1º Ano – Descobrindo o Mundo d

1º Ano – Descobrindo o Mundo d



1º Ano – Descobrindo o Mundo da Magia

A carta de Hogwarts chegou! Finalmente, eu estava ficando com medo de não entrar. Mamãe sempre fala que foram os melhores anos da vida dela. Estou tão feliz! Fui correndo contar ao meu pai, mas ele estava tão ocupado bebendo refrigerante assistindo uma partida de futebol, que só disse “hã?” e amassou outra latinha, jogando-a no chão. Nossa, quanto incentivo. Aposto que eu e minha mãe teremos que limpar tudo depois.
Minha mãe está alegre também. Quase aliviada. Diz que na escola estarei bem mais segura por que Dumbledore está lá e tudo o mais. Acho que ela ainda está preocupada com Vold...Você – Sabe – Quem. Mamãe sempre o chama assim, e quase todos os outros bruxos também têm medo de pronunciar seu nome. Ela não acredita que ele foi realmente embora.
O que me deixa mais ansiosa é que finalmente eu vou poder fazer mágica de verdade. Aqui em casa eu só assisto minha mãe balançar a varinha. Além disso eu vou à escola trouxa normal, por que meu pai quer. Minha mãe foi ensinada em casa até entrar em Hogwarts. Disse que era um tédio e até por que ela tinha que ter aulas com a tia Narcisa e a tia Belatriz, e disse que elas viviam implicando com ela. Não gosto muito de minhas tias, na verdade.
Minha mãe disse que nem toda a família é ruim. Gostava muito de seu primo Sirius, ela conta, mas não o vê há bastante tempo. Eu nunca o conheci. Disse que ele foi preso por um crime que ela não acredita que ele cometeu, mas nunca se sabe. Ele é um pouco mais novo que ela, e mamãe adora contar histórias dele, sobre quando eram pequenos e tinham que passar as férias na mansão que eles odiavam. Fala sério, mansão? Do que é que eles estão reclamando?
Opa, tenho que ir. Vamos ao Beco Diagonal comprar meu material escolar!
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Acabei de chegar em casa. As compras demoraram bastante, já está anoitecendo. Eu já tinha ido ao Beco Diagonal outras vezes, mas essa foi, de longe, a visita mais legal!
Quando fui escolher minha varinha foi... emocionante! Experimentei várias, mas o Sr. Olivaras – o vendedor, um velho, meio assustador – as tirava da minha mão tão rápido que eu nem tinha tempo de ver. Então ele me deu uma, vinte e cinco centímetros, inflexível, com um fio de pêlo da cauda de um unicórnio, e eu senti um arrepio percorrer o meu corpo inteiro, como se de repente tivessem deixado um vento muito frio entrar pela janela, mesmo a loja estando toda fechada. Então ele sorriu de um jeito meio misterioso e disse “Bem, como vemos, a varinha escolhe o bruxo, senhorita Tonks”, apanhou a varinha da minha mão, embrulhou-a e entregou o pacote à minha mãe, dizendo “Até mais, Andrômeda, sua filha é um encanto, muito parecida com você quando tinha a idade dela”.
Depois fomos até a Floreios e Borrões comprar meus livros. Gostei do: Transfiguração para Iniciantes. Parece ser muito interessante. Passei na frente de uma loja onde havia um monte de garotos amontoados e resolvi ver o que era. Não havia muitas garotas ali, mas eu sempre me dei melhor com garotos. Meninas são muito exigentes, e a maioria é muito fresca para se divertir. Acho que aqueles caras estranharam ter uma garota ali entre eles. Mas eu cheguei até a vitrine da loja e vi o que era: uma vassoura. Nunca dei muita bola para vassouras. Quero dizer, há vassouras na minha casa, mas são usadas para varrer o chão e não voar. Moramos em uma cidade de trouxas então é algo arriscado sair voando por aí. Mas aquela vassoura era realmente bonita. Havia um cartaz colado ali dizendo: “As novas Comet 260 – a melhor aceleração, atinge 90 km em 10 segundos, e o freio mais rápido já visto”... não lembro exatamente o que estava escrito mas era mais ou menos isso. Eu quero muito uma dessas. Quero muito voar. Mas mamãe disse que alunos do primeiro ano não podem levar vassouras próprias. É tão injusto!
Em compensação, ganhei uma coruja. Ainda não sei que nome dar para ela. É cinza azulada e tem olhos negros. É muito, muito bonita. Acho que o nome dela será Elyon. Li-o em algum lugar no meu livro de História da Magia e realmente combina com ela.
Tenho que ir dormir. Embarco para Hogwarts amanhã às dez da manhã, na estação nove e meia. Escutei alguns bruxos falando sobre a dificuldade de atravessar a barreira de embarque sem que os trouxas vissem, enquanto estava tomando um sorvete na Florean Fortscue.

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Hogwarts é mais mágica do que eu podia imaginar. As escadas, os quadros, as estátuas, TUDO se mexe! Os pratos se enchem sozinhos na nossa frente na mesa do banquete de início do ano. Há fantasmas e tudo o mais! Até quem está acostumado com magia – e pode-se dizer que eu estou se comparado a outros alunos – fica de boca aberta ao ver Hogwarts.
Ah! A barreira é facílima de atravessar. É uma coluna sólida entre as plataformas nove e dez. A gente deve apenas correr em direção a ela e simplesmente a atravessa. Então, em frente aos nossos olhos, aparece uma locomotiva vermelha, soltando fumaça, escrito Expresso Hogwarts. A viagem foi tranqüila. Não havia nenhuma cabine vazia, mas me sentei em uma com outros três garotos que também são do primeiro ano. Descrições rápidas!
Albert: um garoto magricela de cabelos loiros e olhos azuis, sardento. Foi bem simpático comigo, me convidou para entrar. Sua família é toda bruxa, e ele tem um irmão mais velho na escola. Gosta de fazer piadas e essas coisas, por isso acho que vamos nos dar bem.
Thomas: seus pais são trouxas. Os dois. Para ele tudo é novidade. Vi várias garotas que passaram pela nossa cabine olharem para ele e darem risadinhas. Talvez por ele ser bonito. É moreno e tem olhos verdes, então dá um contraste legal. Mas não gosto dele por que é bonito. Achei-o, bem... o termo certo deve ser “maneiro”. É muito inteligente, mas provavelmente vai ser um criador de confusão na escola, mas quem se importa? Eu serei uma também!
David: ele tem os pais bruxos também. Parece ser um pouco mais ajuizado do que os outros. E mais tímido também. Depois de um tempo em que eu estive lá ele começou a conversar mais livremente, mas levou um tempo até ele se soltar, ficou quase só em silêncio no inicio da viagem. Tem duas irmãs na escola, gêmeas, que estão no quarto ano. Tem cabelos e olhos castanhos claros. Os pais são ricos e querem que ele entre no ministério quando crescer, mas ele não quer nem um pouco. Diz que quer viajar pelo mundo e pesquisar criaturas mágicas e então publicar um livro com suas descobertas.

Bem, então chegou à hora da seleção. O chapéu seletor – é, chapéu! – cantou uma música sobre as quatro casas de Hogwarts, que são: Grifinória (dos corajosos), Sonserina (ambiciosos), Corvinal (inteligentes) e Lufa-Lufa (aplicados). Depois uma professora com um ar severo e exigente chegou e começou a chamar os nomes dos novos alunos um a um. E aí foi o pesadelo.
Ela nos chamaria pelo nome. O nome COMPLETO! Fala sério, o meu nome é NINFADORA Tonks. NINFADORA!!! Todos iriam rir de mim, foi a única coisa que eu consegui pensar. E, obviamente estava certa. Ouvi muita gente sufocar risinhos quando ela disse meu nome. Senti meu rosto corar um pouco, meio de vergonha, meio de raiva, e então de repente todo mundo exclamou: “Ooooohhhhhhh!”. Eu pensei o que será que tinha acontecido. E descobri segundos depois, vendo o meu reflexo em uma poça de água que havia no chão (estava chovendo quando chegamos, e nós tivemos que atravessar tudo de barco). Não era só o meu rosto que estava vermelho. Meus cabelos estavam ficando vermelhos. Estavam todos ruivos! Sabe, isso já tinha acontecido – às vezes eles ficam um pouco mais claros ou mais escuros dependendo do que estou pensando ou as pessoas estão falando ao redor de mim – mas desta vez meus cabelos, que são castanhos, haviam mudado totalmente!
Tive certeza na hora de que isso não deve ser algo comum entre bruxos também, por que todos pareceram muito surpresos. Mas eu estava disposta a evitar um constrangimento ainda maior, então fingi que não havia nada errado, como se estivesse acostumada com meus cabelos mudarem a toda hora dependendo do meu humor ou coisa assim. Resolvi ir logo para o banquinho experimentar o chapéu.
Foi estranho. Ele ficou um tempão falando na minha cabeça. Disse que podia ir para a Sonserina, depois mencionou Grifinória. Enfim ele disse: “Mas acho que a melhor escolha seria... Corvinal!”. Eu levantei, tirei o chapéu e me dirigi à mesa ao meu lado, onde todos estavam aplaudindo. Foi bem legal.
David e Albert também foram para a Corvinal. Thomas para a Grifinória. Mas vamos continuar amigos, tenho certeza que sim. Eles me perguntaram o que tinha acontecido com meu cabelo – que a propósito já tinha voltado ao normal – e eu dei de ombros. O que eu ia dizer? “Ah, eu não sei, eles gostam de mudar de cor de vez em quando”. Até escritas assim essas palavras parecem ridículas.
Fomos para o dormitório. Estou em um quarto com mais quatro meninas, que são do primeiro ano também. Uma delas, uma loira com os cabelos compridos até o meio das costas, lisos (os meus são lisos também, mas são na altura do ombro) e olhos cinzentos, se chama Anna. Ela me olhou de cima abaixo quando eu entrei no quarto uns minutos depois. Daquele modo irritante como as garotas populares olham para aquelas poucas meninas que não as veneram. Eu a encarei de volta.
- Você é a... Ninfadora? – ela disse com uma expressão maliciosa no rosto.
- Tonks, por favor – eu disse o mais educadamente possível, e virei às costas para me arrumar para dormir.
- Bem, eu sou Anna – disse sacudindo levemente aquela cascata de cabelo amarelo – e estas são: Penélope – ela apontou para uma garota também loira, de olhos castanhos que era um pouco mais alta do que ela –, Mandy – uma menina de cabelos pretos e óculos redondos, a mais simpática dali – e Lena – a mais baixinha de todas, ela tinha cabelos ruivos e olhos azuis. Ela me pareceu legal. A família dela é trouxa, ela me contou mais tarde, e estava meio nervosa.
As duas loirinhas chatas estão me mandando apagar logo esta vela e ir dormir. Acho que vou mesmo, eu estou realmente com sono, mas aí elas vão achar que mandam em mim. Bem, mas é melhor eu descansar mesmo, porque minhas aulas começam amanhã de manhã e quero estar bem disposta para aprender a fazer mágicas DE VERDADE e não só fazer meus cabelos mudarem de cor exatamente quando eu estou na frente DE TODA A ESCOLA!
Bom, é isso. Boa noite.
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Aqui estou eu de volta!
Não pude escrever durante a semana por que acabo de descobrir que magia é algo bem mais difícil do que sacudir uma varinha e dizer Abracadabra. Temos que treinar muito para conseguir fazer alguma coisa.
Este é o meu primeiro fim de semana em Hogwarts. Mas antes de falar sobre o dia de hoje eu preciso contar sobre as aulas. Uma por uma, tudo o que eu mais e menos gostei em cada uma.
Transfiguração: difícil. Realmente difícil, muito mais do que eu pensava. Ninguém conseguiu transformar seu palito de fósforo em uma agulha, embora Mandy tenha chegado bem perto. A professora, a mulher que levou o chapéu seletor no dia do banquete, se chama Minerva McGonagall. É bastante exigente e séria. Não sei se me atreveria a fazer uma brincadeirinha em sua aula.
Poções: se eu precisasse de uma única palavra para descrever a aula seria: CREDO! O professor, Snape, é tão chato! Ele já chegou falando como nós éramos burros e como o preparo de poções é difícil e exige concentração e que poucos ali conseguiriam realmente fazer tudo certo e tal. Cara, com todo este incentivo é realmente um mistério o porquê de apenas os alunos da Sonserina gostarem de suas aulas – todos dizem que ele sempre privilegia e defende os alunos da sua casa. Piorou tudo um milhão de vezes quando eu, sem querer, derrubei meu caldeirão cheio no chão da masmorra, que começou a derreter ou coisa assim. Bem, acho que não serei muito boa nessa matéria, por que estávamos na verdade, tentando fazer uma poção para fortalecer...
Herbologia: legal. Não a minha matéria preferida, é claro, mas até que foi divertido. A professora, Sprout, é muito simpática e foi gentil com todos.
História da Magia: sono te lembra alguma coisa? O professor Binns, que é um fantasma, diga-se de passagem, faz tudo parecer extremamente chato, cansativo... a coisa mais emocionante da aula é quando ele atravessa o quadro negro. Então ele começa a ler suas anotações com aquela voz monótona e todos estão dormindo em dez minutos.
Defesa Contra as Artes das Trevas: parece uma aula interessante. O professor Dimitrew entrou no corpo docente este ano, parece bem jovem. Ele nos falou muito sobre criaturas das trevas e essas coisas. Mas ele dá mesmo MUITO dever de casa.
Feitiços: Flittwick é um anão, ele é o nosso professor nessa matéria, e o diretor da minha casa. A aula é divertida! Consegui fazer minha pena flutuar durante uns dez segundos, antes de ela cair, e ganhei cinco pontos para a Corvinal. Foi legal.
Mas a melhor aula de todas, foi, sem comparação, o treino de vassoura, com Madame Hooch! Nós temos esta aula com a Lufa-Lufa, nas sextas feiras. Ontem, então, nós chegamos ao pátio, todos muito ansiosos porque era a primeira vez que a maioria iria voar, e encontramos a professora já parada, esperando, com dez vassouras de cada lado.
- Quero que cada um pare ao lado de uma vassoura – disse em voz alta – Erga a mão e diga, diretamente “Suba!”, para a vassoura. Se concentrem, vamos, vamos.
Eu parei ao lado de uma, que parecia ser um pouco menos velha. Observei que apenas dois garotos – Albert e um outro da Lufa-Lufa que eu não conheço – haviam conseguido fazer a vassoura subir. Estendi o braço, e disse determinada “Suba!”. E, incrivelmente, a vassoura levantou do chão e foi até a minha mão. Eu mal pude acreditar! Os garotos, agora uns seis, que também estavam com sua vassoura em mãos, aplaudiram um pouco, talvez por eu ter sido a única garota até ali, e riram das que ainda não haviam conseguido. Eu quase podia sentir os olhares cheios de inveja que Anna e Penélope lançavam na minha direção.
Quando todos estavam prontos, exceto um garoto que não conseguia de jeito nenhum, a professora voltou a falar.
- Agora, passem a perna por cima da vassoura e montem. Cuidado para não escorregarem pelo outro lado. Quando eu apitar, então, quero que cada um de vocês dê um pequeno impulso, voe por pouco tempo e torne a pousar, entendido? Já – ela apitou.
Eu dei um pequeno impulso, como ela mandou, e senti meus pés deixarem o chão. Não pude evitar subir o mais alto e o mais rápido que consegui, por que a sensação de voar era a melhor coisa que eu já havia sentido. A professora estava tão ocupada com o garoto que não conseguia fazer a vassoura subir que nem notou.
- Uma corrida ao redor do campo! – exclamou Albert, passando por mim, veloz.
Eu acelerei. Era a melhor coisa do mundo. Cheguei mais e mais perto do Albert, que parecia totalmente convencido de que iria ganhar, e finalmente o ultrapassei. Percebi que estávamos sendo observados e até que alguns alunos estavam torcendo. Madame Hooch começou a gritar e nos mandar descer, mas eu não podia parar, eu ia ganhar, e além do mais, eu tinha amado voar mais do que tudo naquela escola.
Passei por dentro do aro mais baixo das balizas, que era o ponto de chegada da nossa corrida. Albert chegou dois segundos depois. A turma lá embaixo aplaudia, alguns garotos implicavam com Albert por ter perdido, e eu ouvi Mandy e Lena gritando. Subi mais um pouco erguendo o punho no ar, num gesto de vitória – tudo bem, eu estava me exibindo, mas afinal, era só uma brincadeira – e então desci, toda feliz. Albert pousou ao meu lado e me encarou desafiadoramente.
- Eu vou vencer na próxima vez.
- Se acha que consegue – respondi, provocando.
- Um vôo realmente maravilhoso, Srta. Tonks, mas acho que a mandei descer?
A professora estava atrás de mim, um ar zangado. Virei o corpo depressa, fazendo meus cabelos baterem no rosto, olhando para ela.
- Desculpe professora. Mas eu ia vencer, eu não podia parar!
- Terá muitas chances de vencer jogos DE VERDADE no futuro, se me obedecer agora, Srta. Tonks. O senhor também – acrescentou para Albert.
- Jogos de verdade? Como assim? – me interessei.
- O campeonato entre as casas. Campeonato de Quadribol, Tonks. Mas você não pode jogar este ano, alunos do primeiro ano não podem jogar no time de sua casa. Mas aconselho a continuar treinando e terá chances de entrar ano que vem.
Eu fiquei meio desapontada. Queria mesmo entrar para o time. Mas ainda assim vou treinar muito para conseguir no próximo ano. Estou ouvindo os garotos me chamarem, tenho que ir!
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Fantástico!
Faz dois meses que estou em Hogwarts, e só agora percebi o quão boa é a escola. Você sabe do que eu estou falando: Quadribol.
A temporada começou e eu fui assistir ao primeiro jogo, Grifinória versus Sonserina. Grifinória ganhou. Disseram que eles ganham há cinco anos o campeonato, desde que Carlinhos Weasley entrou como apanhador naquele time. Ele está no sexto ano agora.
A partida durou um pouco mais de meia hora. O placar estava 40 para a sonserina e 30 para Grifinória. Então, de repente, Carlinhos mergulhos na vassoura, super rápido, caindo metros abaixo, e eu pude ver durante uma fração de segundo o brilho dourado de uma bolinha mínima: o pomo de ouro. Então ele estendeu o braço e sua mão se fechou sobre a bolinha, que continuava tentando bater as asas e fugir, ergueu o braço – mais ou menos como eu fiz na primeira aula, com a diferença de que ele segurava realmente alguma coisa e que as arquibancadas estavam cheias – e a escola toda aplaudiu, e os Grifinórios começaram a gritar e pular, e invadir o campo enquanto o apito de madame Hooch soava e os jogadores desmontavam de suas vassouras. O placar final, então, ficou: Sonserina – 40 e Grifinória – 180. Quem captura o pomo ganha cento e cinqüenta pontos para o time.
Depois disso eu e os meninos fomos dar uma volta pela escola. Passamos em frente à cabana de Hagrid, o guarda-caças daqui. Ele estava no canteiro de abóboras, ao lado, e nos cumprimentou e convidou para ajudar. Nós não tínhamos nada para fazer então fomos. Ele foi legal. É gigante eu acho porque tem o dobro da altura das pessoas normais. Conversou conosco e perguntou o que estávamos achando da escola. Falou sobre a Floresta Negra e do tipo de animais e criaturas “fascinantes” que vivem lá. Contou que há centauros, unicórnios e até animais perigosos, mas nenhum deles ataca Hagrid por que o conhecem.
Disse que a matéria preferida dele quando estava em Hogwarts era Trato de Criaturas Mágicas. Só está disponível a partir do terceiro ano. Parece que tudo nesta escola é feito para os mais velhos!

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Estou em detenção!
É tudo culpa do Albert e do Thomas!
Tudo bem, talvez seja um pouco culpa minha.
Eles me desafiaram. E eu não resisto a um desafio. Disseram: eu duvido que você o faça, Ninfa! Você não tem coragem!
Ah, sim. Agora eles me chamam de Ninfa!
Acontece que teríamos um teste de poções hoje. Mas Snape nos deu só dois dias para estudar a matéria do ano inteiro. A poção que cada um teria que fazer seria escolhida na hora, e poderia ser qualquer uma que ele tivesse mencionado em aulas. E os dois gênios me desafiaram a entrar na sala dele e jogar um pacote de bombas de b** nas masmorras!
No inicio eu disse que não, de jeito nenhum faria isso. Mas então, Albert estreitou os olhos e disse: Sabia que você não tinha coragem! Então eu tive que ir! Não podia dar a ele a satisfação de me ver perder! E lá fui eu. Que burra eu sou!
Desci as escadas de pedra em silêncio. Os dois foram comigo. Eu fiz tudo direitinho. Joguei aquelas coisas fedorentas lá e saí correndo, com os dois ao meu lado, rindo.
- Bem, pelo menos agora a sala está perfumada, se comparada ao cheiro do Snape! – disse Thomas às gargalhadas, no corredor. Todos nós estávamos rindo, é óbvio – Ele irá nos agradecer, a não ser que não consiga sentir o próprio cheiro!
- O quê? Com um nariz daquele tamanho? – eu disse rindo.
A verdade é que eu realmente me senti bem fazendo aquilo. Quero dizer, eu não gosto de Snape, ele sempre foi muito mal-educado conosco. E foi mesmo divertido. Há toda aquela adrenalina e emoção, tipo, o medo de pegarem você e tudo o mais. Ah, e eu adoraria ver a cara de Snape quando visse aquela bagunça! Simplesmente, com todos aqueles pensamentos enchendo minha cabeça, eu não conseguia deixar de sorrir!
Eu devia ter me tocado que estava bom demais para ser verdade. Não tinha como aquilo passar sem que alguém fosse punido e certamente seria eu. E fui eu mesmo. Quando chegamos às masmorras esta manhã, Snape gritou com todos nós, furioso, ainda não tinha conseguido limpar tudo. Então Matt, um garoto da minha turma levantou a mão e disse:
- Com licença professor, mas eu vi Albert, Thomas e Ninfadora saindo das masmorras ontem à noite!
Os olhos do professor perfuraram os meus. Por um segundo pareceu que as imagens da noite anterior voltavam à minha mente. Deve ter sido apenas impressão minha. Então me vi encarando novamente o rosto macilento de Snape, com aqueles dentes amarelados.
- Detenção – sibilou ele – Para os dois malfeitores aqui – ele apontou para mim e Albert – e o seu companheiro Thomas, assim que eu encontrá-lo. E menos cinqüenta pontos para Corvinal!
Abri a boca sem conseguir dizer uma palavra. Droga. Estava mesmo enrascada, ainda mais agora porque ele marcou a detenção para este Sábado às dez da manhã. Na hora do jogo Corvinal versus Sonserina! Eu vou perder a partida inteira, polindo os troféus da sala de troféus! Sem magia!
É claro que Anna e Penélope já vieram esfregar na minha cara. “Como você ousa perder cinqüenta pontos da NOSSA casa?”, e “Não acredito que você foi burra a ponto de fazer isso, Ninfadora!”. Mandy e Lena não falam muito comigo também. Eu só estava me divertindo, droga! Eu fui testada, tinha que fazer, senão os meninos achariam que eu não era capaz!
Eu disse que meninas eram mais difíceis. Por que, na verdade, os garotos parecem estar achando o máximo. Ficam dando tapinhas nas costas de Albert e de Thomas, rindo e fazendo piadas. Mas as meninas se zangam, deixam de falar comigo. Não que eu me importe com as lourinhas, mas eu realmente gosto de Mandy e Lena e não queria que elas ficassem chateadas.
Acho que vou dormir, por que, se quer saber, o dia não foi lá muito bom.

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Bem, agora eu sei como um elfo doméstico se sente. Limpar tudo aquilo foi realmente horrível. Pior ainda foi ter que agüentar o David indo sozinho ver o jogo – eu esperava que ele tivesse compaixão e ficasse para ajudar – com aquele olhar do tipo: eu te avisei. E ele tinha mesmo avisado.
A parte divertida foi que Thomas e Albert foram junto comigo, e ficaram fazendo piadas e jogos e tudo o mais e acabou que foi bem legal, por que nós começamos a imitar os professores e era realmente engraçado.
A propósito, a Sonserina ganhou, por vinte pontos. Vinte pontinhos, só! Quando eu entrar no time eu vou fazer de tudo para vencer! Oh, legal, o chato do Albert estava lendo por cima do meu ombro e disse que eu não tenho nem chance de entrar no time e que ele é que será o campeão. Está rindo de se acabar aqui do meu lado.
Acho que vou dormir, boa noite.

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Um mês para os exames. Mal posso acreditar que já estou terminando meu primeiro ano aqui. Bom, quase. Ainda tenho que passar nas provas e aposto como Snape vai fazer de tudo para me reprovar. Ele anda insuportável desde o episódio das bombas...
Já é bem tarde agora. Estou no Salão Comunal, e...


Mal posso acreditar. Eu estava lá sentada, escrevendo – por que a dupla loira não deixa mais eu escrever no dormitório – e ouvi um barulho. Era gente sussurrando, e eu, curiosa, fui ver quem era. Dá para adivinhar? Albert e David.
Eles estavam saindo do quarto deles cochichando e pararam que nem estátuas quando me viram. Não esperavam que eu ainda estivesse acordada. Eu levantei e perguntei o mais autoritária que eu consegui.
- Onde vocês estão indo? – eles se entreolharam
- Não é da sua conta, Ninfa. É coisa de garotos – mas aquilo foi impressionante. Por que não foi Albert quem falou. Foi o David.
- Saia desse corpo, impostor! O que você fez com o David? – perguntei, meio rindo, mas encarando eles com as mãos na cintura.
- Muito engraçada – retrucou sarcasticamente. Mas ainda assim os cantos da boca dele tremeram um pouco e Albert ria abertamente.
- Não era para ter graça – menti, só para provocar – E aí, o quê vão fazer? Tentar perfumar a sala de mais alguém?
- Não, muito melhor.
Eles foram em direção ao buraco do retrato. Eu corri e parei na frente deles, bloqueando a passagem.
- Aonde vamos?
- Você não vai!
- É, é só para meninos.
- Ora, não seja burro! É claro que eu vou.
Eles se entreolharam outra vez e suspiraram, vi que tinha vencido eles e sorri, vitoriosa. Nós saímos da sala, já era mais de meia noite àquela altura, e andamos o mais silenciosamente possível até o hall de entrada. Thomas estava ali esperando com um outro garoto de cabelos ruivos que eu não conhecia. O nome dele – ele me disse – é Rogério.
- Não sabia que iriam trazer uma menina – disse ele espantado – Ela pode nos denunciar!
- Tudo bem, ela está do nosso lado – murmurou Albert – Essa é a Ninfa.
- O que te custa me chamar de Tonks?
- Nada, Ninfa – ele disse dando ênfase ao apelido.
- Bem, vamos – chamou Thomas.
Todos eles se dirigiram à porta. Eu hesitei por um segundo. Sabia o que eles iam fazer. Iam para a Floresta Negra. E, surpreendentemente, eu não estava nem um pouco com medo. Estava até ansiosa para chegar lá. Desde a conversa com Rúbeo Hagrid eu andava com vontade de vir, só não queria acabar em detenção de novo. Mas agora que eles tinham tomado a iniciativa... Bom, eu, afinal, só estava acompanhando, não é? Quando eu desci atrás deles eu não tinha idéia de que era para lá que eles iam, logo não era minha culpa.
Nós começamos a entrar no meio das árvores. Ficava mais escuro a cada passo, e de repente cada insignificante ruído parecia dez vezes mais alto.
- O que exatamente nós estamos procurando?
- Uma aranha.
- Uma aranha? Há aranhas no castelo se você quiser!
- Não é uma aranha qualquer, Ninfa. É uma acromântula. Tem boatos na escola de que tem uma escondida por aqui.
- E o que você quer com uma acromântula? Tomar um chá? Elas são gigantescas, vão matar vocês!
- Não vamos incomodá-la. Só quero ver se existe mesmo.
- Oh, ótimo, é bom arriscar o pescoço apenas por uma curiosidade idiota!
Tudo bem, eu estava meio chata. Tá bom, muito chata. Mas eu estava ficando realmente nervosa dentro daquela selva, sem conseguir enxergar nada e todos aqueles ruídos esquisitos ao meu redor.
- Ninguém te obrigou a vir – reclamou ele – Por que não vai embora?
- Por que não cuida da sua vida? – retruquei.
Depois disso, nós andamos em silêncio por mais um tempão. Deve ter passado mais de uma hora até que avistamos a uma clareira, onde havia um monte de aranhas do tamanho de cachorros. Senti Albert tremer e se encolher involuntariamente. Eu achei meio nojento e até fiquei com um pouco de medo, mas ainda assim, tinha que admitir que era bem legal.
- Aposto que se seguirmos elas vamos chegar à acromântula – disse Thomas.
Mas nessa hora acho que os bichos o ouviram (aranhas têm ouvidos?). Todas elas pararam e então lentamente começaram a virar para nós e andar em nossa direção, as pinças batendo furiosamente.
Nós todos gritamos “Aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh!” e saímos correndo. Quando estávamos quase nos terrenos de Hogwarts vimos que o dia já estava amanhecendo, e o guarda caças Hagrid estava saindo da cabana dele. Paramos. Não havia mais aranhas ali, elas não gostam da luz. Escondemo-nos atrás das árvores, para que ele não nos visse, por que ele não é burro e saberia que tínhamos saído à noite.
Estávamos todos ofegando de ter corrido tanto. Ele obviamente nos ouviu, mas deve ter se convencido de que era algum animal – ou talvez não quisesse nos castigar – por que não foi procurar e voltou-se para sua plantação de abóboras.
Esperamos mais alguns segundos e começamos a voltar para o castelo, a respiração desordenada sendo substituída por risadas.
- Maneiro! – exclamou Thomas.
- Você viu o tamanho daqueles bichos? E as pinças!
- Aposto que estavam lá para proteger a aranha gigante! Aposto que ela está lá! Temos que voltar para descobrir!
- Se formos o Albert vai ter que levar fraldas!
- Ficou com medinho, bebê Albert?
A gente sempre acaba voltando dessas “aventuras” rindo, por mais que sejam perigosas. Entramos no castelo – ainda bem que é domingo e todos dormem até mais tarde – e lá nós nos separamos cada um indo para sua sala comunal. Encontramos Pirraça em um corredor, mas ele estava tão distraído tentando soltar um lustre em frente à porta da sala dos professores que não deu muita atenção à gente.
E desta vez, nenhum de nós foi castigado! Então, é uma coisa boa, não é? Agora tenho que ir, passei a manhã dormindo e agora os garotos estão me chamando para ir até os jardins “dar uma volta” – na certa eles, ou nós, vamos aprontar alguma. Talvez eu consiga jogar o Albert no lago e a lula o afogue. Por que não? Posso ter esperanças.

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Primeiro dia de exames!
Hoje temos transfiguração e história da magia. Amanhã poções e feitiços, e no dia seguinte, herbologia e defesa contra artes das trevas. Vou ficar surpresa se meu cérebro não acabar explodindo. Nunca estudei tanto na minha vida! Tivemos até que parar com as brincadeiras, as gracinhas durante as aulas essas coisas, por que realmente temos muita matéria para estudar.
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Acho que fui bem em transfiguração, e mais ou menos em história. Eram muitos nomes para me lembrar, datas e essas coisas. Alem disso, tudo o que aprendi nessa matéria foi copiado do caderno da Mandy que, não sei como, consegue ficar acordada e até prestar atenção nas aulas.
Não posso escrever muito, combinei de estudar para as provas de amanha com ela e a Lena, e as duas concordaram que, se eles ficarem quietos e estudarem de verdade, eu posso levar os meninos.

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Estou no trem, voltando para casa.
A festa de fim de ano foi ótima, ainda melhor que a do dia das bruxas. Dumbledore fez um longo discurso sobre como estamos passando por período de paz e tranqüilidade, mas que devemos ficar sempre atentos e unidos por que o mal nunca é totalmente derrotado, nós apenas temos que lutar para mantê-lo sob controle – foi mais ou menos o que disse no início do ano.
Depois foi servido o banquete com um milhão de pratos diferentes, tudo uma delícia! Os fantasmas meio que fizeram uma apresentação ou algo assim. A Grifinória ganhou a copa de quadribol, mas Sonserina venceu o campeonato entre as casas, por isso a decoração era toda verde e prata. Snape estava com um sorriso idiota nos lábios, o metido. Ficava olhando com ar de superioridade para os outros diretores de casas, mas não acho que eles tenham reparado ou se importado.
Na volta, fomos levados por várias carruagens sem cavalos até a estação, demos tchau à Hagrid e tudo o mais. Encontramos uma cabine para nós quatro e mais o Rogério. A moça do carrinho de comida passou aqui agora a pouco então todos estão ocupados demais comendo para conversar e estou aproveitando para escrever.
A propósito, acho que consegui passar em todos os exames, o mais difícil foi de longe o de poções.
Ah, não posso fazer mágica em casa! Que chato, queria tanto mostrar para minha mãe o que eu aprendi, e quando ela pedisse para eu arrumar a bagunça do meu pai (sempre que ela vai pedir para ele limpar ele dá um jeito de sumir dizendo que tem “um relatório muito importante para entregar no dia seguinte” ou “um imprevisto urgente para resolver no escritório”) eu poderia simplesmente balançar a varinha e dizer “Limpar!” como ela sempre faz...
De qualquer forma é bom voltar para casa, estava mesmo com saudades. Não que eu não vá sentir falta dos garotos – se eles lerem isso eu me mato! Vão lembrar disso o resto de suas vidas! – e de todas as nossas brincadeiras e tal, mas às vezes a gente precisa de uma folga, não?
O trem está parando na estação. Vi minha mãe abanando para mim do lado de fora, e, infelizmente, os meninos também. Agora estão rindo e fazendo imitações ridículas.
Talvez ano que vem eu consiga derrubar um deles da vassoura!
Tchau, tchau!


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