não conseguia ouvir. Olhava para todos os lados, a procura de algum sinal da ruiva. Ao virar-se para frente outra vez, Harry reparou que o castelo havia sumido atrás de uma parede de neve, que não parava de cair. Harry não saiu do lugar, para não esquecer para onde deveria ir. Girou o corpo, sem move-lo, e voltou a gritar.

- Gina! – a voz de Harry era abafada pelo vento forte que batia em seu rosto. Viu alguma coisa não muito longe de si, mas não poderia sair dali, ou se perderia.

- Harry! – a voz de Gina invadiu seus ouvidos e uma onde de alivio invadiu seu corpo. – Onde você está?

- Pra frente, Gina! Anda pra frente! – Harry gritou, guiando-a até ele. Ela seguiu, cegamente, até ele. Harry virou-se de novo quando percebeu que ela já o via. Apesar da situação, ela ainda estava magoada com ele, e essa não era hora para discutir isso. – Segura minha mão. – disse ele, um pouco mais baixo, estendendo a mão direito para ela, sem se virar.

Harry puxou-a para frente, seguindo para onde sabia que estava o castelo. Ouviu a garota murmurar alguma coisa, mas não compreendia o que ela dizia. Também não se importava, não era hora pra isso. Harry puxou mais forte ela, fazendo-a aproximar-se dele. Não sabia se o castelo estava longe, mas já estava na metade do caminho quando encontrou Gina, então não deveria faltar muito.

- Ai. – Harry ouviu Gina exclamar atrás dele.

- Você está bem? – perguntou ele, virando a cabeça para ela.

- Estou. – disse ela com um tom triste. Como Harry previra, ela ainda estava magoada. Voltou a olhar pra frente e suspirou, tristemente. A tristeza que o invadiu ao saber que Gina ainda estava muito magoada com sua atitude infantil foi imensa. Não queria magoa-la, nunca. Apesar de não ter sido sua intenção, sabia que ela estava certa.

- Ai. – foi a vez de Harry exclamar. Acabara de trombar em alguma coisa. Ouviu Gina murmurar alguma coisa incompreensível. – O que é isso?

Harry tateou onde esbarrara, tentando se localizar. O que tocava parecia pedra.

- O castelo! – a voz de Harry soou feliz, apesar de toda tristeza contida em si.

Harry puxou Gina e deu a volta no muro em que batera. Subiram as escadas, sem muita dificuldade. Ao chegar a porta do castelo, Gina soltou a mão de Harry e passou por ele sem olha-lo. Empurrou a porta do castelo e adentrou-a, assim como ele fizera mais cedo. O garoto suspirou e adentrou o castelo, alguns minutos depois.

...

Mais uma lagrima escorreu por seu rosto manchado. Ela levantou a mão e enxugou-a, não deixando percorrer seu queixo e o pescoço, como fizeram as outras. Uma fina madeixa caiu sobre seu rosto, cobrindo seus olhos castanhos, agora vermelhos de tanta tristeza.

O céu estava pintado de azul marinho, com vários pontinhos brancos. A noite mostrava o avesso do dia que ficou para trás e o que Hermione sentia. Outra lagrima fugiu de seus olhos. A garota deixou-a correr livremente, até que ela se dissolveu em sua boca entreaberta. Desde que ela e Rony pararam de se falar Hermione andava assim. Chorando pelo cantos, ou com os olhos transbordando tristeza. Com um pequeno soluço, outra lagrima teimou em rolar.

Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros

Com a voz embaçada e rouca pelo choro, Hermione começou a cantar suavemente. Apesar de sua voz estar ocupada, os soluços e as lagrimas não paravam.

Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos, mas você foi
O meu melhor namorado

Hermione riu tristemente. Mais uma lagrima escorreu por seu rosto, adentrando sua boca aberta pelo sorriso.

- Se é que se pode chamar de namoro algo que durou uma semana.

Apesar do sorriso, os olhos de Hermione estavam vazios. Era assim que ela ficava sem ele, vazia.

Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer

A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender

Depois de você
Os outros são os outros e só

Hermione acabou a música com um soluço que não conseguiu terminar. Aquela música mostrava exatamente o que ela sentia. Tinha medo de nunca mais ter Rony de volta. Afinal, depois dele, os outros são os outros.

- Sabe, - disse uma voz conhecida, enquanto o dono dela sentava-se ao lado da garota. – eu já fiz muita besteira nessa vida. Inclusiva, você me ajudou a sair de muitas delas.

Enquanto ouvia Rony falar, cada vez mais lagrimas escorriam pelo rosto delicado da garota. Os soluços haviam cessado, mas seus olhos continuavam vazios.

- Mas nunca eu imaginei que faria algo tão estúpido. – Rony riu rio sem alegria. – Estúpido até pra mim.

Hermione não pode conter um sorriso triste e sem vida, mas ainda assim um sorriso.

- Eu.. Eu não sei o que dizer, na verdade. Eu já fiz muitas besteiras, mas nada chegou perto da ultima e a pior de todas. Hermione, eu..

Rony parecia pensar no que dizer. Parecia remexer sua mente atrás da palavra certa, que cismava em fugir-lhe.

- Hermione, eu te amo.

A garota fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. Por um segundo, chegou a parar de respirar. Um soluço que parecia um guincho interrompeu o silencio que havia se instalado. Hermione não conseguiu se segurar. Virou-se para Rony e o abraçou. Aquilo era o que mais queria. Era o que mais precisava.

- Eu.. Eu.. – os soluços e as lagrimas impediam-na de dizer o que queria dizer, o que precisava dizer. – Rony, eu também te amo. Eu.. Eu preciso de você, Rony. Eu te amo. Eu te amo.

Hermione continuava a murmurar eu te amo, como se sua vida dependesse de dizer aquilo. Rony levou a mão até o queixo dela e levantou-o suavemente. Sorriu para ela que retribuiu. Apesar das lagrimas que ainda caiam, seus olhos não eram mais vazios e seu sorriso não era mais sem vida. Rony aproximou o rosto do dela e a beijou.

- Eu te amo. – disse ele, contra os lábios de Hermione. Os dois sorriram contra o lábio do outro. Seus olhos se abriram por um segundo e voltaram a se fechar em seguida.

...

- Vamos lá, Harry! – disse Rony, pela décima vez.

- Já disse que não vou. – disse Harry, rabugento.

Harry e Rony, assim como Dino, Neville e Simmas, estavam no dormitório masculino do sexto ano. A exceção do primeiro, todos os outros se arrumavam para o baile, que seria dali a uma hora exata.

- Um baile pode ser uma ótima oportunidade para fazer as pazes. – disse Rony. Harry revirou os olhos e tacou o travesseiro em cima dele. Rony riu e jogou o travesseiro de volta. – Vamos, Harry! Vai ser divertido.

- Quer saber? Desisto! – Harry jogou o travesseiro na cama e levantou-se. Rony sorriu e virou-se para ele.

- Você vai?

- No baile? – Rony afirmou com a cabeça. – Não, só tomar banho.

Rony pegou o travesseiro e tacou de novo em Harry, mas este fechou a porta antes que acertasse nele. Harry encostou-se na porta e apoiou a cabeça, jogando-a para trás. Suspirou levemente e entrou no boxe.

Ao sair do banheiro, o dormitório já estava completamente vazio. Harry se jogou na cama e fechou os olhos. Sabia que deveria ir até lá e se desculpar. Mas logo no dia do baile? Poderia acabar no maior fora que a escola já vira. Harry riu ao pensar nisso. Fora, como se pedir desculpas fosse algo como pedir em namoro. Seu sorriso se apagou ao mesmo tempo que a lembrança veio-lhe a cabeça. Era exatamente isso que ele queria fazer.

Harry bufou e seguiu para o espelho. Arrumou o cabelo, que voltava a posição rebelde inicial logo em seguida. O garoto mirou, pelo espelho, as vestes sociais que a Sra. Weasley havia he enviado. Assim como as do quarto ano, verdes, para destacar seus olhos. Harry sorriu, lembrando-se do que a Sra. Weasley havia dito na mesma ocasião.

Faça bom proveito delas. Pode até ser que eu ganhe um genrinho nesse Baile que Dumbledore inventou.

Na ocasião Harry sorriu sem graça, mas agora sorria divertidamente. Um pio adentrou seus ouvidos, ao mesmo tempo que algo branco como a neve adentrava o dormitório. Edwiges jogou uma carta em cima da cama de Rony e saiu, antes mesmo que Harry pudesse dizer algo. Harry achou estranho, mas a curiosidade de saber sobre o que e de quem era a carta o impediu de ir até o corujal saber de Edwiges. Harry foi até a cama do amigo e abriu a carta cuidadosamente embrulhada.

Em um dos bailes de Hogwarts, um lindo casal se acertou em seu sétimo ano. Você não os conhece muito bem, mas já ouviu falar muito bem de ambos. Sempre achou incrível se parecer com Thiago, tanto fisicamente quanto nas atitudes. Já lhe disse que era como seu pai várias vezes, mas pela primeira vez uma atitude sua faz eu achar-lhe incrivelmente diferente de ambos. Talvez você não seja tão igual a eles, Harry. Ou, talvez, outro casal de um moreno e uma ruiva se faça, em mais um baile de Hogwarts.

Harry sorriu para a carta. Não tinha certeza, mas algo o dizia que viera de não muito longe, até mesmo de dentro do castelo, no mesmo andar em que se encontrava. Não sabia se havia sido Dumbledore, apesar de tudo indicar ele. Mais uma vez, Harry encarou as vestes verdes. Sorriu e largou a carta em cima da cama.

...

A música tocava, mas Gina não a ouvia realmente. Seus pensamentos estavam longe, em um certo garoto de olhos verdes. Suspirou e olhou para a mesa do ponche. Collin ainda estava lá, conversando com a Lufa-Lufa que encontrara. Sorriu para eles. Finalmente o garoto achou alguém que também gostava de tirar fotos. Gina riu sozinha.

- Mione, você não quer dançar? – Gina virou o rosto a tempo de ver Rony e Hermione levantando-se, sorrindo um para o outro. A garota sorriu, mas não pode deixar de sentir um pouco de inveja do irmão e da amiga. Os dois pareciam tão perfeitos juntos, dançando daquele jeito. De todos os casais que dançavam naquela pista, nenhum parecia tão incrivelmente perfeito quanto Rony e Hermione. Eles se completavam. É como se um não existisse sem o outro. Gina sorriu, sentindo uma lagrima solitária escorrer pelo seu rosto. Enxugou-a antes que alguém visse.

Gina levantou-se e seguiu para os jardins. Sentou-se em um dos bancos vazios. Os jardins frios estavam vazios naquele momento. Podia jurar que ele havia ouvido o que ela tinha dito. Aquele puxão tinha de significar alguma coisa. Suspirou cansada. Não tinha como ele ter ouvido em meio aquele tempestade, mas mesmo assim ela não queria enxergar o obvio. Gina fechou os olhos e deixou-se viajar em pensamentos por longos minutos.

- Me da a honra desta dança. – Gina abriu rapidamente os olhos. Harry estava parado, sorrindo, com a mão estendida para ela. Apesar de toda tristeza e magoa que Gina estava sentindo, fora ensinada a ser educada. Ela estendeu a mão a ele, que a segurou.

Com a pouca música que dava para se ouvir do baile, os dois começaram a dançar. Gina riu, ao pensar se alguém que os visse assim, pensaria a mesma coisa que pensou quando Rony e Mione dançavam. Encostou a cabeça no ombro de Harry, sem perceber exatamente o que fazia.

- Lembra quando você me perguntou porque eu mudei? – disse ele, apoiando seu queixo na cabeça dela. Gina apenas afirmou com a cabeça. Acabara de perceber o que fazia, mas continuou assim. Alem de não querer sair daquela posição, pelo rumo que aquela conversa levava, algo a dizia que era melhor ficar exatamente onde estava. – Na verdade eu sei porque eu mudei.

- É, mas não quis me contar. – Gina disse com um tom de magoa. Afastou-se quase um passo de Harry, que para sua surpresa sorria.

- É, eu tive medo. – ele ainda sorri, de uma forma indecifrável.

- Medo? – Gina ergueu uma sobrancelha. – Do que, afinal?

- Não sei, na verdade. – Gina o encarou. Não acreditava no que ele dizia, era outra mentira. – Sabe, vocês devem pensar que eu fiquei diferente durante as férias, ou sei lá. Mas não. Eu mudei aquele dia, quando encontrei com vocês, na estação. Foi exatamente naquele momento, na verdade.

Gina escutava tudo, mas sem entender nada. Como alguém poderia mudar tão repentinamente de comportamento, assim, de um minuto para o outro?

- Na hora em que eu vi. Eu não sei direito o que aconteceu. Eu só... Eu senti que não adiantava ficar daquele jeito isolado, e perder tudo o que eu nunca notei. Foi aquele dia, no dia em que eu vi você na estação.

Gina tinha uma ligeira impressão de que Harry não errara ao dizer ‘você’ em vez de ‘vocês’. Não entendia, ao certo, o que aquilo queria dizer.

- Tudo o que eu fiz, tudo o que eu mudei, tudo o que eu me tornei foi por você. Apenas por você.

Gina abaixou a cabeça, ainda sem entender muito bem o que Harry dizia. Sentiu-se corar levemente, apesar de não saber o que aquilo queria dizer.

- Gina, eu te amo. E foi naquele dia que eu percebi isso.

Gina levantou a cabeça e ficou nas pontas dos pés. Inclinou-se para perto da orelha de Harry e sussurrou.

Grande demais foi sempre o nosso amor
Mas o destino quis nos separar
E agora que está perto o dia de você chegar
O que há de bom vou lhe entregar
Só vejo a hora de você chegar
Pra todo o meu amor poder mostrar
Mas quando eu
De perto te olhar
Não sei se vou poder falar


Gina sentiu Harry sorrir. Sorriu também e voltou a encara-lo. Harry aproximou-se dela e ela sentiu seus olhos se fecharem. Sentiu seus lábios se tocarem. Não foi o primeiro beijos dela, nem o dele. Mas com certeza seria o primeiro de muitos do casal.

...

N/A: Me perdoem pela preguiça, mas não estou com nenhuma disposição em betar a fic no momento. ;x Alguém se dispõe? aahuhai.. tô brincando. Eu vou re-ler ela depois e editar o que tem que ser editado, inclusive colocar os negritos e itálicos em seus devidos lugares, o que eu não pus.

Hm.. eu sei que a fic não tá lá essas coisas (apesar de eu achar ela fofinha, modéstia à parte), mas um comentariozinha não mata, né? xD~~

Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.